Nem a revolução tecnológica, nem a inclusão sócio-econômica de classes menos favorecidas foram suficientes para equacionar a questão dos resíduos sólidos em muitos países.
O propalado aumento do poder aquisitivo da população brasileira traz na sua esteira o aumento do consumo de bens nem sempre tão essenciais a uma boa qualidade de vida. Alguns se referem a produtos supérfluos, entre os quais, guloseimas, bugigangas, descartáveis - geradores de lixo por excelência. Nas cidades inchadas por ocupações irregulares, as periferias e terrenos não edificados se tornaram depósitos de lixo. Nas ruas, os depósitos são até tolerados pelo poder público, disfarçados de lixeiras, aquelas estruturas geralmente de ferro, que prejudicam o trânsito dos pedestres nos passeios públicos.
Nossa cultura entende que o morador deve limpar a casa e o pátio. A limpeza da rua é de responsabilidade do poder público. Por isso que aquelas lixeiras de ferro se espalham na frente das residências e não se respeita sequer o horário de coleta. Tudo é ali jogado, incluindo restos de comida, bicho morto, embalagens, lâmpadas, remédios, tintas e muito mais.
Na maioria das vezes os resíduos estão misturados e antes da coleta pública os catadores vasculham essas lixeiras e levam o que lhes convém, deixando sobras sobre os passeios públicos. Dali, parte dos resíduos é varrida para o leito das ruas e pátios vizinhos pelo vento ou pela água das chuvas. Na época das enxurradas, o problema se agrava, pois ocorrem entupimentos dos sistemas de esgotamento pluvial, transbordamento de córregos e perdas patrimoniais e até de vidas humanas.
No Brasil, somos competentes em produzir lixo e incompetentes em manejá-lo adequadamente.
Esta é a questão. Poucas cidades atingiram um patamar de cultura do seu povo no tocante aos resíduos sólidos. Mesmo nos espaços onde se localizam as nossas universidades, sejam elas públicas ou privadas, é possível encontrar inúmeros maus exemplos no que se refere ao lixo. A cultura de um povo vai além da implantação de educandários. É preciso amor à cidade, respeito aos vizinhos e um senso crítico em relação ao consumismo produtor de tanto lixo.
Quando as calamidades são agravadas pela interferência humana no seu ambiente, caso do lixo jogado em qualquer local, não adianta só xingar este ou aquele. Cada um de nós deve fazer uma revisão dos seus procedimentos. Às vezes atitudes simples podem trazer grandes melhorias para a saúde, no visual das cidades e na prevenção de tragédias. Cito algumas: 1) reduzir o consumo de supérfluos e descartáveis; 2) dentro de casa separar as partes secas e orgânicas do lixo; fazer a compostagem da parte orgânica - até em apartamento e condomínios é possível;3) vender ou doar a catadores credenciados a parte seca reciclável; 4) instalar as lixeiras no pátio interno da moradia ou do condomínio - para evitar que o lixo seja remexido por pessoas e animais e ainda acidentes com transeuntes.
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