20 de abril de 2012

Os índios e os pinhais do sul do Brasil

   Por Darci Bergmann  


Indias Kaingang no Fórum Social Temático,  em Porto Alegre/RS, janeiro/2012
Foto: Darci Bergmann 
   A Araucaria angustifolia, o nosso pinheiro nativo, fazia parte de extensa cobertura florestal no Sul do Brasil, principalmente nas regiões com altitudes acima dos 400 m em relação ao nível do mar. Na região do Extremo Oeste de Santa Catarina, em Cunha-Porã e arredores, os pinhais eram freqüentes. Às vezes formavam grandes maciços. A chegada dos colonizadores fragilizou essas formações florestais, a tal ponto que o pinheiro nativo quase desapareceu da paisagem.
   A madeira de pinho servia para a construção de casas, móveis e lenha. O pinhão era uma das fontes de alimento.
   Mais tarde, o pinho na forma de pranchas, era destinado à Argentina nas balsas do Rio Uruguai. Depois seguia para a Europa. Assim os pinhais estavam condenados a uma devastação sem precedentes.


Gralha-azul (Cyanocorax caeruleus)
Foto: Atitude Geoecológica



Cotia (Dasyprocta azarae)
Foto:guiaaventura.blogspot.com




  A disseminação das araucárias no ambiente natural sempre foi atribuída à espécie de ave conhecida como gralha-azul - Cyanocorax caeruleus. Esta ave se alimenta dos pinhões e parte deles é enterrada para consumo posterior, mas nem todos são encontrados e assim acabam germinando. Também se atribui ao mamífero cotia - Dasyprocta azarae - a mesma tarefa. Mas pouco tem se falado no manejo florestal feito pelos índios.
   Na minha infância, em Cunha-Porã, pude observar que os índios caigangues* que vagavam pela região, consumiam os pinhões como um dos principais alimentos. Lembro ainda que um dos meus tios produzia telhas com a madeira de pinho. Para isso, só derrubava as árvores secas pelos raios ou alguma outra causa natural. Essa pessoa já tinha consciência de que o desmatamento iria liquidar com os pinhais nativos. Desde aquela época, lá por 1956, eu já tinha a informação de que os índios faziam uma espécie de manejo florestal. Enterravam pinhões, assim como as gralhas e as cotias. Os selvagens conservaram e os civilizados arrasaram a mata nativa.
   Chamou-me atenção, ainda em Cunha-Porã, que uma espécie de jabuticabeira*, muito comum na mata Atlântica do Sul do Brasil, também ocorre nas matas de araucária. Esta espécie é sensível a geadas fortes na fase jovem. No entanto, ela vinga bem ao abrigo de outras árvores. É muito provável que os índios tenham disseminado esta espécie e outras mais nos seus deslocamentos pela região Sul.
   Do que foi exposto, concluo que a espécie humana pode encontrar na história  muitos exemplos de ações ambientais positivas. Na verdade hoje precisamos de mais ações e menos discursos.  
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Notas do blog:
1) Caigangue ou Kaingang ou ainda Guayanás são índios da Família linguística Jê. Seus descendentes são encontrados nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Outra denominação era Coroados. Segundo a FUNASA(2009) seriam em número de 33.064 indivíduos. 
No site Povos Indígenas no Brasil, está a seguinte resenha sobre essa etnia:O contato dos Kaingang com a sociedade envolvente teve início no final do século XVIII e efetivou-se em meados do século XIX, quando os primeiros chefes políticos tradicionais (Põ’í ou Rekakê) aceitaram aliar-se aos conquistadores brancos (Fóg), transformando-se em capitães. Esses capitães foram fundamentais na pacificação de dezenas de grupos arredios que foram vencidos entre 1840 e 1930. Entre os desdobramentos dessa história, destacam-se o processo de expropriação e acirramento de conflitos, não apenas com os invasores de seus territórios, mas intragrupos kaingang, uma vez que o faccionalismo característico dos grupos jê foi potencializado pelo contato. Os Kaingang vivem em mais de 30 Terras Indígenas que representam uma pequena parcela de seus territórios tradicionais. Por estarem distribuídas em quatro estados, a situação das comunidades apresenta as mais variadas condições. Em todos os casos, contudo, sua estrutura social e princípios cosmológicos continuam vigorando, sempre atualizados pelas diferentes conjunturas pelas quais vêm passando.


2*) Na obra Frutas Brasileiras e Exóticas Cultivadas (Harri Lorenzi et allii), Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda., é referida a espécie de jabuticabeira Myrciaria trunciflora O.Berg., que ocorre em estado nativo desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, na Mata Atlântica e na submata dos pinhais. Esta espécie é conhecida popularmente como jabuticaba-de-cabinho, jabuticaba-de-penca, jabuticaba-café e jabuticaba-preta.
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Ambientalistas gaúchos alertam governador Tarso Genro


Documento encaminhado ao Governador do Estado do RS, Tarso Genro, pela APEDEMA/RS, em 20.4.2012, através da Casa Civil.
A Assembléia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul, APEDEMA/RS, dirige-se a Vossa Excelência para manifestar sua profunda inconformidade e insatisfação com a atual conjuntura de crise política e institucional da administração ambiental do Governo do Estado. O ápice desta crise é o emblemático incêndio recentemente ocorrido no prédio da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, cujas instalações abrigavam a maior parte dos setores técnicos e administrativos do órgão. O sinistro levou a uma situação de colapso às condições estruturais e funcionais já combalidas da SEMA.
O manifesto dos servidores da FEPAM em “Assembléia de Crise” aponta para problemas graves no órgão: processos de licenciamento ambiental prejudicados; atividades de fiscalização fragilizadas; evasão crônica de técnicos concursados, devido aos baixos salários; pressões visando reduzir as exigências técnicas para a aprovação de complexos processos de licenciamento ambiental.
Ademais, a alegação de que o sinistro está impedindo a realização das reuniões das Câmaras Técnicas e da próxima plenária do CONSEMA evidencia a ausência de uma vontade política do governo em manter aberto o principal canal de técnica e política da sociedade na área ambiental. Cabe lembrar que, até o momento, a Presidência do CONSEMA não deu encaminhamento ao legítimo uso de uma das cinco vagas destinadas às ONGs da APEDEMA/RS, apesar do parecer favorável da Procuradoria Geral do Estado ?PGE, a este respeito.
Causou espécie entre os ambientalistas a saída intempestiva da Secretária do Meio Ambiente em plena crise de sua pasta, ademais contradizendo declarações anteriores de que permaneceria, inclusive colocando fim à rotineira mudança de secretários, em períodos anuais, desde 2003.
Nós, ambientalistas gaúchos, sempre tivemos orgulho do pioneirismo mundial do nosso Estado na questão ecológica. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler homenageia com seu nome a figura de um dos pioneiros mundiais do ambientalismo. Roessler (1896-1963) iniciou seu ativismo conservacionista em São Leopoldo em 1935. A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, AGAPAN, foi fundada por José Lutzenberger (1926-2002) em 1971, iniciando a atual concepção de ativismo ecopolítico. A partir das reivindicações dos ambientalistas da AGAPAN, o RS foi pioneiro na criação de órgãos ambientais estaduais e municipais, bem como de grande parte da legislação ambiental existente, gravada na Constituição Brasileira, na Constituição do Estado, nas Leis Orgânicas Municipais, no Código Estadual de Meio Ambiente. Portanto, nos sentimos particularmente atingidos pelo desmantelamento da legislação e dos órgãos públicos ambientais, conquistas da sociedade civil, consolidadas desde os duros anos de confrontação com a ditadura militar e ao longo do processo de redemocratização do Brasil.
Lamentavelmente, depois de quatro décadas de emergência do paradigma ambiental, o projeto de desenvolvimento vigente no Estado do Rio Grande do Sul permanece na contramão da história, promovendo uma infraestrutura insustentável e ambientalmente obsoleta, além de não estar trazendo, de fato, uma melhor qualidade de vida aos cidadãos do RS. Assim, verificamos que se continua a investir em uma matriz energética ultrapassada e de alto impacto socioambiental (carvão mineral, hidrelétricas); em um modelo agrícola exportador de commodities (soja, arroz, celulose, tabaco etc.), baseado no uso intensivo de agrotóxicos e de transgenia; na primazia do setor automotivo que prioriza o uso de automóveis individuais, associados à obsolescência planejada, em detrimento dos transportes coletivos, entre outros problemas.
Por esta razão, estamos alertando Vossa Excelência para a conjuntura de fragilização e de retrocesso institucional na política e na administração ambiental do Estado. A contemporaneidade da cultura política do Rio Grande do Sul, em termos de Brasil e de mundo, pode ser atribuída em grande parte ao impacto social sem precedentes do nosso pioneirismo ecológico na constituição do atual paradigma da ecologia  política.  Não é por um acaso que Porto Alegre é a capital que sediou o FÓRUM SOCIAL MUNDIAL o maior número de vezes, tornando nossa capital  uma referência mundial em termos de contemporaneidade e de modernidade política. No entanto, em termos nacionais, passamos da vanguarda para a retaguarda neste setor. Atualmente estamos, política e institucionalmente, atrás de estados que criaram órgãos públicos ambientais bem depois de nós. Falando uma linguagem que Vossa Excelência conhece e entende muito bem, este processo de desestruturação e de involução setorial é a expressão acabada da estreiteza da nossa cultura política a serviço dos interesses imediatistas e retrógrados das oligarquias dominantes.
O atual governo não pode ser totalmente responsabilizado pela situação calamitosa em que se encontram os órgãos públicos responsáveis pelo atendimento da demanda ambiental e a ausência de políticas públicas nesta área. No entanto, constatamos que esta situação de retrocesso crescente e cumulativo, iniciada em governos anteriores, atualmente atinge o seu ápice.
Neste momento, toda a coletividade ambientalista brasileira e mundial, dos governos e da sociedade civil, prepara-se para a Conferência Mundial  sobre  Desenvolvimento Sustentável – RIO+20-, e a CÚPULA DOS POVOS. Esta contextualização é indispensável para avaliarmos o caráter paradoxal da atual conjuntura de involução política e administrativa do Estado no atendimento da demanda ambiental.
Diante desta conjuntura, a APEDEMA/RS, colegiado de 37 Entidades Ambientalistas do Estado, considerou um dever moral de cidadania apelar para a requintada sensibilidade e cultura política de Vossa Excelência, na certeza de que seremos ouvidos com uma abertura e receptividade que não encontramos em governos anteriores.
Assim, vimos requerer:
- A instalação de um Gabinete de Crise na Secretaria Estadual de Meio Ambiente para reestruturar a Secretaria e estabelecer uma política ambiental no Estado;
- Abrir um amplo debate social e político para a participação da sociedade no questionamento do atual modelo de desenvolvimento frente à crise ambiental estadual e global, buscando caminhos que representem uma mudança de paradigma que não o do hegemônico crescimento econômico;
- Promover a integração dos órgãos governamentais do Estado a fim de atender o paradigma ecológico em sua dimensão intersetorial;
- Instaurar um processo permanente de Educação Ambiental multidisciplinar de forma interna no Governo, investindo em programas de educação ambiental de forma articulada e em parceria com a sociedade, incluindo especialmente as ONGs ambientalistas, promovendo a formação de educadores ambientais no sentido de se buscar a tão almejada sustentabilidade ecológica e econômica em nosso Estado.
Porto Alegre, 20 de abril de 2012.

17 de abril de 2012

Parceria com empresas pode prejudicar ambientalismo de ONGs

Uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba, verificou que parcerias entre Organizações Não Governamentais (ONGs) ambientais e empresas pode alterar a maneira como as ONGs atuam. De acordo com o estudo, o problema dessas parcerias é que as empresas, visando somente o lucro, passam a interferir e a determinar o ambientalismo praticado. "Isso pode ser prejudicial à ideia inicial das ONGs", analisa a gestora ambiental Helena Lemos dos Reis Magalhães Gomes, autora da dissertação de mestrado Parcerias entre empresas e ONGs e a constituição de um novo sistema de publicidade ambiental: um estudo de caso.


Foi feito um estudo de caso múltiplo utilizando duas ONGs: a Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Ambiente em Foco. Segundo a pesquisadora, a primeira organização, por ser de maior porte no mercado, trabalha de igual para igual com as empresas com que realizam parceria, compondo estratégias para melhorar a imagem ambiental tanto delas, quanto da própria fundação. Os problemas ambientais, nas últimas décadas, deixaram de ser negados, e passaram a ser utilizados para o marketing das marcas. 



Já a segunda ONG (Instituto Ambiente em Foco), de porte muito menor, não pode ser apontada como uma organização que atua a favor do marketing ambiental empresarial. Ela não construiu estratégias para promover sua marca e a das empresas e e se tornou, diante dessas parcerias, uma realizadora de projetos ambientais para empresas, com pouca força para criar suas próprias iniciativas. Suas ações acabam sendo delimitadas pelas empresas financiadoras, baseando-se nos interesses próprios destas.



A pesquisa foi orientada pelo professor Antonio Ribeiro de Almeida Junior e mostra que também podem haver potencialidades nessas parcerias. As ONGs aumentaram muito suas receitas, além de se tornarem mais profissionais após a ligação com empresas. Entretanto, o Instituto Ambiente em Foco teve problemas para gerir essa nova receita obtida e a SOS Mata Atlântica passou a adotar práticas muito mercadológicas, o que indica diferentes impactos que as parcerias podem causar nas dinâmicas internas das ONGs.



Foi verificado, também, que o maior diferencial da SOS Mata Atlânticaé uma grande capacidade de lidar com a comunicação. O fato de ela já ser uma marca bem estruturada e conhecida faz com que uma empresa que tenha parceria com ela já seja bem vista na questão ambiental pelo público, ainda que esta empresa não seja verdadeiramente comprometida com a questão ambiental.



Método



Helena percebeu que esse tema, embora bastante comentado no âmbito das questões ambientais, não tinha trabalhos acadêmicos com uma visão científica sobre ele. "O objetivo do estudo, além de descrever esse fenômeno novo [das parcerias entre ONGs e empresas] é ver qual o impacto na ONG, com todo esse interesse empresarial por trás dela", afirma a pesquisadora.



A pesquisa foi planejada teoricamente antes, para que pudesse estar totalmente estruturada quando fosse realizada de fato. Então, foi feito em três frentes diferentes nas duas ONGs: foram realizadas entrevistas com as pessoas que ocupavam cargos de coordenação ligados à comunicação, à captação de recursos e financeiros. "Dei voz aos entrevistados, tive a preocupação de não fazer tantas análises prévias", relata a pesquisadora.



Foram feitas, também, análise de documentos. A gestora ambiental ressalta que a Fundação SOS Mata Atlântica, que tinha muito material para ser analisado nesta parte, foi transparente com a pesquisa. O Instituto Ambiente em Foco, por ser mais recente e menor, tinha menos material disponível nessa parte do trabalho, mas, assim como a SOS, colaborou durante a fase de coleta da dados. A outra frente foi a observação livre do trabalho realizado pelas organizações.


Mais informações

Pesquisadora Helena Lemos dos Reis Magalhães Gomes
Telefone: (19) 8222-5757
E-mail: hldgomes@esalq.usp.br 

Fonte acessada: Agrosoft

Agência USP de Notícias
João Ortega - Jornalista
Telefone: (11) 3091-4411
E-mail: agenusp@usp.br

7 de abril de 2012

Uma Sexta Feira Santa entre a natureza...


Aroeira-anacauita (Schinus molle)

 Por Jarbas Felício Cardoso, Melissa Bergmann, Ana Luísa Bergmann Cardoso e Darci Bergmann

   Depois de uma longa estiagem ocorreu uma chuva na quinta-feira. No outro dia, sexta-feira santa, fomos fazer uma caminhada para reflexão sobre a vida e a relação dos seres humanos com a natureza. Desde manhã, nas primeiras horas do dia, em um ritual que se repete a cada ano, muitas pessoas da cidade entram em contato com natureza. Pois nesse dia, na tradição cristã, colher marcela é garantir um abençoado chá medicinal que é usado ao longo do ano até a próxima colheita.  
              É salutar a saída ao campo, no entanto, nem todas as pessoas, em suas ações, percebem que a relação do humano com a natureza também é algo sagrado. Algumas delas, movidas pela crença da colheita da marcela, na sexta-feira santa, deixam lixo industrializado no ambiente natural, o que não deixa de ser uma contradição.Mas também existem os bons exemplos.
Este grupo, liderado pelo patriarca Mika, anualmente realiza a colheita
da marcela de forma harmônica e respeitosa ao ambiente natural

           O sagrado também implica em reconhecer a natureza como obra divina. Qualquer ser, por mais insignificante que pareça, é a expressão da força criadora. E por isso merece respeito.
              Relatos das reflexões dos participantes do passeio:

Melissa, Jarbas e Ana Luísa. em frente a um exemplar de carvalho-europeu com as folhas
 amareladas precocemente, efeito da estiagem.
O carvalho-europeu tem um simbolismo expressivo. Os celtas o consideravam árvore sagrada.
Aqui no Sítio Itaperaju foi plantado para simbolizar a ligação entre a Europa e a América. 


Jarbas:
  Passar a tarde de hoje no Sítio Itaperaju,  em meio à natureza, foi bom. A experiência de estar entre outras formas de ser, sentir o cheiro das plantas, o frescor do ar, o silêncio rompido apenas pelo canto dos pássaros ou pelo barulho da vegetação ao caminhar é sempre algo único, subjetivo. Mas é na simplicidade, ou em momentos que parecem simples, que somos convidados a perceber, com o exercício de nossa sensação, a razão de ser, do sentido e da beleza da vida. Diria mais, são momentos como esses que nos deixam em contato com o divino. Estar entre a natureza, no dia de hoje, foi oportuno para encontrar o equilíbrio do eu, do espírito e o corpo.

Capim-limão e caraguatá

 Como interiorano, sempre faço comparações. A vivência do dia de hoje, ou  quando estou, por exemplo, no centro de Porto Alegre, entre aquele amontoado de pessoas, indo e vindo, na corrida do dia a dia. Vejo expressões de preocupação na face e no olhar e, muitas vezes, de infelicidade. Tudo para garantir a sobrevivência. E então me pergunto, há outra forma de organização de sociedade?  
  
Ana Luisa:
Esta ida ao campo foi muito interessante porque exploramos lugares e vimos animais diferentes.

Gralha-picaça (Cyanocorax chrysops)


Melissa:
Eu gostei de andar pelo meio da capoeira, das vassouras, das barbas-de-bode, dos espinilhos esparsos perto do brejal,  porque me lembro da minha infância, quando sentávamos pra fazer piquenique no gramado e tomar banho de açude. Até considero essas áreas mais bonitas do que as próprias florestas, pois não é preciso grandes árvores pra perceber a diversidade de plantas e animais que existem nesses locais. 

Ambiente rústico, este 'chircal' tem várias plantas nativas aromáticas e
de interesse apícola. 


Darci:
Poço de balde com apenas dois  metros de profundidade. Apesar das chuvas escassas,
 conservou água fresca e cristalina, resultado da arborização ciliar e recuperação de um pequeno brejal. 

            A minha reflexão focou-se mais na questão da água. Esta última estiagem marcou-me profundamente. E a chuva de ontem foi uma verdadeira bênção, a ser observada nesta sexta-feira-santa. É desalentador ver a estiagem castigando os campos, as lavouras e as árvores perdendo as folhas. Os riscos de queimadas aumentam e parece não existirem alternativas de permanência no campo. Mas, quando chove, o cenário muda completamente e o ânimo se renova. É nesse momento de reflexão que nós humanos precisamos tomar consciência de que a natureza precisa ser  entendida e não hostilizada com mais destruição.  Essa reverência aos ambientes naturais é uma forma de gratidão ao Princípio Criador que faz uma ligação entre o sagrado e a sustentabilidade. Lá no meio do brejal silencioso,  entre aromas e o adejar de borboletas, encontro mais um motivo de gratidão a Deus quando sacio a sede com a água pura que brota das entranhas da terra.

Ao por do sol, um ponto luminoso no firmamento anunciava a Estrela Vésper,
 também conhecida por Estrela do Pastor, Estrela D'Alva, ou Planeta Vênus, entre outros nomes.
Lá em Vênus, temperaturas máximas entre 270°C e 475°C, tudo inóspito, impensável para os nossos seres vivos.
Aqui na Terra, apesar do aquecimento global, ainda temos uma Natureza exuberante, com muitas espécies a nos fazerem companhia. Sejamos gratos a Deus por essa distinção de nos colocar num Planeta tão lindo.







Mensagem final. O ser humano tem um enorme potencial de realizações. Apesar de todas as crises ele é capaz de se reeducar e dar um novo sentido à sua relação com a natureza, à qual ele pertence.
Sempre há uma luz. Sempre há uma esperança.

Fotos: Darci Bergmann, realizadas em 06/04/2012; Sítio Itaperaju/São Borja/RS


  
   

4 de abril de 2012

Só um povo atrasado não compreende a importância das florestas

Florestas: A espécie humana e milhões de outras delas precisam.
Foto: Darci Bergmann - Bugios

   Por Darci Bergmann


   Impossível ficar indiferente quando o assunto é a degradação das florestas brasileiras, ou como, queiram alguns, dos biomas brasileiros. Aqui as florestas representam o conjunto dos ecossistemas. Geralmente, os ecossistemas estão interligados a algum tipo de vegetação arbórea ou mesmo arbustiva. E muitos campos no Bioma Pampa tendem à arborização natural, inicialmente com espécies precursoras tal como a vassoura-branca,  o espinilho, o curupi, a aroeira-vermelha, o coentrilho, entre outras.
   O termo mato, sinônimo de floresta, tem sido deturpado ao longo dos anos. Talvez os colonizadores chamassem de 'mato' as ervas competidoras com os seus cultivos. A tal ponto que matagal pode se referir a uma área abandonada, sem intervenção humana. Outros termos também usados com o mesmo sentido são chircal, bamburral, capoeira, entre outros mais. Na maioria das vezes, os terrenos baldios urbanos, áreas abandonadas ou em pousio e até em recuperação espontânea na zona rural  não tem o reconhecimento da sua importância ecológica. O mato nessas áreas está absorvendo gás carbônico, protegendo o solo contra as enxurradas, repondo matéria orgânica e ainda permitindo a infiltração das águas pluviais para recarga dos aquíferos. Além disso, permite a existência de várias espécies animais. 
   Aqui um ponto lamentável da incompreensão humana sobre esses ambientes. Animais aparecem. Gambás, roedores e serpentes podem ali encontrar refúgio. Aí as reclamações aumentam. Pessoas aparentemente preocupadas com a segurança pública se manifestam e até exigem a roçada ou limpeza desses locais. Talvez as mesmas pessoas que ali jogaram entulhos, plásticos e tantos outros resíduos retirados dos seus pátios e de suas casas. Também referem que um mato desses pode servir de esconderijo para delinquentes. Assim o lado bom dos nossos matos é esquecido. No fundo quem deturpa o ambiente é a pessoa humana, com os seus comportamentos impróprios, desequilibrados e hostis à Natureza. Basta ver a caótica situação do trânsito.Da violência. Da barulheira urbana, das ruas calorentas e costuradas por fios sobre as nossas cabeças. Diante desse caos que a espécie humana acredita ser  progresso, prefiro viver no meio do 'mato'.
   Com o aumento da população, os cinturões verdes vão minguando e em muitas regiões já desapareceram -as cidades cresceram e se ligaram umas às outras. Não há lugar para o mato, mas também não há lugar para a qualidade de vida. É um amontoado gigantesco de pessoas e algumas poucas espécies de bichos. 
Precisamos impor limites a essa expansão desenfreada e caótica da espécie humana. Não é só por questão de comida. Uma sociedade que já perdeu a noção da importância de um ambiente natural - como é o caso das suas florestas - já está debilitada e a caminho da infelicidade. 
   Alguns países trilharam pelos caminhos da industrialização, da urbanização e estabilização das suas populações,  reservando extensas áreas para as suas florestas. Muitas foram replantadas não para fins comerciais e sim para a preservação, pela importância dos seus serviços ambientais. A esses somam-se os benefícios sobre a saúde mental. 
   O Brasil é detentor de uma biodiversidade invejável. Uma floresta é muito mais do que árvores, é um conjunto de espécies, uma sinfonia de seres que só por isso já deveria merecer o nosso respeito. Ser culto é reverenciar essa imensa obra da criação. Só um povo atrasado não compreende a importância das florestas. 
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Mais sobre o tema:

  A importância da floresta
Eng. ° Agr.° Paulo Annes Gonçalves

            A floresta cresce de importância. Pelo menos no estrangeiro, já que no Brasil, ao que parece, continuamos na fase colonizadora de um século atrás quando a norma em produção agrícola era plantar na mata recém derrubada.
            Floresta era sinônimo ou indicio de terra boa para plantar. O Rio Grande do Sul já teve 38% de seus 282 mil quilômetros quadrados cobertos de mata. Hoje, ninguém sabe o pouco que temos. Fala-se em 2% e também em 8%.
            O fato de saber-se que nos Estados Unidos um terço da área geográfica é coberta de matas, e mais ainda, que um terço desse terço é de matas que pertencem ao governo, não impressionou o Rio Grande. A derrubada continua.
            A velha Europa dá valor à floresta. Veja-se o percentual de terra sob florestas em alguns dos países europeus que têm servido de exemplo para a agricultura brasileira, especial à sul-rio-grandense.

 

ÁREAS COM MATAS

França___________26%
Alemanha________29%
Itália____________20%
           
            Se olharmos para um país asiático, outro exemplo encontraremos. O Japão de área 30% maior que a rio-grandense, figura com 23% de seu território coberto de matas*(matas plantadas pelo homem).
            Vemos assim que o Japão muito embora com 115 milhões de habitantes (quase a do Brasil) apertados em 372 mil quilômetros (igual ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina somados) nos oferece bom modelo.Segundo a FAO a floresta Nipônica ocupa 250.000 quilômetros. Ou 67% de todo o território formado por suas ilhas.
            E desse total um terço ou 90.000 km2 é de matas plantadas pela mão do homem. O restante são matas nativas. E lá a árvore mais plantada é a “Cryptoméria” conhecida como ornamental em jardins nesse estado.
            Apesar de estarem assim mais ricos em matas que o Rio Grande do Sul, o serviço florestal japonês, anos passados estabeleceu a meta de elevar os 90.000 para 130.000 quilômetros de matas plantadas pelo homem. (FAO, Unasylva, 128/1980).
            Estes 130.000 são praticamente a metade da área só em terras no Rio Grande do Sul, uma vez descontadas as lagoas.
O Rio Grande, como o Brasil, ainda vive a fase do arado. A de abrir novas fronteiras, fazendo lavouras anuais. Nem se dá conta de que em outros países a área com matas é cada vez maior. Cerca de metade da área ocupada com lavouras, anuais ou perenes é a extensão com matas em vários países.
Este, o exemplo da Europa Continental. Não obstante ser, em relação a nosso estado, um conjunto de superpovoadas nações. Mais bem alimentado que o nosso país, o continente europeu apresenta maior área com matas que com lavouras.





É o que mostram os números do anuário 1979 da FAO, indicando em quilômetros quadrados:
Área com lavouras anuais e permanentes_____ 1.420.000 Km2
Área com florestas_______________________ 1.546.000 Km2

            Pode-se pensar que exemplos acima são de países com povoamento secular, mais velhos que os dois séculos que tem nosso estado. Tomemos, pois um país novo. Nova Zelândia, onde o primeiro núcleo desembarcou em 1792, meio século após o povoamento inicial do Rio Grande.
            Além de bem alimentada e com alto padrão de vida, a Nova Zelândia é um dos fortes exportadores mundiais de alimentos. Lá a floresta nativa, segundo o “Pocket Digest of Statistics 1980” ocupa 62.460 quilômetros quadrados. Ou 23% dos 269.000 quilômetros da área do país. Vivem bem e exportam sem arrasar a floresta.

FONTE: Correio do povo – Pág 4 - Suplemento Rural – 25 de setembro de 1981

*OBS do blog: os dados de 23% referem-se a florestas implantadas pelo homem
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Desmate na Amazônia quase triplica de janeiro a março de 2012, diz Inpe

Fonte: G1 (acesso em 05/04/2012)

Menor quantidade de nuvens no bioma revelou mais áreas degradadas.
Governo diz que houve aumento da detecção, mas não do desmatamento.




Entre janeiro e março de 2012, o desmatamento na Amazônia Legal quase que triplicou, se comparado com o mesmo período do ano passado.
O volume de nuvens foi menor no primeiro trimestre deste ano, o que elevou a qualidade de visualização dos chamados "polígonos de desmatamento".
Os dados foram divulgados pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, nesta quinta-feira (5), em coletiva realizada em Brasília.
Segundo o sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no primeiro trimestre os satélites detectaram a perda de 389 km² da cobertura florestal, número que é 188% maior se comparado ao mesmo período de 2011 (135 km²).
A ministra não considera que os dados não representam um crescimento no desmate, já que, para ela, a redução da quantidade de nuvens sobre o bioma facilitou a fiscalização feita por sensoriamento remoto. "Não temos crise de desmatamento, como foi ano passado, não tem aumento de desmatamento", disse.
Estado do Amapá tem 76,6% de seu território coberto pela floresta amazônica. Na imagem, o Parque Nacional Montanhas de Tumucumaque. (Foto: Divulgação/Grayton Toledo/Governo do Amapá)Redução do volume de nuvens sobre a Amazônia melhorou a visualização por satélite.Desmate triplicou no primeiro trimestre de 2012, se comparado ao mesmo período do ano passado. (Foto: Divulgação/Grayton Toledo/Governo do Amapá)
Em fevereiro de 2011, apenas de 1 km² de vegetação derrubada foi detectado, já que a cobertura de nuvens era de 93%. Neste ano, o mês registrou desmate de 307 km², a maior parte no Mato Grosso (285 km²). "Ano passado não havia desmatamento detectado porque nós não víamos nada", disse Gilberto Câmara, diretor do Inpe.
Para Câmara, a pesquisa em campo feita pelos órgãos de fiscalização verificou que 68% das áreas encontradas devastadas (por desmate e queimadas) resultam de atividades ilegais ocorridas em 2011.
Estabilidade
A ministra também ressaltou que não houve aumento absoluto no desmate ao comparar o período de agosto de 2011 a março de 2012 com os mesmo meses entre 2010 e 2011.
Entretanto, chamou a atenção para a elevação de atividades ilegais (no período, desmate subiu de 12 km² para 56 km²). O aumento pode estar associado a uma migração de desmatadores do Pará para o estado. Segundo Izabella, órgãos ambientais vão melhorar a fiscalização na região.
Código florestal
Sobre as mudanças na legislação ambiental, que tramita na Câmara dos Deputados, pode também influenciar o desmatamento, de acordo com o governo. "Ainda tem gente em campo dizendo, segundo os relatos da inteligência, que você pode desmatar que vai ser anistiado". 
"As equipes têm se deparado com colocações de que o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais] não teria competência mais de fiscalizar. Não é verdade", disse ela. Só este ano, o Ibama aplicou quase R$ 50 milhões em multas por desmatamento na Amazônia e embargou áreas, principalmente no Mato Grosso e Pará.
Desmatamento Amazônia (Foto: G1)


2 de abril de 2012

Um século de clima alterado


Por Stephen Leahy

Essa jornada especialmente quente, que se apresenta uma vez a cada 20 anos, no final do Século 21 ocorrerá a cada dois anos na maioria das regiões do planeta.
CAIRNS, Austrália, 2 de abril de 2012 (Tierramérica).- As condições meteorológicas extremas se tornam norma em grande velocidade. Assim confirmam as duas semanas de calor forte que atingiram Canadá e Estados Unidos quando o gelo e a neve do inverno ainda não haviam derretido.

No mês passado, boa parte da América do Norte “cozinhou” a temperaturas extraordinariamente altas, que derreteram toda a neve e o gelo invernais e bateram por ampla margem os recordes térmicos dos últimos 150 anos. No ano passado, os Estados Unidos suportaram 14 desastres – inundações, furacões e tornados – que causaram perdas de vários milhares de milhões de dólares.

Um novo informe do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC), divulgado no dia 28 de março, apresenta inúmeras evidências de que esses eventos meteorológicos sem precedentes estão aumentando em quantidade e severidade. E, mantido o atual ritmo de contaminação com gases-estufa, alcançarão graus preocupantes ao longo deste século. A partir de 1950 foram registradas muito mais ondas de calor e temperaturas extraordinariamente elevadas do que nas décadas anteriores.

Essas manifestações continuarão aumentando nas próximas décadas, bem como a frequência de precipitações intensas em regiões tropicais e latitudes distantes do Equador, afirma o Special Report on Managing the Risks of Extreme Events and Disasters to Advance Climate Change Adaptation (Informe Especial sobre o Manejo de Riscos de Eventos Extremos e Desastres, para Promover a Adaptação à Mudança Climática), conhecido por suas siglas em inglês SREX.

Essa jornada especialmente calorosa que se apresenta uma vez a cada 20 anos, no final do Século 21 ocorrerá a cada dois anos na maioria das regiões, exceto nas situadas no Hemisfério Norte em latitudes distantes do Equador, onde o fenômeno se produzirá uma vez a cada cinco anos. Também é provável que aumente a velocidade máxima dos ventos dos ciclones tropicais, enquanto cai ou continua igual a frequência destes eventos em todo o mundo.

As secas serão mais intensas no Sul e Centro da Europa, na região do Mediterrâneo, no Centro da América do Norte, na América Central e no México, no Nordeste do Brasil e na África austral. O aumento do nível do mar, somado a fenômenos atmosféricos extremos, tornarão inabitáveis muitos lugares até o final deste século, disse Christopher Field, copresidente do Grupo de Trabalho II do IPCC, que produziu o informe junto com o Grupo de Trabalho I.

Locais que já suportam estes problemas, como os pequenos Estados insulares e cidades costeiras como Mumbai, poderiam ser abandonados nas próximas décadas se não houver importantes reduções nas emissões de gases-estufa, afirmou Field em uma entrevista coletiva. Já não se discute que o drástico aumento dos eventos meteorológicos extremos seja um dos sinais mais claros de que queimar milhares de milhões de toneladas de combustíveis fósseis alterou o clima mundial de forma permanente.

“Todas as manifestações meteorológicas estão afetadas pela mudança climática, porque o ambiente no qual ocorrem é mais quente e mais úmido do que antes”, explicou ao Terramérica o cientista Kevin Trenberth, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos Estados Unidos. Essas enormes quantidades de calor e umidade presos na atmosfera são um potente combustível para os eventos extremos. Tem pouco sentido debater se esta ou aquela tempestade foi causada pela mudança climática quando todo o sistema meteorológico mundial está alterado, ressaltou Kevin, um dos autores dos informes do IPCC. “A principal mensagem do informe é que agora sabemos o suficiente para tomar boas decisões sobre o manejo de riscos de desastres relacionados com a mudança climática. Algumas vezes aproveitamos esse conhecimento, mas muitas outras não”, destacou Christopher.

Em 2010, Guatemala e Colômbia estiveram entre os países mais prejudicados por eventos extremos, segundo o Índice Mundial de Risco Climático, elaborado pela organização não governamental alemã Germanwatch. De fato, esses países sofreram mais do que a Rússia, cuja onda de calor matou cerca de 50 mil pessoas. O Índice analisa os impactos que tiveram os fenômenos extremos na economia e na sociedade nos últimos 20 anos. Entre 1991 e 2010, os dez países mais afetados em danos materiais e mortes foram todos do Sul em desenvolvimento. Bangladesh, Birmânia e Honduras lideram a lista.

“Não há dúvida de que as manifestações extremas e os danos estão aumentando”, afirmou Sven Harmeling, da Germanwatch. E não é porque simplesmente agora há mais infraestrutura a destruir, alertou ao Terramérica, de Berlim. Os países estão adquirindo consciência sobre os riscos, mas poucos adotam medidas para abordá-los, embora seja muito mais barato se preparar do que se recuperar de um desastre, acrescentou. Bangladesh conseguiu realizar importantes investimentos na prevenção, por isso sofreu menos danos nos últimos tempos, comparou.

O novo informe do IPCC é uma contribuição significativa, mas tem lacunas e carece das últimas descobertas científicas que especificam melhor os vínculos entre eventos meteorológicos extremos e a mudança climática, segundo Sven. O estudo recomenda a países e regiões que adotem medidas de adaptação de “arrependimento baixo ou nulo”, aquelas que requerem investimentos modestos ou moderados para aumentar a capacidade de suportar os riscos climáticos.

Por exemplo, colocar em funcionamento sistemas de alerta para a população sobre desastres iminentes, modificar o planejamento do uso da terra e do manejo de ecossistemas, aperfeiçoar a vigilância sanitária, o fornecimento de água e os métodos de drenagem e saneamento, bem como desenvolver e aplicar novas normas de construção. As conclusões do Índice Mundial de Risco Climático e as recomendações do estudo do IPCC “devem ser vistas como um sinal de alerta”, advertiu Sven. É preciso estarmos “melhor preparados”, concluiu.