30 de julho de 2013

Árvores: o que os olhos não vêem o coração não sente

Por Darci Bergmann








   A retirada de uma árvore exótica causa polêmica. A morte lenta de milhares de árvores nativas não comove. Parecem coisas distintas, mas os fatos se dão na mesma cidade e no mesmo tempo, ante a vista das mesmas pessoas. Como explicar a reação e a indiferença? As questões ambientais seriam vistas de forma diferente mesmo entre as pessoas sensíveis à causa?

   Existem perguntas que não tem respostas fáceis, pois o comportamento humano depende de muitos fatores. Estamos num tempo de muita mobilização para algumas causas. Em termos de preservação ambiental, as pessoas também se articulam e se posicionam, mesmo que muitas delas não tenham pleno conhecimento do tema. Nesses casos, o coração fala mais alto. E cortar uma árvore exótica, mal localizada e sujeita a cair a qualquer momento pode causar uma sensação de perda. Realmente é uma perda, que já começou bem antes no plantio. Perda pela escolha mal feita da espécie em relação ao local de plantio que um dia mostraria os problemas que muitos não vêem. 
  Foi assim num caso recente.O que todos percebiam era uma árvore crescendo, inserindo-se na paisagem e fornecendo sombra num local de muita circulação. E todos querem sombra num centro de cidade, cujos verões registram altas temperaturas. De repente, com o passar dos anos, a mesma entidade que plantou a muda - agora árvore - precisa retirá-la, porque o tronco se inclinou e apresenta rachadura na bifurcação. A copa também se desviou em busca da luz, eis que outra árvore mais alta, próximo a ela, fazia-lhe concorrência. E o local de plantio era um terreno elevado, acima do nível do chão aterrado, em frente a uma Igreja. E mais, localizada entre duas escadarias, sobre as quais caíam os figos que as pessoas mais idosas não viam ao saírem do templo. Algumas pessoas caíram nos degraus repletos de frutos e pararam no hospital da cidade. No outro lado da rua, onde se localizava a árvore exótica Ficus auriculata, cujo corte foi requerido, a não mais de quarenta metros, uma outra realidade acontece. Ali existe uma praça com dezenas de ipês amarelos e da espécie ipê-roxo, entre espécies nativas e exóticas. Muitas delas estão afetadas por um parasita conhecido como erva-de-passarinho. Na cidade e no entorno, milhares de árvores estão assim, condenadas à morte lenta, pois a sucção da seiva pelo parasita exaure o hospedeiro. Centenas de exemplares de ipê-roxo já pereceram assim nos últimos anos. A remoção do parasita é lenta e cara, mas necessária. A Prefeitura, alertada, alega falta de equipamento e pessoal para realizar o serviço. As pessoas olham para as árvores, mas não percebem o dano. Não se sensibilizam. Ninguém nas redes sociais brada contra o descaso, a não ser uns poucos conhecedores do assunto. 
    As coisas são assim mesmo, como diz o ditado popular. O que os olhos não vêem, o coração não sente.
   

25 de julho de 2013

Ciência estuda efeitos nocivos do sal para além da pressão alta


Pesquisa no espaço descobriu que os efeitos do sal no organismo vão além da pressão arterial. Excesso de sal pode estar diretamente relacionado à perda óssea e doenças autoimunes.
O astronauta alemão Reinhold Ewald ficou no espaço como pesquisador e também objeto de pesquisa durante três semanas, em 1997. O físico e médico participou de um experimento sobre o metabolismo na ausência de gravidade.
Para tal, teve que anotar tudo o que ingeriu e bebeu, durante a viagem e duas semanas após retornar. Todas as excreções do astronauta foram recolhidas e comparadas com o que ele consumira, com resultado surpreendente.
"A partir daí constatou-se que alguma coisa na minha metabolização do sal funcionava diferente do que se conhece na Terra ou nos livros clínicos", conta Ewald. Durante o tempo que passou no espaço Ewald acumulou muito sal no corpo, o equivalente ao que uma pessoa saudável retém em seis litros de fluídos corporais. Mas o astronauta não estava seis quilos mais pesado.
Corpo de Ewald acumulou sal durante viagem espacial
Até o experimento, os cientistas acreditavam que todo o sal se diluía no corpo. "Os livros didáticos diziam, até então: água e sal fluem paralelamente", explica Rupert Gerzer, do Centro Alemão de Aeronáutica e Astronáutica (DLR, na sigla original). Ou seja, o excesso de cloreto de sódio deveria ser eliminado pelos rins, através da urina.
Mas depois do experimento ficou claro que o corpo humano não funciona tão simples assim. "Ao que tudo indica, os efeitos descritos na literatura médica não são os únicos, há mais alguma coisa, e isso é um terreno totalmente virgem", comenta Gerzer.
Sal demais e pressão alta
Para investigar em profundidade essa descoberta, os próximos objetos de pesquisa foram estudantes. Em isolamento, eles ingeriram quantidades de sal acima do normal. "Descobriu-se que o sal não somente regula os fluídos corporais e a pressão arterial, mas também afeta o sistema imunológico e a formação e dissolução óssea", relata o astronauta Ewald.
Assim como o astronauta na ausência de gravidade, os estudantes que receberam a superdose de sal também acumularam sódio no corpo e sua pressão arterial subiu. Jens Titze, que na época estudava medicina de Berlim, ficou tão fascinado com o comportamento do sal, que se dedicou a entender os mecanismos moleculares de ação. Atualmente, ele dirige o setor de pesquisa de medicina molecular no Hospital Universitário de Erlangen.
Glóbulos sanguíneos em guerra
Com aparelho de tomografia especial é possível medir sal no corpo
No decorrer da pesquisa, Titze pôde acompanhar os caminhos que o sal depositado traça pelo corpo. Um papel importante cabe aos macrófagos, que são "glóbulos brancos que cuidam muito carinhosamente do sal", como explica o pesquisador.
Eles medem o teor de sódio sob a pele, "e quando há sódio demais armazenado, cuidam para que o excesso seja eliminado pelos capilares linfáticos da pele". Para tal, os macrófagos expelem uma substância semioquímica que estimula o sistema linfático a se expandir.
Mas nem todos os glóbulos brancos lidam tão bem com o sal quanto os macrófagos. "Há outro tipo de glóbulo branco, os linfócitos T. Quando eles detectam o sal, nas mesmas condições, atacam e destroem tecido endógeno – o que naturalmente é uma catástrofe", aponta Titze.
Esse efeito é chamado autoimunidade. Portanto, quem consome sal em excesso não só eleva a sua pressão arterial, mas também aumenta as chances de que uma doença autoimune já existente – como, por exemplo, a esclerose múltipla – transcorra de forma mais violenta.
Monitorando o corpo
Paciente da esquerda acumulou sal em excesso, o da direita, menos
No entanto, ainda há muito que pesquisar sobre o tema. Não está claro, por exemplo, por que os idosos acumulam grande quantidade de sal sob a pele, mesmo quando se alimentam normalmente. Mas já é certo que sal demais estimula a degradação dos ossos, agravando, portanto, a osteoporose.
O objetivo dos médicos é desenvolver medidas preventivas práticas para os pacientes, a fim de que, por exemplo, a pressão alta não culmine num acidente vascular cerebral (AVC) ou infarto. A tecnologia pode ajudar no diagnóstico, na forma de um aparelho de tomografia e de ressonância magnética especial, equipado com uma bobina de sódio, que realiza uma radiografia tridimensional da acumulação de sal.
O laboratório de medicina do Centro Alemão de Aeronáutica e Astronáutica vem empregando um aparelho desse tipo. "Quando vemos alguém que começa a acumular sal, trata-se de um sinal prognóstico. Naturalmente também precisamos disso para os astronautas, mas a grande importância é para a medicina normal", anuncia Gerzer.
  • Data 24.07.2013
  • Autoria Fabian Schmidt (cn)
  • Edição Augusto Valente
  • Fonte: DW

24 de julho de 2013

Sumiço de metade da população de borboletas na Europa indica queda de biodiversidade





Relatório indica intensificação da agricultura como um dos principais fatores para a diminuição das borboletas na região. Mudanças climáticas também contribuíram para sumiço de metade da população desses insetos.
Nas últimas duas décadas, a população de borboletas diminuiu 50% nas regiões de pradaria na Europa – principal habitat desses insetos no continente. Essa redução indica uma perda de biodiversidade preocupante na região, segundo o relatório da Agência Europeia do Ambiente, EEA, divulgado nesta terça-feira (23/07).
A pesquisa analisou dados de 1990 a 2011 sobre 17 espécies de borboletas em 19 países europeus. Esse tipo de inseto é um indicador importante para apontar tendências para outros insetos terrestres que, juntos, formam mais de dois terços de todas as espécies do planeta. Por isso, a agência usa as borboletas como base para medir a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas na Europa.
"Essa dramática redução de borboletas de pradaria é alarmante – em geral, esses habitats estão diminuindo. Se nós não conseguirmos mantê-los, nós poderemos perder muitas espécies no futuro", ressaltou Hans Bruyninckx, diretor executivo da EEA. Ele chama a atenção para a importância das borboletas e outros insetos na polinização. "O que eles carregam é essencial para os ecossistemas naturais e para a agricultura."
Das espécies analisadas, oito registram declíno, duas permaneceram estáveis e apenas a população de uma cresceu. O relatório não conseguiu observar a tendência das demais seis espécies examinadas.
Desaparecimento de borboletas preocupa Europa
Agricultura e abandono
Os principais fatores para essa queda é intensificação da agricultura em regiões planas e de fácil cultivo, aponta o estudo. A prática deixa a terra estéril e prejudica a biodiversidade. Outros motivos seriam o abandono de terras em áreas montanhosas e úmidas, principalmente nas regiões sul e leste da Europa, devido à baixa produtividade. "Sem qualquer forma de administração nesses locais, a pradaria será gradualmente substituída por mato e floresta", indica o relatório.
Além disso, a intensificação e o abandono também são responsáveis pela fragmentação e o isolamento das regiões remanescentes. Dessa maneira, as chances de sobrevivência das espécies locais e de recolonização em áreas onde elas foram extintas ficam reduzidas.Os pesquisadores apontam o uso de pesticidas como outro vilão – levados pelo vento, eles acabam matando as larvas desses insetos.
"O Indicador Europeu de Borboletas de Pradaria pode ser usado para avaliar o sucesso de políticas agrícolas", afirma a EEA. Segundo o relatório, o financiamento sustentável de indicadores de borboletas pode contribuir para validar e reformar uma série de políticas e ajudar a atingir a meta dos governos europeus de reduzir a perda de biodiversidade até 2020.
Pradarias estão diminuindo na Europa
Os contadores de borboletas
Estima-se que, das 436 espécies de borboletas presentes na Europa, 382 sejam encontradas em regiões de pradaria em pelo menos um país europeu. Desde de 1950, a vegetação sofre alterações devido ao uso do solo e, em alguns países, ela pode ser encontrada apenas em áreas de reserva natural atualmente.
Milhares de profissionais treinados e voluntários contribuíram para a realização do estudo: eles contaram borboletas em aproximadamente 3500 faixas de pradarias espalhadas pela Europa. Na região, o primeiro trabalho do tipo foi feito pelo Reino Unido, em 1976.
Data: 23/07-2013
Autoria: Clarissa Neher
Edição: Nádia Pontes

17 de julho de 2013

Retirada de árvore gera polêmica



Por Darci Bergmann

   A remodelação do espaço em frente à Igreja Matriz São Francisco de Borja está causando polêmica. Motivo: retirada de uma árvore da espécie exótica Ficus auriculata, conhecida popularmente por figueira-de-jardim, figueira-vermelha e figueira-chilena. ´
    É compreensível a manifestação da comunidade e seria interessante até que houvesse uma audiência pública na Câmara de Vereadores. Seria o momento para debater certas questões ligadas ao meio ambiente. Lembro que há pouco mais de um ano, a Prefeitura Municipal de São Borja retirou quase uma centena de árvores da Rua Venâncio Aires*. Naquela oportunidade, os moradores encaminharam abaixo-assinado ao Ministério Público, solicitando que houvesse uma audiência, por ser uma obra de grande impacto ambiental. Não só isso. Passeios públicos, muros e grades de residências foram destruídos. Também não se tem conhecimento se houve consulta ao setor competente da Prefeitura e ao Conselho Municipal de Recuperação e Defesa do Meio Ambiente e se este, por iniciativa própria, tomou alguma medida.
    Voltando ao caso da remodelação da Paróquia São Francisco de Borja. A convite, participei de uma reunião no Gabinete do Prefeito Municipal. Houve solicitação de um parecer sobre a situação das árvores no espaço frontal à Igreja Matriz. 
     Em decorrência, eu e a bióloga Melissa Bergmann fizemos uma rápida vistoria no local. O parecer não remunerado que fizemos tem o intuito de contribuir no debate. Foca principalmente a questão das medidas compensatórias, caso uma árvore ou duas devam ser retiradas do local. A decisão final é das autoridades municipais. 
     Um fato positivo em tudo isso, é a postura do Prefeito Farelo Almeida e da parte proponente da obra que buscam dialogar e ouvir setores da comunidade que possam contribuir para o melhor encaminhamento da questão. 
        A seguir, a íntegra do Parecer:

                                            PARECER TÉCNICO
SOLICITANTES: Prefeitura Municipal de São Borja e Sociedade Paroquial São Francisco de Borja.
OBJETIVO: Reestruturação do espaço frontal à Igreja Matriz São Francisco de Borja, atendendo à lei de acessibilidade urbana, com a retirada de uma araucária ( Araucaria angustifolia) e um exemplar de figueira-de-jardim (Ficus auriculata)
HISTÓRICO
Há vários anos existe a intenção da Sociedade Paroquial São Francisco de Borja em fazer melhorias no espaço frontal à Igreja Matriz. Um dos motivos alegados em consulta verbal, já em 2003, seria a construção de rampas que permitissem o acesso de pessoas com necessidades especiais – os cadeirantes. Também houve relato de quedas de pessoas em função dos frutos (figos) da figueira-de-jardim. Embora a Prefeitura faça a varrição e coleta de folhas e frutos em dias de semana, é justamente nos domingos e feriados que o fluxo de pessoas é maior em virtude das missas. É daquela época a constatação de uma situação preocupante em termos de riscos de acidentes, principalmente com relação à Araucaria angustifolia, eis que plantada em local impróprio, há mais de trinta atrás, para enfeite natalino. Já era de conhecimento do prefeito da época, José Pereira Alvarez, que esta espécie de grande porte, teria comprometimento do sistema radicular e poderia cair, como já ocorreu em outras situações semelhantes em áreas urbanas.
Somente agora foi retomada pela Paróquia a intenção de fazer as reformas e adequação do espaço à acessibilidade. Foi solicitado à Secretaria Municipal do Meio Ambiente licença para retirada do exemplar de Ficus auriculata, porém sem apresentação do devido projeto técnico e proposição de medidas compensatórias. A questão foi encaminhada para análise do Conselho Municipal de Recuperação e Defesa do Meio Ambiente – CMRDMA, que deu parecer contrário à retirada da árvore, pois não havia informação suficiente sobre a matéria.

DA VISTORIA REALIZADA EM 16/07/2013
Constatamos que:
1)      O exemplar de Ficus auriculata, espécie exótica, encontra-se inclinado para o lado norte, em função do sombreamento causado pela Araucaria angustifolia e por um exemplar da espécie nativa guabiju (Mircianthes pungens), localizado em terreno contíguo.
2)      O exemplar de Araucaria angustifolia, espécie nativa em vários estados do Brasil tem idade superior a trinta anos. A espécie não ocorre em estado nativo na região de São Borja. Embora de beleza singular, a árvore já mostra sinais de degenerescência na parte apical da copa. Tal fato talvez seja oriundo do estresse climático, pois a espécie é sensível à alta temperatura e à baixa umidade relativa do ar, o que é comum nas primaveras e verões de São Borja, principalmente no centro da cidade.
O solo em volta da árvore está impermeabilizado por piso de concreto e cerâmico, o que dificulta a aeração e aumenta o estresse hídrico.
O tipo de arquitetura da copa, com a inserção horizontal dos ramos e a possibilidade de queda dos mesmos coloca em risco as pessoas, mesmo em períodos de tempo bom. Em dias de ventos fortes o perigo é maior e a árvore corre risco de queda caso continue a degenerar em função das agruras climáticas. Já há casos típicos de mortandade de araucária na cidade. Um exemplo disso é o espécime em degeneração, localizado num terreno, na Rua Aparício Mariense, em frente ao Posto Santa Lúcia, onde já ocorreram quedas de ramos sobre automóveis de um estacionamento.
3)      O projeto de revitalização do espaço em frente à Igreja Matriz, de responsabilidade do Eng. Civil Nelson Ceccon, foi motivado pela posição correta do CMRDMA. O projeto prevê o paisagismo com aumento da área livre - sem revestimento cerâmico – o que aumentará a infiltração das águas pluviais.
4)      Sobre as medidas compensatórias.
Estas não foram apresentadas pela parte proponente, nem tampouco pela Prefeitura Municipal de São Borja, o que motivou a negativa do CMRDMA em se manifestar contra a retirada do exemplar de Ficus auriculata.
Em respeito ao posicionamento do CMRDMA, o Excelentíssimo Sr. Prefeito Municipal Farelo Almeida, após receber comissão da Sociedade Paroquial São Francisco de Borja, solicitou laudo técnico e proposta de medidas compensatórias para serem analisadas pelo setor competente.
5)       Sugestões
Diante do exposto, encaminhamos as seguintes sugestões:
5.1) Cenário em que seriam mantidos os dois exemplares arbóreos já referidos acima, caso não prejudique a instalação da rampa para cadeirantes.
Revitalização do solo ao redor de cada árvore, aumentando a superfície livre em torno do tronco e plantio de espécies herbáceas para forração.
5.2) Cenário em que seriam removidas a araucária e a figueira-de-jardim.
Se esta for a alternativa escolhida, ela evidentemente causará um impacto visual temporário. As copas das árvores já se incorporaram na paisagem local e a remoção causará polêmica. As medidas compensatórias neste caso devem contemplar o plantio de exemplares arbóreos na mesma quadra onde se localiza o espaço a ser remodelado e também em outros locais públicos, conforme a seguir:
5.2.1) Plantio de pelo menos dois exemplares da espécie ipê-roxo (Tabebuia avellanedae), árvore-símbolo do Município (lei Municipal n 1.022/1980, no lado ímpar da Rua Aparício Mariense, quadra em frente à Praça XV de Novembro.
5.2.2) Plantio de trinta exemplares arbóreos nativos da região em vias e ou logradouros públicos, com monitoramento pelo prazo de dois anos, com tratos culturais e reposição se necessário, por parte da Sociedade Paroquial São Francisco de Borja.
5.2.3) Pela Prefeitura Municipal de São Borja - Implantação de uma área verde pública no Bairro da Pirahy, nas imediações da Rua Theobaldo Klaus e Vila Santos Reis, devido ao expressivo aumento populacional naquela área. Isto, de certa maneira, também compensa o plantio das dezenas de árvores retiradas pela Prefeitura na Rua Venâncio Aires, quando das obras de alargamento, sem consulta em audiência pública.

É o parecer

São Borja, 16 de julho de 2013.

EngºAgrº Darci Bergmann                    Bióloga Melissa Bergmann
CREA 21.534                                           CRBio 53938-03

A Araucaria angustifolia acima tem mais de trinta anos.

A figueira-de-jardim acima foi plantada pelo Sr. Corandino Reck,
e tem aproximadamente trinta anos. O tronco apresenta racha-
dura na bifurcação. 
Nota do Blog: O Conselho Municipal de Recuperação e Defesa do Meio Ambiente (CMRDMA), em reunião realizada na data de 18/07/2013, por unanimidade, manifestou-se pelo corte da figueira-de-jardim e da araucária. Assim, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de São Borja expediu licença à solicitante Sociedade Paroquial São Francisco de Borja, tendo esta assumido o compromisso de plantio compensatório, nos termos da proposta sugerida no parecer técnico acima referido.

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Mais sobre arborização;

13 de julho de 2013

Agricultura orgânica ganha páginas de almanaque infantil


Criado para incentivar o consumo de hortaliças pelo público infantil, o Almanaque Horta & Liça traz histórias em quadrinhos e diversos passatempos que aliam lazer e informação. A proposta é estimular entre os pequenos novos e bons hábitos - tanto o da leitura quanto o da alimentação saudável - e tudo isso com uma abordagem lúdica e descontraída. Veja ao final da matéria como baixar as edições do Almanaque.





Em sua quarta edição, a publicação, idealizada pela Embrapa Hortaliças (Brasília/DF), explica como funciona o sistema de produção orgânico à turminha do Zé Horta e da Maria Liça. Quem não vai gostar nada do assunto é a Marina, que se assusta com as minhocas no solo, mas isso até descobrir que os túneis cavados por elas são essenciais para a ventilação das raízes das plantas e para a infiltração da água da chuva.

Eles vão aprender que na agricultura orgânica o que vale é produzir sem prejudicar o meio ambiente, por isso, os produtos químicos são proibidos nesse sistema de cultivo. Assim, o modo de produção orgânica preserva a biodiversidade e garante uma salada mais saudável.

O almanaque Horta & Liça é distribuído para instituições de ensino e para as crianças que visitam a Embrapa Hortaliças por meio do programa Embrapa & Escola. Em 2012, mais de 1300 alunos de escolas da rede pública e privada conheceram a Unidade, os campos experimentais, as casas de vegetação e uma horta demonstrativa com produtos como alface, pimenta, berinjela, cebolinha, tomate, cenoura, entre outros.

De acordo com Orébio de Oliveira, responsável pelo programa na Unidade, o almanaque tem uma aceitação muito boa entre os pequenos. "Eles ficam felizes com o brinde e logo começam a folhear as páginas para ler as histórias e preencher os passatempos", conta.

Ele ainda diz que a animação é tanta que o brinde tem que ser entregue no final para não atrapalhar o andamento da visita. Neste ano de 2013, o período de visitação vai até novembro e as escolas interessadas podem fazer o agendamento pelo telefone (61) 3385-9110 ou cnph.sac@embrapa.br.

Divirta-se!

Nos links abaixo, é possível conferir as aventuras do Zé Horta e sua turma. Clique no número do almanaque para baixar a publicação (arquivo PDF).

- Almanaque Horta & Liça - Número 1 

- Almanaque Horta & Liça - Número 2 

- Almanaque Horta & Liça - Número 3 

- Almanaque Horta & Liça - Número 4

FONTE

Embrapa Hortaliças
Paula Rodrigues - Jornalista 
Telefone: (61) 3385-9109 
paula.rodrigues@cnph.embrapa.br

12 de julho de 2013

Nem partidos, nem sindicatos

Por Darci Bergmann

O dia nacional de lutas, promovido pelas centrais sindicais e alguns movimentos parou setores importantes como o transporte, mas não empolgou a população. Nas grandes cidades e no interior o povo se mostrou apático.
   Alguns analistas explicaram os motivos para essa apatia. Para  eles, os sindicatos hoje são vistos com desconfiança por amplos setores, pois estariam aliados a um governo que se desgasta cada vez mais. Acrescente-se que a contribuição sindical é obrigatória e a partir dela alguns sindicatos auferem recursos vultosos nem sempre revertidos em benefícios para os associados. Outra questão levantada é a que se refere à utilização dos sindicatos como trampolim para cargos políticos. E foi a base sindical que alavancou o atual governo, de quem se cobra mais competência, menos gastos com obras superfaturadas e redução do custo da máquina pública. 
   Com relação a alguns movimentos sociais, caso dos 'sem terra', muitos entendem que houve descaracterização da luta. Estariam sendo recrutadas pessoas que não se enquadram no perfil de sem-terra. Também os movimentos seriam trampolins para cargos eletivos. Há quem destaque que a reforma agrária, nos moldes atuais, com muito gasto de recursos públicos, não dá o devido retorno em produção. Os alimentos, em sua maior parte, são gerados pela agricultura familiar tradicional e esta sim deveria ser mais incentivada.  A invasão de propriedades particulares e a destruição de patrimônio por parte de 'sem-terras' é vista como vandalismo e não é aceita por amplos setores da população. 
   A paralisação convocada pelos sindicatos e alguns movimentos sociais simpáticos ao governo, com muitas bandeiras e pouca gente, também não empolgou porque pouco se referiu à  corrupção no Brasil. Nem partidos, nem sindicatos. Existe uma grande massa anônima que não confia mais em algumas instituições. Um dia ela pode voltar à ruas e mostrar que todo o poder emana do povo.
      
  

10 de julho de 2013

O resgate da pequena produção




Estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) com os dados do censo agrícola de 2006 não deixam dúvidas: pouco mais de 11% dos produtores rurais brasileiros amealham 87% do valor bruto da produção agrícola. Recém-chegado ao grupo das potências agrícolas, em pouco tempo o Brasil criou enorme concentração de produção e de renda bruta. Semelhante à dos Estados Unidos, maior que a da Europa.

Tal concentração se deve à rapidez do processo de modernização agrícola, que não deu tempo aos pequenos de se adaptarem. A continuar dessa maneira, ao sabor da urgência do mercado, há a possibilidade de que a safra brasileira venha a ter como responsáveis pouco mais de 50 mil produtores.

Não é um cenário desejável. Seja à luz da justiça social, da segurança alimentar e até mesmo ante as concepções mais modernas de segurança nacional, é essencial que a produção de alimentos, fibras e energia esteja distribuída por um número bem maior de produtores. Isso exige a ação sinérgica do setor público e do setor privado.

Os grandes produtores conseguiram organizar modelos de negócios que os ajudaram a lidar com as imperfeições do mercado. É mais caro distribuir pequenos volumes de insumos ou coletar pequenos volumes de produção do que distribuir e coletar grandes volumes. Por isso, o pequeno produtor paga mais pelo insumo ou crédito e recebe menos por sua produção. Muitos pequenos não conseguiram escapar dessa lógica.

Terra, crédito e tecnologia são essenciais, mas o terceiro item hoje tem maior peso no sucesso dos empreendimentos. Afinal, tem o poder de aumentar o volume de produção. Os estudos mostram que, de cada R$ 100 de incremento na renda bruta agrícola, o uso de mais tecnologia explica R$ 68 e a posse da terra, apenas R$ 10. Os R$ 22 restantes são fruto de trabalho.

O crédito pode proporcionar mais terra, trabalho e tecnologia. Mas sem um arranjo negocial que lide bem com as imperfeições do mercado, tudo isso pode significar apenas mais despesas e dívidas. Mesmo entre os 11% que concentram a renda bruta, há 145 mil que vivem com as contas no vermelho. Também eles penam com as imperfeições do mercado.

É essa realidade que confere absoluta relevância e urgência à iniciativa do governo de criar uma agência nacional com o propósito de ampliar o acesso dos produtores à assistência técnica e extensão rural. A desigualdade de acesso impede o produtor de buscar meios de superar as dificuldades.

Muitos prefeitos procuram a Embrapa, imaginando que um centro de pesquisas em seu município resolverá o problema. O diagnóstico é incorreto. Não falta tecnologia. O que falta são condições de usar de forma eficiente as tecnologias já existentes de maneira a superar as limitações do mercado.

A agência anunciada pelo governo federal tem o desafio de emular a multiplicação de equipes de assistência técnica em todas as comunidades agrícolas, preparadas para ajudar os produtores a lidar com os problemas crônicos de administração da propriedade, de gestão da evolução tecnológica e de práticas de associativismo, em busca de escala de produção necessária para superar as imperfeições de mercado.

Esse esforço precisará ser amparado por políticas públicas específicas para lidar com os problemas dos custos de distribuição de insumos e coleta da pequena produção, incluindo-se a prática de subsídios, como se faz nos países avançados.

Abraçando o projeto do governo, os prefeitos têm a oportunidade de criar empregos para sua juventude rural e de alavancar a geração de renda no município, conforme já se comprovou em outros polos de desenvolvimento agrícola. Se alcançar dimensões nacionais, nutrido na verdadeira essência do pacto federativo, tal projeto tem chances reais de promover o resgate histórico da pequena produção no Brasil.

AUTORIA

Maurício Lopes
Presidente da Embrapa

Artigo veiculado no jornal Folha de São Paulo

8 de julho de 2013

Espécies arbóreas invasoras

A matéria abaixo enfoca a questão do Pinus sp. em Santa Catarina.
Fonte acessada: AGROSOFT

PINUS
Basta percorrer o interior do país para encontrar imensas plantações de espécies exóticas como eucaliptos e pinus. A estimativa é que sejam 6,8 milhões de hectares de norte a sul do Brasil. O problema é que as plantações que geram renda também significam ameaças ao meio ambiente. 
Na região sul, a espécie que mais preocupa é uma variedade do pinus, importada dos Estados Unidos e Canadá há cerca de 50 anos com a promessa de suprir a demanda por madeira. O Momento Ambiental esteve em Florianópolis (SC) para mostrar o que tem sido feito para controlar a proliferação desse tipo de lavoura, condenada por ambientalistas e também por estudiosos. Uma das alternativas defendidas por quem entende do assunto é o melhoramento genético de espécies nativas.


Assista ao vídeo:
Pinus - Momento Ambiental

Fonte: Momento Ambiental
www.jf.jus.br/cjf/comunicacao-social/cpj
us/tv/momento-ambiental-1

6 de julho de 2013

Floradas espetaculares em pleno inverno


Por Darci Bergmann


   Estamos em pleno inverno no sul do Brasil. As condições do clima são atípicas para esta época do ano. Temperaturas próximas aos 30º  C fazem com que algumas espécies arbóreas antecipem as floradas. Para algumas pessoas isto já sinaliza a mudança climática. Até o momento nenhuma geada ocorreu aqui em São Borja e as pessoas circulam com roupas leves típicas de verão.
      O frio não chegou na intensidade costumeira, mas a paisagem tem nuances que nos encantam. Árvores e arbustos mostram floradas espetaculares. É o caso da espécie brasileira manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis) e de alguns poucos exemplares da espécie exótica cerejeira-do-japão (Prunus serrulata). Também muitas espécies de orquídeas estão em flor.  
          Parece que a natureza também sinaliza por mudanças e manda um recado a todos nós que ela precisa de mais proteção. Ainda bem que muitas pessoas, no seu cotidiano, mostram carinho pelas plantas e é por isso que somos brindados com flores que nos dão mais motivação de viver.





      
      

3 de julho de 2013

Jovens: muito além do consumismo


Por Darci Bergmann

A palestra aos jovens tinha como tema geral a sustentabilidade. Os estudantes  ficaram surpresos quando iniciei falando sobre as implicações do excesso de consumo no meio ambiente e na política. O planeta não suporta mais as nossas extravagâncias e esbanjamentos. A busca de um estilo de vida mais simples se impõe até para diminuir a corrupção. E isso isso tem a ver com o atual momento que vive o País. Estamos diante de uma crise de valores, de consumismo exacerbado, de aparências enganosas que ostentam um falso brilho de opulência, de ganhar dinheiro fácil, não importa como.
Talvez essas questões estejam nas mentes de muitas pessoas que foram às ruas protestar. Estamos numa sociedade de contrastes. Casos do tipo: um jogador de futebol é endeusado e ganha num mês o que um professor não ganha numa vida inteira; estádios magníficos e hospitais sucateados; cidades entupidas de carros e o trânsito lento, enervante, sem transporte público eficiente. Cargos públicos e supostos representantes do povo em demasia e com altos salários.  Alianças políticas espúrias, cujo único foco é manter o poder e encastelar os protegidos do sistema com altos salários em todas as esferas. Os funcionários estatais que realmente necessitam de melhores salários tais como os da educação e saúde, dentre outros, são vítimas dos gastos supérfluos da corja que se rotula ora de esquerda ora de direita.
A corja de parasitas bem pagos é incompetente para resolver problemas básicos. Por isso que acena ao povo com a compra de futilidades. Vejamos a questão muito lembrada dos transportes públicos. Fruto da postura oficial, a aquisição de automóveis foi estimulada além da capacidade de suporte das cidades. Muitas pessoas, iludidas com os financiamentos de longos prazos, adquiriram automóveis e outros bens, mas foram pegas no contra-pé do aumento do preço dos alimentos e da quase impossibilidade de chegar ao trabalho conduzindo os seus próprios carros. Restava, para a maioria, um transporte público caro e massacrante. Foi o estopim para que a onda de protestos se estabelecesse.
Recomendei aos estudantes para que valorizassem o trabalho, ainda que este exigisse colocar as mãos à terra, na lide com a natureza. Que não se iludissem com as exceções milionárias de atletas endeusados pela mídia. Nem com a corte palaciana que pretende desviar o foco dos protestos para um plebiscito oportunista, que não muda a essência da coisa contestada. 
Depois, os jovens puderam observar como se faz a compostagem caseira do lixo orgânico, transformado em fertilizante. Processo simples e que reduz em 50% o lixo das cidades. Isso significa menos veículos de coleta circulando nas vias públicas e menos gasto de combustível fóssil. A economia no setor poderia ser injetada na melhoria e barateamento do transporte público. Os governantes, ao invés da gastança em obras superfaturadas, poderiam distribuir dispositivos de compostagem, mas isso parece simples demais para a corja engravatada acostumada ao esbanjamento.  
É preciso voltar às ruas ainda muitas vezes. É preciso tratar questões como saneamento, transporte, saúde, educação e meio ambiente. Assim como o lixo orgânico se transforma em adubo, precisamos transformar nossos políticos e dirigentes em algo útil à sociedade.
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Estado brasileiro é "inchado" e precisa ser reduzido, afirmam especialistas
Excesso de ministérios e cargos comissionados só serve para abrigar a base aliada e revela a urgência de uma reforma administrativa, afirmam analistas. Brasil tem mais ministérios que EUA e Argentina juntos.
A presidente Dilma Rousseff anunciou em 24 de junho um pacto com cinco medidas para atender às principais reivindicações da onda de protestos que recentemente tomou as ruas no Brasil. Entre elas está a responsabilidade fiscal nas contas públicas das esferas federal, estadual e municipal.
Mas especialistas ouvidos pela DW Brasil defendem que o governo federal pode começar "cortando na própria carne", ou seja, fazendo uma reforma administrativa que simplifique a estrutura do Executivo.
O número de ministérios e secretarias com status de ministério no Brasil – ao todo são 39 – é muito maior do que em países como Alemanha (14) e Estados Unidos (15), ou mesmo vizinhos como a Argentina (14) e o Chile (22).
"Essa forma de gestão caminha na contramão da história e de tudo aquilo que seria o ideal para a administração pública, não só no Brasil, mas em qualquer país. A criação desses ministérios é uma forma de abrigar a base aliada do governo e acelera ainda mais as distorções dentro da máquina pública", afirma José Matias-Pereira, professor de administração pública da Universidade de Brasília (UnB).
Gil Castello Branco, fundador e secretário-geral da associação Contas Abertas – organização não governamental que se dedica a fiscalizar a execução do orçamento do governo federal –, diz que, por ter sugerido um pacto fiscal, a presidente tinha a obrigação de começar "cortando na própria carne".
Protestos levaram milhares de pessoas às ruas de cidades do Brasil e no exterior
"Seria não só uma medida de impacto econômico-financeiro, mas também de impacto moral, pois haveria reflexos nos estados e municípios. Seria importante que ela passasse uma mensagem de contenção de despesas, a começar por esse absurdo de governar com 39 ministérios. Acho uma discrepância quando ela [Dilma] fala em pacto fiscal sem dar o pontapé inicial", frisou Castello Branco.
Além do alto número de ministérios, o governo federal vivencia um aumento também no número de cargos de direção e assessoramento superior (DAS) – os chamados "cargos comissionados", ou CCs. Hoje, no governo federal, eles são cerca de 22.400 – um recorde desde 1997, quando iniciou-se a curva ascendente, de acordo com o Boletim Estatístico de Pessoal, elaborado pelo Ministério do Planejamento.
Inchaço da máquina pública
O inchaço do governo federal para acomodar a base aliada iniciou-se no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1999-2002) tinha 24 ministérios, número que pulou para 37 no final do governo Lula. Hoje, Dilma Rousseff tem 39 pastas. No governo do ex-presidente e atual senador Fernando Collor de Mello havia 15 ministérios e mais 13 secretarias ligadas à Presidência.
Para fazer funcionar esses ministérios, o contingente de servidores saltou de 810 mil em 2002 para mais de 985 mil funcionários públicos em 2012. O custo para os cofres públicos aumentou de 60 bilhões de reais para quase 157 bilhões de reais, segundo dados do Ministério do Planejamento.
Matias-Pereira, da UnB, explica que os custos de criação de um novo ministério são pouco significativos, mas, no ano seguinte, ele entra na rubrica do orçamento federal e novos cargos públicos são criados.
"Quando você tem uma gestão pública inadequada, penaliza a população não só pelas despesas desnecessárias, mas também com a oferta de um serviço público de baixa qualidade", afirma.
Sistema político engessado
Congresso Nacional, em Brasília: partidos políticos da base aliada querem cada vez mais espaço no governo
Josmar Verillo, vice-presidente da Amarribo, braço brasileiro da ONG Transparência Internacional, diz que Dilma é refém do sistema político brasileiro. "Esses 39 ministérios são para repartir o governo entre os partidos políticos [da base de apoio] e um desperdício de recursos públicos. É necessário uma reforma do Estado, pois o número de ministérios deveria ser reduzido drasticamente para muito menos da metade, para no máximo 15 ministérios que realmente funcionem, além de, no máximo, cerca de 600 cargos de confiança."
Ricardo Carlos Gaspar, professor de economia e especialista em políticas públicas da PUC-SP, relativiza o problema. Ele argumenta que o Estado brasileiro assumiu um papel estratégico que é fundamental para o país, o que justifica em parte o aumento da máquina pública.
"Esse inchaço da máquina pública é relativo, porque na medida em que os investimentos em saúde e educação aumentaram nos últimos anos, é natural que, para a execução e manutenção desses serviços, sejam necessários recursos humanos adicionais. Mas isso não quer dizer que não haja desperdício a ser contido", afirma.
Ele afirma que o inchaço se dá em todas as esferas de governo – federal, estadual e municipal –, independentemente da orientação político-ideológica. "Esse desperdício inclui também o número de pastas exageradas, além das pastas que têm atividades sobrepostas e não muito bem definidas."

DW.DE

  • Data 04.07.2013
  • Autoria Fernando Caulyt
  • Edição Francis França / Alexandre Schossler

2 de julho de 2013

A não-notícia do século: Obama salvou o planeta


27/06/2013   -   Autor: Claudio Angelo*   -   Fonte: Blog do autor
Fonte acessada: Instituto Carbono Brasil

O que faz um político quando está cheio de problemas, premido por uma crise econômica, acusado de jogar sujo contra opositores e que acaba de ser pego com a boca na botijamandando espionar os cidadãos de seu próprio país? Muito simples: salva a humanidade e revoluciona o panorama energético do planeta. Isso se esse político cheio de problemas se chamar Barack Hussein Obama.
Em um discurso de cerca de 40 minutos ontem, estrategicamente feito a uma plateia amigável de estudantes universitários de Washington DC, o presidente dos EUA anunciou seu aguardado plano para combater a mudança climática. Para os ambientalistas e a comunidade científica, que esperam um movimento de liderança dos EUA no assunto desde o fim da década de 1990, foi uma fala histórica, recheada de referências à ciência do clima e ao papel da inovação como propulsora de novas indústrias, que geram valor e empregos enquanto cortam a poluição. Obama não tergiversou nem mesmo sobre nomes: chamou os negacionistas do clima de “sociedade da Terra plana” e as areias betuminosas do Canadá de “tar sands”, esquecendo o nome que o marketing fóssil inventou para essa fonte altamente poluente de petróleo – “oil sands”. Arrancou aplausos da moçadinha presente ao convescote, mas também da União Americana de Geofísica, da imprensa britânica, de cientistas do clima que vêm sofrendo bullying dos céticos e de jornalistas americanos como Andrew Revkin, do New York Times. (Post Scriptum: leia aqui a análise de Michael Levi, do Council on Foreign Relations, sobre o que está nas entrelinhas do plano de Obama).
O anúncio feito pelo presidente tem três eixos, mas um principal: o Executivo não vai esperar pelo Congresso e decidiu impor limites de emissão de CO2 a todas as usinas termelétricas a carvão dos Estados Unidos. São mais de 1.600 plantas, que geram hoje 40% da energia do país. Elas serão reguladas por um ato da EPA, o Ministério do Meio Ambiente americano, seguindo uma determinação da Suprema Corte de seis anos atrás. Isso mesmo: o presidente dos EUA poderia ter tomado essa decisão há seis anos, mas só Obama desperdiçou quatro em seu primeiro mandato na esperança de que o Congresso, dominado pelo lobby fóssil, aprovasse uma lei baixando esses limites.
Obama também anunciou um pacote de estímulo às energias renováveis, aquelas que anossa presidenta aqui embaixo gosta de chamar de “fantasia”. O americano quer dobrar a capacidade instalada de eólica e solar do país, produzindo energia renovável para 6 milhões de lares até 2020 e determinando ao Departamento de Defesa – o maior consumidor de energia dos EUA – que instale 3 mil megawatts (mais ou menos uma usina de Jirau) em renováveis em suas bases. “Eu quero que a América ganhe essa corrida, mas não dá para ganhar se não entrarmos nela.” Aplausos.
O discurso foi tão bom, e Obama é um orador tão cativante, que alguns comentaristas americanos entraram na torcida e se esqueceram de algumas coisinhas básicas. Primeiro, que o presidente não estava “preocupado com seu legado” ou “com os filhos dos nossos filhos”, como ele disse estar. Estava cumprindo uma promessa de campanha que havia feito não agora, mas em 2008. Portanto, o plano infalível da Casa Branca para salvar o mundo chega com cinco anos de atraso.
Depois, tem o diabo daquela frase que os americanos adoram: too little, too late. Embora o plano de Obama de fato ponha os EUA no rumo de cumprir a “meta” anunciada em Copenhague de cortar 17% das emissões do país em relação aos níveis de 2005, tal meta é menor do que o compromisso assumido e depois desassumido pelo Tio Sam no finado Protocolo de Kyoto Parte 1. Nunca é demais lembrar que, se quisermos ter pelo menos 50% de chance de limitar o aquecimento global a 2oC neste século, precisamos chegar a 2020 emitindo 44 bilhões de toneladas de CO2 equivalente; o cumprimento à risca de todas as metas de Copenhague (não só as americanas) deixar-nos-ia 5 bilhões de toneladas acima desse limite, e no rumo de um aquecimento de 3oC. O esperado imposto sobre o carbono nos EUA, que poderia afetar toda a economia do país, passou longe desta vez.
Por último, mas não menos importante, não vi muita gente por aí comentando o óbvio: Obama só se comprometeu com tudo isso porque seu país está montado no maior jackpot de combustíveis fósseis da história da humanidade: o tight oil, que tornará os EUA o maior produtor de óleo do mundo em 2020, e o gás de folhelho (xisto), que começará a ser exportado, de tão abundante, e que nos últimos cinco anos já transformou a matriz energética americana. Mais barato e menos poluente, o shale gas já tem entrado pesadamente no lugar do carvão nas novas térmicas, e foi corresponsável pela derrubada das emissões do país em 2012. O carvão tem amigos poderosos no Congresso dos EUA, mas é um cachorro agonizante. Está tão em desuso nos EUA que vem sendo exportado a preço de banana (quer dizer, pelo menos ao preço que a banana tinha antes do Mantega) para a Europa. Obama não respondeu onde vai enfiar o petróleo, mas enfatizou mais uma vez que o shale gas é uma fonte energética “de transição”. Com tanta energia pronta para ser extraída de seu subsolo, nosso Nobel da Paz pôde chutar o saco dos carvoeiros com relativa segurança.
Mas é claro que ninguém aqui, nem eu mesmo, na minha inocência, achava que Obama pudesse sozinho resolver a crise do clima. O diabo é que, em política, o gesto vale mais que o conteúdo. E o gesto do presidente terá provavelmente um efeito redentor sobre as desacreditadas negociações internacionais do clima na ONU, que têm um acordo marcado para 2015. Os EUA foram além de não atrapalhar: estão tomando a liderança do processo agora. Pegaram o bonde andando e já invadiram a cabine do motorneiro, como todo mundo achou que eles fariam quando tivessem o ferramental tecnológico certo. Uma passagem absolutamente genial do discurso de Obama de ontem foi um tremendo ovo de serpente lançado sobre a comunidade internacional: o americano pediu “livre comércio para as tecnologias limpas”. Em português claro, te cuida, China, porque nós vamos começar a fabricar essas traquitanas aqui e inundar o mundo com elas sem barreiras tarifárias. Cada vez mais, o fórum onde as questões ambientais mais importantes do mundo serão decididas deixará de ser a convenção do clima e passará a ser a OMC. É bom que seja assim.
Um pequeno colchete
[É tentador comparar o discurso de Obama com o de Dilma Rousseff, também feito ontem – titubeante, improvisado, autoritário e, como se viu, errado – em resposta igualmente a um clamor da população e a um Congresso que se descolou da sociedade. Dilma prometeu resolver o problema dos transportes urbanos dando R$ 50 bilhões para o PR (ex-faxinado), e sua proposta sobre o dinheiro do pré-sal terminou de matar o Fundo Clima, que poderia bancar o desenvolvimento de energias renováveis no Brasil. Mais uma vez, o patropi viu uma oportunidade real de desenvolvimento industrial real passar na frente e não agarrou. Em breve seremos clientes de tecnologias energéticas norte-americanas. A menos que o tema entre na pauta da próxima manifestação.]
*Claudio Angelo é jornalista especializado em ciência e meio ambiente e autor do livro "O Aquecimento Global" (Publifolha, 2008).