30 de maio de 2011

Alemanha quer acabar com as usinas nucleares até 2022

31/05/2011


Folha de S.Paulo
BERLIM -- A Alemanha anunciou ontem um plano para pôr fim definitivo ao uso de energia nuclear até 2022, no que está sendo chamado no país de uma "virada energética".
Cerca de 22% da energia produzida na Alemanha hoje é de origem nuclear. Com a mudança, fontes renováveis passarão a responder por 35% da produção --o dobro do percentual atual. O restante virá principalmente de fontes como carvão e gás.
O plano foi anunciado pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, após reunião entre os partidos que integram a coalizão da chanceler (premiê) Angela Merkel. A ideia é que a proposta seja formalizada pelo gabinete na semana que vem e submetida ao Parlamento.
"Não é nada mais, nada menos que uma revolução. Temos a chance de ser a primeira nação industrial a fazer a transição para a energia renovável", disse Merkel.
Pelo plano, as 17 usinas nucleares do país serão desativadas até 2021. Há, porém, a possibilidade de extensão por um ano para três delas.
Além disso, as sete usinas cujas atividades haviam sido congeladas por três meses em março, após o acidente nuclear em Fukushima (Japão), já não voltarão a operar. Uma usina que estava parada desde um acidente em 2009 também será desativada.
Porém ao menos uma delas ficará como uma reserva, para um eventual desabastecimento. As demais nove usinas do país serão desligadas ao longo dos próximos dez anos.
Trata-se de uma reversão da posição tradicional da chanceler. Em 2010, seu governo decidiu prolongar em 12 anos, em média, a vida útil das usinas mais antigas.
O acidente em Fukushima --somado ao temor de novas derrotas nas eleições estaduais deste ano, como a que ocorreu em Baden-Württemberg em março-- provocou a guinada.
Cerca de 80% dos alemães são contrários à utilização de energia nuclear.
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Para Medvedev, maior lição de Chernobyl e Fukushima é dizer a verdade

Data de publicação25 Abril 2011 - 7:19pm
A maior lição que as autoridades de todo o mundo aprenderam com as tragédias de Chernobyl e Fukushima é que é necessário dizer sempre a verdade, estimou nesta segunda-feira o presidente russo Dmitri Medvedev, na véspera do aniversário de 25 anos do acidente nuclear soviético que paralisou o mundo.
Em uma reunião no Kremlin com socorristas que participaram dos arriscados trabalhos de limpeza de Chernobyl, Medvedev pediu transparência dos governos em caso de uma emergência nuclear. A maior reclamação destes técnicos, que foram expostos a níveis inconcebíveis de radiação, foi a maneira nebulosa como o governo socialista os informou do risco real que corriam.
"Acho que nossos Estados modernos devem compreender a maior lição do que aconteceu em Chernobyl e na mais recente tragédia japonesa como a necessidade de dizer às pessoas a verdade", indicou Medvedev.
"O mundo é tão frágil e nós estamos tão ligados que qualquer tentativa de esconder a verdade, de manipular uma situação, tornando-a mais otimista, terminará em tragédia e custará a vida de muitas pessoas", destacou.
"Esta é uma lição difícil e importante sobre o que aconteceu".
Em 1986, Moscou permaneceu em silêncio sobre o desastre de Chernobyl durante três dias. Agências oficiais como a TASS só reportaram o incidente no dia 28 de abril, depois que a usina nuclear de Forsmark, na Suécia, detectou um nível alto de radiação no continente.
A Tokyio Electrical Power Co. (Tepco), que opera a central nuclear de Fukushima, no Japão, foi alvo de muitas críticas devido à sua política de informação, acusada de não divulgar tudo o que sabia de maneira clara, principalmente nos primeiros dias após o acidente, no mês passado, cujas consequências ainda não foram completamente controladas.
Medvedev condenou a atitude da União Soviética durante a catástrofe de Chernobyl. Na época, seus líderes não queriam admitir a extensão do acidente, e a primeira reportagem divulgada na mídia oficial comunista foi uma pequena nota em letras minúsculas no verso do tabloide Pravda.
"O Estado não teve a coragem de admitir imediatamente as consequências do que havia acontecido. Eu me lembro, como muitas outras pessoas se lembram, como tudo parecia muito estranho", disse o presidente.
Seis liquidadores - como ficaram conhecidos os trabalhadores de limpeza de Chernobyl - e 22 técnicos da usina ucraniana, então sob governo soviético, morreram em poucos meses devido à exposição radioativa.
A maioria dos liquidadores que sobreviveu ainda sofre com os graves problemas de saúde provocados pelo trabalho no local do desastre, mas muito se questiona a respeito da real causa da morte dos mortos contabilizados da tragédia.
Dmitri Medvedev homenageou 16 dos liquidadores com medalhas de honra, enquanto champanhe era servido no Kremlin para comemorar sua vitória contra a radiação, mas muitos veteranos do grupo lamentam o tratamento indiferente do Estado russo em relação a eles e às famílias dos que não sobreviveram nestes 25 anos.
"Algumas viúvas cuidaram de seus maridos por anos", contou o liquidador Alexander Shabutkin a Medvedev, após receber sua medalha. "Hoje, elas não têm dinheiro suficiente nem para alimentar seus filhos".
Medvedev anunciou que visitará o reator acidentado de Chernobyl na terça-feira ao lado do presidente ucraniano, Viktor Yanukovych, e que pretende encontrar-se com mais veteranos.
"Vocês e seus camaradas - alguns dos quais infelizmente não estão mais entre nós - realizaram seu trabalho de maneira muito corajosa em situações excepcionalmente difíceis, com enorme perigo para suas próprias vidas", declarou o presidente russo, em um discurso para homenagear os liquidadores.
"Na época, ninguém entendeu a extensão do risco pessoal. Sua capacidade de tomar as decisões mais reponsáveis durante os tempos mais difíceis permitiram que vidas humanas fossem salvas".

Conferência do ‘Ano Internacional das Florestas 2011’ da ONU

Conferência do ‘Ano Internacional das Florestas 2011’ da ONU engloba desenvolvimento sustentável, música, cinema e encontro de blogueiros


O ano de 2011 foi determinado pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o Ano Internacional das Florestas (AIF) e para celebrá-lo, o Instituto Humanitare, entidade ligada à ONU que visa aproximar as Nações Unidas da sociedade civil, realizará nesta sexta-feira, dia 03 de junho, a conferência do ‘Ano Internacional da Floresta’.

O objetivo deste encontro é promover o conhecimento sobre o impacto, preservação, gestão, conservação e desenvolvimento sustentável de todos os tipos de florestas.

A conferência contará com a presença de representantes do governo, empresas, sociedade civil, dirigentes da ONU, jornalistas, blogueiros e artistas.
Durante o evento, será lançado o ‘Festival Internacional de Filmes de Florestas’ da ONU, cujas produções foram selecionadas em um concurso que reuniu mais de 160 filmes provenientes de cerca de 30 países. A Cinemateca Brasileira exibirá, nos dias 4 e 5 de junho, quatro filmes vencedores do Festival com entrada gratuita. Assista aos traillers dos filmes finalistas: http://jhfestival.org/forestfestival/finalisttrailers.htm
Também será lançado na conferência o Projeto MudaRock que tem como objetivo apoiar, por meio do engajamento de artistas do rock brasileiro, a campanha “Plantemos para o Planeta: Campanha Bilhões de Árvores”, que visa o plantio de 1 milhão de árvores nativas no Brasil. Para celebrar o lançamento projeto, haverá um pocket show da cantora Pitty.
A programação do evento ainda conta com o Painel Corporativo "Consequências e Soluções. O que as empresas estão fazendo para proteger as Florestas?" com a participação de corporações como O Boticário, HSBC entre outras que se mobilizam pelo meio ambiente. A mediação do painel ficará por conta da jornalista Fabiana Scaranzi.

E para os engajados nas mídias sociais, haverá um encontro especial para blogueiros debaterem “A importância da mídia e das redes sociais na conscientização da preservação das Florestas e do Planeta" com a mediação de Celso Zucatelli.

A Conferência do ‘Ano Internacional das Florestas 2011’ será realizada no dia 03 de junho de 2011, das 12h às 19h, no Clube Hebraica em São Paulo.
As inscrições para o evento são gratuitas e podem ser realizadas pelo site: http://www.humanitare.org/florestas


Conferência do ‘Ano Internacional das Florestas 2011’
Data: 03 de junho – das 12h às 19h
Local: Clube Hebraica – Rua Hungria, 1.000 – Jardim Paulistano – São Paulo – SP
Para mais informações e inscrições para o evento, acesse: http://www.humanitare.org/florestas

25 de maio de 2011

Aprovação do Código Florestal pela Câmara aumenta pressão sobre Dilma

MEIO AMBIENTE | 25.05.2011


Após adiamentos, debates acalorados e ataques entre políticos, o texto-base que altera o Código Florestal brasileiro passou pelo primeiro obstáculo. Antes de chegar à presidente, a controversa lei passará pelo Senado.

Depois de semanas de suspense e conflitos, nas primeiras horas desta quarta-feira (25/05), a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base do Código Florestal brasileiro, por 410 votos a favor e 63 contrários. Mas a novela ainda não terminou. O texto precisa agora ser aprovado pelo Senado para, então, seguir para a ratificação da presidente, Dilma Rousseff.
De todas as polêmicas em torno da lei que regulamenta a maior extensão florestal do mundo, a emenda 164, sobre a área de preservação permanente (APP), foi a que levantou o debate mais acalorado. Segundo a lei até agora vigente, estas faixas de terra – localizadas em margens de nascentes, córregos, rios, lagos, represas, no topo de morros, em dunas, encostas, manguezais, restingas e veredas, inclusive em áreas urbanas – devem permanecer intocadas.
Mas para Marina Silva, senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, todo o texto-base redigido pelo deputado Aldo Rebelo é problemático. "Lamentavelmente, o que saiu foi mais um código agrário do que um código florestal, permitindo pecuária, plantio de eucaliptos e de pinos e agricultura às margens de rios, topos de morros e nas nascentes. É um retrocesso em todos os sentidos", lamentou.Marina Silva: 'texto-base é problemático'Marina Silva: 'texto-base é problemático'
164, o centro da disputa
A controversa emenda – aprovada por 273 votos a favor, 182 contra e duas abstenções – vai perdoar quem nunca obedeceu a esse parágrafo do código. Assim, as atividades agrícolas e pecuárias em áreas de preservação permanentes já ocupadas serão regularizadas.
Segundo o texto, o perdão só valerá para aqueles que desmataram APPs até 22 de julho de 2008 – data de publicação do segundo decreto que regulamentou as infrações contra o meio ambiente. A emenda também dá aos estados o poder de estabelecer outras atividades que possam justificar a regularização de áreas desmatadas, o que foi recebido a contragosto pelo governo federal, que reivindica poder único de decisão nesse quesito.
Antes da votação, o líder da bancada governista na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza, alertou que a presidente vetará a liberação de atividades nas APPs caso o texto não seja mudado no Senado. Estima-se que 20% do território brasileiro estejam em áreas de preservação permanente.
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que "é clara a posição da presidenta Dilma. Ela não aceita anistia a desmatador. Ela não aceita desmatamento em áreas de preservação permanente. Tem que recuperar reserva legal e tem que ter manejo. Tem que entender a situação da agricultura familiar diferenciada, que no Sul e no Sudeste é diferente da da Amazônia".
Elke Mannigel, coordenadora dos projetos internacionais da fundação alemã OroVerde e que já trabalhou na Amazônia, teme o futuro da floresta: "Para a preservação florestal, é um retrocesso. O Brasil estava na frente antes, com as leis que tinha, que eram muito mais fortes". Não só o perdão dos criminosos ambientais é um ponto crítico, mas a "licença para desmatar" pode colocar em cheque o compromisso assumido pelo governo de reduzir a derrubada da Amazônia, avalia a especialista.
"Campanha nacional pelo veto"
Marina Silva divide a opinião de Mannigel: "O desmatamento, que aumentou em 450% no estado o Mato Grosso só pela expectativa da aprovação da lei, agora vai ficar fora de controle". Ainda há a discussão no Senado, mas nessa esfera o debate é ainda mais difícil do que na Câmara dos Deputados.
A senadora diz que atuará fortemente para alertar os colegas a corrigir todos os "erros no texto" aprovado pelos deputados. "Se isso não for possível, restará fazer uma campanha nacional pelo veto. Porque no segundo turno, quando a presidente Dilma buscou meu apoio, eu encaminhei uma série de pontos pedindo o comprometimento dela. E um dos compromissos que ela assumiu foi vetar qualquer lei que significasse aumento de desmatamento."Desmatamento na AmazôniaDesmatamento na Amazônia
O defensor do projeto
O relator Aldo Rebelo argumenta que trabalhou a favor dos pequenos produtores e da agricultura do país: "O Brasil precisa defender os seus agricultores da concorrência interesseira da agricultura subsidiada dos países ricos, que, lamentavelmente, têm aliados declarados ou ingênuos. Não imagino na Europa defensores da agricultura francesa sendo vaiados por seus compatriotas, nem defensores da agricultura norte-americana sendo vaiados por seus conterrâneos".
A legislação florestal brasileira, de 1965, foi sendo alterada por medidas provisórias, decretos, portarias ministeriais, resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente, entre outros. Segundo Rebelo, "o país tem hoje 16 mil normas federais, estaduais e municipais, que tratam do mesmo assunto".
O Código Florestal prevê duas estruturas de proteção ao meio ambiente: as áreas de preservação permanentes e a reserva legal, área de mata nativa dentro das propriedades rurais que não pode ser desmatada. No novo texto, os índices de preservação da reserva legal dentro de uma propriedade se mantiveram: na Amazônia, 80% das terras em áreas de floresta devem permanecer intactas; 35% em áreas de cerrado; e 20% em campos gerais. Nas demais regiões do Brasil, 20%.
O desmatamento ilegal nas APPs e de reserva legal na Amazônia é o crime mais comum contra o Código Florestal, segundo dados do Ibama, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. Até 22 de julho de 2008, foram registradas 13 mil multas pelo órgão, no valor equivalente a 2,4 bilhões de reais.
Conflito com marca de sangue
Enquanto os deputados aprovavam as mudanças no Código, um crime era cometido no Assentamento Agroextrativista Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna, no sul do Pará. Um assassinato provavelmente motivado pelo mesmo debate que se dava em Brasília. José Claudio Ribeiro e sua esposa, Maria do Espírito Santo, foram atacados por dois pistoleiros, segundo informações divulgadas pelo Ministério Público.
Ele vivia da extração de castanhas e outras frutas na floresta, morava num local protegido por lei onde corte de árvores era ilegal. Durante uma palestra no TEDxAmazônia, em outubro de 2010, Claudio contou que se negava a negociar com os madeireiros da região, que denunciava os crimes e que, por isso, recebia ameaças. Numa de sua falas, ele previu: "A mesma coisa que fizeram no Acre com Chico Mendes, querem fazer comigo".
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer
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MEIO AMBIENTE | 26.05.2011

Nova lei ambiental pode prejudicar credibilidade brasileira no exterior

Com a aprovação do novo Código Florestal, a produção agrícola no Brasil pode voltar a ser associada ao desmatamento, já que a derrubada de árvores pode aumentar com as mudanças na lei ambiental.

A mesma plateia que aplaudiu as iniciativas brasileiras para frear o desmatamento e impulsionar o mundo rumo ao desenvolvimento sustentável, agora volta a olhar o cenário com preocupação.
"O afrouxamento das leis ambientais para favorecer a agricultura terá uma repercussão negativa. Afinal, o aumento da produção (agrícola e pecuária) terá um custo ambiental à custa da Amazônia, que tem toda essa percepção no exterior", avalia Fabíola Zerbini, secretária-executiva da Forest Stewardship Council, FSC, no Brasil.
A organização é baseada em Bonn, na Alemanha, e no Brasil é conhecida como Conselho Brasileiro de Manejo Florestal. O selo da FSC é encontrado em diversos produtos nos supermercados europeus, originários de florestas com manejo certificado – com garantia de boas práticas ecológicas, benefícios sociais e viabilidade econômica.
A Europa, que recebe boa parte dos produtos agrícolas e da carne de origem brasileira e exige cada vez mais responsabilidade ambiental, pode voltar a ficar desconfiada. Em conversa com a Deutsche Welle, Marina Silva faz uma previsão pouco animadora.
"O desmatamento vai aumentar, com prejuízo para as florestas, para a biodiversidade, para os recursos hídricos e prejuízo duplo para a agricultura, porque mina as bases naturais do nosso desenvolvimento e também porque, novamente, o agronegócio brasileiro vai ser associado ao desmatamento", advertiu nesta quarta-feira (25/05) a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente.
Amarras para agricultura
O tema é controverso. Flávio Viegas, presidente da Associtrus, Associação Brasileira de Citricultores, diz que o setor é a favor do novo texto, aprovado na madrugada desta quarta-feira. "E rejeitamos a pecha de antiambientalistas e destruidores da natureza. A nossa posição é a do Brasil, de forma geral", disse à Deutsche Welle.
O setor é responsável por 60% da produção mundial de suco de laranja, e faz do Brasil o campeão de exportações do produto. Segundo Viegas, o cenário brasileiro de citricultura é composto por 90% de pequenos produtores, cujas propriedades têm menos de 60 hectares.
Na visão da Associtrus, o Código Florestal vigente, de 1965, destoa da realidade da agricultura brasileira. "E inviabiliza muitas atividades. Em Santa Catarina, por exemplo, as maçãs são plantadas em encostas. O café é plantado em região de encosta em Minas Gerais. Quanto à produção de leite, os pastos ficam em encostas de montanhas", argumenta Viegas, se referindo à proibição de atividade econômica em área de proteção permanente, APP, conforme a lei ainda vigente e prestes a mudar.
Entre os produtores de laranja, o desrespeito mais comum ao código é a ausência de reserva legal. Segundo a legislação, toda a propriedade é obrigada a manter uma área de mata nativa que não pode ser desmatada. O novo texto aprovado pelos deputados isenta os pequenos produtores da obrigatoriedade de recompor a reserva legal em propriedades de até quatro módulos fiscais – um módulo pode variar de 40 hectares a 100 hectares.Plantação de soja no Mato Grosso Plantação de soja no Mato Grosso
Na contramão
Marina Silva não se deixa convencer pelos argumentos dos produtores e vê, ao longo de todo o texto da proposta do novo código, pequenos incentivos para o aumento do desmatamento. A suspensão do embargo automático, por exemplo, é um dos pontos citados pela ex-ministra.
Segundo o decreto assinado ainda no governo Lula, quando o Ibama constatava um desmatamento ilegal, a área em questão era embargada. "Quem plantasse, comprasse e transportasse os produtos dessa área era passível também de ser punido. E automaticamente os créditos para os embargados eram vedados. Agora isso tudo está suspenso."
Para Flávio Viegas, a legislação atual beira a inviabilidade. "Gostaríamos que esse Código Florestal brasileiro fosse aplicado em todos os países do mundo, inclusive na Europa, o que seria inviável. O nível de proteção no Brasil é muito superior ao da Europa. "A representante da FSC chama a atenção para outro caso polêmico – e que envolve os europeus: "A China nunca priorizou o meio ambiente, mas todo mundo continua comprando os produtos agrícolas chineses."
No caso do Brasil, que propaga internacionalmente uma postura mais sustentável, o caso pode ser diferente. "Se haverá efeito comercial, não podemos dizer. Mas pode ser que venham retaliações do campo público", supõe Fabíola Zerbini.
A decisão final sobre as alterações do Código Florestal vai passar pelas mãos de quem é considerado o maior plantador de soja do mundo. Blairo Maggi, empresário e senador, foi eleito pelo Mato Grosso – estado responsável por 480 km2 do total de 593 km2 desmatados na Amazônia entre março e abril de 2011, segundo dados de satélites do Inpe. O Senado prevê que a discussão do texto possa durar até quatro meses, antes de seguir para a sanção da presidente, Dilma Rousseff. 
Autora: Nádia Pontes
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte: DW (Deutsche Welle)
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Alterações no Código Florestal:

O que dizem os especialistas

"A partir de agora, a Reserva Legal poderá passar para 50% em muitos Estados e conter espécies exóticas. Ou seja, na prática a Reserva Legal vai passar de 80% não para 50%, mas para 25%. Estamos dizendo que 55% poderá ser desmatado legalmente. É isso o que este Código prepara para a Amazônia"Jean Paul Metzguer, professor da Universidade de São Paulo (USP)

"Se a Dilma Rousseff não vetar em nada o Código, como aprovado pela Câmara dos Deputados, há o risco de aumento do desmatamento. A sensação de impunidade mostra que o desmate pode continuar. A presidente precisa entrar em campo, porque até agora não entrou"
 Paulo Barreto, pesquisador do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon)

"A votação do Código e aprovação dele como está, em relação à Amazônia, representa a perda de um fantástico potencial capaz de melhorar a vida da maior parte da população regional e também perda de uma enorme riqueza para o Brasil"
 Bertha Becker, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e integrante da Academia Brasileira de Ciências 

"O Brasil é um país injusto. Não merece o sangue derramado por brasileiros que protegem suas florestas. A aprovação do novo Código Florestal no mesmo dia do assassinato de duas lideranças extrativistas reativa as mesmas causas que levaram ao assassinato de Chico Mendes, o desmatamento em áreas de floresta habitadas e protegidas. É urgente encontrar um equilíbrio entre meio ambiente e agricultura para evitar a proliferação de conflitos na Amazônia".
Mary Allegretti, antropóloga e professora visitante das universidades Yale, Chicago, Florida e Wisconsin-Madison, nos EUA.
Fonte:O Eco
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Infográfico: Mudanças no Código Florestal


A Câmara dos Deputados aprovou por ampla maioria nesta terça-feira o texto que altera o Código Florestal, depois de intensas negociações entre o relator, deputado Aldo Rebelo (PCdoB), o governo e parlamentares.

O texto será encaminhado ao Senado. Se for modificado pelos senadores, volta à Câmara. Se aprovado, segue para sanção presidencial.

Confira como é o Código atualmente e como fica após as mudanças na lei. 


Fonte: Yahoo

13 de maio de 2011

Glifosato 'transmite' AIDS para plantas, compara pesquisador

12 de maio de 2011

Por Jill Richardson*
Da AlterNet

O Dr. Don Huber não buscava fama quando ele discretamente escreveu uma carta confidencial ao  Secretário de Agricultura, Tom Vilsack, em janeiro deste ano, alertando Vilsack sobre evidências preliminares de um organismo microscópico que aparece em altas concentrações no milho e soja geneticamente modificado Roundup Ready e "parece ter impacto significativo na saúde das plantas, animais e, provavelmente, nos seres humanos."

Huber, um professor aposentado em fitopatologia pela Universidade de Purdue e coronel do Exército dos EUA, pediu ajuda ao Departamentyo Norte Americano de Agricultura [USDA] para pesquisar o assunto e sugeriu que Vilsack aguardasse até que a pesquisa estivesse concluída, antes de prosseguir com a desregulamentação da alfafa Roundup Ready. Mas cerca de um mês após o envio da carta, o seu conteúdo vazou na internet, e logo se tornou um fenômeno da web. 


Huber não estava disponível para responder às perguntas da mídia nas semanas que se seguiram, portanto, incapaz de defender-se quando vários colegas de Purdue refutaram publicamente as suas acusações sobre o herbicida amplamente utilizado da Monsanto, Roundup (glifosato) e culturas de Roundup Ready.

Quando a carta foi finalmente reconhecida pela grande mídia, foi sob títulos como "cientistas questionam as declarações da Carta Biotec", observando que a popularidade da carta na internet "suscitou preocupação entre os cientistas, de que o público iria acreditar que a sua afirmação infundada era verdade. "
Agora, Huber finalmente falou tanto em uma segunda carta, enviada a "um grande número de indivíduos em todo o mundo" explicando e oferecendo fundamentos à sua primeira carta, como em entrevistas.
Embora sua primeira carta descrevesse uma pesquisa que ainda não havia sido concluída ou publicada, a sua segunda carta já cita mais evidências sobre o glifosato e as culturas geneticamente modificadas com base em estudos já publicados e revisados por colegas.
A base das duas cartas e grande parte da pesquisa é sobre o herbicida glifosato. Comercializado primeiramente em 1974, o glifosato tem sido o herbicida mais utilizado no mundo por um bom tempo. O glifosato foi considerado um produto relativamente benigno, porque se entendia que ele se quebra rapidamente no meio ambiente e seus danos são pouco mais do que causam as próprias ervas daninhas que deveria matar. 


Segundo o Centro Nacional de Informação sobre Pesticida [National Pesticide Information Center], o glifosato impede que as plantas produzam uma certa enzima. Sem essa enzima, elas são incapazes de produzir três aminoácidos essenciais e, portanto, não conseguem sobreviver.

Uma vez aplicado, o glifosato liga-se ou às partículas do solo (e, portanto, é imobilizado e já não pode causar qualquer dano à planta) ou os microorganismos quebram o glifosato em amônia e dióxido de carbono. Muito pouco glifosato corre para os veios de água . Por estas razões, o glifosato era visto como mais ou menos inofensivo: você pulveriza as pragas, elas morrem, o glifosato vai embora, e não há mais danos ao meio ambiente.

Plantas com Aids

Mas Huber diz que isso não é verdade. Em primeiro lugar, ele aponta, começaram a surgir evidencias em 1980 de que “o que o glifosato faz é essentialmente  transmitir AIDS para as plantas". Assim como a Aids, que paralisa o sistema imunológico do ser humano, o glifosato torna as plantas incapazes de criar defesas contra patógenos no solo.

Sem os seus mecanismos de defesa funcionando, as plantas sucumbem aos patógenos do solo e morrem. Além disso, o glifosato tem um impacto sobre os microrganismos do solo, ajudando uns e prejudicando outros. Isto é potencialmente problemático para os agricultores, já que a última coisa que se deseja é um acúmulo de patógenos no solo onde há cultivos. 


O destino do glifosato no meio ambiente também não é tão benigno como se pensava. É verdade que o glifosato se liga ao solo ou é quebrado rapidamente pelos micróbios. O glifosato liga-se a qualquer íon com carga positiva no solo, e como conseqüência faz muitos nutrientes (como ferro e manganês) menos disponíveis para as plantas.


Além disso, o glifosato permanece no solo ligado a partículas por um longo tempo e pode ser liberado mais tarde através de práticas agrícolas corriqueiras, como adubação fosfatada. "Não é incomum encontrar 1-3 kg de glifosato por acre em solos agrícolas no Meio - Oeste", diz Huber, ressaltando que isso representa 1-3 vezes a quantidade normal de glifosato aplicado a uma área agrícola em um ano. 

Huber diz que estes fatos sobre o glifosato são muito bem conhecidos cientificamente, mas raramente citados. Quando questionado sobre isso, ele respondeu que seria mais difícil para uma empresa obter a aprovação do glifosato para utilização ampla se fosse sabido que o produto pode aumentar a severidade das doenças em cultivos comuns, bem como as ervas daninhas que deveria matar. Aqui nos EUA, muitos jornais acadêmicos não estão interessadas em publicar estudos que fazem essa sugestão  sobre o glifosato, um grande número dos estudos que Huber cita foram publicados no Jornal Europeu de Agronomia. 

Se as alegações de Huber são verdadeiras, então segue-se que devem haver problemas de doenças em lavouras onde o glifosato é usado.  A segunda carta de Huber verifica isto, dizendo: "estamos tendo um grande número de problemas na produção agrícola dos EUA que parece se intensificar, por vezes estão  diretamente relacionadas às culturas genéticamente modificadas (OGM), e / ou os produtos que eles foram modificados para tolerar - especialmente aqueles relacionadas ao glifosato (o componente químico ativo no herbicida Roundup ® e versões genéricas desse herbicida). " 

Ele prossegue, dizendo: "Temos testemunhado recentemente a deterioração na saúde da planta do milho, soja, trigo e outras culturas com epidemias inexplicáveis da síndrome da morte súbita da soja (SMS), a ferrugem [Goss’ wilt] do milho, e take-all de pequenas culturas de grãos nos últimos dois anos. Ao mesmo tempo, houve um aumento da frequencia de infertilidade e [aborto] nos animais (bovinos, suínos, eqüinos, aves) que era previamente inexplicável. Essas situações ameaçam a viabilidade econômica dos produtores agrícolas e pecuários ".
Algumas das culturas que Huber apontou, o milho e a soja, são geneticamente modificadas para sobreviver à pulverização com glifosato. Outras, como o trigo e a cevada, não são. Nesses casos, o agricultor aplica o glifosato para matar as ervas daninhas, cerca de uma semana antes do plantio, mas não pulveriza a cultura em si. No caso do milho, como aponta Huber, grande parte das variedades de milho nos EUA são cultivadas usando-se técnicas de melhoramento convencional para resistir à ferrugem. No entanto, pesquisas preliminares recentes revelaram que, quando o milho transgênico é pulverizado com o herbicida glifosato, o milho torna-se suscetível à ferrugem [Goss’wilt]. Huber diz em sua carta que "Essa doença foi comumente observada em muitas plantações de milho [Roundup Ready] no Meio-Oeste dos EUA em 2009 e 2010, enquanto o milho adjacente não-geneticamente modificado teve muito pouca ou nenhuma infecção." Em 2010,  a ferrugem [Goss’ wilt] "contribuiu significativamente" para a perda de cerca de um bilhão de bushels de milho nos EUA ", apesar das condições de colheita serem geralmente boas", disse Huber. 

O tema da carta inicial de Huber é um organismo recém-identificado que parece ser a causa da infertilidade e abortos em animais. Os cientistas têm um processo para verificar se um organismo é a causa de uma doença: eles isolam o organismo, fazem uma cultura, e reintroduzem o organismo no animal para verificar se ele reproduz os sintomas da doença, e, em seguida, voltam a isolar o organismo do tecido animal. Isso já foi concluído para o organismo em questão. O organismo aparece em altas concentrações em culturas Roundup Ready. No entanto, mais estudos são necessários para entender o que este organismo é, e qual é a sua relação com o glifosato e / ou culturas Roundup Ready. 

Para poder garantir  uma pesquisa adicional necessária, Huber escreveu ao secretário Vilsack. Huber diz que ele escreveu a sua primeira carta ao secretário Vilsack com a expectativa de que ela seria enviada ao órgão competente dentro do USDA para acompanhamento, o que ocorreu.  Quando o USDA contatou Huber para obter mais informações, ele forneceu, mas ele não sabe que prosseguimento foi dado àquela informação. A carta era "uma carta pessoal pedindo uma equipe [do USDA] e financiamento", diz Huber. Dado os problemas recentes  com doenças de plantas e infertilidade e aborto de animais, ele diz que "muitos produtores não podem esperar entre três e 10 anos adicionais para que alguém encontre financiamento e um ambiente neutro" para poder concluir a pesquisa sobre esse organismo. 

Se a ligação entre o organismo recém-descoberto e a infertilidade e abortos no gado for verdade, será uma grande história. Mas já existe uma grande história aqui: a falta de pesquisa independente sobre os transgênicos, a relutância das revistas acadêmicas dos EUA em publicar estudos críticos sobre o glifosato e os organismos geneticamente modificados, e o quase total silêncio da mídia sobre a carta de Huber que vazou.
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*Jill Richardson é a fundadora do blog La Vida locavore e um membro do conselho consultivo de políticas da Associação de Consumidores Orgânicos. Ela é a autora de Recipe for America: Why Our Food System Is Broken and What We Can Do to Fix It.. [Receita para os Estados Unidos: Por que nosso sistema alimentar está quebrado e o que nós podemos fazer para corrigir isso].


(Tradução: Ana Amorim)

Colaboração de Ana Carolina Martins, por e-mail.

10 de maio de 2011

Arborização urbana e rural: dicas

Por Darci Bergmann


A experiência de vários  anos em arborização permite-me sugerir alguns procedimentos. Essas sugestões atendem à maioria dos casos, como veremos a seguir:

Arborização urbana: sempre é conveniente verificar a legislação do município, principalmente quando se trata de plantio de árvores em vias públicas. Nesse caso, o que mais se deve observar é a rede elétrica e a largura do passeio público. Sob a rede elétrica, a opção é por espécies arbóreas de pequeno porte. Observe as árvores que estão plantadas na cidade. Elas dão idéia da sua adaptação ou não ao ambiente urbano. Isso facilita a escolha das espécies.

Rua de Porto Alegre; Foto: Darci Bergmann



Foto: Darci Bergmann
Tamanho da cova e recuo do cordão da calçada: Como regra geral, recomenda-se que o centro da cova fique pelo menos a 0,60 m de distância do cordão do passeio público. Quanto às dimensões da cova, recomenda-se que sejam de 0,60 m de lado e 0,60 m de profundidade. Covas muito pequenas dificultam o desenvolvimento das  mudas. Geralmente o solo urbano é compactado, outras vezes recoberto com material oriundo de demolições.


Para o plantio de espécies de raízes pivotantes, é recomendável
que se faça um aprofundamento da cova em forma de 'V', como
aparece na imagem acima. Isto permite melhor
penetração da raiz principal.
Imagem: Darci Bergmann




Como melhorar o solo (substrato ) da cova: Há quem recomende a mistura de adubos minerais, mas deve-se ter muito cuidado na dose, porque eles sãos sais e, quando em excesso, podem prejudicar as mudas. Tenho conseguido bons resultados da seguinte forma: quando da abertura da cova, separar as camadas de terra. A metade de cima para um lado e a outra camada para outro lado da cova. No fundo, faço mais um corte em "V", com a largura de um palmo e mais ou menos 0,50 m de fundura. Esse cone invertido facilita o aprofundamento da raiz da muda se esta for do tipo pivotante. 
Misturo, então, a terra da primeira camada com uma porção igual de material orgânico. Este pode ser esterco de curral bem curtido, composto de lixo orgânico ou equivalente. Nessa mistura, pode-se adicionar areia, entre 10% e 20%. Farinha de osso também pode ser adicionada na base de 0,5 Kg até 1 Kg por cova. Ela não provoca 'queima' das raízes, sendo boa fonte de cálcio e de fósforo. O que não se pode dispensar é a matéria orgânica. Ela deixa o substrato mais poroso e disponibiliza nutrientes, facilitando o desenvolvimento das raízes.

Foto: Darci Bergmann

Preenchimento da cova: Agora faz-se o preenchimento da cova. Coloca-se primeiro a camada superior de terra misturada com o material orgânico. Depois se adiciona a terra da camada de baixo também misturada com material orgânico. Faz-se uma inversão da terra que saiu da cova. Agora, antes do plantio, recomendo aplicar bastante água sobre a cova preenchida. Ou então fazer uma compressão com os pés sobre o substrato. Isto faz com que o substrato fique bem assentado.
Plantio da muda: No substrato, faço uma pequena cova para alojar o torrão da muda ou a muda de raiz nua - sem torrão - observando que as raízes fiquem enterradas até pouco acima do colo da planta, ou seja, quase no mesmo nível do solo em torno da cova. Não é a muda que deve ficar lá no 
fundo da cova, mas sim as raízes que chegarão até lá com o crescimento da planta.


Imagem: Darci Bergmann

Cuidados com o sistema radicular das mudas
As mudas devem ser examinadas quanto às raízes. Se estas estiverem enroladas, deve-se proceder o corte da parte em excesso, mas preservando o torrão. Ali estão as raízes secundárias que irão suprir a planta. Raízes tipo pivotante tortas tendem a se tornar  deformadas e lenhosas, o que prejudica a planta com o passar do tempo.

Mudas com raízes fasciculadas, como as das palmeiras
Exemplos:





Foto: Darci Bergmann

Foto: Darci Bergmann



Mudas com raízes pivotantes
Exemplo um:
Raiz tipo pivotante com desvio lateral de 90º
Deve ser cortada
Fotos: Darci Bergmann


Raiz deformada suprimida, muda apta para o plantio


Exemplo dois:





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