31/05/2011
Folha de S.Paulo
BERLIM -- A Alemanha anunciou ontem um plano para pôr fim definitivo ao uso de energia nuclear até 2022, no que está sendo chamado no país de uma "virada energética".
Cerca de 22% da energia produzida na Alemanha hoje é de origem nuclear. Com a mudança, fontes renováveis passarão a responder por 35% da produção --o dobro do percentual atual. O restante virá principalmente de fontes como carvão e gás.
O plano foi anunciado pelo ministro do Meio Ambiente, Norbert Röttgen, após reunião entre os partidos que integram a coalizão da chanceler (premiê) Angela Merkel. A ideia é que a proposta seja formalizada pelo gabinete na semana que vem e submetida ao Parlamento.
"Não é nada mais, nada menos que uma revolução. Temos a chance de ser a primeira nação industrial a fazer a transição para a energia renovável", disse Merkel.
Pelo plano, as 17 usinas nucleares do país serão desativadas até 2021. Há, porém, a possibilidade de extensão por um ano para três delas.
Além disso, as sete usinas cujas atividades haviam sido congeladas por três meses em março, após o acidente nuclear em Fukushima (Japão), já não voltarão a operar. Uma usina que estava parada desde um acidente em 2009 também será desativada.
Porém ao menos uma delas ficará como uma reserva, para um eventual desabastecimento. As demais nove usinas do país serão desligadas ao longo dos próximos dez anos.
Trata-se de uma reversão da posição tradicional da chanceler. Em 2010, seu governo decidiu prolongar em 12 anos, em média, a vida útil das usinas mais antigas.
O acidente em Fukushima --somado ao temor de novas derrotas nas eleições estaduais deste ano, como a que ocorreu em Baden-Württemberg em março-- provocou a guinada.
Cerca de 80% dos alemães são contrários à utilização de energia nuclear.
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