Florestas: A espécie humana e milhões de outras delas precisam. Foto: Darci Bergmann - Bugios |
Por Darci Bergmann
Impossível ficar indiferente quando o assunto é a degradação das florestas brasileiras, ou como, queiram alguns, dos biomas brasileiros. Aqui as florestas representam o conjunto dos ecossistemas. Geralmente, os ecossistemas estão interligados a algum tipo de vegetação arbórea ou mesmo arbustiva. E muitos campos no Bioma Pampa tendem à arborização natural, inicialmente com espécies precursoras tal como a vassoura-branca, o espinilho, o curupi, a aroeira-vermelha, o coentrilho, entre outras.
O termo mato, sinônimo de floresta, tem sido deturpado ao longo dos anos. Talvez os colonizadores chamassem de 'mato' as ervas competidoras com os seus cultivos. A tal ponto que matagal pode se referir a uma área abandonada, sem intervenção humana. Outros termos também usados com o mesmo sentido são chircal, bamburral, capoeira, entre outros mais. Na maioria das vezes, os terrenos baldios urbanos, áreas abandonadas ou em pousio e até em recuperação espontânea na zona rural não tem o reconhecimento da sua importância ecológica. O mato nessas áreas está absorvendo gás carbônico, protegendo o solo contra as enxurradas, repondo matéria orgânica e ainda permitindo a infiltração das águas pluviais para recarga dos aquíferos. Além disso, permite a existência de várias espécies animais.
Aqui um ponto lamentável da incompreensão humana sobre esses ambientes. Animais aparecem. Gambás, roedores e serpentes podem ali encontrar refúgio. Aí as reclamações aumentam. Pessoas aparentemente preocupadas com a segurança pública se manifestam e até exigem a roçada ou limpeza desses locais. Talvez as mesmas pessoas que ali jogaram entulhos, plásticos e tantos outros resíduos retirados dos seus pátios e de suas casas. Também referem que um mato desses pode servir de esconderijo para delinquentes. Assim o lado bom dos nossos matos é esquecido. No fundo quem deturpa o ambiente é a pessoa humana, com os seus comportamentos impróprios, desequilibrados e hostis à Natureza. Basta ver a caótica situação do trânsito.Da violência. Da barulheira urbana, das ruas calorentas e costuradas por fios sobre as nossas cabeças. Diante desse caos que a espécie humana acredita ser progresso, prefiro viver no meio do 'mato'.
Com o aumento da população, os cinturões verdes vão minguando e em muitas regiões já desapareceram -as cidades cresceram e se ligaram umas às outras. Não há lugar para o mato, mas também não há lugar para a qualidade de vida. É um amontoado gigantesco de pessoas e algumas poucas espécies de bichos.
Precisamos impor limites a essa expansão desenfreada e caótica da espécie humana. Não é só por questão de comida. Uma sociedade que já perdeu a noção da importância de um ambiente natural - como é o caso das suas florestas - já está debilitada e a caminho da infelicidade.
Alguns países trilharam pelos caminhos da industrialização, da urbanização e estabilização das suas populações, reservando extensas áreas para as suas florestas. Muitas foram replantadas não para fins comerciais e sim para a preservação, pela importância dos seus serviços ambientais. A esses somam-se os benefícios sobre a saúde mental.
O Brasil é detentor de uma biodiversidade invejável. Uma floresta é muito mais do que árvores, é um conjunto de espécies, uma sinfonia de seres que só por isso já deveria merecer o nosso respeito. Ser culto é reverenciar essa imensa obra da criação. Só um povo atrasado não compreende a importância das florestas.
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Mais sobre o tema:
A importância da floresta
Eng. ° Agr.° Paulo Annes Gonçalves
A floresta cresce de importância. Pelo menos no estrangeiro, já que no Brasil, ao que parece, continuamos na fase colonizadora de um século atrás quando a norma em produção agrícola era plantar na mata recém derrubada.
Floresta era sinônimo ou indicio de terra boa para plantar. O Rio Grande do Sul já teve 38% de seus 282 mil quilômetros quadrados cobertos de mata. Hoje, ninguém sabe o pouco que temos. Fala-se em 2% e também em 8%.
O fato de saber-se que nos Estados Unidos um terço da área geográfica é coberta de matas, e mais ainda, que um terço desse terço é de matas que pertencem ao governo, não impressionou o Rio Grande. A derrubada continua.
A velha Europa dá valor à floresta. Veja-se o percentual de terra sob florestas em alguns dos países europeus que têm servido de exemplo para a agricultura brasileira, especial à sul-rio-grandense.
ÁREAS COM MATAS
França___________26%
Alemanha________29%
Itália____________20%
Se olharmos para um país asiático, outro exemplo encontraremos. O Japão de área 30% maior que a rio-grandense, figura com 23% de seu território coberto de matas*(matas plantadas pelo homem).
Vemos assim que o Japão muito embora com 115 milhões de habitantes (quase a do Brasil) apertados em 372 mil quilômetros (igual ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina somados) nos oferece bom modelo.Segundo a FAO a floresta Nipônica ocupa 250.000 quilômetros. Ou 67% de todo o território formado por suas ilhas.
E desse total um terço ou 90.000 km2 é de matas plantadas pela mão do homem. O restante são matas nativas. E lá a árvore mais plantada é a “Cryptoméria” conhecida como ornamental em jardins nesse estado.
Apesar de estarem assim mais ricos em matas que o Rio Grande do Sul, o serviço florestal japonês, anos passados estabeleceu a meta de elevar os 90.000 para 130.000 quilômetros de matas plantadas pelo homem. (FAO, Unasylva, 128/1980).
Estes 130.000 são praticamente a metade da área só em terras no Rio Grande do Sul, uma vez descontadas as lagoas.
O Rio Grande, como o Brasil, ainda vive a fase do arado. A de abrir novas fronteiras, fazendo lavouras anuais. Nem se dá conta de que em outros países a área com matas é cada vez maior. Cerca de metade da área ocupada com lavouras, anuais ou perenes é a extensão com matas em vários países.
Este, o exemplo da Europa Continental. Não obstante ser, em relação a nosso estado, um conjunto de superpovoadas nações. Mais bem alimentado que o nosso país, o continente europeu apresenta maior área com matas que com lavouras.
É o que mostram os números do anuário 1979 da FAO, indicando em quilômetros quadrados:
Área com lavouras anuais e permanentes_____ 1.420.000 Km2
Área com florestas_______________________ 1.546.000 Km2
Pode-se pensar que exemplos acima são de países com povoamento secular, mais velhos que os dois séculos que tem nosso estado. Tomemos, pois um país novo. Nova Zelândia, onde o primeiro núcleo desembarcou em 1792, meio século após o povoamento inicial do Rio Grande.
Além de bem alimentada e com alto padrão de vida, a Nova Zelândia é um dos fortes exportadores mundiais de alimentos. Lá a floresta nativa, segundo o “Pocket Digest of Statistics 1980” ocupa 62.460 quilômetros quadrados. Ou 23% dos 269.000 quilômetros da área do país. Vivem bem e exportam sem arrasar a floresta.
FONTE: Correio do povo – Pág 4 - Suplemento Rural – 25 de setembro de 1981
*OBS do blog: os dados de 23% referem-se a florestas implantadas pelo homem
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Menor quantidade de nuvens no bioma revelou mais áreas degradadas.
Desmate na Amazônia quase triplica de janeiro a março de 2012, diz Inpe
Fonte: G1 (acesso em 05/04/2012)
Menor quantidade de nuvens no bioma revelou mais áreas degradadas.
Governo diz que houve aumento da detecção, mas não do desmatamento.
Entre janeiro e março de 2012, o desmatamento na Amazônia Legal quase que triplicou, se comparado com o mesmo período do ano passado.
O volume de nuvens foi menor no primeiro trimestre deste ano, o que elevou a qualidade de visualização dos chamados "polígonos de desmatamento".
Os dados foram divulgados pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, nesta quinta-feira (5), em coletiva realizada em Brasília.
Segundo o sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), no primeiro trimestre os satélites detectaram a perda de 389 km² da cobertura florestal, número que é 188% maior se comparado ao mesmo período de 2011 (135 km²).
A ministra não considera que os dados não representam um crescimento no desmate, já que, para ela, a redução da quantidade de nuvens sobre o bioma facilitou a fiscalização feita por sensoriamento remoto. "Não temos crise de desmatamento, como foi ano passado, não tem aumento de desmatamento", disse.
Em fevereiro de 2011, apenas de 1 km² de vegetação derrubada foi detectado, já que a cobertura de nuvens era de 93%. Neste ano, o mês registrou desmate de 307 km², a maior parte no Mato Grosso (285 km²). "Ano passado não havia desmatamento detectado porque nós não víamos nada", disse Gilberto Câmara, diretor do Inpe.
Para Câmara, a pesquisa em campo feita pelos órgãos de fiscalização verificou que 68% das áreas encontradas devastadas (por desmate e queimadas) resultam de atividades ilegais ocorridas em 2011.
Estabilidade
A ministra também ressaltou que não houve aumento absoluto no desmate ao comparar o período de agosto de 2011 a março de 2012 com os mesmo meses entre 2010 e 2011.
A ministra também ressaltou que não houve aumento absoluto no desmate ao comparar o período de agosto de 2011 a março de 2012 com os mesmo meses entre 2010 e 2011.
Entretanto, chamou a atenção para a elevação de atividades ilegais (no período, desmate subiu de 12 km² para 56 km²). O aumento pode estar associado a uma migração de desmatadores do Pará para o estado. Segundo Izabella, órgãos ambientais vão melhorar a fiscalização na região.
Código florestal
Sobre as mudanças na legislação ambiental, que tramita na Câmara dos Deputados, pode também influenciar o desmatamento, de acordo com o governo. "Ainda tem gente em campo dizendo, segundo os relatos da inteligência, que você pode desmatar que vai ser anistiado".
Sobre as mudanças na legislação ambiental, que tramita na Câmara dos Deputados, pode também influenciar o desmatamento, de acordo com o governo. "Ainda tem gente em campo dizendo, segundo os relatos da inteligência, que você pode desmatar que vai ser anistiado".
"As equipes têm se deparado com colocações de que o Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais] não teria competência mais de fiscalizar. Não é verdade", disse ela. Só este ano, o Ibama aplicou quase R$ 50 milhões em multas por desmatamento na Amazônia e embargou áreas, principalmente no Mato Grosso e Pará.
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