18 de março de 2010

PRÁTICAS DE COMPOSTAGEM

Por Darci Bergmann
A compostagem é o processo de obtenção de fertilizante natural a partir da fermentação aeróbica de matéria orgânica. Em outras palavras, folhas, cascas, esterco animal, papel higiênico, restos de madeira, galhos de árvores, podem ser transformados em adubo orgânico. São descritos vários sistemas de compostagem. Assim, ela pode ser feita em pilhas de material orgânico sobre superfície impermeabilizada ou não. A impermeabilização da superfície é recomendada quando o material contém matéria orgânica com alto teor de água, caso de cascas de algumas frutas.
A fermentação produz um líquido escuro chamado chorume e este pode contaminar o solo. Normalmente o chorume pode ser evitado adicionando-se material palhoso, tipo folhas, maravalha, aparas de grama, etc. Estes materiais absorvem o chorume e isto acelera a fermentação.

 Palhas e folhas sobre o fundo da composteira
absorvem o chorume, caso este venha a se formar



TIPOS DE COMPOSTEIRAS: Em condições normais de restos orgânicos domésticos, a compostagem pode ser feita até mesmo em apartamentos, desde que utilizados recipientes adequados. Um sistema simples e barato é produzir o composto em sacos plásticos, tipo bags. Basta colocar folhas, restos de verduras, papel higiênico, etc num desses sacos plásticos. Se houver disponibilidade adicionar um pouco de terra. Após, umedecer o material, sem encharcá-lo. O saco é amarrado, deixando algum furo na parte superior para a saída dos gases oriundos da fermentação. De vez em quando desamarrar a boca do saco plástico para uma inspeção e entrada de ar. No comércio já existem dispositivos para a produção do composto orgânico em apartamentos

COMPOSTEIRA DE TIJOLOS - Há muitos anos instalei uma composteira de tijolos, rente a um muro, dividida em duas caixas. Cada caixa tem as seguintes dimensões internas: 1,85m de comprimento, 0,85m de largura e 1,20m de altura. O fundo foi revestido de argamassa. Na parede frontal foram deixados pequenos furos, com pedaços de tubos de polietileno de meia polegada, principalmente rente ao chão. Assim roedores não entram, mas minhocas têm acesso ao material. No composto tenho notado a presença até da minhoca-vermelha-da-califórnia (Eisenia foetida), que já é endêmica no terreno.


A primeira camada, no fundo da caixa, é sempre de matéria orgânica seca, tipo varredura de folhas, aparas de grama, casca de arroz ou similar para absorver o chorume. Depois, no dia a dia, é despejado o lixo doméstico, inclusive papel higiênico e sempre se cobre com um pouco de folhas de árvores ou apara de grama. Mesmo gravetos e galhos de árvores picados são ali colocados. Eles demoram um pouco mais para se decomporem. A maior parte do material fica pronta num tempo de 3 a 5 meses. No meu caso, em média só com o lixo doméstico leva até um ano para que as caixas fiquem cheias. As camadas mais de baixo já formam o húmus, matéria orgânica mineralizada. A retirada do material é simples, bastando remover a camada superior de palha. O composto é peneirado ali mesmo e o material não decomposto é devolvido ao processo, como inoculante de micro-organismos.


Caixas amplas facilitam o manuseio.
Remoção das folhas que
recobrem o composto.


Em épocas de poucas chuvas é preciso umidecer o material, pelo menos uma vez por semana.
De preferência utilizar água sem cloro, pois este é um germicida e, portanto, inibe em parte os micro-organismos que estão atuando na fermentação.

É recomendável cobrir a composteira com tela de sombreamento. Isso permite a aeração e a entrada da água das chuvas. Também não se geram moscas no processo.
A tela de malha fina impede que outros insetos infestem o local. O processo é absolutamente limpo e os microorganismos eficazes destroem outros germes patogênicos. A fermentação da matéria orgânica é um artifício espetacular da Natureza, que se recicla a cada momento e permite a vida no Planeta. Adaptá-lo à nossa realidade cotidiana é um dever de toda a pessoa ecologicamente responsável. Também reduz a quantidade de lixo recolhida pelas prefeituras e isto poupa energia e evita outros transtornos. E de quebra nos fornece um fertilizante natural que pode ser utilizado na horta, jardim, vasos de flores ou mesmo vendido quando em quantidade maior
.

Composto peneirado, parecido com pó de café.


COMPOSTEIRA AMPLIADA - Fiquei tão empolgado com a compostagem, que fiz um dispositivo maior ainda, para aproveitar resíduos de folhas e podas de árvores de terceiros. O sistema tem quatro caixas de tijolos, com as seguintes dimensões internas cada um: 3,30m de comprimento, por 2,15m de largura, por 1,60m de altura. Os galhos de árvores são picados com facão ou similar e isto reduz o volume e permite melhor contato com as folhas. O ambiente se torna mais úmido. Restos de frutas são adicionados em camadas finas e por sobre elas uma camada de palhas, folhas ou apara de grama. Devido a um vendaval, as quatro caixas ficaram cheias com mais de meio metro acima da parede, isto em começos de dezembro de 2009. Em data de 17 de março de 2010, a decomposição fez baixar o nível do material, em média de 0,70m. O período foi chuvoso, o que acelerou o processo. Não houve mau cheiro nem se constatou a presença de insetos indesejáveis. Essa composteira não teve o fundo revestido de argamassa. Nem houve cobertura com tela de sombreamento porque a quase totalidade de material é de folhas e restos de podas de árvores.


                                                 

OBS.: Em caso de não cobrir o composto com terra ou telado, pode-se aplicar uma fina camada de cal virgem e isto evitará o surgimento do flebotomídeo conhecido como mosquito-palha, vetor da leishmaniose. A compostagem é um processo biologicamente seguro.
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Outro exemplo de composteira. 






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Outro exemplo de compostagem:

COMPOSTAGEM 100% VEGETAL

A Compostagem 100% vegetal utiliza matérias-primas renováveis e abundantes para obtenção de fertilizantes e substratos orgânicos. Aproveita resíduos e subprodutos de origem vegetal, que são isentos ou apresentam reduzida carga de contaminação química e biológica. É uma técnica muito simples, que pode ser utilizada com baixo custo e com reduzido emprego de mão-de-obra.


FONTE 

Dia de Campo na TV

Links referenciados

Dia de Campo na TV
hotsites.sct.embrapa.br/diacampo



2 comentários:

Melissa Bergmann disse...

A compostagem é uma técnica relativamente simples, que pode ser feita até mesmo com pouco espaço na área urbana. Em Giruá, por exemplo, muitas escolas já realizam a compostagem, colocando os resíduos orgânicos provenientes da cozinha em locais apropriados, que são depois aproveitados para adubar os canteiros.

Melissa Bergmann
Bióloga

Anônimo disse...

Olá, o substrato oriundo da compostagem vegetal pode ser misturado a esterco curtido (se seim, em que proporção) e ser usado de alimento para vemicompastagem? Receio que não seja um material muito rico para as minhocas vermelhas da california ingerirem/transformarem em humus.

Agradeço a atenção.

Até breve.