5 de junho de 2012

Qual é mesmo o Dia Mundial do Meio Ambiente?


 Grupo Maturidade Ativa, do SESC, visitou o Centro Ambiental
 no Dia Mundial do Meio Ambiente
foto: Darci Bergmann

Por Darci Bergmann


    No calendário das comemorações oficiais foi escolhida a data de 5 de Junho. Para quem se preocupa em estabelecer uma relação mais harmoniosa com o meio ambiente, é qualquer dia do ano. E há diferenças nessas interpretações. Nada invalida que a data seja motivo de atividades mais intensas sobre o tema, especialmente nas instituições de ensino e na esfera da governança. Mas vejamos bem. Nesse dia do calendário oficial, o número de 'ambientalistas' aumenta e os discursos são fartos. Parece até que a preocupação com o meio ambiente está em primeiro plano. Com o passar dos dias a realidade se mostra outra.  Encolhe de novo o contingente de ambientalistas e estes remanescentes até podem ser execrados por parte daqueles que só enxergam a natureza como algo a ser manipulado por interesses imediatistas. 
    É o que constatei com a questão envolvendo as mudanças no Código Florestal. Os ambientalistas de fato, aqueles que se mobilizam no dia a dia, educando, propondo um estilo de vida mais sustentável, com ações concretas, foram muitas vezes acusados de servirem aos interesses estrangeiros. Não só isso. Grupos poderosos com representação no Congresso tentam amedrontar a opinião pública  com a suposta falta de alimentos, caso as propostas dos ambientalistas para o Código Florestal sejam acolhidas.
Ora, a realidade e os fatos climáticos estão aí a demonstrar que não foi a legislação ambiental, aí incluído o Código Florestal então vigente, a responsável pela diminuição na produção de alimentos nesta última safra. As mudanças climáticas, estas sim, deveriam causar preocupação aos líderes do agronegócio brasileiro. Agora e no futuro. 
     Deveria também preocupar as elites que parte considerável dos alimentos são desperdiçados e não por culpa dos ambientalistas. Isto aqui no Brasil e em outros países. No mundo, o desperdício de comida atinge os milhões de toneladas. Em matéria veiculada na televisão, um único restaurante norte-americano admitiu jogar no lixo, todos os dias, quase quatrocentos quilogramas de alimentos. 
    Também se faz um alarde quando o tema é a matriz energética. Os ambientalistas que se opõem a algumas dessas obras das grandes hidrelétricas são taxados de inimigos do progresso. Mas que progresso é este que sepulta centenas de milhares de hectares de terra e desloca populações inteiras? Algumas dessas usinas só atendem o interesse das grandes empreiteiras. Uma delas está agora na mídia por envolvimento em corrupção. Vai muito dinheiro público no rolo dessas grandes obras. Esses recursos poderiam financiar outras alternativas energéticas, mais sustentáveis.

Alunas do Instituto Federal Farroupilha, em São Borja,
  realizaram atividades alusivas ao Dia Mundial do Meio Ambiente.
Foto: Darci Bergmann

     No cenário das Nações Unidas o discurso ambiental nem sempre se traduz em mudanças concretas para um modo de vida mais sustentável. Como exemplo, está aí a emperrada Agenda 21. A proposta em si é boa. Ela se constitui em uma ferramenta para atingir a sustentabilidade com apoio das populações. Faço a leitura que a politicagem imperante não quer a efetiva participação da sociedade na busca de alternativas sustentáveis. Boa parte dos mandatários são populistas. E assim gasta mais em foguetório, propaganda e coisas de fachada em prejuízo de programas mais consistentes sob o ponto de vista socioambiental. Alguns países, estados e até cidades são exceção. Conseguiram até avançar. 
      Agora, na Rio+20, há um novo discurso oficial que fala na 'economia verde' como pressuposto para alcançar a sustentabilidade. Desde a Rio 92 não se conseguiu implementar a Agenda 21, por falta de vontade política. Vamos ter que incluir novas palavras no nosso cotidiano. Motivo para muitos discursos e palestras de 'ambientalistas' de palanque eleitoral. O lado positivo da Rio+20 entendo que seja a participação popular, com as suas experiências em ações efetivas. 
      Assim, descontada a maquiagem verde que aparece no Dia Mundial do Meio Ambiente e em outras ocasiões, é possível e necessário que cada de nós inclua o tema ambiental nas ações diárias. Cada dia é um dia do meio ambiente.
         


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