18 de março de 2015

Carta para a presidente Dilma Rousseff


Por Darci Bergmann

Presidente Dilma. Na década de 1970, eu lutei contra o regime militar. Você também lutou. Mas as nossas lutas tinham motivações diferentes. A minha era pela normalidade democrática. A sua era para substituir um regime por outro, muito pior, como a ditadura de Fidel Castro, que assassinou milhares de cubanos, muito mais que os mortos atribuídos aos governos militares  que você queria destruir. Sim, lutei contra o regime militar, fui detido nessa época, mas o fiz pelas idéias e não empunhando armas, assaltando bancos ou matando pessoas, como você e seus líderes preconizavam.  Portanto, Dilma, não venha se apresentar como heroína, porque não condiz com a sua história. 
   Você não pode menosprezar as pessoas que foram às ruas pedir mudanças, no dia 15 de março de 2015. Entre elas estavam muitas que também lutaram pelo fim do regime militar. Essas pessoas não querem aqui no Brasil um regime opressor e sanguinário semelhante ao da Venezuela, que você e o grupo Foro de São Paulo defendem. Estavam nas ruas pessoas que não querem mais esse 'toma lá da cá' de cargos públicos, uma das origens da corrupção, com seus trinta e nove ministérios. Essas pessoas não querem o uso da máquina pública com fins eleitoreiros, desviando-se recursos das empresas públicas. Essas pessoas não querem mais ver impunes invasores, baderneiros e destruidores do patrimônio público e privado, que empunham facões e foices, como nos tempos de barbárie. As pessoas não querem mais que você, como suprema autoridade do Brasil, proponha o diálogo com terroristas como os do Estado Islâmico ou das FARC, da Colômbia, que se valem do narcotráfico para subverter regimes democráticos. 
     Enquanto você quer dialogar com terroristas, você trata com brutalidade os trabalhadores, tais como os caminhoneiros, como se bandidos fossem. Enquanto você e sua turma transformam bandidos em heróis, vilipendiam a história e os símbolos nacionais nas escolas, com exaltação ao falido modelo marxista, o País agoniza e perde respeito no cenário internacional. Enquanto você repassa às ditaduras de outros países impostos de quem trabalha e gera empregos, a violência explode nas ruas, pessoas padecem nas portas dos hospitais, falta infra-estrutura e os professores são mal pagos. 
   A fatia maior de todos os impostos é administrada pela esfera federal. Você, Dilma, nada fez para corrigir essa distorção. Pelo contrário, arrocha com mais impostos, retira conquistas dos trabalhadores, mas não diminui gastos desnecessários. Você e o seu grupo querem reescrever a história do Brasil, acusando a todos os que governaram antes de incompetentes e corruptos. No poder, o seu partido, que um dia já foi o meu também, caiu na vala comum dos demais e tornou-se protagonista do maior escândalo de corrupção. Agora, acuada pelo eco das ruas, você fala em humildade e diálogo, como se fosse possível dissimular a sua arrogância e a sua prepotência. Essa tática de mudar a embalagem, mas não o conteúdo podre do seu governo já não engana mais ninguém. Cansei das suas mentiras, mas não me cansarei de lutar por um Brasil melhor.   
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Aos leitores do Blog: De uns tempos para cá, as questões de gestão pública exigem um posicionamento de quem quer mudar o Brasil para melhor. A corrupção, que atinge níveis nunca antes imaginados, também prejudica o meio ambiente, pela falta e desvio de recursos.
Enquanto a farra com obras superfaturadas desvia dinheiro para corruptos, faltam recursos para setores mais sustentáveis. Para citar um exemplo, está aí o escândalo da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, com denúncias de propinas e superfaturamento. O montante dos custos dessa usina daria para financiar um amplo programa de energia solar com painéis fotovoltaicos, capazes de gerar quase a metade de toda a energia hoje produzida no Brasil. 
O escândalo da Petrobrás é representativo, porque mostra a escolha mal feita e ufanista de investir em combustíveis fósseis. O gigantismo alardeado com o Pré-sal, usado como propaganda para enganar a incauta população brasileira, nos remete a refletir sobre o grave momento da conjuntura política atual.
A operação Lava Jato comprova agora o que sempre nós ambientalistas cobrávamos das autoridades. Existe dinheiro para conservar e gerir nossas Unidades de Conservação. Existe dinheiro para investir em energia renovável. Outro exemplo: se os recursos do Minha Casa Melhor fossem direcionados para implantação de sistemas fotovoltaicos e captação de águas pluviais nas moradias do Minha Casa Minha Vida, teríamos hoje um notável parque industrial de equipamentos nessa área, com indústrias espalhadas pelo Brasil. 
As grandes obras sempre atraíram as empresas e os políticos ávidos de recursos para as suas campanhas. Aí está um dos focos de corrupção. 
Lutar contra o aparelhamento do estado, contra o excessivo número de ministérios, contra a centralização da maior parte dos impostos na esfera federal, entre outras lutas, também se reflete num meio ambiente mais equilibrado e na melhoria da qualidade de vida de todos nós. 

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