19 de outubro de 2010

AMAZONIA: Impressões de viagem

    Por Melissa Bergmann
     É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Na semana em que se comemorava a independência do Brasil, entre os dias 05 e 10 de setembro, estive visitando e conhecendo um pouco da Amazônia e a capital do estado amazonense, Manaus. Com quase 2 milhões de habitantes, Manaus é uma cidade histórica que preserva belezas edificadas na época da colonização portuguesa, como o Teatro Amazonas, inaugurado em 1896 durante o Ciclo da Borracha. É um dos mais belos teatros do Brasil.
É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem.
     Além de prédios históricos e museus, encontram-se também o CIGS – Centro de Instrução de Guerra na Selva – , o Jardim Botânico e o Bosque da Ciência, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). O CIGS é um centro de treinamento do Exército Brasileiro, que abriga vários animais da selva amazônica e é aberto ao público para visitação. Antas, preguiças, macacos, jibóias e onças são alguns dos animais encontrados, além de se visualizar araras soltas em meio ao bosque que delimita o parque.
     A floresta
     Mas a expectativa maior quando se vai à Amazônia é conhecer a tão exuberante floresta amazônica. Margeada pelas aglomerações urbanas que avançam cada vez mais, os fragmentos florestais estão restritos às reservas e aos institutos de ensino e pesquisa. O Jardim Botânico de Manaus conserva parte de floresta primária, aquela vegetação original, que não foi destruída. Andando pelas trilhas na mata em um dia nublado em que havia chovido pela manhã, a sensação era de muito calor e umidade. O solo, raso e de consistência argilosa, expõe as raízes das plantas à superfície. As árvores são altas, e sobre elas crescem inúmeras plantas epifíticas, que se apóiam sobre seus galhos e troncos sem prejudicá-las e hemi-epifíticas, que crescem como as epífitas, mas emitem raízes que chegam ao solo. As plantas desse grupo são principalmente da família Araceae, abundantes nas áreas tropicais úmidas. Já na Mata Atlântica, por exemplo, floresta também úmida mas não tão quente, encontram-se principalmente orquidáceas e bromeliáceas crescendo sobre outras plantas. Entre as plantas utilizadas como alimento ou no preparo de sucos e doces estão o açaí, uma palmeira, o cupuaçu, parente do cacaueiro, o caju e muitas outras utilizadas também na medicina popular.
     É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem.As águas
       Além da extraordinária diversidade botânica, a região amazônica tem uma riqueza inigualável em volumes de água. O Rio Negro, por exemplo, é um dos mais antigos dos rios amazônicos, exibindo uma coloração escura devido à grande quantidade de ácidos originários da decomposição orgânica. Nas águas desse rio, encontram-se os famosos botos cor-de-rosa, espécie de golfinhos de água doce que se aproximam das residências ribeirinhas em busca de alimento.
      Conta a lenda dos povos amazônicos que nas noites de festa junina, o boto cor-de-rosa sai do rio e se transforma num belo rapaz que seduz as moças das comunidades ribeirinhas. Mas apesar de toda a beleza folclórica em torno desse animal, muitos deles são mortos por pescadores, o que vem colocando em risco sua sobrevivência.
 
     A paisagem amazônica é marcada ainda pelas casas flutuantes e pelos lugares em que se chega somente com um meio de transporte fluvial. Muito interessante é o encontro das águas dos rios Negro e Solimões sem se misturarem.
     É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem.
     É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem.
      Outra atração é o Museu Seringal Vila Paraíso, que foi idealizado para a produção do filme brasileiro A Selva, baseado no romance homônimo do escritor português Ferreira de Castro. A obra retrata a sociedade na região amazônica na época do Ciclo da Borracha, no ano de 1912. A visita ao museu permitiu vivenciar um pouco deste capítulo da história brasileira, onde a corrida pelo “ouro negro”, a borracha, era feita às custas de seringueiros que tinham de trabalhar em meio aos riscos de doenças e de animais na selva, uma vez que a retirada do látex das seringueiras era feita à noite. Atraídos por um “emprego”, muitas pessoas saíam de suas cidades, principalmente da região nordeste, mas acabavam tendo de trabalhar sem grandes benefícios para sobreviver. O trabalho de alguns ostentava o luxo de outros. Foi nessa época que foram construídos o Teatro Amazonas e o prédio do Mercado Público de Manaus, em estilo português. Manaus também foi uma das primeiras cidades a ter iluminação pública.
Outras considerações
Embora muito já tenha mudado quanto aos direitos trabalhistas, a região amazônica ainda é uma das mais precárias em educação, e os problemas ambientais enfrentados lá não diferem dos que ocorrem aqui. A utilização desenfreada dos recursos naturais e o crescimento dos aglomerados urbanos são as principais causas das alterações dos ecossistemas. A valorização das reservas naturais ainda é incipiente, e muitas escolas e comunidades locais não apreciam a riqueza do bioma onde vivem. Professores das universidades, como a UFAM (Universidade Federal da Amazônia), o INPA e a UEA (Universidade Estadual do Amazonas) vem desenvolvendo projetos sobre os saberes locais. Será que é preciso destruir parte da floresta do quintal de casa para o cultivo agrícola? Será possível aproveitar a matéria-prima da floresta, como seus frutos e folhas, sem precisar destruir esse ecossistema? São essas questões que vem sendo debatidas com as comunidades. Trabalhar também a importância dos parques e reservas é essencial. Como esperar que as crianças e os jovens valorizem um ecossistema se nem mesmo o conhecem? Muitos pais das comunidades ribeirinhas mandam seus filhos à escola para estudar dentro da sala de aula, e consideram que uma saída a campo não acrescenta nada, pois seus filhos vêem o rio todo dia, por que teriam de sair da sala de aula para ver o rio?
      Cabe lembrar que aqui no Rio Grande do Sul a situação não é  diferente. Cada bioma tem suas particularidades, e a Amazônia é uma floresta exuberante, sim, mas nossos ecossistemas sulinos não ficam para trás. Tanto o Bioma Mata Atlântica quanto o Pampa (campos) são ecossistemas de dinâmicas especiais, e apresentam flora e fauna que não se encontram em outras regiões. Isto se chama biodiversidade!


 



 

Nenhum comentário: