18 de junho de 2011

O Charme das pequenas cidades




Por Darci Bergmann


   Sempre me encantei com as pequenas cidades. Elas parecem transmitir uma sensação de paz, segurança e tranqüilidade. Longe do burburinho infernal dos grandes centros urbanos a vida parece fluir de um jeito mais natural. A gente tem mais tempo para todas as coisas do dia a dia, as pessoas se conhecem e o ambiente bucólico e quase sempre romântico da maioria das pequenas cidades me aproxima mais da natureza. Até porque numa simples caminhada a gente percorre toda a área urbana e atinge a zona rural. Cidade e campo se misturam. Ao contrário das grandes metrópoles, cujos horizontes não tem encantos naturais e sim aqueles intermináveis corredores repletos de veículos barulhentos e ladeados por prédios. Prédios e mais prédios e gente correndo com pressa e com medo.
   A maioria das pessoas mora nas cidades. Muitas nas grandes cidades. Atraídas que foram porque se dizia ali existirem mais recursos para saúde, educação e até lazer. Como mariposas, foram atraídas pelas luzes das ribaltas. Luzes que ofuscam e que por isso mesmo escondem a triste realidade dos grandes centros urbanos. Muitas dessas pessoas gostariam de voltar às suas querências, quando se deparam com o engano. Nem todas conseguem. Outras pessoas, gerações inteiras até, nasceram nas grandes urbes e já não tem mais percepção do meio natural. Adaptaram-se ao burburinho, ao movimento e à vida apressada e competitiva. Para essas, o contato com a natureza é uma praça, algum parque, algumas árvores nas ruas e cada vez menos um pátio arborizado. Eu disse contato com a natureza. Na verdade fragmentos da natureza. Árvores nas ruas são vistas como conflito à rede elétrica, ao trânsito, à fachada das lojas. Os parques e praças estão cheios de badulaques a que chamam de mobiliário urbano, quando não atulhados de lixo, chicletes e cocô de cachorro de madame. Aquelas madames orgulhosas, perfumadas, algumas de silhuetas instingantes e que levam os seus bichinhos mais enfeitados do que árvore de natal ao passeio no campo, isto é, no gramado da praça.
  Em algumas pequenas cidades e onde ainda existem áreas naturais preservadas no seu entorno, a diversidade de vida é maior. Nunca se está só. Ali existem mais espécies de plantas, aves e de quebra algum bicho diferente na mata próxima. Cãozinho de estimação também existe, mas ainda não contagiado demais por essa mania consumista de transformar cachorro em modelo de passarela.
  Cidade pequena, quase um vilarejo. Tomara que não cresça. Tomara que não perca o seu encanto. Tomara que não seja vítima dos especuladores e dos demagogos ansiosos por transformá-la em fonte de lucros, sob o falso manto do progresso.  
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Veja a matéria a seguir


MUNDO 17.06.2011

 


Chineses surpreendem austríacos ao copiar vilarejo tombado pela Unesco

 

Reconhecido como patrimônio da humanidade pela Unesco, o vilarejo austríaco de Hallstatt ganhará uma cópia na província de Guangdong, na China. Descoberta por acaso, a notícia abalou a pequena comunidade.

 
A igreja evangélica, o hotel Grüner Baum, a praça do mercado e até mesmo um lago como os da pequena Hallstatt, na Áustria, poderão em breve ser visitados na província de Guangdong, no sul da China. A construção da réplica do vilarejo com pouco mais de 800 habitantes, reconhecido como patrimônio da humanidade pela Unesco, foi descoberta por acaso pelo prefeito Alexander Scheutz.
Após a descoberta, em maio, a empresa imobiliária chinesa responsável pelo projeto manifestou-se e propôs uma parceria entre as duas Hallstatt, além de uma visita informativa. Alguns dias atrás, o prefeito descobriu que a construção da Hallstatt asiática já está praticamente concluída. "Esse procedimento não nos agrada de maneira alguma", disse Scheutz, apesar de reconhecer que a cópia chinesa poderá incrementar o turismo na versão original.
O pequeno e belo vilarejo de Hallstatt, na Áustria, que os chineses copiaramO pequeno e belo vilarejo de Hallstatt, na Áustria, que os chineses copiaram








Apesar de reclamar da forma de agir dos chineses, o prefeito vê a réplica como um motivo de orgulho para os moradores locais, por demonstrar a popularidade da localidade austríaca na China. "Na verdade, é uma ótima propaganda para a nossa comunidade. Muitos vão querer ver a Hallstatt original", declarou ao jornal Oberösterreichische Nachrichten.
Já a proprietária do hotel Grüner Baum, Monika Wenger, disse que, aparentemente, arquitetos chineses passaram os últimos anos fotografando e desenhando prédios de Hallstatt. Para ela, esse procedimento deixa uma sensação de roubo. Para Klaus Kohout, responsável estadual pela conservação do patrimônio histórico, Hallstatt é única e irreproduzível. "Por isso ela é patrimônio da humanidade. Não se pode copiar Hallstatt. A cópia nunca alcançará o original", disse ao jornal.
Sob o ponto de vista legal, a princípio, não há problema em fotografar e reproduzir construções, apenas medições exigiriam a concordância do proprietário, explicou Hans-Jörg Kaiser, do Icomos Áustria, o conselho nacional patrimonial, uma sub-organização da Unesco. Mas ele questionou os limites do turismo. "Nunca se conseguirá reproduzir a paisagem natural e os moradores que fazem um patrimônio da humanidade ser o que é", opinou a outro jornal austríaco, o Der Standard.
O município chinês onde uma parte de Halstatt será reproduzida chama-se Boluo e tem 820 mil habitantes, cerca de mil vezes mais que a comunidade original. As construções replicadas serão utilizadas como residências, hotéis e lojas.
No inverno, a paisagem fica ainda mais bonita em HallstattNo inverno, a paisagem fica ainda mais bonita em Hallstatt

LF/dpa/ots
Revisão: Alexandre Schossler

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