5 de julho de 2012

Os animais de estimação e os impactos ambientais (2)


Por Darci Bergmann

Gatos abandonados por seus antigos donos num espaço urbano.

   Ao longo de várias semanas, quase que diariamente, sobre o passeio público frontal à minha moradia, eu encontrava aquelas bandejas de ‘isopor’, com sinais de alimento consumido ali mesmo.  Deduzi que alguém das imediações alimentava algum bicho que deveria circular pelo meu pátio. Estranhei que aumentara o número de gatos – agora cinco – que se hospedaram na minha área, vindos de outras moradas. Esses gatos logo criaram uma tremenda confusão no habitat urbano. Escalam árvores onde se tornam predadores de ninhos de aves, prejudicando a reprodução natural de várias espécies. A espécie sabiá-laranjeira foi uma das mais afetadas, pois os ninhos são de fácil acesso aos gatos. Uma família de gambás sucumbiu à presença dos intrusos felinos. Reconheço que diminuiu o número de ratos, antes controlados por iscas e ratoeiras. Os muros e telhados se tornaram passarelas barulhentas dos bichanos. Em época de cio, como se sabe, os gatos fazem o maior escândalo. Os machos brigam na disputa pelas fêmeas e estas, em longos gemidos e alguma reação mais agressiva, simulam rejeição ao pretendido candidato. O ritual, ao que parece, é para estimular o momento ideal para o acasalamento.
A foto mostra uma fêmea de sabiá-laranjeira, ave símbolo do Brasil, chocando sob um telhado.
Dias depois dessa foto, foi predada por um gato doméstico.
Foto: Darci Bergmann
  
  O fato é que o espaço urbano disponível não garantia alimentação suficiente aos gatos, pois eu não os alimentava para não atrair outros da espécie. Daí que alguém teve a idéia de alimentar os bichos, espalhando comida sobre o passeio público – naquelas ditas bandejas. Essa pessoa, no intento de mostrar-se compadecida com os animais, encaminhou-os para o meu espaço verde. Só que isso trouxe um tremendo impacto sobre as outras espécies de animais ali estabelecidos. Não havia também controle da prole. Assim, tive que remover os que conseguia apanhar e repassá-los a algum interessado.  A pessoa, supostamente benfeitora de animais, causava poluição com as bandejas de ‘isopor’, um material que não é reciclado aqui na minha região.
  Muitas pessoas tem tido prejuízo nas suas hortas urbanas pela circulação inoportuna de gatos, que danificam canteiros e sementeiras.
  Não se trata aqui de pregar hostilidade contra os gatos e cães, mas sim formas de controle, que devem envolver as autoridades constituídas. A biodiversidade é ampla em espécies e o equilíbrio entre elas é necessário até nos espaços urbanos. Esse equilíbrio está perigosamente rompido, porque nós humanos adotamos algumas poucas espécies, em condições muito artificiais.

  Nas zonas rurais de algumas regiões do Brasil não é diferente. A proliferação de gatos e cães já coloca em risco de extinção algumas espécies de animais silvestres devido à redução dos seus habitats e à presença dessas e outras espécies, consideradas de estimação.  
  A questão é mais séria e envolve até a saúde pública, daí merecer maior atenção das autoridades e das pessoas em geral.
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Mais sobre o tema:

Bom dia Brasil -  Edição do dia 18/12/2013
18/12/2013 08h59 - Atualizado em 18/12/2013 08h59


Fezes de animais contaminam areias de praias

famosas do Rio de Janeiro

Quando secas, elas se misturam aos grãos de areia e podem causar doenças. Trechos de Ipanema, Copacabana e Arpoador estão impróprios.



A uma semana para o começo do verão, a areia de algumas das praias mais famosas do Rio está  suja. E os banhistas devem ter cuidado.
Trechos das praias mais famosas, como Copacabana, Ipanema e Arpoador, atualmente não são recomendados.
Não é só o lixo que muitos banhistas ainda insistem em não depositar nas lixeiras que polui a areia. Existe uma outra razão, considerada pelos especialistas, ainda mais grave. E pior: ela pode estar bem escondida.
São as fezes de animais, principalmente de cachorros. Elas ressecam e se misturam nos grãos de areia.
A análise da prefeitura apontou que: em cada cem gramas de areia foram encontrados acima de 3.800 coliformes fecais.
Uma lei estadual aprovada este ano determina que a praia tenha placas indicando a qualidade da areia, mas ainda não foi regulamentada.
Na cidade do Rio, cachorros nas areias são proibidos. “Não basta só pegar o cocô, tem que não deixar os cachorros andarem na areia, né?”, diz um banhista.

A prefeitura já pensa até em multar os donos. “É uma questão de disciplina, de a gente entender que a saúde da população é fundamental, e romper esse individualismo”, afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz.
Mas tem gente que não pensa assim. “Quem polui a areia são os humanos que jogam, deixam resto de comida, e fica cheio de pombo na areia”, diz o publicitário Ricardo Martins.
A verdade é que as fezes dos animais são perigosas para os banhistas. Podem levar a doenças como infecções na pele e micoses.
“É muito comum em peles mais finas, peles de crianças, de idosos, tem que se tomar cuidado”, alerta a dermatologista. “Calçados, toalha, procurar colocar em cima, ambientes que a criança, principalmente as crianças, não entrem em contato diretamente com a areia”.


Um comentário:

Melissa Bergmann disse...

Essa questão do cuidado com os animais domésticos é realmente muito delicada. As pessoas se apegam aos bichos, que são dóceis e as acompanham em suas vidas. Mas deve-se ter alguns cuidados, pois não se pode esquecer de que são animais, e não se deve tentar "humanizá-los". Há pessoas que capturam aves, serpentes ou outros animais para criá-los em suas casas, esquecendo-se de que a "casa" deles é o habitat natural, seja um bosque, um banhado ou a capoeira. Em uma visita a uma espécie de zoológico em Santa Maria, havia uma onça que foi capturada, quando filhote, por um médico no Pantanal, que a levou para criá-la em casa, junto com os cães. Acontece que o filhote cresceu e começou a devorar os cãezinhos. Sem saber o que fazer, o médico então doou o animal ao zoológico. Moral da história: os animais silvestres devem permanecer em seus habitats, e não ser domesticados. Da mesma forma, o cuidado excessivo com os animais domésticos pode desencadear um desequilíbrio nos ecossistemas, aumentando sua população, e influenciando a passagem de outros animais de uma área a outra, ou atuando como predadores de seus ovos ou filhotes. Assim, ao largar os filhotes de um animal em terreno alheio, ou alimentá-los, está-se promovendo o aumento de sua população de forma desordenada, o que aumenta também a proliferação de parasitas e doenças. Todo animal (doméstico)merece respeito, e por isso cada proprietário deve cuidar dos seus.