Por Darci Bergmann
Em 19 de julho de 2012, o Diário Oficial da União, publicou ato do IBAMA, proibindo aplicações aéreas de agrotóxicos contendo os princípios ativos Imidacloprid, Clotianidina, Tiametoxam e Fipronil. A medida causou reação do setor da aviação agrícola e dos grandes produtores do agronegócio. Alegaram que as lavouras ficariam desprotegidas caso a medida vigorasse. Chegou a ser citado que estudos teriam revelado que as abelhas não se deslocam a mais de 250 m das suas colmeias em busca de néctar e pólen.
Pressionado,
principalmente pelo setor da aviação agrícola que perderia receita, o IBAMA
voltou atrás. Em conjunto com o MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento**, publicou nova regulamentação, permitindo aplicações aéreas dos
agrotóxicos citados. O ato coloca uma série de restrições, tais como limite do
número de aplicações, proibição de uso em época de floração das culturas,
altura de vôo das aeronaves não podendo ultrapassar os 4 m e outras mais.
A leitura
que pode ser feita é a seguinte. O IBAMA se rendeu ao bombardeio da aviação
agrícola. Agora, as abelhas estão ainda mais ameaçadas, incluídas as espécies
nativas. Portarias e normas dificilmente são cumpridas nas condições das
imensas culturas de exportação como a soja, por exemplo. Quem realmente vai
fiscalizar os serviços aéreos a campo?
Há que se
considerar ainda que nas aplicações aéreas executadas dentro das condições
normais, existe o deslocamento de parte dos agrotóxicos para a as áreas no
entorno das lavouras. É a deriva. Estudos da EMBRAPA mostram que até um quarto
do agrotóxico pulverizado via aérea é perdido e se desloca para o ambiente,
mesmo em condições ‘seguras’ de aplicação. Nisso reside um dos fatores de risco
às abelhas. A cultura a ser pulverizada pode não estar em floração, mas outras
espécies de plantas no entorno sim.
Não há como
negar. Pulverizações aéreas de agrotóxicos são mais impactantes ao meio ambiente.
Abelha em espinilho (Vachellia caven)* |
Espécies vegetais arbóreas e herbáceas de pequeno porte são comuns nas proximidades das lavouras. que são pulverizadas com agrotóxicos. |
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Será que todas as empresas de aviação agrícola tem responsabilidade ambiental?
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