24 de junho de 2013

Os vândalos do erário público


Por Darci Bergmann

  Entre milhares de pessoas em marcha pacífica e ordeira, lá estão eles - os vândalos. Com pedras, paus e fogo, como nos tempos medievais, saqueiam lojas e deixam um rastro de destruição. Os arruaceiros recuam devido à superioridade do armamento usado pelos policiais militares.
  Mas ninguém se engane. A escória de arruaceiros é fruto de autoridades e políticos corruptos. Assim como os arruaceiros se dissimulam entre a massa pacífica que protesta nas ruas, os corruptos se dissimulam nas entranhas do estado e ali saqueiam os cofres públicos, depositários dos impostos de todos nós - são os vândalos do erário público. Esse tipo de vândalo pode habitar qualquer poder de um estado, mesmo nas democracias mais evoluídas.
  Os vândalos do erário público causam danos irreparáveis à sociedade. São capazes de criar leis que acobertam os seus privilégios. Gastam em futilidades, obras faraônicas e serviços superfaturados, em prejuízo à educação, ao transporte público e à saúde. São mestres na arte de iludir as massas com espetáculos de impacto. Criam cargos para beneficiar os seus comparsas. São íntimos de grupos que se organizam para receber benesses do estado. Sob o pretexto de inclusão social, sustentam vagabundos que lhes retribuem com votos para cargos eletivos. Isentam de impostos empresas e organizações que não trazem melhorias sociais, enquanto outras são penalizadas com tributos escorchantes. Partilham áreas de conservação ambiental e terras públicas que deveriam sediar instituições de ensino e pesquisa. Bombardeiam a opinião pública com frases de efeito e gastam em publicidade como se os serviços do estado fossem produtos de uma empresa qualquer.
   Os vândalos do erário público defendem-se com argumentos de terem chegado ao poder pela voz de eleitores livres.  Mas não é livre o eleitor que vota em alguém porque lhe paga a conta de luz ou de água, que lhe promete o emprego, ou que o mantenha dependente de bolsa disso ou daquilo. Quem vende seu voto é escravo e sustenta a corja de políticos  corruptos que fazem leis, governam cidades, estados e países.    Chegará um dia em que o povo não se deixará mais iludir por demagogos maquiados. Quando isso acontecer, os vândalos do erário público perderão os seus privilégios e a sua arrogância. Um estado livre dos aproveitares poderá aplicar de forma justa cada centavo dos nossos impostos. 
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Junho de 2013: Em todo o Brasil milhões de pessoas saem às ruas para protestar contra a corrupção e a precariedade dos serviços públicos. 
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