Por Melissa Bergmann
Participei no dia 04 de outubro de
uma audiência pública na cidade de Santa Rosa, promovida pelo Conselho de
Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS). A pauta foi a discussão em torno
da construção da barragem do complexo binacional Garabi-Panambi no Rio Uruguai,
no trecho compartilhado com a Argentina. De acordo com a Eletrobrás, os
aproveitamentos hidrelétricos de Garabi e Panambi somam 2.200 MW de capacidade
instalada, com investimento de R$ 5,2 bilhões.
Na reunião, além de representantes
do governo do Estado, governos dos municípios atingidos, assembléia legislativa
e Eletrobrás, estiveram presentes também representantes de organizações de
movimentos sociais, tanto dos municípios brasileiros, como Porto Mauá e
Alecrim, quanto dos municípios argentinos, tais como Alba Pose e Aurora.
Se, por um lado, o crescimento
econômico exige maiores demandas de energia elétrica devido à crescente
industrialização, por outro surgem questões da ordem sócio-ambiental, que
culminam na insatisfação, principalmente das pessoas que terão de abandonar suas
terras e suas histórias de vida. O projeto Garabi, que data das décadas de
70/80, foi revisto e os estudos “garantem” que a área alagada foi reduzida em
até 45% do projeto original, não atingindo o Salto do Yucumã, no Parque Estadual
do Turvo.
Hidrelétrica Garabi-Panambi: Audiência pública em Santa Rosa-RS |
Entretanto, sabemos que os efeitos
negativos de um barramento como esse não se dão apenas em número de atingidos e
de hectares de terras, mas também em perdas e modificações de paisagens
exuberantes da bacia do Rio Uruguai. Estima-se que sejam alagados mais de 70
mil hectares de área, num total de 19 municípios da região. Pode ser que o
barramento não atinja diretamente o maior salto longitudinal do mundo, o
Yucumã, mas corre-se o risco de se comprometer essa paisagem cênica.
Estamos cientes da crescente
demanda de energia elétrica em todos os setores da sociedade brasileira. As
hidrelétricas, porém, apesar de serem consideradas como geradoras de “energia
limpa”, ocasionam grandes impactos ambientais. Por isso, em plena era
tecnológica, torna-se imprescindível a pesquisa e o fomento da utilização de
fontes alternativas de energia, tal como a energia solar, que pode ser
conjugada com geradores de energia eólica. Já existem iniciativas aqui na
cidade de Santa Rosa de fabricação de painéis solares, que posteriormente serão
colocados no mercado para comercialização. Além disso, as companhias de energia
elétrica já estão estudando a possibilidade de fazer a distribuição da energia
através dessa fonte alternativa. O site do Ministério do Meio Ambiente se
reporta ainda à energia solar térmica, ou seja, à utilização da energia solar
para aquecimento da água, tanto para uso doméstico e piscinas, como para secagem
e aquecimento industrial. Em Belo Horizonte já existem condomínios com
instalação de aquecimento solar central. Apesar de existirem vários projetos
para aproveitamento da energia solar no Brasil, os mesmos ainda ocorrem em
pequena escala, tais como no atendimento a comunidades rurais e a populações de
baixa renda, faltando maiores investimentos nas áreas industrial e urbana.
Hidrelétrica Garabi-Panambi: Comunidades atingidas no Brasil e Argentina questionam obra que poderá desfigurar ainda mais o Rio Uruguai. |
Não se pode esquecer também que,
apesar de ser uma fonte alternativa de energia, ela também apresenta impactos
ambientais, na fase da produção dos módulos das células fotovoltaicas e ao
final da vida útil, após 20 a 30 anos de geração, quando parte do material terá
de ser disposto corretamente em um aterro sanitário.
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