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16 de maio de 2014

Menos florestas, menos água

Por Darci Bergmann


  Em teoria, a maior parte das pessoas sabe que as florestas são importantes na preservação dos mananciais hídricos. Na prática, árvores e florestas inteiras são removidas ante a expansão crescente das cidades e da agricultura. Conciliar essas questões tem sido difícil. Uma das razões é que a população humana cresce desordenadamente.
    O crescimento demográfico exige mais espaço físico para moradias, produção de alimentos, bens de consumo e muita água. As crises da falta de água, que antes pareciam distantes e restritas às regiões mais áridas, podem se tornar mais frequentes em cidades e regiões mais densamente povoadas, diante do novo cenário de mudanças climáticas.
         Isto explica em parte o que vem ocorrendo na região metropolitana de São Paulo. A rápida expansão urbana destruiu o cinturão de florestas, impermeabilizou e reduziu a infiltração das águas de recarga dos mananciais num raio de dezenas de quilômetros. Sem falar na poluição e assoreamento dos rios. Num cenário de chuvas normais, os sistemas de captação permitiram a expansão urbana prevista, mas cada vez mais vulnerável. E o inusitado ocorreu com a seca prolongada na região Sudeste, minguando os mananciais de abastecimento.    
     Crises de água, como a de São Paulo, devem remeter à reflexão de todos os consumidores e autoridades. Os consumidores devem assumir o seu papel, deixando de gastar irresponsavelmente um bem de valor inestimável. Também podem buscar soluções locais de captação de águas das chuvas, reutilização das águas servidas, etc. Simplesmente criticar este ou aquele gestor não resolve o problema. As autoridades podem criar dispositivos para os novos tempos num cenário de incertezas do clima. 
   Dentre as medidas que as autoridades podem estabelecer, está a de estimular a preservação dos recursos hídricos com o pagamento de serviços ambientais aos proprietários rurais. Por exemplo: recuperação de nascentes, reflorestamento, etc. Redução de impostos a produtos e serviços de reciclagem e reuso da água, tanto para a agricultura, quanto nas atividades industriais e mesmo a nível domiciliar. Neste contexto, é muito válido o desconto a quem reduzir o consumo como já está em vigor em São Paulo. É um reconhecimento das autoridades a quem poupa um bem tão valioso quanto a água, especialmente numa época de seca, da qual ninguém está imune. 
    



Mais sobre o tema: 1) Os nossos solos também são cisternas de água

2) Matéria publicada no site da DW

3) Falta d'água em cidades tem a ver com a devastação desenfreada da Amazônia (Reportagem do Fantástico, Rede Globo, edição de 31-08-2014).

Desmatamento agravou crise da água em SP

Sistema Cantareira perdeu 70% de mata em duas décadas. Cobertura vegetal aumenta a vida útil dos reservatórios, além de prolongar tempo de abastecimento durante seca.

Depois de atingir o menor nível já registrado – apenas 8,4% da sua capacidade –, o sistema Cantareira, principal fornecedor de água da região metropolitana de São Paulo, vai em busca das últimas gotas. Nesta quinta-feira (15/05), a Sabesp inicia uma operação emergencial para recuperar o chamado "volume morto" do reservatório.
A crise no abastecimento de água não se deve apenas ao calor recorde e ao menor índice de chuvas já registrado nos últimos 84 anos. Especialistas defendem que o desmatamento em bacias hidrográficas contribui para diminuir a quantidade e a qualidade das águas, tanto superficiais quanto subterrâneas.
"Nós temos apenas 30% de área com florestas preservadas nesse manancial [Sistema Cantareira]. O restante precisa ser recuperado ou têm uso inadequado de solo", afirma a coordenadora da Rede das Águas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro.
Resultados de um experimento feito pela ONG desde 2007 – que restaura uma floresta num centro em Itu, interior de São Paulo – comprovam essa relação. "Em 2012, apenas cinco anos depois, foi verificado que o nível dos lençóis freáticos subiu 20% e o dos reservatórios, 5%", argumenta Ribeiro.
Estudos apontam que a floresta atua como reguladora do ciclo hidrológico, atenuando os impactos de eventos climáticos extremos, como secas e enchentes. "A floresta aumenta a resiliência dos mananciais. O desmatamento não é causa da seca, mas, se houvesse maior cobertura vegetal, o esgotamento dos reservatórios poderia ser evitado", diz Ribeiro.
O problema, entretanto, não está restrito a São Paulo. De acordo com um levantamento inédito do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, os reservatórios considerados críticos pela Agência Nacional de Águas (ANA) perderam em média 80% de sua cobertura florestal.
"Ainda estamos detalhando o estudo, mas já podemos perceber que uma das semelhanças entre os mananciais críticos em relação ao abastecimento de água é o desmatamento", explica o coordenador geral do Pacto e diretor para Mata Atlântica da Conservação Internacional, Beto Mesquita.
A pesquisa inclui as capitais do litoral do país, além de Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo, bem como cidades do interior paulista, como Sorocaba e Campinas.
Abastecimento de água da metrópole paulista está ameaçado


O papel da floresta
A floresta tem uma série de funções no ciclo hidrológico. Quando a chuva cai num terreno com cobertura vegetal, a água infiltra lentamente no solo, até atingir os lençóis freáticos. Aos poucos, ela aflora nas nascentes e enche os rios, até chegar às represas.
"A floresta quebra a energia da chuva, porque parte da água fica na cobertura das árvores e atinge o chão devagar. Além disso, o solo da mata é muito poroso, com matéria orgânica e raízes. Por isso, há mais espaço interno e maior capacidade de armazenamento", explica Mesquita. Ele aponta também que, por essa característica, o solo da floresta libera um fluxo de água mais constante, mesmo durante uma estiagem.
Malu Ribeiro ressalta que o desmatamento ao redor do Cantareira está prejudicando a oferta de água na região. "O sistema está localizado no fundo do vale do Rio Jaguari, que tem um conjunto de nascentes na Serra da Mantiqueira. O desmatamento no curso dos rios até o reservatório faz com que essas nascentes desapareçam e os cursos d'água não consigam se recuperar."
Enchentes e assoreamento
Onde não há floresta, a infiltração da chuva no terreno é mais difícil. Num solo de pastagem, por exemplo, a quantidade de água escoada é até 20 vezes maior que em área de vegetação, segundo o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), Philip Fearnside.
Por esse motivo, em período de muita precipitação, áreas desmatadas estão mais sujeitas a enchentes. A água escoa rapidamente e em quantidade, enchendo os rios e represas, muitas vezes de forma desastrosa. Neste processo, a água carrega consigo muito material orgânico, erodindo o terreno e assoreando os reservatórios.
"Esse é um problema grave no Brasil e principalmente no Sistema Cantareira, porque perdemos a capacidade de reservar água. Quando chove muito, o excedente acaba sendo jogado fora", argumenta Ribeiro.
Segundo Mesquita, por evitar o assoreamento, a floresta aumenta a vida útil do reservatório, além de prolongar o tempo de abastecimento durante uma seca.
Umidade e qualidade da água
Outra importante função da floresta é reter água da atmosfera. Na bacia do Rio Guandu, no estado do Rio de Janeiro, 30% da água é incorporada ao sistema por essa via, segundo estudo da Conservação Internacional. "Quando vêm a neblina e nuvens carregadas, quanto mais floresta tiver em regiões montanhosas, maior a retenção de água", diz Mesquita.
A floresta contribui para manter a umidade do ar, através da transpiração das plantas. "Cerca de 30% da água na atmosfera vêm das florestas. Num reservatório, se o ar está seco, isso também aumenta a evaporação na represa", alerta o presidente e pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos, José Galízia Tundisi.
A vegetação também participa no ciclo hidrológico, atuando como um filtro para manter a qualidade da água. "A floresta retém metal pesado em suas raízes e matéria em suspensão. Ela também filtra a atmosfera e diminui a quantidade de partículas que podem cair na água", afirma Tundisi.
Um levantamento deste ano da Fundação SOS Mata Atlântica em sete estados também comprova essa relação entre floresta e a qualidade da água. Dos 177 pontos avaliados, apenas 19 (11%), localizados em áreas protegidas e de matas ciliares preservadas, tiveram bons resultados.
Floresta amazônica também influencia regime de chuvas em São Paulo

    Desmatamento na Amazônia
Não é apenas a perda de floresta nos mananciais que pode ameaçar a oferta de água em São Paulo. O desmatamento na Amazônia também impacta negativamente a quantidade de chuva que chega ao sudeste.
Estudos revelam que até 70% da precipitação em São Paulo, na estação chuvosa, depende do vapor d'água amazônico. O meteorologista Pedro Silva Dias, da Universidade de São Paulo, também pesquisa o tema. "O desmatamento na Amazônia vem causando impacto, por exemplo, a produção de arroz no Brasil. Se houver um processo muito intenso de perda de floresta amazônica, as regiões sul e sudeste sofrerão um processo de desertificação", defende Ribeiro.
Philip Fearnside diz que esse desmatamento, em torno de 20%, não explica a seca atual em São Paulo. "Ainda tem 80% da floresta amazônica, isso não é suficiente para causar uma queda dramática na chuva de São Paulo de um ano para o outro", diz o pesquisador, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2007, com outros cientistas, por alertar contra os riscos do aquecimento global.
Fearnside ressalta, entretanto, que o impacto é gradual e progressivo. "Se continuar desmatando, como é o plano do governo com os projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), vai diminuir o fluxo de água para São Paulo, que já está no limite para o abastecimento. Cada árvore que cai, é menos água indo para lá."
Mentalidade do esgotamento
Para os especialistas, há uma mentalidade voltada para o esgotamento dos mananciais, que prejudica a gestão dos recursos hídricos no Brasil.
"É a falsa cultura da abundância, a ideia de que podemos esgotar os reservatórios, porque depois vem o período de chuvas e enche de novo. Só que há uma diminuição do volume de águas ao longo das décadas em vários reservatórios do sudeste. Em São Paulo, isso ocorre na bacia do Piracicaba e na bacia do sistema Cantareira", afirma Ribeiro.
José Galízia Tundisi chama esse pensamento de "aqueduto romano". Consiste em usar o reservatório até esgotar e depois buscar água limpa em uma região mais distante. "É o que São Paulo está fazendo. Em breve vai ter que pegar água no Paraná", afirma o pesquisador.
Os pesquisadores alertam que é muito difícil recuperar um manancial depois de exaurido. O solo fica pobre e seco, funcionando como uma esponja. "Quando chover, o terreno vai chupar grande volume de água, até que ele recomponha os aquíferos subterrâneos. Em alguns casos é até impossível reverter a degradação", diz Ribeiro.
Com a retirada do "volume morto" do Cantareira, especialistas temem pela recuperação do reservatório. A reserva, que nunca foi usada antes, será puxada por bombas, já que fica abaixo do ponto de captação da represa."Se usar todo o volume morto do Cantareira, vai levar anos para retornar ao que era antes", lamenta Tundisi.

24 de maio de 2013

Um manto para proteger a terra




Por Darci Bergmann


   Tanto o corpo humano, quanto o solo precisam ser protegidos dos agentes externos. No corpo humano é a pele que faz essa proteção. No solo são as forrações.  
   Qualquer pessoa sabe o quanto é dolorida uma esfolação. Além disso, essa área exposta está sujeita a infecções, se não for tratada adequadamente. Um solo desnudo, sem a cobertura de folhas e vegetais, também está sujeito a sofrer injúrias.
    Parece um coisa corriqueira, mas não é. Nós humanos muitas vezes nos esquecemos de que o solo também precisa de cuidados. E tudo começa em mantê-lo protegido. 
Região arenosa, formação Botucatu, no Rio Grande do Sul.
Áreas assim sofreram intenso pastoreio que debilitou a
cobertura vegetal. Também foram implantadas lavouras com
recursos do crédito rural. A intervenção humana agora
é no sentido de recuperar essas áreas. Haverá crédito rural
para reparar a ferida exposta?
   Alguns desertos, áreas degradadas e barrocas surgiram por falta de cobertura vegetal do solo. Essa cobertura, que alguns chamam de forração, pode ser um manto de palhas, folhas ou algo assim. Podem também ser plantas herbáceas, arbustivas e árvores. 

   O manto de folhas sobre o solo não é lixo

Isto é lixo


  Muitos humanos ainda não entendem todas as relações entre o solo e os seres vivos que nele vivem. Alguns supõem que folhas e flores caídas são lixo. Pátios desnudos, pomares varridos e lavouras sem cobertura vegetal verde ou palhosa estão sujeitos à degradação. As partículas de solo se desagregam e são carregadas pelas chuvas e pelos ventos.

Manejo incorreto de áreas arborizadas

   Em pomares domésticos ainda há quem faça a capina e a remoção das folhas que recobrem o solo. Em pouco tempo, a superfície dá sinais de desagregação das partículas. Depois, ocorre o arrastamento com as águas pluviais, deixando as raízes expostas. O material perdido acaba  nos bueiros, riachos e rios maiores - é o assoreamento.  
Evite as capinas sob as copas das árvores. As capinas danificam o sistema radicular, deixando as plantas mais vulneráveis ao ataque de pragas e doenças. Para controlar as ervas, faça as roçadas.
   

Os espaços verdes das áreas urbanas também precisam de manejo correto. Muitas dessas áreas são arborizadas e o solo é recoberto com gramíneas rasteiras, que se desenvolvem bem sob sol pleno. Com o tempo, a copada das árvores deixa o ambiente com menos passagem de luz solar. O gramado, então, já não cobre toda a superfície do terreno. As folhas são removidas, pois muitas pessoas as consideram 'lixo'. Inicia-se o processo de erosão do solo. 
Um dos argumentos para a remoção das folhas é que, nos períodos de estiagem, elas seriam focos de queimadas, devido às baganas acesas jogadas pelos fumantes.
Uma remediação possível, em casos assim, é o recobrimento das raízes expostas com um substrato rico em matéria orgânica e o plantio de espécies herbáceas de meia sombra.

A remoção constante das folhas deixa o solo exposto à
erosão.


 O solo de lavoura deve sempre ficar com algum tipo de cobertura
   O sistema de plantio direto, mantendo a cobertura com palha, ajuda a diminuir a erosão do solo. Mas é preciso que esta prática seja complementada com outras, como a rotação de culturas e melhoria das condições biológicas. 

A foto acima mostra plantio de soja em palha de linho. A
cobertura de solo é pouca. Nota-se, que o dessecamento
com o herbicida glifosato não eliminou a planta conhecida
como buva (Conyza bonariensis) que já apresenta
 resistência ao herbicida.

Outro exemplo de pouca cobertura do solo. Em casos assim,
uma das alternativas é o plantio de espécies melhoradoras do
solo e que produzem mais massa verde. 

As formações vegetais nativas constituem a melhor proteção ao solo e aos mananciais hídricos
A diversidade de espécies faz com que o sistema radicular de todas elas ocupe camadas diferentes do perfil do solo. E o aproveitamento da luz solar é máximo. As folhas, flores, frutos e ramos caídos formam um ambiente propício a muitos organismos que deles se alimentam e reciclam essa matéria orgânica, transformando-a em húmus. Disso também resulta a melhor infiltração das águas pluviais e a consequente recarga dos aquíferos.
Áreas de capoeiras evoluem para a floresta mais complexa. E o resultado será ainda melhor se os remanescentes florestais forem ligados uns aos outros, através dos chamados corredores ecológicos.
Os ecossistemas se fortalecem e se recuperam e isso faz bem para toda a cadeia produtiva. 
Nós humanos dependemos de todas as outras formas de vida.


Na foto acima uma situação complexa: A encosta com floresta
está conservada. Logo abaixo, a intervenção humana incorreta
 resultou em processo de degradação do solo. A recuperação
de uma área degradada é demorada e de alto custo.
Pastoreio excessivo causa degradação das pastagens e do solo

Quando um herbívoro se alimenta das ervas, ele reduz a quantidade de folhas que fazem a fotossíntese. Então é preciso um tempo mínimo para que as plantas se recuperem, o que depende das espécies e da época do ano. Nesse lapso de tempo, as reservas de nutrientes do pasto são mobilizadas. O pastoreio contínuo, com elevada carga animal, consome a brotação que ainda se recupera. A pastagem enfraquece e a massa verde já não cobre toda a superfície do solo. É o início da degradação. Em muitos países, os desertos começaram assim.



Taludes e canais de irrigação devem ser recobertos com vegetação natural ou material equivalente.


Obras públicas e privadas revelam o descuido com a proteção dos taludes. Queima-se combustível para transporte de material e aterramentos e, depois, nem sempre é feita a cobertura vegetal, o que fica por conta da natureza. Por ocasião das chuvas, esses materiais sofrem erosão, muitas vezes comprometendo a estrutura toda.

Os taludes no pontilhão acima, por falta de forração vegetal
adequada, mostram sinais de erosão. A terra é carreada para
o córrego, que fica assoreado. Nossos impostos se vão
águas abaixo. 


Conduto de água e estrada interna
de uma lavoura de arroz. O canal de irrigação tem seus taludes
com cobertura vegetal satisfatória.
A foto mostra outra lavoura. Aqui o lavoureiro cometeu
degradação intencional da vegetação ciliar ao longo do
córrego, usando herbicida dessecante. É uma área de preservação
permanente, nos termos do Código Florestal. Atitudes assim
não trazem nenhum benefício para o lavoureiro e ainda com-
prometem os mananciais hídricos.

  


  Forrações com plantas rasteiras

  Existem muitas opções de plantas rasteiras para cobertura do solo. Algumas aceitam pisoteio moderado a intenso, outras não. Mas todas elas protegem o solo de alguma maneira e ainda permitem a infiltração de boa parte da água das chuvas.  


O singônio (Syngonium podophyllum ) forra o solo
e sobe em árvores. É uma alternativa
para áreas de meia-sombra.

A maria-sem-vergonha (Impatiens walleriana) é uma das
opções para áreas de meia sombra.


O camarão-vermelho (Justicia brandegeana)
é boa opção para áreas abertas. A planta
 é bonita, rústica e atrai os beija-flores.


Plantas de vasos também precisam de forração




Nos jardins, as forrações com pedras são uma alternativa




Espaços rústicos
Alguns recantos, sombreados pelas árvores, são mais ecológicos quando forrados pelas folhas caídas. Elas evitam a desagregação do solo, conservando a umidade e permeabilidade. Em dias chuvosos, o manto de folhas evita o barreamento da superfície.  




Nem todo o revestimento é bom para o solo
O revestimento asfáltico impede a infiltração das águas
pluviais. As cidades crescem e os alagamentos se
tornam mais frequentes. As áreas verdes, como na
foto acima, em Porto Alegre-RS, são um contraponto
que ameniza um pouco as cidades cada vez mais quentes
e artificiais. 

A utilização maciça de materiais que impermeabilizam o solo se contrapõe às vantagens das forrações vegetais. Há ocasiões em que não se tem outra alternativa. É o caso de alguns tipos de taludes e revestimentos de grandes canais de irrigação. As cidades, por seus prédios e vias públicas, também impermeabilizam o solo. Por isso mesmo, já surgem movimentos para reduzir esses impactos ambientais. Passeios públicos já podem ser revestidos com materiais permeáveis. Parte dos passeios públicos também pode ser revestida de grama.
A utilização de pedras na pavimentação de ruas, ecologicamente é melhor do que o revestimento asfáltico. 

As áreas livres vegetadas atenuam os efeitos do calor e melhoram a infiltração das águas pluviais.

Algumas cidades já adotam o conceito de área livre vegetada nos lotes urbanos. Nelas, as legislações municipais estabelecem que uma quinta parte de cada lote seja destinada a espaços verdes - jardim, horta ou pomar. Nessa área livre vegetada não se permite revestir o solo com material impermeável, tipo piso cimentado. As áreas livres vegetadas atenuam os efeitos do calor e melhoram a infiltração das águas pluviais. As cidades se beneficiam com isso, diminuindo também os alagamentos



Revestimentos e caminhos permeáveis permitem oxigenação do solo e infiltração das águas pluviais



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Sobre desertificação: Meio Ambiente por Inteiro - O fenômeno da desertificação
Dia 17 de junho é o Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca. No Brasil, 11 estados possuem áreas suscetíveis à desertificação. Esse fenômeno ocorre a partir da degradação de terras secas por causa de variações climáticas e das ações humanas. A desertificação é a causa de diversos problemas políticos e socioeconômicos, como a pobreza, à segurança alimentar e as precárias condições de vidas das populações que vivem nestas regiões.
O programa Meio Ambiente por Inteiro é exibido pela TV Justiça.



FONTE

TV Justiça
Programa Meio Ambiente por Inteiro

Links referenciados

Meio Ambiente por Inteiro
www.tvjustica.jus.br/index/ver-detalhe-p
rograma/idPrograma/212912

TV Justiça
www.tvjustica.gov.br









4 de junho de 2010

A FLORESTA COMO PROTETORA DO SOLO

Foto Comentada*

Por Darci Bergmann

Muito já se falou sobre a importância das florestas nativas na manutenção do equilíbrio ecológico. Aqui o termo floresta pode significar uma vegetação arbustiva ou até mesmo uma capoeira precursora de formação florestal mais densa. Em termos de proteção do solo, essa cobertura vegetal é imprescindível em alguns casos. Não preservá-la pode resultar em perdas incalculáveis de solo que fica à mercê da erosão. No momento em que se discute a alteração do código florestal, seria importante que os políticos prestassem mais atenção aos recados da natureza. Alegam alguns que os proprietários rurais seriam prejudicados caso a legislação atual fosse cumprida na íntegra. E quando emerge a questão social há que se buscar alternativas. No entanto, o tema parece envolver outros aspectos que não os ambientais. Há um determinado setor da sociedade que não quer nenhuma limitação no seu afã de produzir, não importa se alimento ou qualquer outra cultura. Nesse ponto reside o conflito para aceitação do código florestal. Um produtor rural pauta a sua atividade buscando lucro como qualquer outro empreendimento. Agora, é incompreensível que isso se faça sem um mínimo de preocupação com a sustentabilidade. Tenho visto algumas pessoas - e políticos entre elas - que fazem um discurso eivado de asneiras, desviando o foco das discussões. Há poucos dias, li na revista do CREA/RS matéria de um colega, engenheiro agrônomo, preocupado com a posição das entidades ambientalistas, que a seu juízo, estariam sendo financiadas pelo capital estrangeiro. O intuito dessas ONGs seria desestabilizar a produção brasileira de alimentos. Esqueceu-se o ilustre colega de dizer que nem todos os produtores rurais são efetivamente produtores de alimentos. É o caso da produção de tabaco, entre outros. Quanto às ONGs, parece que estão preocupados com entidades tipo Greenpeace, cujas sedes mundiais estão fora do Brasil. Ora, se é por isso, basta ver onde ficam as sedes das empresas que produzem agrotóxicos e outros insumos de produção. O político Aldo Rebelo mandou e-mails em que acusa o Greenpeace de estar a serviço de interesses estrangeiros, pois a sede dessa ONG é na Holanda. Só falta dizer que algumas dessas organizações tem braço armado e podem dispor de armas nucleares.

O festival de besteiras desse tipo é para encobrir os aspectos torpes da chamada reforma do código florestal. A discussão deve ser de cunho ambiental, visando garantir a integridade do patrimônio natural brasileiro às futuras gerações. Ninguém é contra a produção de alimentos, até porque esses podem ser produzidos com menos impactos ambientais. Há que se ter uma boa legislação que garanta a sustentabilidade da produção primária. Dezenas de milhões de hectares de terras brasileiras já foram degradadas pela não observância do código florestal, que não é tão novo assim. A primeira versão é de 1934. O que mais ameaça a produção de alimentos é a produção só no afã de ter lucro sem a preocupação de conservar o patrimônio natural.

*A foto acima mostra claramente a importância da cobertura florestal em áreas de declive acentuado. A encosta protegida não apresenta sinais de erosão. Mais abaixo, o pastoreio excessivo mostra os seus efeitos com as vossorocas já em estágio avançado. É provável que antes da pecuária extensiva, esse solo arenoso tenha sido usado como lavoura. Milhões de hectares de terras brasileiras precisam da proteção das florestas nativas. Outros aspectos relevantes dessas matas referem-se à conservação dos mananciais de água, da biodiversidade e da retenção de CO² para citar alguns.