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21 de março de 2013

As árvores são bonitas por natureza

Uma gama de espécies de seres vivos se desenvolve
nos troncos e ramos de uma árvore. A maioria delas
não causa nenhum dano e ainda confere beleza.


A floração intensa da jabuticabeira
é um estado de arte da natureza.
Por Darci Bergmann 

   Não é de hoje. Há milênios que nós humanos alteramos os ambientes naturais, como se deles não fizéssemos parte. Esta reflexão me ocorre toda vez que eu observo o que acontece com as árvores das nossas cidades. Elas são desejadas por muitas pessoas, que apreciam a sombra, a quebra de monotonia e a estética. Para se desenvolverem, precisam enfrentar obstáculos impressionantes. São as redes elétricas, passeios públicos estreitos, solos compactos e impermeabilizados por concreto e asfalto, além de outras limitações. Quase sempre, são plantadas em covas de pequenas dimensões. As que sobrevivem precisam ser manejadas com podas para que seus ramos e folhas não atrapalhem os pedestres e condutores.
  Depois de crescidas, as árvores ainda precisam suportar outras interferências humanas, que nada tem a ver com as questões de segurança. O desenvolvimento natural, que já foi abalado pelo espaço exíguo, agora recebe uma carga de artifícios que prejudicam a sua identidade visual. Muitas são pintadas de branco, com altas concentrações de cal. Até tintas tóxicas de outras cores são utilizadas. Além da perda da beleza natural, essas pinturas podem lesionar os tecidos vivos das cascas. Também acabam com os líquens, musgos e outros seres vivos não parasitas.
   Como se isso não bastasse, de uns tempos para cá, outra mania se alastra. Pessoas desejosas de alterar a rotina e a paisagem das cidades recobrem os troncos das árvores com tecidos e enfeites coloridos. Alguns desses enfeites são de tricô e crochê, portanto caros. Essas expressões de arte até podem valer para embelezar postes de energia elétrica, mas em nada melhoram o visual das nossas árvores. Além do mais, essa cobertura artificial sobre os troncos mascara a textura natural de cada árvore e ainda impede que outros seres vivos ali sobrevivam.
    As árvores são bonitas por natureza.  Quanto menos interferirmos, melhor para elas e para nós também. 

Os líquens* formam belos desenhos
nos troncos das árvores sem prejudicá-las.
A pintura com cal e outras tintas prejudica
o visual e a saúde das árvores.

O tronco da árvore acima já
estava morto quando o artista
fez dele uma tela para sua pintura.

A caiação do tronco esconde a sua
beleza natural.
 O cal é um produto químico . Em altas
concentrações atinge os tecidos
vivos da casca.


A foto acima mostra 'decoração' em
tronco de árvore. Os líquens e outros
seres vivos inofensivos foram esquecidos?
Suporte e orelhão decorados. Aqui se
justifica a intervenção dos artistas vo-
luntários.



Fotos: As duas últimas fotos foram obtidas a partir do site www.lineaitalia.com.br

*Líquen é uma simbiose entre um fungo e uma alga.





3 de fevereiro de 2010

PINTURA DE MAU GOSTO


Por Darci Bergmann


Pintar o tronco das árvores com cal não é medida recomendável.
A cal provoca o ressecamento da casca e em algumas espécies pode levar à morte prematura da planta. Ao contrário do que pensam alguns, essa prática debilita o vegetal, prejudicando as suas defesas naturais. Para que ocorra o branqueamento, a concentração de cal é alta e nessas condições os danos acontecem.
Há outra questão envolvida que se refere à descaracterização da árvore. Cada espécie tem sua identidade e parte dela está no aspecto da casca. A caiação polui o visual e impede o desenvolvimento dos inofensivos líquenes que se fixam na casca. Literalmente parece que o tronco da árvore pintada com cal fica dividido em dois, ou seja, com duas caras.
Curiosamente, notei que no período em que ia ao ar uma novela da Rede Globo, com o nome Duas Caras, aumentou o número de árvores pintadas com cal na cidade de São Borja. O mesmo fenômeno foi notado em outras cidades.
Não sou muito afeito a novelas. No entanto, reparei que as cenas externas da novela Duas Caras foram filmadas em ruas onde as árvores estavam pintadas fortemente de branco. Tudo leva a crer que o cenário foi preparado, sem muita preocupação ambiental. E o resultado não poderia ser outro. A televisão tem grande influência sobre o comportamento das pessoas.
Comportamentos errôneos, ainda que não intencionais, podem atingir o grande público. Pintar árvores com cal é um tremendo mau gosto e uma atitude prejudicial às árvores, que já são obrigadas a viver em ambientes urbanos cada vez mais hostis. Os roteiristas de novela deveriam ter mais cuidados com o que veiculam. Num País cheio de leis ambientais, as práticas danosas ao meio ambiente e os maus exemplos influenciam as pessoas. Paradoxalmente, num programa da TV Globo, o Globo Rural, foi passada recomendação de não se pintar árvores com cal. O problema é que a audiência das novelas deve ser bem maior.



A foto à direita mostra uma cena inusitada: o tronco e parte dos ramos da árvore foram pintados de amarelo, a mesma cor do prédio e do muro.