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11 de outubro de 2011

As florestas, os políticos e o dragão


Foto: Darci Bergmann
Por Darci Bergmann

          No atual momento uma onda de protestos sacode os Estados Unidos. No centro da questão o desemprego, os monopólios, as desigualdades sociais e acima de tudo a frustração com a classe política. Há quem afirme que a democracia americana é apenas de fachada e que uma elite de privilegiados é que tem o poder de fato. 
          Lá já perceberam que a classe política, com raras exceções, tem comportamentos diferentes. Na busca do voto o discurso é um e depois das eleições a prática é outra. O que deveria ser um exercício de cidadania, com  mandatos eventuais, transforma-se em profissão e num jogo de vale-tudo.
No Brasil a situação é semelhante. Querem até que prefeito tenha 13º salário. Já houve tempo em que queriam que vereador tivesse aposentadoria. Tem deputado que diz representar os pequenos agricultores e lá na Câmara Federal faz o jogo dos grandes latifundiários desse País. Os votos dos pequenos elegem e o mandato é exercido no interesse dos grandes do agronegócio. 
Tal percepção vem à tona quando se analisa o que ocorre com a pretendida reforma do Código Florestal, agora em tramitação no Senado Federal. Em pesquisas de opinião, a maioria da população brasileira  manifestou seu interesse em manter a essência do Código Florestal. Em outras palavras, pela manutenção das áreas de preservação permanente e da Reserva Legal, nos termos da lei ainda em vigor. E também contra a anistia aos desmatadores, alguns deles ligados a políticos corruptos, entreguistas, verdadeiros sanguessugas do patrimônio natural. 
           Floresta preservada dá emprego, renda, produz alimento e assegura as condições para produzir de forma sustentável. Não faltam exemplos de boa convivência entre produção e preservação ambiental. 
Mas o que se pretende mesmo é escamotear a verdade, criando-se a falsa impressão de que os ambientalistas são contra os agricultores e vice-versa. Citam alguns políticos que a lei como está impede o aumento da produção de alimentos. A prática já demonstrou que o desmatamento desordenado, aliado às queimadas e ao cultivo predatório, degradou milhões de hectares de terras. E quem vai pagar essa conta? Querem anistiar os causadores de tudo isso? Não seria mais coerente que quem degradou recupere a fertilidade perdida? 
          Que futuro terá este País, quando o restante de suas florestas estiverem aniquiladas sem os seus serviços ambientais? Os mananciais de água desprotegidos e muitos deles sem condições de qualidade e quantidade? As ocupações de áreas de risco tanto para habitação como para o plantio? E ainda se pode citar a perda de biodiversidade, polinizadores e o permanente risco de novas pragas e doenças que proliferam mais em áreas degradadas. 
          Tenho receio de que, na ânsia de produzir mais alguns milhões de toneladas de grãos e de carne para exportação, as florestas, o solo e os mananciais de água sejam sacrificados mais do que já foram. Essas exportações geram uma riqueza aparente. Boa parte desse dinheiro que entra é transformado em consumo de supérfluos, verdadeiras geringonças que viram lixo e sucatas de toda a espécie. Um exemplo disso está em certas quinquilharias que vem lá da Ásia. Exportamos matéria-prima e importamos lixo para a falar a verdade, tal é a falta de qualidade de alguns produtos que aqui aportam. Querem um exemplo entre milhares talvez? Importamos componentes e acessórios de computador, "baratos", que duram três ou quatro semanas e daí vão para o lixo.      
          O dragão chinês já está aqui em busca de matéria-prima, desde grãos e carne até minérios. São várias empresas já estabelecidas com essa finalidade. Na época do "descobrimento" do Brasil, os colonizadores presenteavam os índios com espelhinhos e outras futilidades, em troca de ouro, madeira e terras. Agora o Brasil cede matérias-primas valiosas e compromete o seu patrimônio natural em troca de futilidades tidas como de alta tecnologia a preços módicos. Vai matéria prima barata e vem produto industrializado com valor agregado. E tem político que vê progresso nesse tipo de intercâmbio. Ainda bem que pessoas de visão mais ampla já articulam medidas de proteção aos interesses nacionais. Resta incluir as nossas florestas nessa proteção, antes que sejamos inundados com os "espelhinhos" da globalização. 
          A nós cidadãos cabe também expurgar os políticos corruptos, desde os municípios até os altos escalões do poder.  
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Saiba mais sobre os serviços ambientais das florestas e o Código Florestal. Acesse o link abaixo.  
Código Florestal: Os serviços ambientais da floresta
ONU alerta para risco de colapso de recursos naturais na América Latina

  

3 de outubro de 2010

Esbanjamento

Por Darci Bergmann

Hoje é um dia especial. Dia de escolher os governantes e legisladores do País. Mas como é difícil escolhe-los quando um dos critérios é a responsabilidade ambiental. No clarear do dia, fui dar uma espiada na rua em frente à minha casa e fiquei decepcionado com a cena: os passeios públicos, as sarjetas, as ruas enfim, estão repletas de papéis de propaganda eleitoral. São os famosos ¨santinhos¨. Alguns confeccionados em papel branco, outros em papel do tipo acetinado e muito poucos em papel reciclado. O simples fato de serem jogados aos milhares em vias públicas já é um esbanjamento inaceitável. Esse é o retrato fiel da maioria dos pretendentes a cargos eletivos no Brasil. As promessas de probidade no trato da coisa pública e do respeito às leis já é quebrado antes mesmo da posse de qualquer eleito. Ainda vamos levar um bom tempo até que tenhamos a maioria dos candidatos realmente comprometidos com a questão ambiental. É aquele velho ditado: o discurso é um e a prática é outra.
Penso que os candidatos poderiam planejar as suas campanhas com um enfoque voltado para o respeito à sustentabilidade ambiental e dentro de um conceito de não esbanjar recursos financeiros auferidos na campanha. Assim, estariam prestando um grande serviço ao Brasil e à humanidade. Mesmo os que não se elegessem participariam de uma cruzada cívica que seria também uma  aula de educação ambiental. Milhares de assesores de campanha estariam sendo educados num exercício de respeito à legislação. Isto é importante porque muitos deles depois ocuparão cargos nas esferas da administração pública ou nas casas legislativas.
Tem ainda a questão da poluição sonora. A maioria dos candidatos e seus seguidores não respeita a legislação pertinente. A barulheira é tanta que alguns eleitores  ficam irritados. Alguns deixam de votar nos candidatos que abusam com a propaganda barulhenta. Aos poucos a sociedade reage às condutas nada recomendáveis de políticos acostumados a mentir e a não respeitar a privacidade das pessoas.
Chegará o dia em que o eleitor será mais consciente. Então os políticos esbanjadores terão de arrumar  outros empregos, longe dos cofres públicos.