8 de julho de 2011

No Senado, especialistas defendem redução no uso de agrotóxicos

O aumento da produção agrícola brasileira, com redução do uso de agrotóxicos, exige substituição do modelo de produção adotado no país. Já existem tecnologias para produzir alimentos de forma mais ecológica, mas é preciso incentivo estatal para adotá-las. Essas afirmações são do pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), Marcelo Augusto Boechat Morandi, que atua na unidade de Meio Ambiente da entidade. O pesquisador participou ontem (07/07/11) de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado Federal.

Em curto prazo, disse Morandi, os produtores terão bons resultados com o aperfeiçoamento de práticas já adotadas com o modelo tradicional. O monitoramento integrado de pragas e doenças, o aperfeiçoamento da tecnologia de aplicação de defensivos, a capacitação de técnicos e produtores e a restrição de produtos altamente tóxicos, sugeriu, podem contribuir para a redução do consumo de agrotóxicos.

Marcelo Morandi recomendou ainda a integração e substituição de insumos agrícolas e práticas convencionais por práticas mais sustentáveis. Como exemplo ele sugeriu plantio direto de culturas, fixação biológica de nitrogênio e a integração de lavoura, floresta e pecuária (ILPF). Numa etapa posterior, acrescentou, poderá ser adotado sistema produtivo que funcione em processos ecológicos. Zoneamento adequado para cultivo de cultura certa no lugar e época corretos, com valorização dos ecossistemas, bem como atualização da grade de formação dos profissionais agrários com visão ecológica, são medidas a serem adotadas em longo prazo, sugeriu.

O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente defendeu ainda a recuperação do sistema da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) para oferecer assistência técnica a produtores, tarefa que a Embrapa não teria capacidade de realizar.

Na avaliação do representante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida!, Vicente Eduardo Soares de Almeida, que também é pesquisador da Embrapa Hortaliças, o Brasil possui tecnologia para, em dez anos, produzir frutas, verduras e legumes de forma ecológica. Em sua avaliação, são necessárias políticas públicas com estratégias para fazer a transição agroecológica, que contemple preocupação com a saúde e com o meio ambiente.

CONTROLE

Para o representante da Agência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa), Luiz Carlos Meireles, o controle do uso de agrotóxicos depende de melhor coordenação das ações entre os órgãos do governo e de melhor regulação da área, bem como a admissão de mais profissionais e pesquisadores por meio de concurso público. Ele informou que são 80 técnicos com formação em toxicologia para responder a todas as demandas relacionadas a agrotóxicos no país.

Luiz Meireles recomendou ainda a substituição de agrotóxicos mais perigosos por outros mais seguros e o monitoramento da qualidade dos produtos, serviços e resíduos tóxicos em alimentos, água potável e solo. "Em sã consciência, ninguém quer consumir moléculas que causam câncer ou má formação em fetos. O estado quer minimizar os problemas e avançar para moléculas menos tóxicas", garantiu o representante da Anvisa.

CONSUMO

O aumento do consumo de agrotóxicos no Brasil é explicado pelo aumento da produção agrícola, disse o diretor executivo daAssociação Nacional de Defesa Vegetal (Andef), Eduardo Daher. Ele afirmou que a produção do país vai aumentar nos próximos anos e, com isso, crescerá também o consumo de agrotóxicos. Para ele, o clima tropical do Brasil favorece à produção agrícola, mas, ao mesmo tempo, à proliferação de pragas.

Em sua avaliação, não é necessário aumentar a área plantada do país. Daher informou que são 65,38 milhões de hectares destinados à agricultura que, se bem aproveitados, poderão aumentar a produção agrícola. Segundo ele, a integração lavoura-pecuária pode aumentar em 50% a área plantada, sem a necessidade de destruir florestas.

SENADORES PEDEM APOIO DOS AGRICULTORES

Apesar de admitirem a necessidade de uso de agrotóxicos para produzir alimentos em grande escala no Brasil, os senadores que participaram ontem (07/07/11) de audiência pública na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária defenderam a redução gradual da utilização dessas substâncias.

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), um dos autores do requerimento para a audiência que debateu o tema, ressaltou que a sustentabilidade e a saúde dos brasileiros devem ser prioridade. Ele informou que os agrotóxicos podem causar intoxicação, má formação fetal, cânceres e distúrbios neurológicos, entre outros danos ao ser humano. O meio ambiente também é prejudicado com a contaminação da cadeia alimentar, da água, do solo e do ar, observou o senador.

Valadares informou que o Brasil recebe e utiliza produtos que são proibidos em outros países. Como exemplo, ele citou o Edosulfan, banido em 45 países e ainda em uso no Brasil até 2013, conforme recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. "Estamos consumindo o lixo que os outros países recusam" disse Valadares.

O senador Blairo Maggi (PR-MT), que é produtor agropecuário, afirmou ter interesse em adotar um modelo mais ecológico de produção em razão dos benefícios à saúde e menores custos. Porém, segundo ele, ainda não é possível produzir alimentos em grande escala sem utilizar agrotóxicos.

O senador elogiou as pesquisas Embrapa e disse estar disposto a adotar novos modelos desde que provados eficientes. Para o senador, a mudança da produção convencional por tecnologias mais ecológicas é um processo gradual de substituição das alternativas adotadas.

"Não tem como o Brasil defender a balança comercial e garantir alimentos para o mundo sem o uso de agrotóxicos. Parece que fazemos uso porque queremos poluir. Entre o desejo de não usar e a necessidade de produzir há uma diferença grande" observou Maggi.

Também o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) assegurou que os produtores adotariam defensivos agrícolas orgânicos se fosse garantida a produção. Ele afirmou que a agricultura brasileira está em franca expansão, o que exige melhor controle e fiscalização por parte do governo. Ele considerou insuficiente o número de profissionais técnicos em atuação e sugeriu concurso público para reforçar o quadro.

"É inadmissível que haja apenas 80 técnicos para controlar a agricultura brasileira. Cada vez mais, o Brasil vai produzir e precisa ter gente pra controlar" disse Moka.

FONTE

Agência Senado
Iara Farias Borges - Jornalista

2 de julho de 2011

Itaqui, o Portal do Rio Grande

Mercado Público: uma obra rica em detalhes e que precisa de restauração. O imponente portal de acesso retrata uma época de esplendor. Foto: Darci Bergmann, 26/06//2011 
Por Darci Bergmann
Theatro Prezewodowski, um dos muitos marcos culturais
    A cidade de Itaqui, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, tem um invejável patrimônio arquitetônico. As construções em vários estilos retratam diversos períodos da sua história. Esse rico acervo torna a cidade uma importante fonte de estudos e tem grande potencial turístico. Essa opinião é compartilhada por moradores da cidade, que almejam a restauração e a preservação desse manancial.
Yuri Oliveira, de boné: "é preciso preservar este acervo arquitetônico"
Construções em vários estilos. As pedras tem a ver com o nome da cidade

Matéria-prima usada para as famosas cercas de pedra, as rochas tipicas da região também foram utilizadas na construção de moradias e pavimentação de vias públicas.Mais bonitas que o corriqueiro asfalto, as ruas revestidas de pedra ainda permitem a infiltração de parte das águas pluviais e aquecem menos nos dias quentes de verão. Essas pedras grandes, irregulares, são mais um atrativo que dá charme à bela cidade.



Reminicências
Minha curiosidade sobre Itaqui é antiga. Antes mesmo de conhecer a cidade,  eu já ouvira falar sobre a sua riqueza arquitetônica. Em 1963, eu ingressei na Escola Agrícola Celeste Gobatto, em Palmeira das Missões. Ali conheci o professor Arilo Marques, itaquiense nato, que enaltecia as belezas e a história da sua terra natal. Arilo falava das ruas pavimentadas de pedra, dos passeios largos, dos prédios em vários estilos e descrevia também a zona rural, com os seus campos repletos de bovinos e ovinos. Falava da natureza rica em espécies animais e pela primeira vez ouvi falar na região de São Donato. Ali, cortada pela BR 472, situa-se a hoje Reserva Biológica de São Donato, criada em 12 de março de 1975, pelo decreto estadual nº23.798. Arilo Marques, já naquela época, mostrava preocupação com o acervo histórico-cultural e até ambiental de Itaqui e região. 
Entre 1966 e 1969 estudei na Escola Técnica de Agricultura, a ETA, em Viamão. Ali conheci outros itaquienses e "fronteiriços" como eram designados os pampeanos. Da ETA fui cursar Agronomia em Santa Maria. Nessa época conheci várias cidades na Fronteira Oeste: Alegrete, Uruguaiana, Rosário do Sul, Santana do Livramento, Bagé na Campanha. Eu, que nascera em Lajeado, no Vale do Taquari, morara no Extremo-Oeste de Santa Catarina, na região dos pinhais de Cunha Porã e no vale junto ao Rio Uruguai, em Mondaí, tive então oportunidade de conhecer a metade sul do Rio Grande do Sul, região integrante do Bioma Pampa. 
Em 1974, formado engenheiro-agrônomo pela UFSM, fixei residência em São Borja. Nesse mesmo ano conheci Itaqui. Gostei da cidade e da sua gente. E dei razão ao meu mestre Arilo Marques. Havia uma rica história, um "theatro" imponente, um mercado público único no seu estilo, prédios antigos e ricos em detalhes, as pedras marca registrada da cidade. E havia o campo com as suas planuras, com algumas coxllhas sobressaindo aqui e ali. E as várzeas entrecortadas por rios sinuosos e protegidos pelas matas de galeria.Num dia de sol aberto sobrevoei esta parte do Bioma Pampa. Era um cenário paradisíaco. Do alto pude ver bandos de capivaras e o veado-campeiro ainda em razoável número, às vezes misturado ao gado bovino. As lavouras de arroz já ocupavam parte dessa planície, desde São Borja, até Uruguaiana. Ao longo da BR 472, ainda em construção, percebi uma área em especial, com matas, banhado e o entorno de campos nativos ainda relativamente preservados. Ali era o São Donato, a meio caminho entre São Borja e Itaqui. O cenário era tal como descrevera Arilo Marques. Era tanta riqueza, que era preciso ter cuidado em preservar pelo menos parte dela. Isto incluía o acervo histórico da cidade em si e de parcela representativa da paisagem do Bioma Pampa. E o banhado do São Donato reunia as condições para ser uma dessas reservas, antes que o chamado e muitas vezes transitório "progresso" provocasse estragos profundos nessa paisagem.
A campanha pela preservação da Reserva Biológica de São Donato
Criada a reserva, ela ficou no papel por muitos anos. As lavouras avançaram no seu entorno e uma draga do DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas fez drenagem parcial da área. Nesse tempo, desde a sua criação, então como filiado à AGAPAN, juntamente com pessoas da região, lutei pela implantação definitiva da Reserva. Foram feitos manifestos, abaixo-assinados e até o José Antônio Lutzenberger, renomado ambientalista, se envolveu na campanha. Em 03 de outubro de 1997, a juíza Rosmari Girardi, da Comarca de Itaqui, acolhendo pleito da Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural - ASPAN, exarou sentença condenando o Estado do Rio Grande do Sul a implantar em definitivo a REBIO São Donato. 
O itaquiense Arilo Marques tinha razão: algo deveria ser feito para preservar uma parte da paisagem, da flora e fauna da região de Itaqui.
     Nunca imaginei que um dia eu seria um dos protagonistas dessa história, na questão ambiental. 
     








 
                                                                             

                                                                       


       

20 de junho de 2011

Consumidores menos preocupados com o meio ambiente

RIO DE JANEIRO, 20 de junho de 2011 (Tierramérica).- Apesar da crescente informação a respeito disponível, diminuiu nos últimos anos a disposição dos brasileiros para adotar hábitos de consumo conscientes, revelou uma pesquisa da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro.

Um estudo, realizado em 2007, mostrava que 65% dos entrevistados consideravam a preservação ambiental em seus atos de consumo. Em 2011, essa proporção caiu para 57%. Os que não consomem produtos orgânicos também diminuíram de 27% para 20% no mesmo período.

“Os produtos ecológicos são mais caros, a pesquisa mostra a relação entre poder de compra e consumo consciente. Nas classes A e B (as mais ricas), 39% consomem produtos ecologicamente corretos, nas classes C e D essa porcentagem cai para 25% e 19%, respectivamente”, disse ao Terramérica o superintendente de Economia e Pesquisa da Federação, João Carlos Gomes.

O governo precisa atuar com incentivos tributários para mudar essa situação, propôs.



*Fonte: Inter Press Service.
Tierramerica
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As carnes estão cada vez mais aditivadas.
Veja a matéria abaixo:

Venenos ocultos em carnes mexicanas
Por Emilio Godoy

Remédios e aditivos alimentares utilizados na avicultura industrial e na pecuária produzem carne bovina, de frango e de porco tóxicas ou contaminadas.

CIDADE DO MÉXICO, México, 20 de junho de 2011 (Tierramérica).- O sistema industrial de criação de animais está novamente em xeque no México, após os últimos escândalos pelo uso do anabolizante clembuterol e um medicamento para aves. O clembuterol é um descongestionante e broncodilatador, indicado para doenças respiratórias, que também tem a propriedade de aumentar o tecido muscular, e por isto é usado na engorda de aves e gado bovino e suíno. Estados Unidos e Grã-Bretanha proibiram seu uso humano por causa de seus efeitos sobre coração e pulmões.

No México, “foi gerada uma cultura de uso dessas substâncias. Os que trabalham na engorda querem rendimentos rápidos e somente com o uso de forragem não conseguem ótimos rendimentos. E os açougueiros não compram a carne se ela não tiver clembuterol”, disse ao Terramérica o pecuarista Cosme Amaro, no Estado de Veracruz. O medicamento é aplicado durante três ou quatro meses desde que o novilho completa sete meses de idade. Acumula nos tecidos, sobretudo no fígado dos animais, incluindo porcos e frangos.

A ingestão de carne com clembuterol pode ultrapassar as doses médicas habituais para humanos, entre 40 e 60 miligramas (mg) diários, mas sem superar os 150 mg, segundo o Comitê Misto de Especialistas em Aditivos Alimentares, da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação e da Organização Mundial da Saúde. E, por ser um anabolizante, é uma substância proibida para os desportistas. Na Copa Ouro 2011 da Concaf (Confederação de Associações de Futebol da América do Norte, América Central e do Caribe), o primeiro exame antidoping de cinco jogadores mexicanos indicou a presença do anabolizante, supostamente por ingestão de carne contaminada neste país.

“As substâncias conhecidas como beta-agonistas adrenérgicos, entre elas o clembuterol, continuam sendo usadas de forma clandestina, irresponsável e sem ética na alimentação animal, principalmente bovinos de corte, mas não se sabe com exatidão a magnitude de seu uso”, disse ao Terramérica o diretor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Autônoma do Estado do México, Ignácio Domínguez.

Embora melhore o rendimento e a qualidade dos animais, o clembuterol tem potencial tóxico, concluíram Domínguez e outros cinco pesquisadores no estudo “Os Beta-Agonistas Adrenérgicos como Modificadores Metabólicos e seu Efeito na Produção, Qualidade e Inocuidade da Carne de Bovinos e Ovinos: uma Revisão”, publicado na edição de novembro 2009-fevereiro 2010 da revista Ciencia ergo sum.

No México é proibida a produção, venda e utilização na alimentação de animais de 15 substâncias, entre elas o clembuterol. O Ministério da Agricultura autoriza a aplicação do cloridrato de zilpaterol em bovinos, suínos e ovinos, pois é menos potente e tem menor risco de acumular nos tecidos. O clembuterol ganhou notoriedade em 2002 no Estado de Jalisco, quando apareceram mais de cem pessoas doentes por comerem fígado de boi. Desde então, e até 2010, foram contabilizados 807 casos.

Em vista disso, a Secretaria de Saúde estadual determinou um alerta sanitário, que, no entanto, foi suspenso em 31 de maio deste ano, aparentemente pela proximidade dos Jogos Pan-Americanos, que acontecerão em outubro em Guadalajara, capital do Estado, pois não houve um desaparecimento efetivo de casos. O governo e a indústria garantem que a carne é boa, mas a evidência científica e as intervenções sanitárias os desmentem. Desde 2004, foram registradas dezenas de intoxicações em vários Estados do país.

A operação da indústria avícola é semelhante. “O arsênico encontrado no esterco de galinhas poedeiras provém do uso de sais arsenicais no alimento para frango para o controle da coccidiose”, doença parasitária que causa atraso no crescimento e mortalidade entre as aves, diz a pesquisa “Origem e Destino do Arsênico em uma Exploração de Gado de Corte”. A produção avícola gera abundantes dejetos que depois são usados como fertilizantes ou como alimento do gado. Estes podem contaminar o subsolo e eventualmente a água. O arsênico, que também tem origem em fontes minerais, é muito tóxico, cancerígeno e pode provocar dermatite e bronquite.

“A presença de arsênico no sangue dos bovinos é indicativo da exposição, em nosso caso, a fontes como o excremento de galinha com que se alimenta o gado, os sais minerais e a água”, concluiu o estudo que examinou amostras de rebanho, e foi apresentado por René Rosiles, acadêmico da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Nacional Autônoma do México, no XXVIII Congresso da Associação Mexicana de Médicos Veterinários Especialistas em Bovinos, em 2004.

No dia 8 de junho, a companhia farmacêutica norte-americana Pfizer anunciou que retiraria do mercado norte-americano o medicamento 3-Nitro, também conhecido como roxarsone, arsênico orgânico administrado aos frangos para combater a coccidiose. A decisão foi tomada porque a agência norte-americana de controle de alimentos e medicamentos (FDA) encontrou, este ano, traços de arsênico em pedaços de frango à venda em alguns estabelecimentos. Contudo, ele continua permitido em outros 14 países, entre eles o México e mais cinco latino-americanos. A União Europeia proibiu esse composto em 1999.

“O uso ocorre por caminhos legítimos e clandestinos”, afirmou Amaro, dono de um rebanho de 80 cabeças. O estudo de Rosiles conclui que “a contribuição do arsênico em quantidades relativamente pequenas, ao unir-se com o resto das fontes, faz com que finalmente a exposição do gado seja grave”. Para Domínguez, fala-se em “não contar e aplicar um programa de rastreamento desde a unidade de produção até o consumidor final, na cadeia de produção, transformação e comercialização, para que tenhamos uma inocuidade alimentar da carne”.
* * O autor é correspondente da IPS.

18 de junho de 2011

O Charme das pequenas cidades




Por Darci Bergmann


   Sempre me encantei com as pequenas cidades. Elas parecem transmitir uma sensação de paz, segurança e tranqüilidade. Longe do burburinho infernal dos grandes centros urbanos a vida parece fluir de um jeito mais natural. A gente tem mais tempo para todas as coisas do dia a dia, as pessoas se conhecem e o ambiente bucólico e quase sempre romântico da maioria das pequenas cidades me aproxima mais da natureza. Até porque numa simples caminhada a gente percorre toda a área urbana e atinge a zona rural. Cidade e campo se misturam. Ao contrário das grandes metrópoles, cujos horizontes não tem encantos naturais e sim aqueles intermináveis corredores repletos de veículos barulhentos e ladeados por prédios. Prédios e mais prédios e gente correndo com pressa e com medo.
   A maioria das pessoas mora nas cidades. Muitas nas grandes cidades. Atraídas que foram porque se dizia ali existirem mais recursos para saúde, educação e até lazer. Como mariposas, foram atraídas pelas luzes das ribaltas. Luzes que ofuscam e que por isso mesmo escondem a triste realidade dos grandes centros urbanos. Muitas dessas pessoas gostariam de voltar às suas querências, quando se deparam com o engano. Nem todas conseguem. Outras pessoas, gerações inteiras até, nasceram nas grandes urbes e já não tem mais percepção do meio natural. Adaptaram-se ao burburinho, ao movimento e à vida apressada e competitiva. Para essas, o contato com a natureza é uma praça, algum parque, algumas árvores nas ruas e cada vez menos um pátio arborizado. Eu disse contato com a natureza. Na verdade fragmentos da natureza. Árvores nas ruas são vistas como conflito à rede elétrica, ao trânsito, à fachada das lojas. Os parques e praças estão cheios de badulaques a que chamam de mobiliário urbano, quando não atulhados de lixo, chicletes e cocô de cachorro de madame. Aquelas madames orgulhosas, perfumadas, algumas de silhuetas instingantes e que levam os seus bichinhos mais enfeitados do que árvore de natal ao passeio no campo, isto é, no gramado da praça.
  Em algumas pequenas cidades e onde ainda existem áreas naturais preservadas no seu entorno, a diversidade de vida é maior. Nunca se está só. Ali existem mais espécies de plantas, aves e de quebra algum bicho diferente na mata próxima. Cãozinho de estimação também existe, mas ainda não contagiado demais por essa mania consumista de transformar cachorro em modelo de passarela.
  Cidade pequena, quase um vilarejo. Tomara que não cresça. Tomara que não perca o seu encanto. Tomara que não seja vítima dos especuladores e dos demagogos ansiosos por transformá-la em fonte de lucros, sob o falso manto do progresso.  
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Veja a matéria a seguir


MUNDO 17.06.2011

 


Chineses surpreendem austríacos ao copiar vilarejo tombado pela Unesco

 

Reconhecido como patrimônio da humanidade pela Unesco, o vilarejo austríaco de Hallstatt ganhará uma cópia na província de Guangdong, na China. Descoberta por acaso, a notícia abalou a pequena comunidade.

 
A igreja evangélica, o hotel Grüner Baum, a praça do mercado e até mesmo um lago como os da pequena Hallstatt, na Áustria, poderão em breve ser visitados na província de Guangdong, no sul da China. A construção da réplica do vilarejo com pouco mais de 800 habitantes, reconhecido como patrimônio da humanidade pela Unesco, foi descoberta por acaso pelo prefeito Alexander Scheutz.
Após a descoberta, em maio, a empresa imobiliária chinesa responsável pelo projeto manifestou-se e propôs uma parceria entre as duas Hallstatt, além de uma visita informativa. Alguns dias atrás, o prefeito descobriu que a construção da Hallstatt asiática já está praticamente concluída. "Esse procedimento não nos agrada de maneira alguma", disse Scheutz, apesar de reconhecer que a cópia chinesa poderá incrementar o turismo na versão original.
O pequeno e belo vilarejo de Hallstatt, na Áustria, que os chineses copiaramO pequeno e belo vilarejo de Hallstatt, na Áustria, que os chineses copiaram








Apesar de reclamar da forma de agir dos chineses, o prefeito vê a réplica como um motivo de orgulho para os moradores locais, por demonstrar a popularidade da localidade austríaca na China. "Na verdade, é uma ótima propaganda para a nossa comunidade. Muitos vão querer ver a Hallstatt original", declarou ao jornal Oberösterreichische Nachrichten.
Já a proprietária do hotel Grüner Baum, Monika Wenger, disse que, aparentemente, arquitetos chineses passaram os últimos anos fotografando e desenhando prédios de Hallstatt. Para ela, esse procedimento deixa uma sensação de roubo. Para Klaus Kohout, responsável estadual pela conservação do patrimônio histórico, Hallstatt é única e irreproduzível. "Por isso ela é patrimônio da humanidade. Não se pode copiar Hallstatt. A cópia nunca alcançará o original", disse ao jornal.
Sob o ponto de vista legal, a princípio, não há problema em fotografar e reproduzir construções, apenas medições exigiriam a concordância do proprietário, explicou Hans-Jörg Kaiser, do Icomos Áustria, o conselho nacional patrimonial, uma sub-organização da Unesco. Mas ele questionou os limites do turismo. "Nunca se conseguirá reproduzir a paisagem natural e os moradores que fazem um patrimônio da humanidade ser o que é", opinou a outro jornal austríaco, o Der Standard.
O município chinês onde uma parte de Halstatt será reproduzida chama-se Boluo e tem 820 mil habitantes, cerca de mil vezes mais que a comunidade original. As construções replicadas serão utilizadas como residências, hotéis e lojas.
No inverno, a paisagem fica ainda mais bonita em HallstattNo inverno, a paisagem fica ainda mais bonita em Hallstatt

LF/dpa/ots
Revisão: Alexandre Schossler

13 de junho de 2011

Maioria da população é contra “novo” Código Florestal

Por Nathália Clark
13 de Junho de 2011
Nova pesquisa do Instituto Datafolha, realizada entre os dias 3 e 7 de junho, revela que a maioria da população (85%) discorda do texto sobre a reforma do Código Florestal aprovada na Câmara dos Deputados no dia 24 de maio. A pedido de organizações ambientalistas, foram entrevistadas 1.286 pessoas maiores de 16 anos, moradoras do campo e das cidades, para avaliar o conhecimento e a opinião dos brasileiros sobre os temas abordados na proposta de Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que agora será apreciada pelo Senado Federal.

A pesquisa revela que, em geral, a opinião pública tem forte preocupação pela conservação das florestas. A maioria dos entrevistados discorda do texto aprovado pelos deputados por ampla vantagem de votos (410 contra 63). De acordo com o instituto, o resultado constatado foi relativamente homogêneo entre as diferentes regiões e classes de renda, com diferenças pouco expressivas.

Veja quem votou a favor e quem votou contra o Código Florestal na Câmara dos Deputados

A porcentagem dos brasileiros que discordam da proposta varia entre 77% (a favor do adiamento do debate para ouvir a ciência) e 95% (que não aceitam manter as ocupações em Área de Preservação Permanente). Para 85%, a legislação deve priorizar, acima de tudo, a proteção das florestas e dos rios, ainda que isso prejudique a produção agropecuária.

No caso da ocupação das Áreas de Preservação Permanente (encostas, topos de morro, várzeas, etc.), 66% defendem que apenas as culturas que fixam o solo devem ser mantidas, e 25% são a favor de retirar todos os cultivos das APPs. Somente 7% dos brasileiros apoiaram a proposta aprovada pelos deputados, de manter todos os tipos de cultivos. Sobre a Reserva Legal, 77% se declararam contra a dispensa da reposição da floresta; com 21% que a admitem.

Contra a anistia


fonte: Datafolha


Com relação ao polêmico ponto da anistia a desmatadores, 79% dos entrevistados se declaram contra perdoar penalidades e multas (apenas 19% alegaram aceitar a possibilidade). Meros 5% escolheram a opção de perdoar sem repor a floresta, objeto da proposta votada pela Câmara.

Uma significativa parcela de 84% afirma que não votaria em deputados que tenham votado a favor do perdão de desmatamento ilegal. Quanto ao esperado veto presidencial, no caso de o Senado validar a proposta da Câmara, 79% declararam apoio a Dilma.

Para os ambientalistas, a rejeição no resultado é conseqüência da campanha extremada das lideranças ruralistas, e representa a atitude que os senadores agora têm de tomar: ouvir a voz do povo. Para Márcio Santilli, do Instituto Socioambiental (ISA), “se a presidente Dilma ainda tinha alguma dúvida, agora sabe que conta com o apoio de quatro em cada cinco brasileiros”.

A expressiva cobertura e divulgação na mídia sobre a votação fez com que quase dois terços da população (62%) declarassem ter tomado conhecimento da votação, embora a parcela que se declara bem informada seja modesta, o que reflete a complexidade do tema.

Trata-se de uma pesquisa com abrangência nacional, incluindo áreas urbanas e rurais. A solicitação foi feita pelas organizações Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), ISA, SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Leia também
  • Dilma dá mais prazo para regularização ambiental
  • Novo código pode representar mais desmatamento, diz IPEA
  • Começam preparativos para a Rio+20
  • Fonte: O Eco
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    Mais sobre o tema:

    AGRICULTURA EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO É REJEITADA POR 95% DOS BRASILEIROS

    Pesquisa aponta que brasileiros apoiam a proteção das florestas e rios 
Créditos: Globo News
    Pesquisa sobre a reforma do Código Florestal feita pelo Datafolha com 1.286 pessoas aponta que 95% dos entrevistados não aceitam manter plantações e a pecuária existentes hoje em Áreas de Preservação Permanente (APPs), como encostas íngremes, topos de morro e margens de rios. O estudo para medir o que a população pensa sobre o projeto do novo Código Florestal - aprovado na Câmara dos Deputados em maio de 2011 -, foi encomendado por seis ONGs ambientalistas: Amigos da Terra - Amazônia BrasileiraImafloraImazonInstituto SocioambientalFundação SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil.

    Segundo a pesquisa, 77% das pessoas avaliam que o Senado Federal deveria parar para ouvir os cientistas antes de votar a questão. E 20% consideram que o Código deveria ser votado imediatamente para resolver o problema das multas. Os produtores que desmataram tiveram a cobrança das multas adiada até que o projeto seja votado.

    No levantamento, 79% dos entrevistados apoiam o eventual veto da presidente Dilma Rousseff, caso o Senado Federal aprove a mesma proposta aceita pela Câmara dos Deputados. A presidente já afirmou ser contra a anistia para quem desmatou - o projeto prevê o perdão para quem cortou a mata até julho de 2008.

    Um total de 45% dizem que devem ser perdoados apenas aqueles que concordarem em repor a vegetação desmatada. E 48% avaliam que quem desmatou deve ser punido de qualquer forma para dar exemplo para as gerações futuras. Apenas 5% dos ouvidos consideram que todos devem ser perdoados, sem necessidade de repor a vegetação, pois o fizeram para produzir.

    PARA SABER MAIS

    Confira abaixo o resumo e os resultados da pesquisa Datafolha:

    01. A pesquisa visa avaliar o conhecimento e a opinião da população sobre os temas abordados na proposta conhecida como "novo Código Florestal" e votada pelaCâmara dos Deputados no final de maio. O questionário foi realizado e aplicado pela Datafolha, por solicitação de Amigos da Terra - Amazônia BrasileiraImaflora,ImazonInstituto SocioambientalFundação SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil.

    02. Foi realizada pesquisa quantitativa, com abordagem pessoal dos entrevistados, mediante questionário estruturado com cerca de 10 minutos de aplicação. A checagem foi simultânea à coleta de dados e cobriu cerca de 20% do material de cada pesquisador. Trata-se de uma pesquisa com abrangência nacional, incluindo áreas urbanas e rurais, e o universo pesquisado foi de pessoas com 16 anos ou mais, com telefone fixo. O levantamento foi realizado entre os dias 3 e 7 de junho de 2011. Foram realizadas 1.286 entrevistas. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%.

    03. O resultado é relativamente homogêneo entre as diferentes regiões e classes de renda (com diferenças pouco expressivas) e ainda mais homogêneo quando se considere a área urbana versus a rural. Neste caso, a diferença está quase sempre dentro da margem de erro, apontando para uma opinião bastante consistente entre campo e cidade.

    04. O fato que houve expressiva cobertura midiática sobre a recente votação na Câmara dos Deputados fez com que quase dois terços da população declarem ter tomado conhecimento da votação, embora a parcela que se declara bem informada seja modesta, o que reflete a complexidade do tema.

    05. Em geral, a pesquisa revela uma opinião pública com forte preocupação pela conservação das florestas, até mesmo quando esta é colocada como eventual fator limitante da produção agropecuária; dependendo das perguntas, a porcentagem dos brasileiros que discordam da proposta votada na Câmara dos Deputados varia entre 77% (a favor do adiamento do debate para ouvir a ciência) e 95% (que não aceitam perdoar desmatamento ilegal sem recuperação).

    06. Na pergunta básica e introdutiva, na qual se coloca a alternativa entre dar prioridade para a proteção das florestas (mesmo que isso limite a produção agropecuária) ou para produção (mesmo que limite a proteção das florestas), a primeira alternativa recebe 85% e a segunda, 10%, com 5% de "não sei".

    07. No caso do perdão do desmatamento ilegal, foram realizadas perguntas diferentes. Quando se oferecem três opções qualificadas, com uma intermediária, é possível observar como a primeira escolha da população seja em prol da mais rigorosa, isto é a de punir em qualquer caso para dar o exemplo, escolhida por 48% dos entrevistados; em seguida vem a opção intermediária (a de punir só quem se recusa a repor a floresta) com 45%, enquanto a opção de perdoar sem repor a floresta, objeto da proposta votada pela Câmara dos Deputados, atinge meros 5%. Quando se apresentam apenas duas opções, 79% se declaram em geral contra perdoar penalidades e multas (com 19% que aceitam esta possibilidade) e 77% se declaram contra a dispensa da reposição da floresta (com 21% que a admitem).

    08. Já no caso da ocupação das Áreas de Preservação Permanente (encostas, topos de morro, várzeas, etc.), prevalece a opção intermediária, ou seja, a de manter apenas cultivos que segurem o solo e não gerem riscos de acidentes, com 66%, seguida da opção de remover todos os cultivos, com 25%, enquanto aquela de manter todos os cultivos - conforme proposta aprovada pela Câmara dos Deputados - é apoiada por apenas 7% da população.

    09. A opinião geral sobre o tema é confirmada quando se passa a considerar as implicações políticas: 79% apoiam o eventual veto da presidente, no caso em que o Senado validasse a proposta da Câmara. Trata-se de uma parcela muito superior àquela que aprova em geral a atuação da presidente, que foi de 47% na mais recente pesquisa Datafolha, em março. Uma parcela ainda maior, atingindo 84%, afirma que não votaria em deputados e senadores que tenham votado a favor do perdão de desmatamento ilegal.

    10. Uma parcela levemente inferior, atingindo 77%, apoia a proposta da comunidade dos cientistas para adiar a votação no Senado, de forma a ter mais embasamento técnico-científico na nova legislação, enquanto 20% consideram que seria melhor votar imediatamente, de qualquer forma.

    Assista aqui reportagem da Globo News sobre a pesquisa.

    Veja aqui a tabela completa das bancadas, deputados e voto de cada um (arquivo PDF).

    FONTES

    G1

    WWF-Brasil

    Links referenciados

    Fundação SOS Mata Atlântica
    www.sosmatatlantica.org.br
    Senado Federal
    www.senado.gov.br
    Câmara dos Deputados
    www.camara.gov.br
    Amigos da Terra - Amazônia Brasileira
    www.amigosdaterra.org.br
    Datafolha
    datafolha.folha.uol.com.br
    Imaflora
    www.imaflora.org
    Imazon
    www.imazon.org.br
    Instituto Socioambiental
    www.socioambiental.org
    WWF-Brasil
    www.wwf.org.br
    G1
    g1.globo.com
    Assista aqui
    g1.globo.com/videos/globo-news/jornal-das-dez/v/pesquisa-mostra-a-percepcao-dos-brasileiros-sobre-o-codigo-florestal/1533294/
    Veja aqui
    www.socioambiental.org/banco_imagens/pdfs/codigo_-_tabela_ECO_-_deputados_e_votos.pdf