15 de maio de 2010

CLOMAZONE: PESQUISAS CONFIRMAM DENÚNCIAS DA ASPAN

Foto: Darci Bergmann*

                                                                                                                                  Por Darci Bergmann
Repercutiu no Brasil e no exterior a denúncia da mortandade de árvores na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. Milhares de árvores e arbustos viraram esqueletos devido à ação das derivas de herbicidas. No ano dedicado à Biodiversidade é bom lembrar que a espécie humana também está sendo afetada.

Entre os grandes vilões, a ASPAN denunciou ao MPF o Clomazone, mais conhecido aqui pelo nome comercial Gamit, da multinacional FMC Química do Brasil Ltda. É certo que outros herbicidas também podem afetar o meio ambiente, especialmente com derivas devido ao uso da aviação agrícola. É o caso do glifosato que tem causado injúrias em culturas nas imediações de lavouras de soja transgênica e de áreas dessecadas para posterior plantio. Mas o clomazone não é seguro para nenhum tipo de equipamento e não há condição meteorológica favorável.

O Clomazone é extremamente volátil, mas permanece no ambiente por mais tempo conforme as pesquisas já comprovaram. Ele contamina água, solo, ar e atinge plantas e animais.

SUSPEITAS SE CONFIRMAM – Os estudos das empresas registrantes de herbicidas à base de Clomazone, apresentados às autoridades, foram no mínimo incompletos. Pesquisas à campo em lavoura de arroz irrigado onde produtos comerciais foram aplicados via aérea, mostraram Clomazone na água dos condutos de irrigação até 115 dias após a aplicação.

Outras pesquisas mostram a ação de clomazone interferindo nos sistemas enzimáticos dos peixes, sendo algumas alterações irreversíveis. Isto ficou demonstrado quando os peixes que estavam em água contaminada por clomazone foram depois colocados em água isenta do produto. Algumas alterações metabólicas não voltaram ao estado normal.

No Estado do RS, o produto é usado nas lavouras de arroz irrigado e no cultivo do fumo. Agora com a possibilidade de plantio de mais de 800 mil hectares de cana-de-açúcar, o seu uso e os conseqüentes malefícios à saúde e ao meio ambiente poderão aumentar.

USO ILEGAL DO CLOMAZONE – As doses recomendadas pelos órgãos oficiais estão sendo adulteradas para mais. Portanto a situação é muito mais grave ainda. Uma dos artifícios dessa fraude é o sistema de tratar a semente de arroz com produtos que conferem à cultura maior tolerância ao clomazone. Até painéis com essa prática ilegal foram colocados em pontos estratégicos em São Borja e depois retirados quando a ASPAN denunciou o fato. Ficaram as fotos e a certeza de que na prática o uso abusivo continua.

*A foto mostra uma cena comum na região: cinamomos com folhas albinas devido às injúrias provocadas pelo herbicida Clomazone. O branqueamento das folhas é o sintoma inicial, evoluindo depois para a necrose e podendo ocorrer a morte da planta. O local da foto é o Bairro Paraboi, em São Borja, o que evidencia que as derivas estão atingindo a população da cidade.

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