As perspectivas futuras sugerem que uma verdadeira revolução nos processos de produção agrícola terá que acontecer. Se por um lado o modelo produtivista, oriundo da revolução verde, tem mostrado seus limites, principalmente no que diz respeito ao uso insustentável de recursos naturais e nos impactos negativos que causam ao meio ambiente, por outro, estima-se que a população mundial deverá chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050, aumentando assim a demanda por alimentos, fibras, madeiras e, junte-se a essa lista: biocombustíveis.
Esse aumento na demanda será ainda maior do que uma simples progressão do aumento populacional, já que uma substancial melhora na qualidade de vida das populações menos favorecidas é esperada. Essa melhora na qualidade de vida terá que passar, inevitavelmente, por um maior uso per capta de produtos provenientes da agricultura.
A solução que por milênios foi adotada para contornar o problema do aumento da demanda por produtos agropecuários -- o desmatamento e a expansão agrícola -- simplesmente não é mais possível. Quase não há mais reservas de áreas agricultáveis e, desta, a grande maioria se encontra localizada na América do Sul e, portanto, distante do local onde a demanda será mais expressiva: na Ásia. Além disso, os níveis atuais de desmatamento já têm sido associados a importantes mudanças que ameaçam tanto a própria produção agrícola (aumento de pragas, redução da polinização em consequência da diminuição de abelhas, erosão do solo, etc.), quanto à perda da biodiversidade e as mudanças climáticas globais com suas consequências nefastas.
O desafio então se apresenta de forma clara: como atender as demandas em produtos agropecuários de uma população maior e com melhor qualidade de vida, de forma sustentável, sem aumentar a superfície cultivada e com menor disponibilidade de água e de energia fóssil? Para responder a esse desafio, uma nova proposta de modelo de produção surgiu na França no final desta primeira década do século 21 -- Os Sistemas de Produção Ecologicamente Intensivos e de alto valor ambiental. A intensificação ecológica significa conceber uma agricultura produtiva, econômica em insumos externos e menos nociva ao meio ambiente.
Neste modelo busca-se criar condições para que os mecanismos naturais dos ecossistemas sejam intensificados em vez de se subsidiar diretamente a produção com insumos. Isso significa, segundo o caso, eliminar ou reduzir as arações e gradagens e dessa forma otimizar o funcionamento do solo; usar plantas de cobertura e assim favorecer o desenvolvimento de minhocas e fixar o carbono; praticar o pousio melhorado para maximizar o período de fotossíntese, a produção de biomassa e a fixação biológica do nitrogênio ou, ainda, praticar ao máximo a luta biológica de pragas e doenças e conservar a biodiversidade.
Esse modelo não exclui o uso de fertilizantes nem de pesticidas, nem descarta os organismos geneticamente modificados, mas estes são praticados de forma muito mais racional, apenas em complemento às melhores práticas agroecológicas a fim de garantir ganhos na qualidade ambiental sem comprometer a lucratividade.
Uma agricultura ecologicamente intensiva e de alto valor ambiental supõe um manejo das técnicas agrícolas e da organização espacial muito mais complexa do que aquelas utilizadas hoje, aplicando-se aos mais diferentes níveis de manejo do agroecossistema - do talhão à bacia hidrográfica.
Assim, essa forma de agricultura é intensiva não somente ao nível das funcionalidades ecológicas, mas necessita também uma forte intensificação dos conhecimentos e uma visão holística do processo produtivo, além de uma gestão integrada dos diferentes usuários dos ecossistemas. Aí está, sem dúvidas, uma grande e necessária evolução.
AUTORIA
Inácio de Barros, Carlos Roberto Martins, Fernando Luis Dultra Cintra
Pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Aracaju (SE)
www.cpatc.embrapa.br
Fernando Luis Dultra Cintra
lattes.cnpq.br/0245808078353797
Inácio de Barros
lattes.cnpq.br/4277074339786476
Esse aumento na demanda será ainda maior do que uma simples progressão do aumento populacional, já que uma substancial melhora na qualidade de vida das populações menos favorecidas é esperada. Essa melhora na qualidade de vida terá que passar, inevitavelmente, por um maior uso per capta de produtos provenientes da agricultura.
A solução que por milênios foi adotada para contornar o problema do aumento da demanda por produtos agropecuários -- o desmatamento e a expansão agrícola -- simplesmente não é mais possível. Quase não há mais reservas de áreas agricultáveis e, desta, a grande maioria se encontra localizada na América do Sul e, portanto, distante do local onde a demanda será mais expressiva: na Ásia. Além disso, os níveis atuais de desmatamento já têm sido associados a importantes mudanças que ameaçam tanto a própria produção agrícola (aumento de pragas, redução da polinização em consequência da diminuição de abelhas, erosão do solo, etc.), quanto à perda da biodiversidade e as mudanças climáticas globais com suas consequências nefastas.
O desafio então se apresenta de forma clara: como atender as demandas em produtos agropecuários de uma população maior e com melhor qualidade de vida, de forma sustentável, sem aumentar a superfície cultivada e com menor disponibilidade de água e de energia fóssil? Para responder a esse desafio, uma nova proposta de modelo de produção surgiu na França no final desta primeira década do século 21 -- Os Sistemas de Produção Ecologicamente Intensivos e de alto valor ambiental. A intensificação ecológica significa conceber uma agricultura produtiva, econômica em insumos externos e menos nociva ao meio ambiente.
Neste modelo busca-se criar condições para que os mecanismos naturais dos ecossistemas sejam intensificados em vez de se subsidiar diretamente a produção com insumos. Isso significa, segundo o caso, eliminar ou reduzir as arações e gradagens e dessa forma otimizar o funcionamento do solo; usar plantas de cobertura e assim favorecer o desenvolvimento de minhocas e fixar o carbono; praticar o pousio melhorado para maximizar o período de fotossíntese, a produção de biomassa e a fixação biológica do nitrogênio ou, ainda, praticar ao máximo a luta biológica de pragas e doenças e conservar a biodiversidade.
Esse modelo não exclui o uso de fertilizantes nem de pesticidas, nem descarta os organismos geneticamente modificados, mas estes são praticados de forma muito mais racional, apenas em complemento às melhores práticas agroecológicas a fim de garantir ganhos na qualidade ambiental sem comprometer a lucratividade.
Uma agricultura ecologicamente intensiva e de alto valor ambiental supõe um manejo das técnicas agrícolas e da organização espacial muito mais complexa do que aquelas utilizadas hoje, aplicando-se aos mais diferentes níveis de manejo do agroecossistema - do talhão à bacia hidrográfica.
Assim, essa forma de agricultura é intensiva não somente ao nível das funcionalidades ecológicas, mas necessita também uma forte intensificação dos conhecimentos e uma visão holística do processo produtivo, além de uma gestão integrada dos diferentes usuários dos ecossistemas. Aí está, sem dúvidas, uma grande e necessária evolução.
AUTORIA
Inácio de Barros, Carlos Roberto Martins, Fernando Luis Dultra Cintra
Pesquisadores da Embrapa Tabuleiros Costeiros
Aracaju (SE)
Links referenciados
Embrapa Tabuleiros Costeiroswww.cpatc.embrapa.br
Fernando Luis Dultra Cintra
lattes.cnpq.br/0245808078353797
Inácio de Barros
lattes.cnpq.br/4277074339786476
Fonte acessada: AGROSOFT
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