13 de agosto de 2010

A mensagem da borboleta



Por Darci Bergmann

Hoje, treze de agosto, uma sexta-feira. Acordei por volta das seis horas da manhã. Ainda na cama fiz uma respiração profunda e um alongamento da coluna. Em seguida uma mentalização rápida e o meu habitual agradecimento ao Criador pelo dom da Vida. Depois ainda acrescentei alguns pensamentos positivos, para que o dia fosse maravilhoso não só para mim mas para toda a humanidade. Lá fora estava escuro e o frio era intenso. Antes da higiene pessoal fiz mais um agradecimento por ainda estar com razoável disposição e até para me proteger dessa onda de pessimismo que assola o Planeta. Às sete horas, dia clareando, já estava em meio ao meu viveiro de mudas de espécies florestais nativas e exóticas. Estava fazendo a irrigação e algum reparo cultural nas plantas. Nessa época do ano vicejam junto às mudas algumas espécies competidoras de inverno. Em dias frios não aparecem muitos insetos, a não ser alguns pulgões e cochonilhas. As plantas então diminuem o metabolismo e não se tornam muito atraentes aos insetos.

Já quase ao final da rotina de irrigação fui surpreendido pelo adejar de uma borboleta. Sim, alegremente surpreendido. A tal ponto que fotografei aquela borboleta numa alegria quase infantil. Eram por volta das nove horas. E iniciei o meu expediente na minha micro-empresa com uma sensação de gratidão pela Natureza. E tinha motivos de sobra. Ela nos surpreende a todo o momento. Parece não ter lógica nenhuma. Desafia a metodologia científica e ainda nos enche de mistérios mesmo nas coisas que aparentam ser tão simples e corriqueiras. Essa borboleta única saiu do casulo em pleno rigor do inverno e justamente se apresentou numa sexta-feira, treze de agosto. Eu entendi aquilo como uma mensagem positiva. Talvez um recado da Natureza que clama por mais atenção da espécie humana. E talvez como um incentivo para que a minha luta não esmorecesse.

Quando aqui me estabeleci, há mais de 25 anos, eram poucas as árvores. Hoje é um pulmão verde com direito até a um auditório vivo. Aqui milhares de crianças e adolescentes já vivenciaram experiências em meio a um ambiente mais natural do que uma sala de aula comum. Às vezes tenho me queixado do cansaço em manter essa área como um refúgio natural, acrescido de um viveiro de mudas. Mas sempre encontro forças para continuar a luta. E o que mais me fascina é quando a Natureza  abre a sua caixinha de surpresas, como ocorreu hoje. Em outras ocasiões foram espécies de aves que aqui apareceram e até uma bugia se aquerenciou por bom tempo. A bugia depois caiu nas graças de um macho nas proximidades da cidade e hoje faz parte do seu harém. 

Voltando ao dia de hoje. Pela manhã, recebi várias pessoas de diferentes atividades e no meio delas jovens proprietários de terras motivados para a arborização. Pela tarde mais pessoas se mostraram interessadas em plantar mudas especialmente de espécies nativas. Um movimento inusitado, acima do normal. Seria isto sinal de que os tempos estão mudando? Jovens que em outros tempos não demonstravam muito interesse pelas coisas da Natureza, mais preocupados que eram em curtir um som alto em carros reluzentes. Tudo isso foi um sinal de esperança para mim. Nem tudo está perdido. Posso até discordar de algum maluco que anda por aí arrebentando a sua saúde para chamar atenção. Mas vislumbro que há luz no fim do túnel. Os jovens   certamente terão outro olhar sobre a Natureza. De mais respeito e admiração. E nós ambientalistas veteranos talvez tenhamos ajudado para isso.

Quis compartilhar com todos os meus leitores essa experiência gratificante de hoje. A mensagem da borboleta foi uma dádiva. Façamos uma grande corrente pela salvação do nosso Planeta. Não existem dias bons ou ruins. Ao acordar, pela manhã, agradeça a Deus pela Vida e pela Natureza e as borboletas mensageiras de boas novas certamente estarão adejando perto de voce. Que Deus abençoe a todos nós

                


12 de agosto de 2010

Beba água da torneira!

Faça isso em defesa da sua saúde, do seu bolso e do planeta

 Por Emanuel Cancella*

As multinacionais de bebidas fizeram a cabeça de grande parte do planeta. Com uma campanha milionária, venderam a idéia de que a água da torneira não presta. Nos comerciais, tentam nos encantar. Rios e córregos límpidos são exibidos como origem da água engarrafada. ? A água mineral é mais saudável? dizem os donos das grandes empresas de refrigerantes, as mesmas que mercantilizam agora a nossa água.

O filme The Story of Bottled Water (A história da água engarrafada) , postado no youtube no endereço http://www.youtube.%20com/watch? v=KdVIsEUXIUM, traz revelações chocantes sobre a construção da falsa necessidade de consumir água mineral. Na produção, a apresentadora Annie Leonard, informa que um terço da água engarrafada dos EUA vem da torneira. A Aquafina Pepsi e Dasani Coca-cola são duas entre muitas marcas que usam água da torneira.

Nada é mais caro do que a água mineral. Um litro de água engarrafada custa mais caro que um litro de gasolina. A água industrializada custa aproximadamente de 2.000 vezes mais que a água da torneira. E ainda tem o fator ambiental. Milhões de garrafas são utilizadas para comercializar a água. Sabe para onde vão essas embalagens depois de consumidas? Cerca de 80% será jogada em aterros sanitários, onde essas embalagens ficarão por milhares de anos. Só os norte-americanos, segundo o curta A história da água engarrafada, compram mais de meio bilhão de garrafas de água toda semana, quantidade suficiente para dar mais de cinco voltas ao redor do mundo.

 Até hoje, em minha casa só utilizávamos água mineral. Vou conversar com a família e, já adianto, de minha parte já vou trazer meu filtro de barro de volta e enchê-lo com água da torneira. E você vai fazer o quê?

 *Emanuel Cancella é diretor do Sindipetro-RJ


11 de agosto de 2010

OUTROS RISCOS DA ENERGIA NUCLEAR

Por Darci Bergmann
Como se não bastassem os diversos acidentes já ocorridos com reatores nucleares, tem-se agora uma nova situação com outras ameaças radioativas na Rússia. O acidente na usina nuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, espalhou material radioativo para o território russo. Agora, com o intenso calor e muitos incêndios algumas dessas áreas contaminadas poderão espalhar para outras regiões as partículas radioativas.

Esse fato mostra o quanto é preocupante o uso da energia atômica de fissão nuclear.  Nunca se tem segurança plena com essa tecnologia. Os defensores dessa modalidade de energia argumentam uma série de vantagens e vem dizendo que os reatores atuais são muito mais seguros que os de algumas décadas atrás. Esse discurso seduziu muitos líderes e até alguns ambientalistas. No artigo Pesadelo Nuclear coloquei a minha percepção sobre o tema depois de muitas leituras. Não esqueço também de um debate que teve a participação de José Antônio Lutzenberger, contrário à instalação de usinas nucleares.

Abaixo transcrevo matéria divulgada pela Deutsche Welle e que mostra que ainda não termninou o pesadelo do acidente nuclear de Chernobyl

Rússia admite que fogo chegou a regiões de contaminação radioativa

Chamas chegam à área contaminada

Fogo na Rússia atinge área de contaminação radioativa. O temor é que as chamas liberem partículas radioativas assentadas nas florestas de Bryansk, após a catástrofe de Chernobil, há quase 25 anos.

Autoridades russas confirmaram nesta quarta-feira (11/08) que o fogo atingiu uma área do país contaminada com radioatividade. Os incêndios florestais que castigam a Rússia há semanas chegaram a Bryansk, região na fronteira com a Ucrânia que sofreu contaminação em decorrência da explosão do reator de Chernobil, em 1986.

Desde e a última sexta-feira (06), fontes oficiais contabilizaram 28 focos de incêndio nas proximidades de Bryansk, num total de 269 hectares de área queimada. A região é tida como uma das mais perigosas do planeta, devido à exposição radioativa sofrida há quase 25 anos.

O fogo também atingiu outras regiões contaminadas, como a área próxima a Chelyabinsk, na região Ural, que também abriga diversas instalações nucleares.

"Há mapas em que é possível ver a contaminação radioativa e outros mapas em que é possível ver os incêndios. Quando colocamos um sobre o outro fica claro para todos que as áreas contaminadas estão em chamas", informou a Agência Florestal Federal da Rússia.

Risco de contaminação

O governo russo havia negado, previamente, que o fogo estivesse consumindo as zonas afetadas pela radioatividade. A organização ambientalista Greenpeace, no entanto, denunciou a situação e acusou o governo de manter a população desinformada sobre o risco iminente.

O ministro russo de Prevenção de Catástrofes, Sergei Schoigu, já havia demonstrado preocupação: "Se houver incêndio nessa região, não serão liberados apenas materiais poluentes comuns, mas também partículas radioativas. Isso pode criar uma nova zona contaminada. Por isso nós reforçamos a nossa presença na região. Entre outros meios, contamos também com um grupo de robôs-bombeiros."

                                                   Região de fronteira contaminada por Chernobyl

Região de fronteira contaminada por ChernobilNikolai Schmatkov, da WWF, diz que o risco é imenso: "As partículas radiativas ficam por um longo período na floresta. Elas se instalam, principalmente, na madeira morta e seca, em galhos quebrados, na turfa ou nas folhas dos pinheiros acumulados no chão. Todo esse material é altamente inflamável."

Segundo o ambientalista, material radioativo como o Césio 137 pode ser liberado com a fumaça. "Quando a floresta começa a queimar, as nuvens e a poeira podem conter partículas radioativas, atingir as camadas superiores da atmosfera e atingir grandes distâncias. Fuligem e cinzas podem alcançar também povoações, e por isso são um grande perigo", esclarece Schmatkow.

Prejuízo econômico

A onde de calor na Rússia pode provocar também perdas econômicas estimadas entre 5 e 12 bilhões de euros e, ainda, comprometer a modesta recuperação econômica do país. A cifra foi calculada com base em perdas na agricultura, indústria e no setor de serviços, sem contar as doenças e mortes.

Várias fábricas suspenderam a produção durante a onda de calor para poupar os trabalhadores das altas temperaturas. A fumaça que tomou conta de Moscou também esvaziou o comércio da capital russa.

Antes de os termômetros atingirem marcas recordes neste ano, a previsão de crescimento da economia russa era de 4% em 2010. Alexander Morozov, economista-chefe para a Rússia e Comunidade dos Estados Independentes (CEI) do banco HSBC em Moscou, afirmou esperar que os prejuízos gerados pela onda de calor – que provocou a maior seca dos últimos 130 anos e incêndios – correspondam a 1% do Produto Interno Bruto da Rússia.

Batalha contra o fogo

Os bombeiros continuam tentando controlar o fogo que ainda consome uma área equivalente a cerca de 92 mil campos de futebol na Rússia. Na última terça-feira, o fogo atingia uma área de 174 mil hectares, mas nesta quarta-feira a área total de incêndios diminuiu pela metade, embora exista ainda centenas de focos de incêndio. Devido às chamas, 54 pessoas morreram no país.

NP/afp/dpa/dw

Revisão: Carlos Albuquerque



10 de agosto de 2010

Aumento das temperaturas pode prejudicar rizicultura

10/08/2010 - Autor: Fernanda B. Müller - Fonte: CarbonoBrasil


Um novo estudo publicado na última edição do periódico Proceedings of the National Academy of Sciences e desenvolvido com dados reais de vários pontos de produção de arroz na Ásia, indica que o aumento das temperaturas pode prejudicar a produtividade.

Para minimizar o problema, que pode resultar em uma crise global no setor alimentício, os agricultores teriam que adaptar as práticas de manejo das culturas de arroz e passar a plantar variedades mais tolerantes ao calor.

O grupo de cientistas, liderado por Jarrod Welch da Universidade da Califórnia, descobriu que a produtividade do arroz cai com o aumento contínuo das temperaturas no período noturno.

“Com poucas exceções, grande parte dos estudos estatísticos sobre a temperatura e a produtividade do arroz focaram nos impactos das médias diárias da temperatura”, explicam os pesquisadores que utilizaram dados do período 1994-1999.

O estudo demonstra que o aumento das temperaturas ao longo dos últimos 25 anos já reduziu a taxa de crescimento da produtividade entre 10-20% em vários locais

9 de agosto de 2010

Cientistas procuram 100 espécies de anfíbios “perdidos”

Washington, DC, 09 de agosto de 2010 —

Foto: Rã incubadora: as fêmeas engoliam os ovos fertilizados e os chocavam no estômago. Davam à luz a girinos pela boca.



Equipes de cientistas ao redor do mundo começaram uma busca inédita na esperança de redescobrir 100 espécies de anfíbios “perdidos”. São animais considerados potencialmente extintos, mas que podem existir em alguns poucos lugares remotos, anunciaram hoje a Conservação Internacional e o Grupo de Especialistas em Anfíbios da União Mundial para a Conservação da Natureza (IUCN, da sigla em inglês).

A procura, que já começou em 14 países nos cinco continentes, é o primeiro esforço coordenado já realizado para encontrar um número tão grande de criaturas “perdidas” e ocorre em um momento em que as populações mundiais de anfíbios sofrem um declínio dramático – com mais de 30% de todas as espécies ameaçadas de extinção. Duas das expedições de busca ocorrerão no Brasil (ver informações ao final do texto).

Muitos dos anfíbios que estão sendo procurados não são vistos há várias décadas. Os cientistas estão procurando entender a recente crise de extinção dos anfíbios, por isso é vital conhecer se as populações sobreviveram ou não. Os anfíbios provêem muitos serviços importantes para o equilíbrio do meio ambiente e também para a qualidade de vida humana, como o controle de insetos que espalham doenças e destroem plantações agrícolas e a manutenção de sistemas aquáticos saudáveis. A pele desses animais contém componentes químicos fundamentais para a criação de medicamentos que podem salvar vidas, incluindo um analgésico 200 vezes mais potente do que a morfina.

“Os anfíbios são particularmente sensíveis às mudanças no meio ambiente, por isso são geralmente um indicador do dano que tem sido causado aos ecossistemas,” explica Robin Moore da Conservação Internacional, que organizou a busca para o Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN. “Esse papel de ‘anunciador da crise’ significa que as alterações rápidas e profundas que têm ocorrido no meio ambiente nos últimos 50 anos– particularmente a mudança climática e a perda de habitat – têm tido um impacto devastador nessas criaturas. Organizamos esta procura por espécies ‘perdidas’ que acreditamos terem conseguido sobreviver para obtermos respostas e para saber o que permitiu a algumas pequenas populações de certas espécies sobreviverem quando o resto de sua espécie desapareceu”, esclarece Moore.

Os problemas que os anfíbios enfrentam como resultado de perda de habitat têm sido bastante potencializados por um fungo patogênico que causa quitridiomicose, uma doença que devastou populações inteiras de anfíbios e, em alguns casos, já é responsável até mesmo pela extinção de espécies.

Dentre as 100 espécies selecionadas para a busca, Moore e sua equipe fizeram uma lista das “10 principais” espécies cuja redescoberta seria ‘mais emocionante’ para os pesquisadores. “Embora reconheçamos que é muito difícil atribuir importância e priorizar uma espécie em detrimento da outra, criamos a lista das 10 principais porque acreditamos que estes animais em particular têm um valor científico ou estético especial”, pontua.

As 10 principais espécies são:

1. Sapo dourado, Incilius periglenes, Costa Rica. Visto pela última vez em 1989. Talvez o mais famoso anfíbio perdido. Passou de abundante a extinto em pouco mais de um ano no final dos anos 1980.

2. Rã “incubadora”, Austrália (a rã não tem nome comum em português). Duas espécies – Rheobatrachus vitellinus e R. silus, vistas pela última vez em 1985. (Tinha uma forma singular de reprodução: as fêmeas engoliam os ovos fertilizados e os chocavam no estômago. Davam à luz a girinos pela boca.)

3. O sapo da mesopotâmia, Rhinella rostrata, Colômbia. Visto pela última vez em 1914. Tem forma fascinante, com uma cabeça distinta em formato de pirâmide.

4. Salamandra Bolitoglossa jacksoni, Guatemala. Vista pela última vez em 1975. Uma impressionante salamandra preta e amarela – uma das únicas duas espécies conhecidas, acredita-se que foi roubada de um laboratório na Califórnia em meados dos anos 1970.

5. O sapo africano Callixalus pictus (sem nome comum em português), República Democrática do Congo/Ruanda. Visto pela última vez em 1950. Muito pouco se sabe sobre esse animal.

6. Sapo do Rio Pescado, Atelopus balios, Equador. Visto pela última vez em abril de 1995. Pode muito bem ter sido dizimado pelo fungo quitridiomicose.

7. Salamandra Hynobius turkestanicus (sem nome comum em português), Quirguistão, Tadjiquistão ou Uzbequistão. Vista pela última vez em 1909. Conhecida pelos únicos dois espécimes coletados em 1909 em algum lugar “entre Pamir e Samarcanda”

8. Sapo arlequim; Atelopus sorianoi, Venezuela. Visto pela última vez em 1990. Encontrado em um único riacho em uma floresta isolada do país.

9. Rã sem teto, Discoglossus nigriventer, Israel. Vista pela última vez em 1955. Um único adulto coletado em 1955 representa o último registro confirmado da espécie. Esforços para drenar pântanos na Síria para erradicar a malária podem ter sido responsáveis pelo desaparecimento da espécie.

10. Sapo Ansonia latidisca (sem nome comum em português), Bornéu (Indonésia e Malásia): Visto pela última vez nos anos 1950. O aumento da sedimentação nos riachos após o desflorestamento pode ter contribuído para o declínio.

Para Claude Gascon, co-presidente do Grupo de Especialistas em Anfíbios da IUCN e Vice-Presidente Executivo da Conservação Internacional, a iniciativa é pioneira e de extrema importância, não apenas devido às ameaças que os anfíbios enfrentam e nossa necessidade de entender melhor o que tem ocorrido com eles, mas também porque representa uma oportunidade incrível para os cientistas de redescobrir espécies há muito tempo perdidas. “A busca por esses animais perdidos pode render informações vitais em nossas tentativas de parar a crise da extinção dos anfíbios e ajudar a humanidade a entender melhor o impacto que temos no planeta”, avalia.

Expedições no Brasil

Crossodactylus grandis (sem nome popular)- Visto pela última vez na década de 1960. A pesquisa, liderada por Taran Grant, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, acontecerá em cidades de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro de 18 a31 de setembro.. A espécie foi descrita a partir de Brejo da Lapa, Itamonte (Minas Gerais).

Cycloramphus valae (rãzinha-das-pedras) - Vista pela última vez em 1982. Liderada por Patrick Colombo, doutorando da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, a pesquisa acontecerá entre 20 a 30 de setembro. A espécie é conhecida em quatro localidades da Mata Atlântica nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Para acompanhar a busca pelos anfíbios perdidos, acesse: www.conservation.org/lostfrogs

6 de agosto de 2010

Justiça proíbe glifosato em cidade argentina. Casos de câncer preocupam

Justiça de Santa Fé proibiu uso deste e de outros agrotóxicos nos campos da cidade de San Jorge e determinou um estudo sobre impacto ambiental e na saúde humana em toda a província. O uso de glifosato, um herbicida de amplo espectro (mata tudo) muito empregado nas lavouras de soja transgênica, vem ocorrendo, decidiu a Justiça, em aberta violação às normas legais vigentes, causando severos danos ao meio ambiente e à saúde da população. Diretor do Centro de Proteção à Natureza denuncia explosão de casos de câncer na região.

Redação - Carta Maior

A Justiça da província argentina de Santa Fé proibiu o uso de glifosato (comercializado pela Monsanto com o nome de Roundup) e de outros agrotóxicos nos campos da cidade de San Jorge. A Câmara Civil e Comercial de Santa Fé confirmou decisão de primeira instância que havia proibido o uso de agrotóxicos nesta região.

A ação que motivou a proibição denuncia que nos últimos cinco anos a população do bairro Urquiza foi duramente castigada com reiteradas fumigações, tanto aéreas como terrestres, realizados pelos proprietários ou arrendatários de áreas rurais próximas ao povoado. O uso de glifosato, um herbicida de amplo espectro (mata tudo) muito empregado nas lavouras de soja transgênica, vem ocorrendo, decidiu a Justiça, em aberta violação às normas legais vigentes, causando severos danos ao meio ambiente e à saúde da população.

Em entrevista ao site argentino Primera Fuente, o dirigente do Centro de Proteção à Natureza, Carlos Manessi, anuncia que a entidade (proponente da ação judicial) pretende agora estender essa proibição a toda província de Santa Fé e a toda Argentina (ver vídeo acima). “Deixar as pessoas doentes e contaminar o solo constituem a pior herança que podemos deixar às gerações futuras. Estão eliminando todas as formas de vida na região e contaminando a água pelo uso do glifosato, entre outros agrotóxicos”, destaca.

O glifosato é o agrotóxico mais usado hoje na agricultura Argentina. Estima-se que são aplicados entre 160 e 180 milhões de litros por ano em um mercado que movimenta cerca de US$ 600 milhões. Aproximadamente 70% desse produto é usado em lavouras de soja.

Segundo Manessi, são muitos os exemplos existentes sobre as conseqüências do uso desses agrotóxicos na saúde das pessoas e do meio ambiente. Um deles é a grande proliferação de casos de câncer em populações que vivem próximas às lavouras de soja.

“Acreditamos que não faltam mais provas. O que é preciso agora é que as autoridades e os produtores tomem consciência dos danos que estão sendo causados. Essa forma de produzir só traz dor e pobreza para a maior parte da população”, lamenta.





"Vida segue adiante", diz alemão sobrevivente da explosão de Hiroshima

 
Cerimônia pelos 65 anos da bomba de Hiroshima

Há 65 anos, os EUA lançavam uma bomba atômica sobre a cidade para forçar a capitulação japonesa. Três dias mais tarde, era destruída Nagasaki. Um padre alemão conta sobre a explosão de Hiroshima e o horror que se seguiu.

Nesta sexta-feira (06/08), o Japão recorda os 65 anos da explosão atômica sobre Hiroshima. Pela primeira vez, a cerimônia contou com a presença de um diplomata dos Estados Unidos, país responsável pela destruição daquela cidade insular e, três dias mais tarde, de Nagasaki. Os ataques forçaram a capitulação japonesa e se tornaram marcos para o fim da Segunda Guerra Mundial.

Ao lado de representantes de 70 países, também esteve em Hiroshima o secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Ele aproveitou a oportunidade para pleitear pelo desarmamento atômico global, propondo o fim de todos os testes nucleares a partir de 2012.

O embaixador norte-americano John Roos declarou ser preciso trabalhar "por um mundo sem armas nucleares", "pelo amor das gerações futuras". É preciso garantir que um conflito atômico jamais se repita, insistiu. O premiê japonês, Naoto Kan, saudou a presença de Ban e de Roos.

                    Embaixador dos EUA John Roos (e) ao lado do prefeito de Hiroshima, Tadatoshi Akiba

Testemunho de um sobrevivente

O 6 de agosto de 1945 foi um dia quente em Hiroshima, já cedo de manhã a temperatura era de 30ºC à sombra. O padre alemão Klaus Luhmer andava pelo jardim do noviciado dos jesuítas, num subúrbio daquela cidade japonesa, rezando o seu breviário. Natural da cidade de Colônia, ele fora enviado ao Japão alguns anos antes como missionário.

Súbito aguçou os ouvidos: às 8:14h ele escutou, primeiro, o ruído de um bombardeiro B29. "E aí apareceu, coisa que não entendi, de forma alguma: mais brilhante do que o sol, uma espécie de meia-esfera, pareceu-me. E me veio instintivamente a ideia de que fosse uma bomba normal, que explodira atrás do morro mais próximo."

Mas o que o padre vira naquela manhã não era uma explosão comum, e sim a detonação da bomba atômica sobre o centro de Hiroshima, a quatro quilômetros de distância.
Padre Klaus Luhmer sobtrevivente da explosão

Luhmer procurou
cobertura no jardim, desceu apressado os degraus que levavam ao porão da casa, salvando-se no último momento.
"Quando vi esse brilho ofuscante, uma onda de calor passou sobre mim. E a onda de choque. A casa tremeu e balançou, três quartos das telhas caíram como uma chuva e os vidros de todas as janelas se quebraram", recorda.

Chuva negra

Tentando entender o que ocorrera, o jesuíta subiu o morro atrás do noviciado, de onde viu que toda Hiroshima estava em chamas. E observou outra coisa: "O céu estava claro. Mas de repente vieram nuvens negras e começou a chover. E era uma chuva preta, estava impregnada da cinza."

Pouco depois, Luhmer retornou à casa. As primeiras vítimas já haviam se arrastado para fora da cidade: a pele lhes pendia dos ossos, como trapos, o tecido da roupa de alguns havia derretido, fundindo-se com a pele. Os padres transformaram uma mesa de refeições em maca e começaram a tratar dos feridos. Eles ainda não tinham ideia do que acontecera, só sabiam que era necessário ajudar.

Alguns foram até a cidade, onde se depararam com um quadro inimaginável: hordas de flagelados vinham a seu encontro, havia incêndios por todos os lados, casas e edifícios desmoronados, entre os destroços, inúmeros mortos e feridos.

"Havia 30, 40 soldados uniformizados, meio queimados. Eles não gritavam, nem mesmo gemiam, só diziam 'Misu, misu', quer dizer: 'Água, água'. Nós conseguimos ajudá-los, pois por perto havia um poço, lhes demos água."

O padre Luhmer interrompe a narrativa, sua voz fica mais forte. "Mas uma pessoa sozinha, o que pode fazer? Seria preciso dezenas, centenas, centenas de mãos para transportar os mais necessitados."

                                 A cidade destruída, um mês depois

O horror depois

Os ajudantes trabalharam na cidade destroçada durante dois dias, até que as Forças Armadas japonesas fecharam Hiroshima hermeticamente e enviaram soldados à cidade. "Sua missão era retirar das ruínas os cadáveres que encontrassem, atirá-los num grande monte, jogar gasolina por cima e atear fogo. Foi o que sobrou das pessoas, elas foram dadas como desaparecidas."

Exaustos, os jesuítas retornaram em 8 de agosto para casa, mas o horror não chegara ao fim. Uma menina a que Luhmer dava aulas de piano estava à sua espera: seu pai havia morrido, ela lhe pediu que cuidasse da incineração. A fim de poupar desta tarefa a esposa do morto, ele reuniu palha e madeira para a pira fúnebre.

"E foi um mau cheiro horrível, jamais vou esquecer. Não sei como explicar a alguém o que foi incinerar esse cadáver totalmente contaminado de radiação." O religioso se interrompe mais uma vez, sua voz fica baixa, soa quase espantada: "Mas você fica incrivelmente calejado com essas coisas todas. E a forma como as pessoas se recuperam após uma catástrofe dessas: essa é uma história fascinante sobre a vida humana. Ela segue adiante, adiante, sempre adiante."

Autor: Silke Ballweg / A. Valente
Revisão: Roselaine Wandscheer
Fonte :Deutsche Welle

1 de agosto de 2010

Anvisa: agrotóxicos com alto risco para a saúde são usados no Brasil principalmente no pepino, pimentão, cebola, cenoura, tomate e alface

Agrotóxicos que apresentam alto risco para a saúde da população são utilizados, no Brasil, sem levar em consideração a existência ou não de autorização do Governo Federal para o uso em determinado alimento, segundo dados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) divulgados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Em quinze das vinte culturas analisadas foram encontrados, de forma irregular, ingredientes ativos em processo de reavaliação toxicológica junto à Anvisa, devido aos efeitos negativos desses agrotóxicos para a saúde de trabalhadores rurais e dos consumidores.

Nas análises observou-se uma grande quantidade de amostras de pepino e pimentão contaminadas com endossulfan; de cebola e cenoura contaminados com acefato; e pimentão, tomate, alface e cebola contaminados com metamidofós. Essas três substâncias, que já são proibidas na União Européia e nos Estados Unidos, começaram a ser reavaliadas pela Anvisa e têm recomendação de banimento do Brasil. Mas há pressões do setor agrícola para manter esses três produtos no Brasil, mesmo após serem retirados de forma voluntária em outros países.

Para reduzir o consumo de agrotóxico em alimentos, o consumidor deve optar por produtos com origem identificada, escolher alimentos da época ou produzidos por métodos de produção integrada (que a princípio recebem carga menor de agrotóxicos). Alimentos orgânicos também são uma boa opção, pois não utilizam produtos químicos para serem produzidos.

Os procedimentos de lavagem e retirada de cascas e folhas externas de verduras ajudam na redução dos resíduos de agrotóxicos presentes apenas nas superfícies dos alimentos.

Confira a informação completa no site da Anvisa. 

Reduzir a carne vermelha pode ajudar na perda de peso, de acordo com dados publicados pelo American Journal of Clinical Nutrition

Medical Journal - sexta-feira, 23 de julho de 2010 - 11:33



Estudo europeu publicado no American Journal of Clinical Nutrition mostra que a redução de carnes vermelhas na dieta, mesmo mantendo a mesma quantidade de calorias ingeridas, ajuda na perda de peso a longo prazo.

Uma pesquisa coordenada por médicos do Imperial College London, que contou com a participação de 400 mil adultos com idades entre 25 e 70 anos provenientes de mais de dez países diferentes, mostrou que as dietas ricas em proteínas provenientes de carnes vermelhas ou carnes processadas podem não ser a melhor opção para a perda e a manutenção do peso corporal.

Ao longo de cinco anos os participantes anotaram sua dieta em um diário alimentar. Os resultados mostram que aqueles com uma dieta mais rica em carne engordaram mais do que aqueles que optaram pela ingestão de proteínas animais apenas algumas vezes na semana ou seguiam uma dieta vegetariana. O ganho de peso médio foi de cerca de 2 quilos em 5 anos para um acréscimo de 250 gramas na ingestão diária de carne.

Os médicos sugerem que as pessoas substituam as carnes vermelhas pelas proteínas presentes no ovo, queijos, lentilha ou peixes, ou reduzam a quantidade de carne vermelha ingerida.

A relação entre o consumo de carne e o ganho de peso ainda não é explicado, principalmente quando a mesma quantidade de calorias é mantida.

Calorias: Dizemos que um alimento tem "x" calorias, para nos referirmos à quantidade de energia que ele pode fornecer ao organismo, ou seja, à energia que será utilizada para o corpo realizar suas funções de respiração, digestão, prática de atividades físicas, etc.
Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
Fonte: The American Journal of Clinical Nutrition, volume 92, n° 2, de agosto de 2010

Acesso em 01/08/2010 no http://www.news.med.br/p/reduzir+a+carne+vermelha+pode+ajuda-62817.html

Estudo mostra que agrotóxicos reduzem biodiversidade do solo

Do Portal Funcap Ciência

Por Alan Rodrigues

20/11/2009

Um estudo realizado em 2008 por pesquisadores da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) mostrou que a aplicação de agrotóxicos em plantas pode afetar a biodiversidade do solo. O grupo coletou amostras de solo de duas áreas vizinhas, sendo uma delas contaminada por substâncias tóxicas e a outra livre desses compostos, e comparou a diversidade de animais invertebrados existentes em ambas. A equipe constatou que o solo livre de agrotóxicos possuía maior variedade. Os resultados da pesquisa foram apresentados no Encontro Intercontinental sobre a Natureza, realizado entre os dias 10 e 15 de novembro, no Centro de Convenções, em Fortaleza.

A biodiversidade é importante para os solos usados na agricultura porque a atividade biológica elimina agentes patogênicos, decompõe a matéria orgânica e outros poluentes em componentes mais simples (frequentemente menos nocivos) e contribui para a manutenção das propriedades físicas e bioquímicas necessárias para a fertilidade e estrutura dos solos. A minhoca, por exemplo, cava galerias que permitem a entrada de oxigênio. Além disso, ela é responsável pela produção do húmus, o adubo mais rico disponível para a atividade.

De acordo com Rodrigo Alexandre de Lima, graduando de Agronomia da Uespi e um dos pesquisadores envolvidos, o primeiro passo foi separar o material coletado. “A macrofauna epiedáfica (invertebrados encontrados na superfície, como besouros e algumas formigas) foi coletada com uma armadilha de queda. Separamos esse material da macrofauna eudáfica (invertebrados encontrados dentro do solo, como minhocas e tatuzinhos de jardim)”, informa.

Para cada camada de solo, o grupo identificou o número de espécies existentes e a quantidade de organismos de cada espécie. “Os dados do solo contaminado revelaram número menor de espécies de alguns invertebrados, em comparação com os da área livre de agrotóxicos. Isso demonstra os efeitos lesivos desses compostos à biodiversidade”, destaca.

Rodrigo ressalta que a pesquisa pode subsidiar projetos que utilizem a biodiversidade do solo como indicador de impacto ambiental. “Já estamos desenvolvendo esses estudos”, adianta. Segundo o pesquisador, os resultados também podem ser utilizados para conscientizar produtores que aplicam agrotóxicos em suas plantações. “Vamos procurar orientá-los sobre os malefícios que esses compostos causam ao solo”.

Fonte: http://www.funcap.ce.gov.br/agencia-funcap-estudo-mostra-que-agrotoxicos-reduzem-a-biodiversidade-do-solo