21 de setembro de 2010

Como estamos tratando as árvores?

foto:Darci Bergmann


Por Darci Bergmann


 

A semana declarada como Festa Anual das Árvores nos remete à reflexão. Descobrimos então que nada há para comemorar. Primeiro porque milhões de árvores são reduzidas a cinzas pelas queimadas. Não só árvores, mas sementes e mudas necessárias para renovação também desaparecem em meio às chamas. Como se isso não bastasse, a expansão urbana devora os espaços verdes circundantes. Em algumas regiões as cidades se emendam umas às outras e os espaços verdes livres desaparecem sufocados pelo concreto. E as árvores remanescentes ainda sofrem com as derivas dos herbicidas e outras investidas causadas pelas ações humanas.

Arborização nas escolas

Nas escolas, o tema árvore é tratado quase sempre de forma superficial. Uma redação e talvez o plantio de alguma muda que tem pouca chance de se tornar adulta. Não estou exagerando. Com essa inversão de valores onde qualquer bobagem consumista vira um grande evento, a educação ambiental ainda está longe de se tornar realidade nas escolas. Fala-se muito, mas se age pouco. É só observar a quantidade de lixo, desde aquelas embalagens de guloseimas até copos descartáveis jogados em qualquer canto nos pátios dos educandários. Com as árvores não é diferente. Até porque se ensina erradamente que as folhas das árvores sujam as calçadas e algum gramado sobrevivente. Não se faz uma diferenciação pedagógica entre resíduos orgânicos tipo folhas de árvores e aqueles do tipo canudinhos, chicletes e os recorrentes copos descartáveis de plástico, por exemplo. Os currículos são massacrantes. O conhecimento em todas as áreas é tanto que é dedicado menos tempo para o trato com as coisas naturais. Muitas escolas conseguem afastar os alunos da natureza. Esse tipo de escola quase sempre tem prédios rodeados de pátios cimentados. Não se reserva espaço para uma área verde. Em cenários de tamanha esterilidade, falar sobre árvores vira mesmo um exercício de retórica, um discurso vazio apenas para cumprir um calendário. O que esperar dos adultos que passam por educandários sem um mínimo de área verde?

O cenário também faz parte da educação

Se o tempo destinado à educação ambiental de forma prática é pouco, devido à exigência curricular, uma alternativa é a implantação de escolas com a integração de áreas verdes. Os novos projetos deveriam contemplar essa realidade. Os alunos aprendem com o cenário. Educa-se muito mais pela interação aluno ambiente.

Por todos os lados nesse imenso Brasil as florestas estão regredindo. A legislação para protegê-las é importante, mas só ela não evitará a destruição. Para arborizar e salvar parte do nosso patrimônio natural, é necessária uma educação de cunho mais prático. E não há tempo a perder com frases soltas e discursos vazios.



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