17 de setembro de 2010

SE AMAS AS ÁRVORES

                                      
Ben Hur Lampman 

“Se já viste e apreciaste a corça e seu filhote correndo por entre as moitas, de manhã cedo, quando a neblina sobe do vale;
Se ouviste e apreciaste o canto sonoro do galo silvestre nos pinheiros e a melancolia dos pombos selvagens chamando uns pelos outros;
Se viste e apreciaste o marreco entrando na água; e o coelho que, de madrugada, sai das moitas de silvas para os bancos de areia – se já apreciaste e ainda aprecias tudo isto, evita os incêndios na floresta.
Se já apreciaste a sombra profunda e fresca do meio-dia, enquanto um gavião circula no ar; o silêncio encantado da floresta sonolenta rescendendo a festas, resinas e amoras; e a paz que flui em todos os sentidos qual uma grande pulsação batendo compassada; e a consciência de que aí não há nem nunca houve pressa; e uma trepadeira pendente carregada de bagas vermelhas, se alguma vez apreciaste essas coisas e te confortaste com elas, evita os incêndios na floresta.
Se já apreciaste o alongar das sombras da floresta ao anoitecer, quando o veado e a codorna saem dos seus esconderijos, se já tiveste a impressão de que ao crepúsculo as montanhas se tornam mais próximas;
Se apreciaste nessa quietude suspensa o rumor da esguia truta subindo à tona ou o salmão subindo o rio;
Se sentes que, de algum modo, tu não és estranho às árvores, ao anoitecer, nem ao Criador destas coisas;
Se já apreciaste tudo isto e guardas um sentimento de gratidão, evita os incêndios na floresta e nos campos”.
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(artigo publicado no Oregonian, de Portland, USA)
Nota: O texto acima foi-me enviado por José Antônio Lutzenberger, faz mais de 20 anos. No atual momento em que as queimadas devastam enormes áreas em nosso País e com a proximidade da Festa Anual das Árvores, que aqui na região sul acontece de 21 a 27 de setembro, essa matéria nos remete à reflexão.

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