2 de abril de 2011

CIGARRO, NEM PENSAR

Por Darci Bergmann
  
   Comprovado está. Cigarro é uma droga que causa dependência e prejudica a saúde. Isto já seria motivo suficiente para que fossem tomadas medidas mais enérgicas para restringir o seu consumo. Na prática as coisas não são assim. Existem muitos interesses em jogo. A cadeia do fumo movimenta muito dinheiro. E dinheiro gera cobiça, corrupção e financia até campanhas políticas. As chamadas drogas lícitas – caso do tabaco – afetam milhões de pessoas, numa escala muito maior que as drogas ilegais.
   E quando o assunto é dinheiro, a saúde do consumidor é o que menos interessa. Por isso que alguns políticos fazem um papel ambíguo quando se trata de restringir o tabagismo. Eles se mostram aparentemente preocupados com a questão da saúde pública e acenam com verbas a instituições hospitalares. Por outro lado defendem o cultivo do tabaco, alegando a geração de trabalho e renda.  Na verdade estão de olho nos eleitores ligados ao cultivo do fumo. E ainda agradam aos magnatas da indústria do cigarro. Estes, por sua vez, já conseguiram até incentivos fiscais para instalarem as suas indústrias de processamento da droga tabaco, tudo de forma “legal”, por leis aprovadas nas casas legislativas.
   Num cenário assim, o combate à droga tabaco fica mais difícil. Não é de estranhar, pois, que as campanhas antidrogas na mídia até o momento foram muito tímidas em relação ao tabagismo.  Uma grande rede de comunicação fez uma campanha contra o consumo do crack . Ótimo. Mas seria também interessante que a mesma ênfase fosse dada em relação ao tabagismo. Há um estranho silencio sobre o tema.
    Há pouco dias, fumicultores fizeram manifestação nas estradas gaúchas. Queimaram fumo em protesto a medidas restritivas ao tabagismo propostas pela ANVISA. Alguns políticos se apressaram em representá-los em Brasília, alegando  que as campanhas da ANVISA, poderiam reduzir o consumo da droga tabaco e com isso gerar desemprego. Alguns jornalistas, em seus comentários, enalteceram a necessidade de manter empregos e renda no campo. Nenhum comentário sobre os malefícios à saúde. Ora saúde. Que se dane quem fuma. O que interessa é dinheiro, é voto. Sempre tem sido assim. Faz-se uma demagogia tremenda com a geração de trabalho e renda a tal ponto que se justifica o plantio de uma droga que mata milhões de pessoas pelo mundo afora.
    Mas os tempos estão mudando. A sociedade já começou a reagir. Talvez tenhamos em breve, na grande mídia, uma campanha do tipo CIGARRO, NEM PENSAR.



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