Por Darci Bergmann
Áreas em regeneração espontânea: do simples ao complexo
As plantas pioneiras proporcionam resultados
positivos, nem sempre compreendidos pela maioria das pessoas. Elas foram
projetadas geneticamente para uma série de funções e abrem caminho para o
estabelecimento de sistemas ecológicos mais complexos. Esses sistemas
ecológicos propiciados pelas plantas pioneiras, ou precursoras, permitem a
produção de alimentos e fontes de matéria-prima vegetal de forma sustentável. Formam
um leque de possibilidades de produção sem o uso de agrotóxicos, sem
revolvimento do solo e sem a exposição deste à radiação solar, entre outras
vantagens. Num sistema assim, cada ser tem a sua função reconhecida. A competição cede lugar à integração.
Esse tipo de agricultura tem denominações diferentes,
conforme as variações de manejo. Permacultura, Agrossillvicultura,
Agricultura Natural, Agroecologia, Agricultura Biodinâmica e Agricultura
Regenerativa são algumas dessas conceituações. Tenho realizado algumas
experiências ao longo de quase 30 anos, em pequena área, aplicando um pouco de cada
uma dessas correntes. E os resultados começaram a aparecer e já permitem
concluir que a recuperação de áreas degradadas é viável
economicamente.
O importante é não ter pressa e sim manter o foco do
que se pretende fazer.
Citrus deliciosa, bergamoteira ou mexerica Dentro de mata secundária, sem ataque de pragas. |
Poderíamos ter evitado a degradação de grandes áreas em todos os
biomas brasileiros
Citrus limonia, limão-cravo. planta sã dentro de vegetação secundária |
A foto acima mostra uma cooperação entre plantas pioneiras e árvores nativas de grande porte. O ipê-roxo se desenvolve bem com a proteção das pioneiras. |
Uma das alternativas
para a recuperação do que já foi degradado – são dezenas de milhões de hectares
– seria a ocupação dessas áreas por pessoas capacitadas e com incentivos
públicos. Profissionais das áreas agronômicas e florestais, além de técnicos
agrícolas de nível médio e agricultores com experiência, teriam prioridade na ‘aquisição’
dessas terras, sempre com o foco de recuperação e produção sustentável. Assentar
pessoas despreparadas em terras férteis,
sem recuperar o passivo ambiental, é um desperdício de tempo e de recursos.
Os tempos são outros e urge uma nova postura diante
da calamidade ambiental que nos assola.
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