5 de setembro de 2012

A natureza sabe o que faz


Por Darci Bergmann


   O manejo inadequado do solo com as monoculturas causa redução da fertilidade e potencializa o aparecimento de pragas e moléstias. A rotação de culturas é uma alternativa para atenuar essas questões. Outras vezes o ‘descanso’ ou pousio da área se mostra viável.


   É impressionante como a natureza reage, principalmente, quando o solo fica em período de ‘descanso’. A recomposição da flora vai ocorrendo ano após ano e determinadas espécies se estabelecem a partir do banco de sementes do solo – esta capacidade de ressurgimento de espécies chama-se resiliência.
   É o que se constatou numa antiga lavoura. A presença de ervas invasoras exóticas como Sorghum halepensis, conhecido como capim-massambará,  não foi empecilho para o surgimento de espécies nativas regeneradoras do solo, entre as quais várias leguminosas.


   Dois ou três anos após, a espécie Baccharis dracunculifolia, vassoura-branca, também se estabeleceu na área em análise. Sob o dossel das vassouras-brancas, a gramínea Lolium multiflorum, azevém, entremeado com ervilhaca nativa e espécies de trevos, oferece agora uma pastagem que permite uma boa lotação por hectare. Para um leigo pode parecer uma área de capoeira. Quem tem olhos e mentes focados na biodiversidade, enxerga um caso concreto de uma área de monocultura que tende à regeneração natural.

  Além de boas pastagens, as áreas em regeneração são fornecedoras de pólen e néctar para as abelhas. Permitem também a introdução de espécies arbóreas nativas ou exóticas, destinadas à produção de frutas em sistema de coleta sustentável, sem necessidade de empregar agrotóxicos.

   Em sistemas assim, mais diversificados, até as formigas cortadeiras não causam danos expressivos. Elas têm mais opções de coleta de folhas, sementes e outros componentes vegetais que permitem o cultivo do fungo que lhes serve de alimento.
As fotos mostram um pouco dessa incrível capacidade de regeneração natural.




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