14 de janeiro de 2011

Mondaí, a capital da fruta

Por Darci Bergmann



Num vale ao longo de um pequeno afluente do Rio Uruguai, no Extremo Oeste de Santa Catarina, está situada Mondaí, uma simpática cidade onde passei parte da minha vida. Cidade pacata e bem ajardinada, ainda conserva áreas verdes na área urbana e seus arredores. Na zona rural, as pequenas propriedades predominam e nelas são produzidos o leite, suínos, frutas cítricas, madeira, fumo, milho entre outras culturas. As indústrias estão ali na fabricação de móveis, produtos lácteos, texteis, metal-mecânica, doces e geleías entre outras.

O potencial turístico é expressivo, desde que conservados os atributos da paisagem e da memória da cidade que ainda conserva prédios antigos de estilos variados. A ocupação dos espaços urbanos causou a retirada de alguns  prédios históricos e representativos de diferentes épocas de colonização, tal como a residência de Ricardo Brüggemann, na Rua Laju.

Mas no geral, os traços fisionômicos da paisagem ainda permanecem, como a orla remanescente de floresta primária nas colinas e morros que cercam o perímetro urbano. Não só pela beleza da paisagem, mas ainda em razão da preservação das encostas esses remanescentes de floresta devem ser conservados. A retirada das matas pode levar a consequencias desagradáveis.

Mondaí tem no seu povo uma grande fonte de empreendedores.  Esses certamente vão conciliar o desenvolvimento com a preservação ambiental. Com isso, outras atividades vão se consolidar, entre elas o turismo. 
Lembro-me de quando participei de um grupo de jovens que se organizou em torno de um time de futebol, lá pelos fins dos anos 1960 e começos da década de 1970. Foi criada a Associação Atlética Estudantes. Mas do futebol, o grupo partiu para outras ações como o Projeto Mini-Rondon, na localidade de Linha Taipas, onde foram desenvolvidos diversos trabalhos de assistência técnica na agricultura e saúde. Depois, em 1971, como estudante de Agronomia na UFSM, optei por fazer parte do Projeto Rondon, levando para Mondaí vários colegas. Fizemos muitas palestras na cidade e interior e disso resultou a ida para Jaguari, na região central do Rio Grande do Sul, de um grupo de jovens filhos de agricultores para um estágio de um mes, numa extensão da UFSM. 

Como estagiário da ACARESC também percorri o interior do Município, acompanhando e desenvolvendo atividades de fomento à agricultura e ao meio ambiente.

Nessas atividades sempre se falava no potencial turístico de Mondaí. Hoje, penso que além das atividades que já se consolidaram no Município, o turismo desponta como mais uma opção. Como já disse, é preciso conservar a memória da cidade nos seus aspectos históricos, paisagísticos e arquitetônicos. Na zona rural existem paisagens deslumbrantes e que merecem ser preservadas. Com isso, ganha a Natureza, as pessoas e certamente as gerações futuras. Mondaí está indelevelmente marcada na minha memória, na parte que toca às boas lembranças.



Fotos dos projetos Mini Rondon (1970) e Rondon (1971)






Mondaí/SC, em 1970 (abaixo)

Equipe da UFSM - Projeto Rondon em Mondaí/SC, 1971

No tempo das balsas


Outras fotos recentes de Mondaí
Na foto acima, de blusa amarela, Marah Wilhelms, nos 
recebeu na Casa de Cultura 














Fatos históricos de Mondaí: Vídeo institucional por ocasião do lançamento da 16ª Festa da Fruta.2015 













Que cada um de nós faça a sua parte

Por Darci Bergmann

Diariamente somos informados sobre desastres ambientais  que ocorrem em locais diversos do nosso Planeta. Depois de tais tragédias surgem os questionamentos sobre as possíveis causas e porque não se tomaram medidas preventivas para evitá-las ou pelo menos reduzir os seus efeitos. Também se buscam culpados. Não raro ocorrem acusações entre autoridades e administradores públicos. A postura das pessoas em relação ao meio ambiente também é lembrada. Pessoas que vivem distante dos fatos apontam os problemas, mas raramente se lembram que vivemos numa sociedade globalizada e que os culpados somos todos nós que escolhemos um modelo de civilização predatório e hostil à preservação ambiental. Apesar de toda a retórica e das leis ambientais aprovadas nas casas legislativas, na prática a realidade é outra.

 Discursos, publicidade, frases de efeito e a maquiagem ambiental, não mudam o cenário de destruição dos ecossistemas planetários.

O questionamento parte do individual para o coletivo.

Será que o meu estilo de vida é realmente adequado para permitir a sustentabilidade tão alardeada? Como eu reajo diante da propaganda que me incentiva a consumir mais produtos a maioria talvez supérfluos? Como procedo em relação ao consumo de água, energia, matérias primas algumas já em vias de esgotamento, como certos metais e minerais? Sou uma pessoa que fica indignada com a destruição ambiental ou fico omisso deixando que os governos tomem conta do tema? Escolho os meus candidatos aos cargos eletivos pelas promessas de campanha ou exijo deles uma posição clara em relação à preservação ambiental? Vou comprar um carro novo só para chamar atenção ou por absoluta necessidade?
Faço alguma coisa para reduzir o volume de lixo, tipo compostagem da parte orgânica? Separo bem a parte seca do lixo para que este possa ser reciclado?
Já me questionei sobre essa filosofia de progresso a qualquer preço, com expansão das cidades que avançam desordenadamente e que arrasam a natureza ao seu redor, impermeabilizando o solo e devastando o que resta das florestas? Já me questionei sobre alguns sistemas de produção agropecuária que não respeitam a vocação do solo e do meio ambiente e que desmatam as encostas e desnudam as margens dos rios apenas pelo interesse do lucro?

Essas e outras indagações já são rotineiras para alguns indivíduos, mas talvez ainda não tenham passado pelos neurônios da maioria das pessoas. As tragédias ambientais nos dias presentes e que hão de vir certamente levarão à reflexão individual. Quando isso ocorrer com a maioria da população, então as medidas mais amigáveis à preservação ambiental serão efetivadas, porque já estarão incorporadas no inconsciente coletivo. Nesse tempo não haverá mandato para político que manda eleitores ocupar áreas de risco e depois apontar outros culpados. Não haverá mandato para aqueles que querem anular o que resta de lei que proíbe a ocupação desordenada das encostas e das margens dos rios, seja por loteamentos, seja a pretexto de produção de alimentos.  Nesse tempo, cada indivíduo terá consciência de que a sua ação, somada às dos outros bilhões de semelhantes, poderá resultar num mundo bem melhor. 

 Que cada um de nós faça a sua parte.


9 de janeiro de 2011

Lavouras invadem rodovias

Por Darci Bergmann



Primeiramente é preciso esclarecer que uma rodovia é composta de tres elementos principais, a saber: faixa de rolamento, acostamento e faixa de domínio. A faixa de rolamento é aquela por onde se dá o fluxo de veículos. O acostamento é um elemento acessório, de escape, que permite o estacionamento de um veículo em caso de emergência. A faixa de domínio é uma extensão de terras marginal ao acostamento e que estabelece o limite ou largura da rodovia. Todo esse conjunto constitui-se em patrimônio público, seja municipal, estadual ou federal.


Os três elementos de uma rodovia estão interligados entre si e a deterioração de um deles pode causar graves acidentes. Numa rodovia asfaltada uma das causas de perda de qualidade é o excesso de peso dos veículos de carga. Mas há outras causas que podem deixar uma rodovia em situação de perigo. Por exemplo, queimadas na faixa de domínio ou em áreas próximas; destruição do acostamento, erosão nos taludes nas partes aterradas, deslizamento de encostas, óleo na pista, etc.
Qualquer pessoa com mínimo senso de observação sabe que as encostas ou barrancos de beira de estrada devem ser protegidos com cobertura vegetal para evitar a erosão causada pelas chuvas. Tanto é assim que nos projetos e na execução de obras rodoviárias esse tópico faz parte dos custos. Portanto, o dinheiro de todos os contribuintes é que paga essa conta.

O que se vê na prática é que o investimento em conservação de rodovias vem sendo literalmente ignorado por alguns agricultores que plantam nas faixas de domínio, como se essas fossem extensões de suas lavouras. A dessecação com herbicidas chega a atingir o acostamento e mesmo os taludes antes revestidos com vegetação protetora são alvos dessa prática. O solo desnudo então é carregado pelas enxurradas. Os aterros e acostamentos ficam comprometidos, podendo ocorrer acidentes graves.

 Existem exceções entre os proprietários rurais. Alguns até auxiliam na conservação das rodovias, arborizando e embelezando trechos das faixas de domínio. Mas há aqueles que transformam o patrimônio público em motivo de lucro.    As autoridades devem tomar providências, pois que os custos de recuperação de rodovias são muito altos.

7 de janeiro de 2011

Escândalo das rações

ALEMANHA | 06.01.2011 
Escândalo de rações contaminadas atinge outros países europeus


Derivados de ovos com dioxina foram possivelmente exportados para o Reino Unido. Sobe número de estados afetados na Alemanha. Políticos criticam falta de informações para consumidor. Agricultores exigem indenização.

O escândalo das rações animais envenenadas com a substância cancerígena dioxina ultrapassa as fronteiras da Alemanha. A Comissão Europeia comunicou nesta quinta-feira (06/01) a possibilidade de que derivados contaminados tenham sido exportados da Alemanha para o Reino Unido.
Segundo o órgão europeu, 86 mil ovos presumivelmente contendo dioxina teriam sido vendidos à Holanda, lá misturados com outros ovos e processados industrialmente. Os produtos resultantes – ainda não se sabe se maionese, biscoitos, xampu ou outros – teriam sido exportados para o Reino Unido em 12 de dezembro de 2010. As autoridades britânicas empenham-se para localizar os artigos em questão e interditar sua venda.
Dez estados ao todo
Além disso, numa unidade de engorda no leste do estado de Hessen, foram detectados 320 leitões mantidos com rações contaminadas. Segundo as autoridades estaduais, não há perigo para a saúde dos consumidores.
Também a Secretaria de Agricultura de Baden-Württemberg registrou primeiros indícios de que produtos contendo o cancerígeno possam ter chegado àquele estado no sudoeste da Alemanha. Trata-se tanto de animais de abate quanto de ovos líquidos pasteurizados, fornecidos por produtores da Baixa Saxônia que utilizam a ração em questão.
Assim, sobe para dez o número de estados afetados pelas rações tóxicas, sendo os demais: Baixa Saxônia, Renânia do Norte-Vestfália, Hamburgo, Schleswig-Holstein, Saxônia, Saxônia-Anhalt, Turíngia e Brandemburgo.

Polcia investiga instalações da Harles und Jentzsch em Uetersen
Controle alimentar: "um blefe"
A Renânia do Norte-Vestfália exige medidas de alcance nacional para um maior controle da cadeia de produção de alimentos, tendo requerido, para isso, uma sessão extraordinária de todos os secretários estaduais do país encarregados da defesa do consumidor.
"O presente escândalo de rações contaminadas com dioxina nos expôs mais uma vez os pontos fracos na cadeia dos gêneros alimentícios", comentou o verde Johannes Remmel, titular da pasta de Agricultura e Defesa do Consumidor da Renânia do Norte-Vestfália. Das 1.500 unidades de produção de alimentos interditadas na Alemanha em decorrência dos casos de contaminação, 154 se encontram nesse estado. Remmel anunciou que, até 2015, pretende duplicar o número de fiscais de alimentos em seu estado.
Segundo o presidente da Federação Alemã de Vigilância Alimentar (BLVK), Martin Müller, seriam necessários até 1.500 profissionais a mais, em todo o país, para exercer uma pressão efetiva sobre o setor.
Müller classifica o atual controle alimentar na Alemanha como "um blefe": cerca de 2.500 fiscais são responsáveis por mais de 1 milhão de empresas, em determinadas regiões há apenas um funcionário para até 1.200 unidades de produção. Em consequência, a metade das empresas do país não é submetida a qualquer sindicância, no espaço de um ano.
Holandeses inocentados
Após investigações oficiais, a firma holandesa Olivet foi totalmente eximida de culpa no escândalo da dioxina. O órgão holandês de fiscalização de produtos alimentícios (VWA) constatou, sem qualquer dúvida, que não houve uma troca acidental de óleos industriais por alimentícios.
Os ácidos graxos para fins técnicos, misturados à ração animal na Alemanha, provinham da fabricante de biodiesel PetroTec, tendo chegado ao produtor de rações animais Harles und Jentzsch através da Olivet. Fundada em 1908, a empresa sediada na localidade Portugaal, próxima a Roterdã, funciona como intermediária no fornecimento de uma ampla cadeia de óleos e gorduras.
Para os gêneros alimentícios, vigoram valores-limite para a contaminação por dioxina: um bilionésimo de grama por grama de gordura na carne de porco; dois bilionésimos de grama na carne de frango; três bilionésimos nos ovos. As propriedades rurais interditadas na Alemanha só serão reabertas caso fique comprovado que seus produtos não excedem esses valores. Segundo a PetroTec, a presença de dioxina nos produtos industriais não é relevante para a saúde humana.
Escândalo depois do escândalo
Karin Binder, encarregada de defesa do consumidor do partido A Esquerda, lamentou o fato de que o consumidor alemão continue sem informações suficientes sobre os alimentos contaminados pela dioxina.
"É o escândalo após o escândalo. Ilse Aigner [ministra da Alimentação, Agricultura e Defesa do Consumidor] tem que forçar a divulgação dos nomes de todos os produtos e fabricantes."
No site do partido, Binder exige que a proteção ao consumidor seja priorizada. "A legislação para gêneros alimentícios e rações é feita sob medida para os produtores. Enquanto se espera que as firmas se autosupervisionem, faltam milhares de fiscais nas repartições. Só assim se pode explicar que, há anos, graxas industriais tóxicas venham sendo misturadas às rações. E o consumidor é sempre quem paga a conta."

 Ilse Aigner sob pressão
O custo da costeleta
Binder aponta a criação industrial de animais como causa do escândalo da dioxina. "Por isso, alimentos produzidos na região e produtos orgânicos são a melhor defesa contra o veneno na comida. Qualidade e proteção aos animais ficam, forçosamente, de lado, quando galinhas e porcos se transformam em artigo de massa lucrativo nas fábricas de animais."
Segundo ela, agora fica explicitado quanto os "ovos e costeletas supostamente baratos" custam: "prejuízos milionários para os agricultores, custos de fiscalização cada vez mais elevados, assim como danos à saúde e ao meio ambiente".
A Federação dos Agricultores Alemães (DBV) exige indenização por parte dos produtores de rações. "Quem causa os danos, deve pagá-los", declarou uma porta-voz da associação. Calcula-se entre 10 mil e 20 mil euros o prejuízo semanal para cada propriedade rural afetada: somente na Baixa Saxônia, mais de mil delas estão fechadas.
AV/dpa/ap/rtr/ots
Revisão: Soraia Vilela


Fonte: DW

28 de dezembro de 2010

Plante uma vida, plante uma árvore

PLANTE UMA VIDA, PLANTE UMA ÁRVORE

RELATO DE UMA HISTÓRIA DE LUTA PELA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL


O INÍCIO: Da ação individual à ação coletiva. O começo conforme narrado por Darci Bergmann: Em Janeiro de 1977, a uma temperatura ambiente de 40ºC, a cidade de São Borja parecia um deserto de vida. Na rua em que me encontrava, não havia sombra, nem pássaros, nem flores. Sob o sol escaldante tomei uma decisão: Vou iniciar uma campanha de arborização.
Em agosto, escrevi para O JORNAL, periódico local, propondo uma parceria para divulgação de trabalhos na área de educação ambiental que eu já iniciara então. Surgiu assim o projeto Plante Uma Vida - Plante uma árvore.
De uma campanha de arborização, passei a perceber a importância da inserção da comunidade num projeto mais amplo, visto que os problemas ambientais eram complexos. Aceitando convite do Centro Nativista Boitatá, entidade social recreativa, criamos o Departamento de Ecologia, que dirigi de 1978 a 1988, com ação significativa, distribuindo e orientando sobre o plantio de dezoito mil mudas de espécies nativas.




AS DIFICULDADES INICIAIS: Não havia viveiro. Tive que produzir minhas próprias mudas.Utilizava saquinhos de leite e latas de óleo comestível, arrecadadas no lixão e a partir de campanhas nas escolas em troca de mudas. Com amigos, realizamos os primeiros plantios em vias públicas. Não havia consciência preservacionista e os primeiros plantios sofreram ações de vândalos.


OS PRIMEIROS RESULTADOS: No outono e inverno de 1978, já havia em torno de 10.000 mudas no viveiro. Trezentas foram plantadas em vias públicas, com participantes da comunidade que se comprometeram em abrir as covas e cuidar do desenvolvimento da planta. Essa parceria, foi o ponto de partida de um grande projeto que se desmembrou em vários setores da comunidade, com múltiplas formas de atuação, como veremos resumidamente.








PALESTRAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, envolvendo escolas, associações de bairros, Igrejas, clubes. Etc, somando mais de quinhentas palestras realizadas inclusive fora do município.







CURSOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ADOLESCENTES.


FORMAÇÃO DO CLUBE DE ECOLOGIA VIVA A NATUREZA


Distribuição de 120.000 mudas de mais de 70 espécies nativas no Município. Em 1987, propus a um grupo de amigos a criação da ASPAN ( Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural), consolidando-se a fase de ação coletiva do projeto.


OBJETIVOS:
1) INICIAL : 1977 Implantar campanha de arborização na cidade de São Borja, RS.
2) OBJETIVOS AGREGADOS NO DECORRER DO PROJETO:
2.1) Ações educativas pertinentes à temática ambiental de forma abrangente;
2.2) Envolver a comunidade em um Projeto Ambiental;
2.3) Criação de uma ONG ambientalista;
2.4) Realização de Seminários ambientais.









3) OBJETIVOS DEFINIDOS PELA ASPAN EM 1987
3.1) Educação Ambiental formal e informal, em continuidade aos trabalhos já iniciados.
3.2) Projetos de proteção e recuperação ambiental em parceria com outras instituições.
3.3) Política ambiental a partir de uma estrutura executiva na Prefeitura Municipal.
3.4) Legislação Ambiental: Adaptação das leis municipais para a temática ambiental. Zelar pela aplicação das leis ambientais.
3.5) Realização de seminários ambientais bianuais.
3.6) Distribuição de material informativo sobre o meio ambiente na comunidade: boletins, folhetos, etc...
3.7) Criação de um boletim informativo periódico ( ainda não concretizado).
3.8) Viabilização de uma fundação ambiental.


DESENVOLVIMENTO E METODOLOGIA DE AÇÃO.
TRÊS EIXOS DE AÇÃO.


1.ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1.1.PALESTRAS: Com a fundação da ASPAN, intensificamos a ação pedagógica de educação ambiental no ensino formal e participação em atividades junto a sindicatos e associações de moradores. O nome de seu idealizador e presidente, Darci Bergmann, torna-se referência no município e região em eventos que envolvem a questão ambiental.
1.2.CURSOS: Entre os mais importantes cabe destacar:
1.2.1.CURSO DE ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE - Destinado a adolescentes. Realizado em duas edições com total de 40 participantes. Encontra-se em estudo parceria com o governo municipal para outras edições. O curso é dividido em aulas teóricas e práticas.
1.2.2. CURSO DE JARDINAGEM E PAISAGISMO: realizado antes da fundação da ASPAN. Participaram 46 pessoas. Foi dada ênfase à preservação da paisagem local, sua recomposição e as matas ciliares como elemento paisagístico e de preservação. Em decorrência deste curso, um produtor rural recompôs a mata ciliar em trecho do Rio Uruguai, com plantio de 40 mil exemplares de espécies nativas.

1.2.3PROGRAMA RADIOFÔNICO VIVA A NATUREZA: Esse programa de educação ambiental é apresentado desde junho de 1990, em edições de 30 minutos pela Rádio Cultura AM. O programa é pago, sendo mantido com a colaboração de empresas locais. Tem grande audiência. Já foram entrevistadas centenas de pessoas que repassaram experiências relativas ao meio ambiente.





1.3 ROTEIROS EDUCATIVOS
1.3.1. SUB- PROJETO CONHECER PARA PRESERVAR: Tem por objetivo a identificação de locais que, por sua natureza, possam servir como áreas de turismo ecológico, ou reflexão sobre a temática ambiental. São realizadas excursões, com diversos segmentos sociais, identificando-se áreas com mata ciliar, nascentes de rios, cascatas, áreas de desertificação, experiências de arborização, reciclagem, etc. É um projeto permanente, sem cronograma definido.
1.3.2. SUB-PROJETO DE REFLORESTAMENTO: Experiência com reflorestamento, na Chácara Itaperaju, localizada próxima à área urbana do município, em uma extensão de 7,7 ha. Mais de 400 espécies arbóreas nativas e exóticas, plantadas a partir de 1978, abrigando hoje espécies de animais silvestres como tatus , bugios( Alouata caraya), graxains, diversas espécies de aves, entre outras transformando-se em um acolhedor habitat. A cada ano mais espécies aparecem, propiciando acompanhamento da capacidade regenerativa de área devastada, com a contribuição do ser humano.







2- RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E OUTROS PROGRAMAS
2.1. SUB-PROJETO 10 MIL IPÊS:
O Ipê roxo (Tabebuia avellanadae) é a árvore símbolo do Município desde 1980. A ASPAN propôs-se a plantar 10 mil exemplares dessa espécie em diversos locais da cidade e zona rural. Do total previsto, 8 mil exemplares já foram plantados.
2.2. CIRCUITO DOS IPÊS
Prevê o plantio de espécies de ipê roxo e ipê amarelo nas BRs de acesso à cidade e avenidas perimetrais. As avenidas Leonel de Moura Brizola, Presidente João Goulart e trecho da BR 472 já receberam centenas de exemplares. As queimadas, mal uso de ceifadeiras e vandalismo obrigaram a freqüentes reposições de mudas. Por sugestão da ASPAN, o Executivo Municipal, em decreto, criou o Circuito dos Ipês, prevendo a ampliação do plantio em outras artérias e logradouros públicos.










2.3 PLANO DIRETOR DE ARBORIZAÇÃO URBANA- A ASPAN preparou minuta de projeto para o PLANO DIRETOR DE ARBORIZAÇÃO URBANA, a ser desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal e apoio de outras entidades.
O prazo máximo para a execução é de seis anos, paralelamente ao manejo da arborização já existente. Haverá necessidade de contratação de pessoal, tais como estagiários e monitores que serão treinados para esse fim. Esses atuarão no levantamento preliminar, rua por rua, em todos os bairros. Na fase seguinte começará o plantio propriamente dito. A legislação municipal de 1991 regulamenta o plantio e as podas das árvores em vias públicas. O plano diretor visa complementar o que já é previsto na citada regulamentação.
2.4. CONSELHO MUNICIPAL DE RECUPERAÇÃO E DEFESA DO MEIO AMBIENTE - A ASPAN teve participação ativa no referido Conselho, quando da elaboração do Plano Ambiental do Município.
Uma antiga reivindicação da nossa entidade foi concretizada: trata-se da criação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Esperava-se que a partir daí o Poder Público Municipal conseguisse estabelecer compromissos e resultados efetivos na área de proteção ambiental. A atual administração municipal (2005-2008) mudou a estrutura, reunindo a pasta da Agricultura com o Meio Ambiente.
2.5. CONVÊNIO COM A FEPAGRO
A FEPAGRO - Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária mantém em São Borja uma Estação Experimental Fitotécnica. Por alguns anos foi efetuada parceria com a FEPAGRO-Cereais. O convênio não foi renovado, por dificuldades estruturais da FEPAGRO.


2.6. SEMINÁRIO AMBIENTAL :
A primeira edição foi realizada em maio de 1998, com a participação de 400 pessoas. Oito Universidades estavam representadas e mais de 50 municípios. A ASPAN contou com o apoio do Sindicato Rural de São Borja, da Urcamp (Universidade da Região da Campanha) e da Prefeitura e Câmara Municipal de São Borja. Pretendemos que as próximas edições tenham abrangência na área do Mercosul.
A segunda edição foi realizada de 3 a 5 de Junho de 2004, nas dependências da Comunidade Evangélica Luterana, no Bairro da Pirahy.
Com isso solidifica-se um dos objetivos do PROJETO PLANTE UMA VIDA PLANTE UMA ÁRVORE: criar-se um fórum permanente de discussão e busca de soluções nas questões ambientais. Além do caráter didático desses seminários, espera-se que eles possam traçar diretrizes para os municípios, estados e países.
O Rio Uruguai que nos divide politicamente como fronteira, nos une como referência geoambiental.
Outros seminários têm sido realizados por instituições diversas, sem a coordenação da ASPAN.


2.7. SEDE PRÓPRIA E CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
Em 1999 foi adquirida uma área de 3,3Ha contígua à Estação Experimental Fitotécnica, com recursos da Fundação Francisco, sediada em Brasília. Nessa área pretende-se desenvolver um trabalho integrado de Educação Ambiental e implantação de um horto florestal com espécies nativas da região.






Com recursos do Projeto SEMEAR, o horto florestal já está em implantação.
A implantação do Centro de Educação Ambiental, com aulas teóricas e práticas, é mais um dos objetivos que nortearam o projeto Plante Uma Vida, Plante Uma Árvore e dependerá do aporte de recursos.


3.LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
3.1.ELABORAÇÃO DE LEIS AMBIENTAIS:


No período em que Darci Bergmann atuou como vereador, por duas legislaturas, foram aprovados vários projetos de lei de interesse ambiental, tais como:
O que institui a espécie botânica Tabebuia avellanadae família Bignoniaceae, como árvore símbolo do Município; o que instituiu a espécie Furnarius rufus (João de barro), família Furnaridae, como ave símbolo do Município; a Lei Municipal dos Agrotóxicos; a lei que proíbe corte de exemplares arbóreos nela especificados, a lei nº 1046, de 1981, que proíbe o tabagismo em determinados locais, entre outras.
A ASPAN, em 1989, participou da elaboração da Lei Orgânica do Município, apresentando a minuta do capítulo de Ecologia e Meio Ambiente.
Em 1991, a convite do então prefeito, elaboramos proposta de regulamentação de dispositivos da LOM (decretos 3489/91 e 3573/91), sobre arborização urbana. Hoje estão incorporados na lei complementar 24/2001. A Lei Complementar 24/2001 compilou a maior parte das leis e decretos municipais já mencionados e dispositivos de leis estaduais e federais que surgiram posteriormente e foram transformados em projeto de lei pelo então vereador Antônio Veiga Machado, com apoio do bel. Gastão Ponsi, sócio da ASPAN.


3.2.DIVULGAÇÃO:
Diversos textos legais foram divulgados ao grande público pela ASPAN, especialmente o Código Florestal Federal (lei 4.771 de 15/09/65), a Lei de Proteção à Fauna (lei nº 5.197/67), Lei Federal dos Agrotóxicos (lei 8.102), além de outras.


3.3. AÇÕES JUDICIAIS
3.3.1 - CASO ICAMAQUÃ - SANGA FUNDA
Em 1989, a ASPAN recebeu denúncia de desmatamento em área de preservação permanente às margens do Rio Icamaquã, junto à foz da Sanga Funda, no Município de São Borja. Após vistorias e filmagens aéreas, foi encaminhada representação ao Ministério Público. Diante da gravidade da situação, o MP abriu inquérito, requerendo ação processual junto ao PJ. Desde então, até abril do ano de 2001, a ASPAN assessorou o MP. A ação resultou em acordo judicial onde os réus concordaram em: a) Recuperação das áreas desmatadas, respectivamente de 20,5 e 31 ha;
b) Auxiliarem financeiramente a ASPAN em projetos de arborização comunitária e educação ambiental. Em decorrência, surgiu o projeto SEMEAR.
O fato teve tal repercussão, que outros desmatamentos deixaram de ser consumados. Isso trouxe o respeito à nossa entidade ambientalista. Houve a participação decisiva nessa ação da Juíza de Direito Mara Lúcia Cóccaro Martins, que deu prioridade ao processo.





3.3.2 A QUESTÃO DO SÃO DONATO- Em 12/03/1975, Euclides Trichez, então governador do Rio Grande do Sul, pelo decreto 23.798, criou a Reserva Biológica de São Donato, entre outras. São mais de 3 mil ha de banhados, campos e matas, a 40 km de São Borja, nos Municípios de Itaqui e Maçambará. A área é cortada pela BR 472. O que parecia um ato ecológico do governador transformou-se em uma grande batalha desde então. De um lado, ecologistas como Antônio Gutierrez (in memorian), Rui Perez Antunes e Erlon Benites, de Maçambará; Gastão Ponsi, Darci Bergmann, Mario César Dutra Lago, Antonia Senhorinha Alves (in memorian), Antonio de Oliveira Alves, Amauri Parcianello, entre outros de São Borja. De outra parte, proprietários lindeiros e invasores na parte das matas. Eram intensas as drenagens e desmatamentos. Até uma draga do DNOCS trabalhou no local, abrindo valos, à revelia do Decreto. Com o rebaixamento do nível das águas, os fazendeiros avançaram as cercas, adentrando na reserva, com criação de gado e lavoura de arroz. A fauna, rica em espécies de aves (algumas oriundas da Patagônia), répteis como o jacaré-de-papo-amarelo (Cayman latirostris), mamíferos como capivaras, ratão-do-banhado, entre outros animais, teve drástica redução. Foram feitos abaixo-assinados, um deles com mais de duas mil assinaturas, entregue ao governador pelo ambientalista José Antonio Lutzenberger. Foram realizadas moções nos parlamentos municipais e Estadual de apoio à Reserva . Nada parecia surtir efeito, tal a pressão dos interessados na área. Os governos estaduais que se sucederam calaram diante dos fatos. Convém lembrar que era época do PRÓ–VÁRZEAS, um programa federal que foi fértil em corrupção pelo desvio do dinheiro público e danos ambientais.
Em 1997, o advogado da ASPAN, Gastão Ponsi, reestudou a questão. Daí entrou com ação civil pública contra o Estado do Rio Grande do Sul. Em 03/10/97, a juíza de direito Drª Rosmari Girardi, proferiu sentença histórica, condenando o Estado a tomar as medidas para a recuperação e implantação definitiva da Reserva Biológica de São Donato. O Tribunal de Justiça do Estado manteve a sentença inicial por unanimidade.
Em 1999, técnicos do Estado sobrevoaram a área com duas aeronaves, fotografando, filmando e fazendo levantamento com GPS. Uma batalha ainda não encerrada, de 25 anos, parecia encaminhar-se para um desfecho de sensatez ambiental. Foram anunciados recursos oriundos de termo de ajustamento entre o Estado e a REFAP para o início da demarcação da Reserva e a indenização dos proprietários, quando coubesse. São Borja teve até um escritório da SEMA, mantido com os recursos da REFAP. Ainda no governo Olívio Dutra, os recursos anunciados para a Reserva Biológica de São Donato foram, em sua maioria, destinados a outras unidades de conservação, frustrando a expectativa dos ambientalistas da região. Tudo voltou à estaca zero, apesar de existir sentença transitada em julgado, obrigando o Estado a implantar a Reserva.
Nesse longo tempo foram reunidos dados num amplo dossiê, com fotografias, filmes, notícias e artigos de jornais, manifestos e estudos técnicos sobre a Reserva Biológica de São Donato. Muitos companheiros desistiram da luta, em função de desgaste pessoal, ameaças e até pela descrença nas instituições.
A situação da Reserva hoje é deplorável, mas não irreversível. Certamente nos anos vindouros, as gerações futuras entenderão o significado desses mananciais de vida e continuarão a luta encetada. Foi assim na Flórida, com os Everglades, alagados drenados para o cultivo agrícola e que salinizaram as águas. Agora, os norte–americanos gastam fortunas tentando reverter esse quadro de degradação ambiental, mercê de modelos imediatistas de exploração dos recursos naturais. Foi assim em outros países. Como lá, aqui haverá de imperar o bom senso, ainda que passem gerações.












NOVOS RUMOS
As ações geradas por uma iniciativa individual tiveram desdobramentos com a criação da ASPAN e o envolvimento da comunidade. Agora, impõem- se novos desafios, entre eles:


ESTRUTURAÇÃO DA ASPAN
Passa pela profissionalização de algumas pessoas. Até agora todos os trabalhos foram baseados no voluntariado, com sacrifícios até financeiros de alguns abnegados. Os novos projetos em andamento só terão êxito se atendida essa premissa.
Mesmo com todas as dificuldades muitas tarefas ainda serão voluntárias. Não há mais como voltar no processo.


CRIAÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO AMBIENTAL
Esse é um antigo sonho do idealizador do Plante uma Vida, Plante uma Árvore, engenheiro agrônomo Darci Bergmann. Esta fundação teria sua ação mais voltada para o conservacionismo, administrando áreas representativas dos ecossistemas da região. Os primeiros contatos já estão sendo feitos para a identificação de áreas especiais. A acelerada descaracterização da paisagem impõe urgência na questão. Não podemos esperar só dos governos a criação de parques e reservas naturais.
Cabe lembrar que essas áreas protegidas, além de bancos genéticos, servirão como local de estudos para as atuais e futuras gerações.
Os empresários e pessoas da comunidade são convidados a refletirem sobre esse tema e podem tomar iniciativas para que esse objetivo seja alcançado. A Fundação poderá reunir vários instituidores. É sabido que empresários e proprietários rurais conscientes já são receptivos à idéia, mas ainda faltam ações mais efetivas.


PAPEL IRRADIADOR DA ASPAN
Desde sua fundação, a entidade tem procurado fomentar a criação de ONG’s ambientalistas. Foi assim que surgiu com o nosso apoio a AIPAN (Associação Itaquiense de Proteção ao Ambiente Natural). Também o grupo Comandos em Defesa da Natureza, semelhante aos grupos de escoteiros, hoje com 70 crianças e adolescentes e tendo sede própria, teve apoio inicial do engº agrº Darci Bergmann, ainda quando no Departamento de Ecologia do Centro Nativista Boitatá. Trabalhar nas entidades associativas, estimulando práticas e compromissos de proteção ambiental será um papel importante da ASPAN, como já vem ocorrendo. A formação de multiplicadores ambientais, nos cursos junto à sede própria, serão de importância estratégica. Até trabalhadores de empresas e órgãos públicos poderão receber novos conhecimentos sobre a temática ambiental. Assim, serão importantes na implantação de medidas práticas de desenvolvimento sustentável.
Para citar um exemplo de como uma ação gera outra, irradiando-se nos diversos segmentos do tecido social, temos a área cultural e artística. Faz alguns anos, desencadeamos campanha de preservação dos nossos riachos. Uma fita de vídeo conseguida junto ao Instituto Goethe, em Porto Alegre, tinha, entre outros, o tema riacho, na visão ecológica. Passamos o material em várias escolas. Certo dia, fizemos uma palestra com pessoas de diversos setores da comunidade. Convidamos também compositores e intérpretes da música nativista. Depois da apresentação, sugerimos que os compositores presentes fizessem canções baseadas no tema proposto. Salvador Lamberty compôs a canção Riacho, interpretada por Cezar Lindemeyer e foi uma das finalistas da 49ª edição da Sentinela da Canção Nativa, de Caçapava do Sul, RS, nov,1997). Outros artistas estão apresentando canções que falam dos temas ambientais, como Mano Lima, Telmo de Lima Freitas, Jorge Dornelles, entre outros, a pedido da ASPAN.
Importante salientar que várias escolas já possuem grupos interdisciplinares de meio ambiente. Promovem debates, palestras, gincanas, etc. Tivemos papel decisivo nessa área e é com alegria que vemos a evolução desse trabalho. São as sementes que foram semeadas alguns anos atrás, ainda antes do surgimento da ASPAN, quando os professores de hoje assistiam às primeiras palestras do Projeto Plante uma Vida, Plante uma Árvore.
Essa força irradiadora da ASPAN e seus voluntários deverá ser mantida e ampliada. Com a estrutura administrativa em novos moldes e com a criação do Centro de Educação Ambiental não temos dúvidas de que os resultados serão ainda mais expressivos.





RESULTADOS
Decorridos 31 anos do PLANTE UMA VIDA, PLANTE UMA ÁRVORE os resultados são evidentes. Há aqueles efeitos difusos que permeiam os diversos segmentos sociais e que não se visualizam num primeiro momento. Fazem parte da consciência ecológica e são base da massa crítica. Este é o resultado maior do nosso projeto e é perceptível também pelos efeitos quanti e qualitativos que afloram, com veremos resumidamente:


1) O VERDE URBANO: Desde o início em 1977, a cidade aumentou a área verde. De algumas centenas de árvores em vias públicas, saltamos para em torno de 10 mil exemplares hoje. Ainda há um déficit de mais ou menos outro tanto. Ocorre que novas ruas foram abertas e as avenidas perimetrais ainda não foram arborizadas. Nos terrenos particulares também aumentou a arborização, diversificada , inclusive com frutíferas nativas. Isso recompôs a avifauna local. Muitas espécies retornaram por encontrarem alimento e abrigo. Até bugios aparecem na área urbana. As podas são mais amenas, obedecendo a critérios mais ecológicos.
Em 1981, na Vila Goulart, o Plante Uma Vida, Plante Uma Árvore arborizou uma área em parceria com os moradores. Tirou-se o lixo do local e hoje é uma praça cheia de verde e árvores nativas. Os moradores receberam também quatrocentas mudas de espécies frutíferas para melhoria da sua alimentação.



2) ZONA RURAL: O projeto agiu em três frentes na zona rural .


2.1. A Questão dos Agrotóxicos: foram dezenas de palestras conscientizando proprietários e trabalhadores sobre manejo integrado de pragas, cuidados com o manuseio dos agrotóxicos e descarte correto das embalagens. As melhorias são perceptíveis, ano após ano, com a diminuição dos casos de intoxicação aguda. Diminuíram os casos de embalagens abandonadas sem critério.


2.2 Queimadas: Nos campos nativos utilizava-se o fogo para queimar a matéria fibrosa, permitindo a rebrotação dos pastos. Os agricultores queimavam a resteva para facilitar a aração. Criou-se um círculo vicioso com reflexos impactantes sobre o meio ambiente. Desde 1977, com as campanhas sistemáticas que promovemos, observou-se a diminuição das queimadas, recompondo boa parte da flora e da fauna. O projeto Plante uma Vida, Plante uma Árvore, através da AEASB-Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Borja, promoveu cursos de conservação do solo, com ênfase no plantio direto. Também cursos de Jardinagem e Paisagismo foram realizados.


2.3. Arborização na Zona Rural: As palestras mostraram a importância da mata ciliar e a recomposição desta em áreas críticas. Houve melhoria notável.



As escolas rurais trabalharam o tema e receberam mudas de espécies nativas da região. Entre 1977 e 1987, mais de 100 mil mudas de espécies diferentes foram distribuídas entre a cidade e a zona rural. A partir daí a ASPAN desencadeou outras ações nessa área. Fizemos inclusive semeadura direta nas margens das BRs, visando o lado educativo e os resultados aparecem em vários trechos.


2.4 Centro Nativista Boitatá: Essa entidade de cunho tradicionalista tem em torno de 1300 associados. No seu primeiro baile em 19/09/ 1978, no decorrer da Semana Farroupilha, levamos o PLANTE UMA VIDA, PLANTE UMA ÁRVORE a participar com uma ação inédita. Foram colocadas 2 mil mudas nativas sobre as mesas e mais duas mil ficaram no saguão. Após uma apresentação do Patrão Antonio Rodrigues Aguilar e do Diretor do Departamento de Ecologia, Darci Bergmann, o 1º Baile Ecológico do Movimento Tradicionalista Gaúcho foi iniciado. Assim foi até 1988, em cada edição da Semana Farroupilha, totalizando 18 mil mudas distribuídas, atingindo cidade e interior. A idéia foi seguida por vários CTG’s no Estado. Muitos freqüentadores preservaram os capões de mato nas suas propriedades e arborizaram-nas em parte. Foi um trabalho com resultados gratificantes, pois hoje o MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho estimula as entidades filiadas a realizarem projetos de preservação ambiental.





3- EDUCAÇÃO AMBIENTAL
3.1. Na rede escolar:
Uma geração de professores participou de palestras que hoje se multiplicam em ações nas escolas. A educação ambiental é um objetivo permanente, atividade cotidiana e de perseverança. Todas as escolas estaduais e municipais e cursos superiores foram trabalhadas pelo nosso projeto. Muitas escolas também receberam mudas de espécies nativas, que nem sempre prosperaram por problemas estruturais.


3.2. Aspectos informais:
Com a Igreja Evangélica de Confissão Luterana fizemos parceria informal. Por um bom tempo acompanhamos o Pastor nas suas andanças pela região. Após os cultos fazíamos palestras sobre meio ambiente.
Outra estratégia para palestras no interior do Município foi a de aproveitar os bailes nos galpões comunitários. As palestras precediam o baile e com isso garantia- se um público variável.


3.3. Viva a Natureza:
Este é o nome do programa de rádio, de educação ambiental, no ar desde 1990 na Rádio Cultura AM de São Borja. O nome foi derivado do Clube de Ecologia mantido por 20 meninas adolescentes que funcionou nos anos de 1990 a 1992. O programa Viva a Natureza foi levado ao ar até 2002.
Com o programa fecha-se o leque de ação educativa envolvendo todos os setores sociais.





4. Resultados Institucionais:
A ASPAN foi reconhecida junto à comunidade local. Colaborou como assistente do Ministério Público, numa época em que não havia a PATRAM, nem a estrutura de licenciamento ambiental do Município. Na verdade antecipou-se espontaneamente em algumas questões. As parcerias se solidificam e surgem a cada dia novas propostas de trabalho e ações a serem desenvolvidas.


5. Outros resultados:


5.1. Coleta seletiva do lixo
Houve uma experiência de 1990 a 1992 em alguns bairros da cidade com bons resultados. Inexplicavelmente, a partir de então, foi suspenso o projeto-piloto. A ASPAN vem exigindo uma postura da Prefeitura pelo retorno da coleta seletiva, inclusive com recolhimento separado do lixo tóxico (pilhas de lanterna, lâmpadas fluorescentes, entre outros). Em 2003, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com apoio da ASPAN e patrocínio de empresas locais, elaborou manual sobre reciclagem. É entendimento da entidade que a coleta seletiva deve ser incentivada a partir do gerador dos resíduos, dando-lhe as informações necessárias, daí o manual. Num segundo momento, parte-se para a coleta seletiva, incluindo-se os catadores como atores do processo. De certa forma, hoje em torno de 20% dos domicílios já separam os resíduos nas frações lixo seco e orgânico, facilitando a tarefa dos catadores. Estima-se em dois mil domicílios que já aproveitam os resíduos orgânicos realizando a compostagem para posterior aproveitamento no cultivo de hortas, pomares e plantas ornamentais.


O projeto SEMEAR vem dando continuidade nesses trabalhos


5.2. Mata ciliar no Mangrulho
Neste local, às margens do Rio Uruguai no Primeiro Distrito de São Borja, o então proprietário e sócio da ASPAN, Frederico Isbrecht, plantou quarenta mil exemplares de árvores de diversas espécies, a maioria nativas. Hoje, com as árvores já em grande porte, diversas espécies da fauna se fazem notar.


5.3. Sítio Itaperaju
De uma área depauperada pelas queimadas e erosão do solo, conseguiu-se a partir de 1978 uma recomposição florística espetacular, com centenas de espécies arbóreas e arbustivas, nativas e exóticas. Hoje, centenas de pessoas, especialmente escolares, percorrem as trilhas no local, em grupos agendados prèviamente.





5.4. O visual dos ipês
Os ipês plantados a partir de 1977, mostram toda a sua beleza nas florações de julho a agosto. Elevam o astral das pessoas e causam admiração nos visitantes; muitos desses atraídos a São Borja por ser Terra dos Presidentes.





5.5 Reserva Particular do Patrimônio Natural:
O ex-presidente da AGAPAN e sócio da ASPAN, Celso Aquino Marques, com seus familiares, criou a primeira RPPN no Município. Possui área de 135 ha de campos e matas, às margens do rio Butuí, no Rincão de São Lucas, 1º distrito de São Borja.


CONCLUSÃO
As ações desenvolvidas até aqui foram múltiplas, interpenetrando todo o tecido social, com amplo apoio comunitário. De um momento de indignação em 1977 a uma ação coletiva, já se passaram mais de trinta anos. O que motivou o engº Agrº Darci Bergmann foi a emoção. No desenvolvimento das atividades, mostrou-nos que não é preciso ser doutor em Ecologia para fazer ações voltadas à preservação ambiental. Mas é preciso entregar-se de corpo e alma a uma causa. Muitas críticas foram ouvidas. Aos poucos deram lugar ao apoio. Num certo dia, nos primórdios do projeto, Darci e equipe foram jogar sementes de espécies diversas às margens das BRs. Houve quem risse daquele gesto. A idéia era imitar a natureza, que pelo vento, água e animais também semeia. Onde o fogo não apareceu, algumas sementes germinaram e trechos estão arborizados. Todos os anos, esses mesmos semeadores repetem o ritual para reavivar os antigos ideais. Esses são os exemplos que ficam na memória coletiva.


Por essas ações, em 1999, o Projeto PLANTE UMA VIDA, PLANTE UMA ÁRVORE, foi premiado em votação dos leitores, pela conceituada revista Natureza, na categoria Preservação da Flora. (Até aqui narrado por Darci Bergmann, na Semana do Meio Ambiente – Junho de 2008 )







O projeto Plante uma Vida, Plante uma Árvore, começou com uma carta escrita pelo engenheiro agrônomo Darci Bergmann, em 03/08/1977, no semanário O JORNAL, indignado com a precária arborização da cidade de São Borja-RS. Na missiva propôs algumas ações. Foi, então, convidado pelos diretores de O Jornal a fazer matérias de interesse ecológico, resultando na campanha Plante uma Vida, Plante uma Árvore. O Jornal foi desativado, mas Darci Bergmann levou a termo a campanha, transformando-a num projeto pessoal de iniciativas na área ambiental, motivando pessoas. Em cada entidade que Darci Bergmann participava propunha ações ambientalistas, todas elas enquadradas com o nome de Plante uma Vida, Plante uma Árvore, resultando em 1987, com a criação da ASPAN-Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural, nas dependências da Câmara de Vereadores.
Segundo Bergmann, o projeto Plante uma Vida, Plante uma Árvore, foi o precursor do ambientalismo em São Borja e será levado a termo até o último dia da sua existência física.



foto direita: Plantio da primeira muda da campanha Plante uma Vida, Plante uma Árvore, por Darci Bergmann, em 1977, na rua Gal. Canabarro, em São Borja-RS

25 de dezembro de 2010

Piscina: Do lazer ao estresse

Por Darci Bergmann

Tenho lido muito sobre as piscinas fixas.  Elas são apresentadas como um acessório de lazer quase indispensável nas habitações.
Mas têm elas realmente todos esses benefícios apregoados? Ou seria mais um modismo ou quem sabe até mais um filão de mercado para a venda de produtos? Talvez as duas coisas. O certo é que existe todo um aparato que promove a idéia de que a piscina valoriza a casa e traz conforto aos seus moradores.
 Por algum tempo, pensei até em instalar uma. Fui então atrás de informações. Ouvi os vendedores desses equipamentos e só mostraram as maravilhas e vantagens desses acessórios. Visitei amigos e nas conversas com eles pude ver que as tais de maravilhas das piscinas fixas podem se transformar em dor de cabeça. 

A implantação de uma piscina ocupa espaço físico do terreno onde poderia ter uma área verde. O espaço ao redor da piscina traz limitações ao plantio de árvores por vários motivos. Um dos mais alegados é a queda de folhas na água, outro o sistema radicular. Uma vez instalada, ela precisa de manutenção e isto durante o ano todo. Nas regiões de clima mais ameno, ela é usada em média três meses ao ano. Quer dizer, muito gasto para pouco uso.

Os transtornos não param aí. Um casal relatou o seguinte. Os filhos pré- adolescentes queriam muito ter uma piscina. Assim, decidiram implantar uma. O orçamento na época permitiu o investimento. A piscina só era ocupada nos meses de verão. Depois, os filhos crescidos saíram de casa. E a piscina estava ali dando gasto e ocupando espaço. Com o passar do tempo, o orçamento familiar encolheu. Era preciso diminuir gastos.  Agora o casal se dera conta do quanto gastara para um lazer de pouco tempo. As tão sonhadas árvores de frutas que sempre almejou plantar não encontraram espaço. Tudo por causa da tal de piscina. Quando se quer viajar, alguém tem que vigiar o local, porque pode acumular água e atrair os mosquitos. O casal pensa em até vender a piscina, mas os custos de remoção são altos.

 Num outro caso, a situação era semelhante. O desfecho, porém foi outro. Cansado de gastar na manutenção de uma piscina desativada, o proprietário decidiu fazer um uso mais ecológico da estrutura. Fez um sistema de captação de água da chuva no telhado da casa. A piscina foi coberta com laje de concreto e transformada em depósito dessa água pluvial. Ao lado, foi implantada uma horta protegida e agora ele produz verduras de boa qualidade sem agrotóxicos.

Caros amigos e amigas. Se vocês pensarem em implantar uma piscina, façam antes uma análise das vantagens e desvantagens dessas estruturas. Não façam investimentos que depois podem resultar em transtornos. Desconfiem quando o assunto só é abordado de forma unilateral com patrocínio de toda uma gama de empresas ávidas para abocanhar uma boa parte do seu dinheiro. Existem coisas na vida que são simples e que nos dão felicidade mesmo assim. Estamos numa época em que é preciso decidir por um estilo de vida menos sujeito ao gasto de matérias primas e energia. Felicidade é ter menos preocupações.