27 de janeiro de 2013

Rio Uruguai: histórias e natureza ameaçadas (5)


   O roteiro da viagem de janeiro deste ano de 2013, pelas Missões e Noroeste gaúchos, incluiu ainda Alecrim, Santa Rosa, São Pedro do Butiá e Ubiretama.Santa Rosa, cidade polo do Noroeste, será motivo de matéria especial. Em outras oportunidades, dezenas de municípios foram visitados, incluindo vários no Estado de Santa Catarina. Todos eles, de alguma forma, serão atingidos pelas barragens já construídas ou ainda a serem implantadas no Rio Uruguai. Isto significa que um município pode não ter área alagada pelos lagos das UHEs, mas as migrações dos desalojados e das massas operárias, que depois permanecem na região, constituem novos desafios a serem enfrentados pelos administradores públicos.
    
                                                          ALECRIM


   A árvore Holocalyx balansae, conhecida popularmente como Alecrim,  deu origem ao nome do Município. É uma homenagem à exuberante flora da região e já mostra a devoção das pessoas à Natureza. Isto se constata de várias maneiras. Na cidade, o verde está por toda a parte. Tem inclusive um parque com mais de dois hectares com um remanescente da mata original, verdadeiro banco genético.  Andamos em vários pontos e não vimos lixo jogado em vias públicas. Existe um distrito industrial, o que melhora o ordenamento dos espaços. O forte da economia é o agronegócio, seguido do comércio, pequenas indústrias e serviços em geral. A vocação turística é grande, principalmente no setor do ecoturismo e turismo rural. A cidade é tranquila, aprazível e as pessoas recebem bem os visitantes. Na zona rural, existem cenários espetaculares. 
    Uma das atividades econômicas mais expressivas dentro do agronegócio é a pecuária de corte, com a presença forte da raça Brahman. Um fato inusitado em região com predominância das pequenas propriedades. A raça bovina Brahman tem sangue Nelore e Charolês. A pelagem branca, refletora da luz do sol, e o sangue Nelore dão resistência ao calor e aos parasitas externos. A mansidão fica por conta do sangue Charolês.

O sr. Albino Marczewski nos guiou até alguns exemplares
da espécie arbórea alecrim




Pessoas como o Neldo da foto acima foram gentis e nos
passaram muitas informações nas nossas andanças.


Localidade Lajeado Pedregulho,  município de Alecrim-RS
Vales e encostas com a presença de gado Brahman. Ainda
se vê boa parte da vegetação original pertencente ao Bioma
Mata Atlântica.





SÃO  PEDRO DO BUTIÁ


   A cidade já nos causou boa impressão em outras ocasiões. Ela continua com um charme especial e a limpeza nas vias públicas é digna de elogios. Assim também como a boa arborização. Destaque é   a dedicação das pessoas ao cultivo de plantas floríferas, sejam árvores ou espécies de menor porte.
   A economia de São Pedro do Butiá se baseia no agronegócio,com matriz produtiva bem diversificada. Comércio, indústria e serviços também movimentam a economia. 
  Na chegada, é possível observar que a cidade e o meio rural  buscam definir caminhos que levem ao turismo. No trevo, a constatação: São Pedro do Butiá, o Jardim Missioneiro. É o trevo mais bonito em  toda a região. Além disso, para marcar bem a identidade do Município, a estátua do padroeiro São Pedro, é visível de longe, rodeado de verde e casas bem conservadas dos primeiros moradores de ascendência germânica. O butiazeiro é a sua 'árvore-símbolo'. Espécie belíssima, de frutos saborosos e que permite o cultivo de plantas epífitas, tais quais as orquídeas.
   São Pedro do Butiá tem grande potencial turístico. A preservação das tradições dos colonizadores, o ecoturismo e o turismo rural serão alavancas na economia local. É a indústria sem chaminés, que preserva o meio ambiente e permite sustentabilidade.

Parecendo olhar o infinito,
a estátua do padroeiro São Pedro
se destaca de longe. 




O Jardim Missioneiro.
O 'butiá', palmeira da espécie botânica
Butia paraguayensis é um dos símbolos do Município
 de São Pedro do Butiá.



O trevo de acesso é muito bonito e bem conservado.






UBIRETAMA

A linda cascata no Rio Laranjeiras
é um dos pontos turísticos de Ubiretama.

   É a tal pequena cidade que encanta os visitantes já na chegada. Longe do burburinho infernal dos grandes centros, Ubiretama esbanja charme e tranquilidade. Ali todos se conhecem, as casas não precisam de grades e muros, as plantas floridas estão por todos os lados e a cidade tem ruas e praça com muito verde. Se esses são fatores para uma boa qualidade de vida, então Ubiretama os tem e pode se orgulhar disso. As ruas são limpas e as pessoas muito atenciosas. Por essa atenção que elas dispensam a quem chega de fora, descobrimos até pessoas com sobrenome Bergmann.





Aqui os jerivás fazem parte da arborização urbana

Residências sem grades e muros e jardins floridos são marca
registrada da cidade de Ubiretama






     
   

26 de janeiro de 2013

Rio Uruguai: histórias e natureza ameaçadas (4)

De Santa Rosa a Porto Lucena. Depois, continuamos a viagem 'costeando' o Rio Uruguai entre Porto Lucena e Porto Xavier. Cenários belíssimos e ameaçados pela insensatez humana dos projetos faraônicos.


                                                     PORTO LUCENA


Porto Lucena é uma cidade bem arborizada, o que mostra  maturidade
ambiental e a busca pela qualidade de vida.
Que esta paixão pela natureza seja eterna!


Vista do Rio Uruguai, nas proximidades de Porto Lucena-RS,
em 17-01-2013. Na foto aparece uma ilha e mais ao fundo
já é a vizinha Argentina. Cenários tão encantadores poderão
desaparecer com as hidrelétricas previstas para a região.

A 'casa de pedra' da Sra. Belmira Carmona tem um toque especial
pois une bom gosto e rusticidade em meio a um jardim colorido.

Saindo de Santa Rosa em direção a Porto Lucena, a paisagem mostra cenários de rara beleza. Ainda é possível visualizar fragmentos da mata primária que cobria toda a região. A consciência ambiental e a perspectiva do ecoturismo e mesmo turismo rural já mostram tendência na região. Porto Lucena tem cenários rurais espetaculares. A cidade tem contrastes, entre prédios mais antigos e modernos. É pacata e acolhedora e a sua gente recebe os visitantes sempre com alegria. A economia local gira principalmente em torno do agronegócio, comércio, serviços e pequenas indústrias. O potencial turístico é grande. 
Como outras cidades costeiras, está ameaçada pelas hidrelétricas projetadas para o Rio Uruguai.



PORTO XAVIER





Constatamos que o relevo ao longo do rio Uruguai vai mudando a partir de Porto Mauá, em direção a Porto Lucena e depois a Porto Xavier e assim também a Garruchos e São Borja, mais ao Sul. É uma região de transição. Porto Xavier tem cenários rurais deslumbrantes. Pouco antes da cidade, a sinalização informa que a rodovia passa por uma 'área de preservação permanente'. A mata primária ali está fragmentada, mas aos poucos os corredores ecológicos tendem a unir essas áreas. A consciência ambiental parece mostrar bons resultados, pois as encostas estão em processo 
de regeneração florestal, o que amplia as possibilidades do ecoturismo e de outras potencialidades econômicas. Entre as encostas, os vales e algumas áreas de relevo suave já mostram a transição da Mata Atlântica para o Bioma Pampa. 
Tivemos boa impressão de Porto Xavier, cuja economia está assentada no agronegócio e na agroindústria, com uma usina de álcool de cana-de-açúcar. Também o comércio e serviços alavancam a economia local. A cidade que vimos estava limpa, sem aqueles plásticos e papéis jogados nas vias públicas. Boa arborização urbana denota que os moradores apostam na qualidade de vida proporcionada pelas áreas verdes em geral.












25 de janeiro de 2013

Rio Uruguai: Histórias e natureza ameaçadas (3)


Continuamos o nosso roteiro pelas Missões e Noroeste gaúchos.


                                                            TUCUNDUVA

Município com economia baseada no agronegócio, comércio, serviços e indústria. Por muitos é considerada a 'terra da música', eis que tem conjuntos de reconhecimento nacional e até no exterior. A cidade apresenta bom visual, ruas limpas e com boa arborização. Tem vocação para o turismo, inclusive rural.






Melissa Bergmann e a menina Cíntia Rafaela de Oliveira, esta
moradora de Tucunduva.



                                          NOVO MACHADO

É município novo, baseado no agronegócio. A cidade é pacata, bom visual e limpeza impecável nas ruas. Aqui as moradias ainda não precisam de cercas e muros. As pessoas são muito atenciosas, caso do casal Valdi König e Elvira Sell König, que nos receberam e deram informações sobre a cidade e região. Chama atenção o fato de que as lavouras de soja ficam rentes à área urbana, como se fossem imensos jardins, pontilhados aqui e ali por remanescentes das matas nativas.






PORTO MAUÁ


De Novo Machado a Porto Mauá, cidade nas margens do Rio Uruguai, a paisagem é deslumbrante. Vales de um verde espetacular são emoldurados por morros ainda com remanescentes da floresta original. Tudo é muito bonito e as boas casas na zona rural são rodeadas de jardins floridos. Porto Maúá, depende do agronegócio e do turismo. A cidade é acolhedora. A população vive um drama.
A construção prevista da Usina Hidrelétrica Roncador, no Rio Uruguai, afogará terras, histórias e locais turísticos. A área urbana vai ser atingida em cheio. Quando visitamos a cidade, numa tarde quente de um domingo ensolarado, centenas, talvez milhares de visitantes e moradores se deliciavam com a sombra e a paisagem nas margens do Rio Uruguai.
Falamos com dezenas de pessoas e a maioria delas não quer saber de barragens no Rio Uruguai. As que foram construídas já deixaram marcas profundas de alteração ambiental. Com a escassez de chuvas, Itá, Machadinho e Foz do Chapecó chegaram a interromper ou diminuir a geração de energia. Mas os tecnocratas e as grandes empreiteiras querem mais barragens. E as outras alternativas de geração, porque não são implementadas?



Da esquerda à direita: Egon Köhler, Noêmia Pisoni Köhler,
Melissa Bergmann e Ana Luísa Bergmann Cardoso.
 A família Köhler mora a décadas neste refúgio próximo ao
Rio Uruguai, em Porto Mauá. Caso seja construída a UHE
Roncador, as indenizações reparam a história, a tradição e
os sonhos de tantos anos?




 



18 de janeiro de 2013

Rio Uruguai: Histórias e natureza ameaçadas (2)

Bacia do Rio Uruguai: Aspectos das Missões e Noroeste do Rio Grande do Sul
Através de fotos e comentários vamos apresentar um panorama geral das regiões acima referidas onde se destacam cenários de rara beleza. Também aparecem pessoas que manifestam os seus pontos de vista, sempre em entrevistas ao acaso

Salvador das Missões
Cidade pacata, aspecto de limpa e muito verde, o que evidencia que a população busca a qualidade de vida. Aqui nasceu uma das maiores redes de varejo do Rio Grande do Sul, a Lojas Becker, hoje sediada em Cerro Largo. Economia alicerçada no agronegócio.




Guarani das Missões
Município colonizado por descendentes de poloneses. Cidade bem arborizada, acolhedora e que realiza a Polfest, onde as tradições polonesas são mostradas ao público. Economia alicerçada no agronegócio, comércio e indústrias


 Roque Gonzalez
Povo acolhedor, cidade limpa e bem arborizada. A poucos quilômetros do centro está a barragem da Usina Hidrelétrica Passo São João, no Rio Ijuí, este tributário do Rio Uruguai. A economia com base no agronegócio, comércio  e indústria, agora investe no turismo com vários campings e pousadas








Cerro Largo
Pólo industrial e comercial. Sede da rede Lojas Becker. Agora sedia um campus da Universidade Federal Fronteira Sul. População com ascendência germânica e que realiza a sempre exitosa Oktoberfest. Tem potencial no turismo voltado aos temas das tradições  germânicas e no ecoturismo.




Santo Cristo
Cidade fundada por descendentes de alemães. Economia baseada na agronegócio, indústria, comércio e investindo no setor de turismo. O Lago Azul e o Hotel Fazenda 3  Cascatas já são referências nessa área. É sede da rede de varejo Quero Quero. A cidade é limpa, bem arborizada e apresenta traços da arquitetura germânica conhecida como enxaimel. 




Em Santo Cristo, o estilo enxaimel revela uma identidade visual
à cidade, o que incentiva o turismo.





O prédio da recepção combina pedra e madeira: rusticidade e
beleza



O turismo rural e o chamado ecoturismo, que preserva
a paisagem com o mínimo de interferência, está atraindo
cada vez mais interessados.
 Da esq. à dir: Ana Luísa Bergmann , Melissa Bergmann,
Luíza Caneppele, Genir Caneppele e Celso Caneppele.   







Tuparendi
Próxima à cidade de Santa Rosa, Tuparendi tem economia alicerçada no agronegócio, comércio e indústria. Cidade aprazível, limpa e bem arborizada e tem potencial turístico, com cenário rural de rara beleza. Entre outras indústrias, sedia a Fankhauser com produtos para o agronegócio.






Tuparendi é uma cidade aprazível, limpa e bem arborizada.
Flagrei a relíquia de carro antigo bem cuidado, pertencente
a Neri Netzel