12 de março de 2011

As perdas dos produtores não se devem ao Código Florestal

Por Darci Bergmann


 O Código Florestal tem sido apontado por produtores rurais como limitante ao aumento da produção. Essa alegação parte de uma premissa equivocada. Na verdade, ao se manter as áreas de preservação permanente e de reserva legal, as propriedades rurais estão sendo protegidas de várias formas. Os serviços ambientais dessas áreas são evidentes e se refletem também na manutenção das condições de produção das terras de cultivo. Encostas íngremes de morros, beiras de rios e de reservatórios de água devem conservar a vegetação natural, por vários motivos: Primeiro porque nelas não há garantia de boas colheitas, por serem sujeitas à erosão e às enchentes. Segundo porque essa vegetação ajuda na conservação dos mananciais hídricos, supridores de água para a irrigação. Em propriedades rurais mal administradas sob o ponto de vista ambiental, mais cedo ou mais tarde ocorrem situações que comprometem a produção. O solo produtivo não pode ser visto de forma isolada, como querem alguns. Os insumos de produção - sementes de boa qualidade, adubos, agrotóxicos - podem até aumentar a produtividade, mas não são garantia absoluta e permanente de colheitas fartas e de lucros. Tudo isso tem um custo e a tendência é de que eles aumentem. Os fertilizantes mineirais, por exemplo, dependem de matérias primas cada vez mais escassas. Os combustíveis tem custos que se elevam a cada novo plantio. Mas há outros fatores mais sutis e que emergem com perdas na produção e nos ganhos. É o caso do surgimento de novas pragas e moléstias. Nesses casos, também ocorre a resistência das mesmas aos agrotóxicos, conforme se constata em várias culturas.
Entre todas as causas de prejuízos à produção rural, as perturbações climáticas se sobressaem. As perdas podem se refletir de várias formas - ora chuvas em excesso, ora estiagens. Estiagens podem ser contornadas com irrigação. Sim, desde que haja água disponível. Mas esse recurso depende de como nós cuidamos dos nossos mananciais. E aí vamos lembrar que os serviços ambientais das áreas de preservação permanente e de reserva legal são importantes fatores na conservação dos recursos hídricos. Só pessoas de visão muito imediatista não percebem isso. 
 As perturbações climáticas podem resultar no desequilíbrio da biota - flora e fauna - e provocar o surgimento de pragas e moléstias em surtos causadores de grandes prejuízos. 
De outro lado, as perturbações do clima - ou como querem alguns, as perturbações meteorológicas - também são aguçadas pela atividade humana. As causas mais citadas são a queima de combustíveis fósseis como os derivados de petróleo e carvão. No Brasil, estima-se que 50% das emissões dos gases de efeito estufa sejam oriundas dos desmatamentos e das queimadas. Portanto, a agricultura, quando feita de maneira predatória, também causa prejuízos à produção. E o ciclo de conversão de novas áreas ainda não parou. O que resta do Cerrado e a broqueada Amazônia já são alvos para a expansão da fronteira agrícola, especialmente com essa paranóia dos biocombustíveis. 
 Voltemos ao Código Florestal. Ele pode ser melhorado em alguns aspectos, mas não pode ficar uma lei sem eficácia, sem o objetivo a que se propõe, que é a proteção do solo, dos mananciais, da biodiversidade, estes também insumos de produção, como já visto. Certas propostas de alteração são meras balelas, como aquela que preve reduzir a faixa mínima de vegetação natural de 30 m para 15 m ao longo dos cursos de água. Ora, uma faixa de preservação permanente de 15 m de largura e nada é quase a mesma coisa. Como disse alguém -  é um fio dental verde que deixa tudo à mostra.
Os produtores rurais não tem perdas pela observância do ainda vigente Código Florestal. As perdas se devem a fatores climáticos, pragas e doenças. Podemos acrescentar ainda as perdas para os atravessadores e o sistema financeiro.
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Registros na mídia:

Com excesso de chuvas,
MS já perdeu 1,5
milhão de toneladas da
safra de soja
noticias :: Por Editor em 12/03/2011 :: imprimir   pdf   enviar   celular

Levantamentos feitos por associações de produtores, prefeituras e pelo governo de Mato Grosso do Sul indicam que as perdas na safra de soja já chegaram a 1,5 milhão de toneladas, dos cerca de 5,4 milhões previstos pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2010/2011. Segundo o assessor técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), Lucas Galvan, em alguns municípios a perda é bem maior.


"Em São Gabriel do Oeste, grande município produtor, o laudo feito pela prefeitura e pela agência rural calculou perda de 60% na colheita de soja. Em outros municípios já foram registrados até 50%", afirmou Galvan.

O governador de Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, disse que 15 municípios já estão em estado de emergência e outros aguardam o laudo técnico. Com a visita ontem (11/03/11) ao estado do ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, Puccinelli disse esperar que a situação das demais cidades seja avaliada e que as vias de escoamento da produção tenham planejamento próprio.

"Esperamos fazer um programa de recuperação das estradas de produção, já que mais de 1 milhão de toneladas de soja estão sendo perdidas daquela que seria a safra recorde de Mato Grosso do Sul. No começo da colheita houve mais de dez dias de chuva ininterruptos, então a soja começou a apodrecer ainda no campo", disse o governador.

A produção de soja no estado, que seria recorde, deve regredir com os danos causados pelo excesso de chuvas a patamares de quatro safras passadas. Galvan, da Famasul, disse que os prejuízos em Mato Grosso do Sul reforçam a necessidade de implantação de seguros agrícolas mais efetivos e acessíveis aos produtores rurais. Antes do período de chuvas, apenas 30% da colheita tinham sido concluídos.

Em Mato Grosso, estado vizinho, as chuvas também estão afetando a colheita que, devido à impossibilidade de trabalho das máquinas, abrangeu apenas 50% da produção. Segundo o diretor administrativo da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Gross (Aprosoja), Carlos Favaro, apenas metade da safra de soja do estado, estimada em cerca de 20 milhões de toneladas, foi colhida.

"O restante da safra tem que ser colhido em dez dias", disse Favaro, explicando que além da perda na safra de soja, o atraso na colheita prejudicará o plantio de milho. Dos cerca de 1,8 milhão de hectares estimados em plantio de milho para o ciclo 2010/2011, apenas 1,3 milhão de hectares já foi plantado. O restante será cultivado com risco de seca durante a safra.

FONTE

Danilo Macedo e Beatriz Arcoverde - Repórteres
Graça Adjuto - Edição
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Chuvas: prejuízo chega a 190 milhões de reais a pecuaristas do Pantanal
As constantes chuvas que caem sobre o Mato Grosso do Sul desde a primeira quinzena de março de 2011 levou a uma supercheia e alagou a região do Pantanal. De acordo com o meteorologista da Somar Meteorologia, Celso Oliveira, não só esta chuva sobre o Mato Grosso do Sul é responsável, mas também as chuvas que caem sobre a cabeceira do Rio Paraguai que nasce em Mato Grosso.


Já são mais de 130 mil pessoas afetadas pelas chuvas das últimas semanas. Ao todo, 19 municípios decretaram situação de emergência. Entre eles estão Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Paranaíba, Aquidauana, Campo Grande, Coxim, São Gabriel do Oeste, Nioaque, Maracajú, Santa Rita do Pardo, Ivinhema, Bonito, Chapadão do Sul, Sidrolândia, Miranda, Alcinópolis, Rio Verde de Mato Grosso, Nova Alvorada do Sul, Rio Brilhante, Terrenos, Bandeirantes, Corguinho, Rochedo e Dourados.

Este excesso de precipitações pegou diversos pecuaristas de surpresa e deixou fazendas ilhadas. Com isso, muitos não tiveram tempo de remover o gado das áreas mais baixas do Pantanal, levando a morte dos animais.

De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Embrapa), as inundações no Pantanal sul-mato-grossense devem causar um prejuízo de R$ 190 milhões à produção pecuária da região.

Segundo a Somar Meteorologia, a chuva diminui um pouco sobre o Mato Grosso do Sul, mas vai continuar chovendo sobre a cabeceira do Rio Paraguai, o que deve ainda manter elevado o nível do rio e consequentemente a supercheia na região do Pantanal.

FONTE

Somar Meteorologia
Juliana Xavier - Jornalista
Telefone: (11) 3030-0799
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PREJUÍZOS COM SECA PASSAM DE R$ 30 MILHÕES
             Já ultrapassam os R$ 30 milhões, os prejuízos provocados pela estiagem de mais de dois meses nas lavouras e na pecuária do município. Os novos dados foram apresentados terça-feira durante reunião na Prefeitura, de técnicos da Secretaria Municipal da Agricultura, Emater, cooperativas, Sindicato Rural, IRGA e Associação dos Arrozeiros. No encontro, os técnicos reavaliaram os dados que haviam sido divulgados dia 14 de janeiro e que apontavam prejuízos pouco maiores que R$ 20 milhões.
            O diretor do escritório local da Emater, Eduardo Rossi, forneceu os números sobre o relatório elaborado da reunião desta semana, constando que só na lavoura de soja, os prejuízos chegam a R$ 17.871.000,00 devido à quebra de safra de 60% e os três mil hectares que sequer foram semeadas. Na lavoura de arroz, os prejuízos atuais são de R$ 11.844.000,00 considerados os 1.300 hectares que foram abandonados por falta de irrigação e a quebra de safra calculada em 14%. Na produção leiteira, os prejuízos estão em R$ 91 mil nos últimos 90 dias devido à quebra de 50% nesta produção. A quebra na produção de hortigranjeiros que chega a 90% segundo o levantamento apresentado pelos técnicos do município. Na pecuária, os prejuízos estão em R$ 945 mil, considerando-se a redução da natalidade de terneiros que deve ficar em torno de 10 e 15%.
             Somando os números, os técnicos divulgam que os prejuízos provocados pela seca em São Borja, já estão R$ 30.936.000,00. O levantamento será reavaliado semanalmente a partir de agora em virtude das perdas crescentes nos setores agrícola e de pecuária. O diretor da Emater, Eduardo Rossi, frisa que a situação é critica visto a redução dos níveis de rios, açudes e barragens, acarretando falta de água para os animais e também para necessidades básicas da população, principalmente da zona rural. Estes relatórios servirão também como base para encaminhamento de reivindicações a autoridades estaduais e federais e para o conhecimento da Defesa Civil do Estado.
 FONTE: Folha de São Borja – 26/01/2002 – Pág 06
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SÃO BORJA DECRETA SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA 
POR CAUSA DAS CHUVAS



O prefeito de São Borja, José Pereira Alvarez (PPB), assinou decreto na sexta-feira passada colocando o município em Situação de Emergência por causa dos prejuízos provocados pelas chuvas intensas das últimas semanas. Conforme a justificativa do prefeito, os prejuízos provocados pelos temporais de ventos fortes, chuvas torrenciais e granizo estão por toda à parte, principalmente na área da agricultura, na infraestrutura da cidade, na malha rodoviária e em residências da população carente.
            Nas informações colhidas pelo diretor da Secretaria de Infraestrutura, Mário Porto, e pelo Chefe de Gabinete da Prefeitura, Jorge Goulart Roos, e repassados ao prefeito Juca Alvarez, foram constatados vários rompimentos de barragens no município, três estradas municipais estão interrompidas por causa da enchente do rio Uruguai e afluentes e vários bueiros e pontilhões foram levados pelas enxurradas, provocando mais problemas ainda. Além disso as rodovias federais da região, BRs 285, 287 e 472, estão com problemas de trafegabilidade deixando o município quase isolado do resto do país.
            Na cidade várias áreas de alagamento se agravaram diante das chuvas intensas de semana passada, principalmente no Bairro do Passo, Betim e Paraboi. A rede de esgoto pluvial não vem resistindo ao grande volume de água e com isso, várias residências chegaram a ser invadidas. Muitas ruas estão com problemas e a prefeitura está reunindo condições para recupera-las o mais breve possível, o mesmo afirma com relação às estradas do interior. Quanto às casas avariadas de pessoas carentes, a prefeitura já está com projeto pronto de contratação de pessoal a fim de reconstruí-las.
            Prejuízos grandes também serão constatados na lavoura de 15 mil hectares de trigo que começou a ser colhida, mas que tem problemas diversos provocados pela chuvarada e ventos fortes. Praticamente toda a lavoura está em fase de maturação, mas as chuvas impedem a colheita. Parte da safra deverá se perder na lavoura, embora o cálculo dos prejuízos não ter sido feito. Enquanto isso, os produtores de arroz estão muito apreensivos porque até agora não conseguiram plantar suas lavouras no município. O atraso no plantio já chega a quase um mês e as terras encharcadas impedem o trabalho dos tratores. Ainda é cedo, mas alguns técnicos já admitem redução na área de plantio do arroz por causa do mau tempo.


RIO URUGUAI




O rio Uruguai que esteve em 10,70 metros além do nível normal no domingo, já está baixando na região de São Borja, mas o quadro ainda preocupa. Vários bares do Cais do Porto Internacional foram inundados e algumas famílias tiveram que abandonar suas casas à beira do rio. Três estradas, do Salso, Santa Luzia e Estiva, estão interrompidas por causa das cheias. Milhares de hectares de áreas de cultivo de arroz ainda estão inundados pelas cheias na região.

 
FONTE: Folha de São Borja – 16/10/2002 – Pág 16

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PREJUÍZOS DA SECA EM SÃO BORJA PODEM
CHEGAR A R$ 100 MILHÕES

As autoridades políticas e técnicos ligados à agropecuária local ainda estavam concluindo nesta terça-feira, levantamento mais completo e detalhado sobre os problemas e prejuízos provocados pela estiagem no município de São Borja e que se agravam cada vez mais. A meta das autoridades e técnicos é produzir um documento para ser enviado à defesa civil e aos governos estadual e federal a fim de reivindicar recursos emergenciais.
            Em várias localidades da zona rural de São Borja já falta água para os animais e também para o consumo humano. Além disso, a agricultura de subsistência, como lavouras de milho e aipim, foram perdidas pela falta de chuva que também continua aumentando as perdas na lavoura de soja. O gado segue emagrecendo em função da falta de pastagens e falta de água para beber. O secretário municipal da Agricultura, Sérgio Malgarin, informou que a produção leiteira igualmente está totalmente comprometida e poucos produtores ainda seguem com a atividade.
            O levantamento que está sendo completado no meio desta semana e que é coordenado pela prefeitura, vai apontar laudos, por amostragem, sobre as regiões e propriedades mais atingidas, incluindo dados sobre culturas de verão, pecuária, atividades financiadas, regime de chuvas nos últimos meses, abastecimento de água e ainda informações sobre o ataque de pragas. No total, 10 equipes percorreram o interior do município desde quinta-feira passada, formadas por representantes da secretaria municipal da Agricultura, Emater, Banco do Brasil, Cotrisal, associações de produtores e escritórios de planejamento agronômico.

PREJUÍZOS EXTRAORDINÁRIOS


            O secretário da Agricultura, Sérgio Malgarin, prevê a sistematização dos dados até o final de semana, incluindo comparativo de evolução das lavouras e do clima nas últimas duas décadas. O déficit de chuvas supera os 200 milímetros nos últimos três meses e a estimativa é de que os prejuízos se aproximam de R$ 100 milhões, segundo Malgarin, que igualmente prevê dificuldades para que os produtores se recuperem dos prejuízos. Técnicos que visitaram o interior dizem que há clima de desespero entre os produtores e a situação complica ainda mais a cada dia sem chuva.

RECURSOS FEDERAIS

O governo federal anunciou a antecipação de R$ 60 milhões para o cultivo das lavouras de inverno no país, como medida que visa minorar os problemas da seca. O Rio Grande do Sul vai receber R$ 25 milhões, e a liberação será imediata através das agências do Banco do Brasil, a partir desta segunda-feira. Trata-se de decisão conjunta dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, Casa Civil, Agricultura, do Planejamento e da Fazenda. As entidades ligadas à agricultura do Estado, no entanto, acham que os recursos são insuficientes e reivindicam R$ 300 milhões.


FONTE: Folha de São Borja – 31/03/2004 – Pág 16







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