21 de março de 2011

Lobby da energia nuclear influencia decisões políticas na Alemanha

ALEMANHA | 20.03.2011


"Segura" e "verde" são adjetivos que o lobby alemão usa para defender a energia atômica. Termos que não convencem mais ninguém, desde Fukushima. É quando a tática muda e surgem ameaças de encarecimento da eletricidade.

A ameaça de catástrofe nuclear no Japão obrigou Berlim a puxar o freio de mão em sua política de energia nuclear. Há apenas alguns meses, o governo de Angela Merkel prorrogara o prazo de funcionamento das usinas do país. Agora, a decisão foi suspensa, e sete das 17 centrais alemãs serão desligadas por três meses.
Mas a palavra de ordem dentro da coalizão conservadora cristã-liberal continua sendo "repensar a energia nuclear" – o que faz soar os alarmes entre as operadoras de eletricidade. Após a prorrogação pelo governo federal, no final de 2010, esses fornecedores já se consideravam totalmente seguros. Mas agora têm motivos para temer por sua mais rica fonte de lucros.
Quanto tempo até as imagens apocalípticas do Japão caírem no esquecimento?Quanto tempo até as imagens apocalípticas do Japão caírem no esquecimento?
"Contribuição à preservação do clima"
Ao se referir à energia nuclear, Ralf Güldner, presidente do Fórum Atômico Alemão, normalmente usa termos como "valiosa", "excelente" e "exemplar" ou formulações como "indispensável contribuição à preservação do clima" e "grande potencial de desenvolvimento tecnológico". Desde a catástrofe nuclear no Japão, o maior representante dos interesses do setor se mostra bem mais contido.
"'Seguro é sempre um conceito relativo, e aqui nos encontramos numa área do risco residual", argumenta. "Talvez seja preciso discutirmos também na Alemanha se devemos relacionar certas ocorrências entre si, e aí dizer: é necessário elevar o nível de segurança, para alcançar uma redução adicional do nível de risco residual. E se isso não for tecnicamente possível em certas centrais individuais, então haverá consequências."
Está claro que, na qualidade de lobista, a atual preocupação de Güldner é limitar os danos. A decisão do governo alemão por uma moratória de três meses significa uma inegável guinada na política atômica do país, as sete centrais mais antigas poderão ser desativadas. E o Fórum Atômico também sabe disso.
Cartas marcadas
Rebelar-se justo agora seria pouco inteligente. Berlim já tem problemas suficientes para justificar sua mudança de rumo na energia nuclear. Somente submetendo-se, o lobby atômico pode ter esperança de ainda manter pelo menos as usinas mais modernas funcionando por mais algum tempo.
"Agora é preciso discutir se seguiremos podendo dar nossa contribuição no futuro: possivelmente com menos centrais, porém com um nível de segurança mais alto", tenta explicar o presidente do Fórum Atômico. "Mas a política de energia é sempre um complexo temático em que os políticos estabelecem as condições de base que as operadoras têm que respeitar."
Um jogo que as operadoras de energia, no entanto, não deixam de tentar influenciar por todos os meios possíveis. Aliás, há um bom tempo elas evitam confiar qualquer aspecto do processo político ao acaso. Um exemplo é o Conceito de comunicação para a energia nuclear – Estratégias, argumentos e medidas, do final de 2008: a publicação de 100 páginas foi elaborada por uma agência de assessoria empresarial para a gigante da energia E.on – fato que esta, no entanto, desmentiu após a divulgação pública do documento.
Fontes primárias de energia na EuropaFontes primárias de energia na Europa
Lobby atômico domina Berlim
Essencialmente, o Conceito demonstra como orientar políticos e jornalistas numa direção favorável à energia nuclear, e como influenciar o debate público sobre o tema: minimizar seus perigos, destacar sua indispensabilidade e vantagens para o abastecimento de eletricidade e a proteção do clima, são algumas das táticas.
Tarefas essas que ocupam em Berlim não apenas os lobistas do Fórum Atômico, mas também as quatro grandes operadoras de energia do país: E.on, RWE, EnBW e Vattenfall. Recentemente, o presidente da bancada parlamentar do partido A Esquerda, Gregor Gysi, comentou o fato de forma lapidar:
"A indústria atômica não possui apenas poder financeiro e econômico e detém influência considerável sobre as decisões políticas: ela as domina. E com isso, domina também o governo federal alemão e um grande número de deputados."
"Lavagem a verde"
Nos últimos anos, especialistas de marketing trataram de mostrar as unidades termonucleares de produção de energia sob a ótica mais favorável possível. Por exemplo, na campanha: "Os mal amados ambientalistas da Alemanha".
À primeira vista, parece tratar-se de uma série de paisagens, potencialmente tiradas de um prospecto de turismo. Somente olhando-se com atenção descobre-se a presença das usinas, ao fundo das fotos, e sempre bem pequenas. Uma das imagens mostra ovelhas pastando num campo verde, com uma central nuclear alemã diante do céu azul. Em primeiro plano, a mensagem: "Este ativista do clima luta 24 horas por dia pelo respeito ao Acordo de Kyoto".
A campanha mereceu o EU Worst Greenwash Award, prêmio para as manifestações mais descaradas de "lavagem a verde" de práticas ecologicamente questionáveis, dentro da União Europeia. A justificativa para a escolha foi: aqui se tenta instrumentalizar as preocupações públicas sobre as transformações climáticas com o fim de fazer propaganda para a energia nuclear.
Nuclear = renovável?!
Consta que argumentos de ordem econômica representaram um papel de peso na decisão de prorrogar o funcionamento das usinas atômicas, em novembro de 2010. As unidades geram lucros bilionários e valia a pena para o setor nuclear acenar ao governo com uma participação, diante da época de "vacas magras" dos cofres públicos alemães.
Mas até isso ocorreu a portas fechadas, denuncia o líder dos social-democratas e ex-ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel. "Quando chegou a hora de decidirmos no parlamento, o assunto já estava encerrado há muito. "Nem Bundestag [câmara baixa], nem o Bundesrat [câmara alta] participaram seriamente do processo de decisão. Eles já haviam acertado tudo com os senhores da indústria nuclear, na salinha dos fundos", acusa.
A campanha de relações públicas do lobby atômico já está tão avançada, que a energia termonuclear tem sido sempre mencionada e apresentada no mesmo contexto das energias renováveis. "Unidos pela preservação do clima", reza a foto que mostra unidades eólicas lado a lado com centrais nucleares.
Após a catástrofe no Japão, tais recursos dificilmente bastarão para salvar a desvalorizada imagem do setor. Os lobistas, com certeza, encontrarão outras linhas de argumentação para impedir o abandono rápido da energia atômica na Alemanha: um processo que, a rigor, já se iniciou.
Senão, como interpretar as discussões sobre a alta dos preços da eletricidade, num país que produz mais do que consome?
Autoria: Sabine Kinkartz (av) 
Revisão: Marcio Damasceno

Fonte: DW (Deutsche Welle)
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Reportajes
Quién controla a las agencias de control nuclear
Por Stephen Leahy

El sector de la energía nuclear tiene pocos expertos independientes, lo que pone en entredicho la transparencia y ecuanimidad de los organismos fiscalizadores.

UXBRIDGE, Canadá, 21 mar (Tierramérica).- Mientras Japón afronta un accidente nuclear que puede ser el peor de la historia, parece evidente que cualquier debate sobre la seguridad de la energía atómica debería abordar la independencia de los organismos reguladores.

El 26 de abril de 1986 varios incendios y explosiones en la central nuclear ucraniana de Chernobyl liberaron material radiactivo que se expandió sobre Europa oriental y occidental, especialmente en la propia Ucrania, Bielorrusia (hoy Belarús) y Rusia, entonces repúblicas soviéticas.

Veinticinco años después, el reactor número cuatro de Chernobyl continúa emitiendo radiactividad pese a que está sepultado bajo una gruesa pero deteriorada cubierta de hormigón armado.

Europa y Estados Unidos intentan recaudar más de 2.000 millones de dólares para construir un sarcófago permanente que contenga la radiación.

El desastre de Chernobyl suele ser atribuido a tecnología obsoleta y a la opacidad característica del régimen soviético.

El accidente en la central japonesa de Fukushima I, operada por la Compañía de Energía Eléctrica de Tokio (Tepco), se desencadenó por los daños que le causaron el terremoto de nueve grados en la escala de Richter y el inmediato tsunami del 11 de este mes. Pero “Tepco no tiene los mejores antecedentes de seguridad o de transparencia en la información”, dijo Mycle Schneider, analista de políticas energéticas y nucleares radicado en París que trabaja habitualmente en Japón.

En 2002 se descubrió que Tepco falsificaba información sobre seguridad y la empresa fue obligada a cerrar sus 17 reactores, incluidos los de la central de Fukushima I, ubicada unos 240 kilómetros al norte de Tokio, en el este del país, sobre el océano Pacífico.

Ejecutivos de Tepco admitieron haber presentado unos 200 informes técnicos con datos falsos en las dos décadas anteriores. La maniobra quedó expuesta porque un ingeniero nuclear estadounidense que trabajaba en la empresa la dio a conocer, dijo Schneider a Tierramérica.

En 2007, un terremoto de 6,6 grados obligó a Tepco a clausurar los siete reactores de la central nuclear más grande del mundo, ubicada en la costa oeste de Japón. La planta de Kashiwazaki-Kariwa se cerró por 21 meses para realizar reparaciones y pruebas antisísmicas adicionales. Sólo cuatro de sus reactores volvieron a operar.

“No hay un solo lugar de Japón que no sea propenso a los terremotos”, dijo Schneider.

Japón obtiene un tercio de su electricidad de 55 reactores nucleares, lo que lo coloca tercero luego de Francia, con 59, y de Estados Unidos, con unos 100. Japón no tiene petróleo, gas natura ni carbón y es un gran consumidor de energía. El país planea construir otros 15 reactores.

Otras instalaciones atómicas japonesas han experimentado fallas.

En 2004, un accidente mató a cinco trabajadores. En 1996, otro provocó una lluvia radiactiva que alcanzó los suburbios del nororiente de Tokio, pero tuvo poca repercusión pues el gobierno prohibió a los medios divulgar la información, sostuvo el periodista Yoichi Shimatsu, ex editor de The Japan Times Weekly, en un artículo publicado en The 4th Media.

Los ambientalistas japoneses protestan desde hace tiempo por regulaciones estatales inapropiadas y la cultura de la industria nuclear de encubrir sus errores.

El problema es que las empresas de energía nuclear como Tepco y las agencias reguladoras del gobierno son “esencialmente lo mismo”, dijo a Tierramérica el presidente de la no gubernamental Coalición Canadiense para la Responsabilidad Nuclear, Gordon Edwards.

Esa situación se repite en Japón, en Canadá, Estados Unidos y en otros países, planteó Edwards.

“Hay pocos expertos nucleares independientes en el mundo. Todos trabajan para la industria, o lo hicieron antes y ahora son reguladores”, señaló.

Canadá tiene una gran industria nuclear de propiedad estatal, con 17 reactores que aportan 15 por ciento de la electricidad del país.

El gobierno canadiense ha vendido reactores Candu a varios países, entre ellos Argentina y, más recientemente, China.

Las plantas nucleares de Canadá han sido objeto de múltiples reparaciones, todas ellas costosas, y también de clausuras, principalmente por filtraciones. Aunque no hubo víctimas fatales, pero los costos de reparación ascienden a miles de millones de dólares.

La industria y las agencias de fiscalización no tienen interés en educar al público o a los gobernantes, dijo Edwards. “Nunca explican que la radiactividad no es algo que puede apagarse. No explican que incluso cuando se clausura un reactor éste sigue generando una enorme cantidad de calor que debe eliminarse para impedir la fusión del combustible”, destacó.

Un claro ejemplo es el reactor número cuatro de Fukushima I, que estaba clausurado desde diciembre. Pero el combustible ya usado sumergido en las piscinas de almacenamiento comenzó a recalentarse cuando el sistema de refrigeración dejó de funcionar por el terremoto.

Para John Luxat, experto en seguridad nuclear de la Universidad McMaster, cerca de Toronto, los edificios de Fukushima resistieron bien, pero hubo un problema con el generador eléctrico que debía alimentar el sistema de enfriamiento.

Canadá tiene una importante reguladora, que es la Comisión Canadiense de Seguridad Nuclear (CNSC, por sus siglas en inglés), señaló Luxat a Tierramérica, encargada de hacer cumplir las normas.

Para dirigirla, el gobierno designa a expertos de la industria y de otros sectores. Toda nueva norma eleva considerablemente los costos, admitió Luxat, quien trabajó en la industria nuclear canadiense.

“En 2008, cuando la presidenta de la CNSC (Linda Ken) intentó poner las regulaciones canadienses en línea con los estándares internacionales, el gobierno la destituyó”, dijo a Tierramérica el analista nuclear de Greenpeace Canadá, Shawn-Patrick Stensil.

Uno de los cambios que Keen promovió fue ordenar el uso de generadores de respaldo alimentados a gasóleo en caso de que se presentara una falla eléctrica tras un terremoto, añadió.

“La independencia de la Comisión quedó comprometida con la designación de un presidente favorable a la industria nuclear”, sostuvo.

La CNSC y la industria se niegan a divulgar sus estudios sobre seguridad para que los evalúen colegas independientes, argumentando que es demasiado riesgoso hacerlos públicos, dijo Stensil.

“La industria siempre exagera la seguridad y los beneficios y subdeclara los costos y los riesgos”, dijo a Tierramérica Mark Mattson, de la organización no gubernamental Lake Ontario Waterkeeper.

“Es imposible conseguir que aporten evidencias que sostengan sus argumentos”, dijo.

La mayoría de los reactores nucleares de Canadá se encuentran en la región del Gran Toronto, en el este del país, donde viven casi seis millones de personas.

A fines de este mes, se celebrarán audiencias públicas para discutir la construcción de dos reactores más, aunque la decisión de construirlos ya se tomó en la esfera política, señaló Mattson.

“En realidad no necesitamos esa energía adicional. El único motivo por el que esto sigue adelante es para fomentar la industria”, dijo.
Fonte:Tierramérica
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Análise
Adeus à energia nuclear se paga em dinheiro
Por Gunter Pauli*

Com o que tem à mão e gastando menos, a Alemanha pode liderar um movimento mundial para financiar a saída da energia nuclear, propõe Gunter Pauli neste artigo exclusivo.

BERLIM, Alemanha, 2 de maio de 2011 (Tierramérica).- As tecnologias necessárias existem, e estão em uso, para se dizer adeus à energia de origem nuclear, criando empregos e economizando dinheiro. As 442 centrais nucleares situadas em 30 países geram 375 gigawattas (GW) de eletricidade; 16 nações constroem 65 novas centrais para produzirem 63 GW. Os Estados Unidos operam a maior quantidade de geradores (104), mais do que França (58) e Japão (48).

Das usinas em funcionamento, 212 têm mais de 30 anos, e, como não se sabe com certeza durante quanto tempo poderão ser seguras, a chefe de governo alemã, Angela Merkel, ordenou o fechamento de todas que têm mais de 30 anos. A relativa decadência da geração nuclear estava clara antes do desastre de Fukushima, no Japão. Em 2010 a União Europeia tinha 143 centrais, bem abaixo do pico de 1989, quando funcionavam 177.

Afirma-se que a energia nuclear pode fornecer eletricidade a menos de US$ 0,06 por kilowatta/hora (kWh). Mas o custo verdadeiro – se forem incluídos os subsídios, os seguros contratados, o apoio financeiro e os gastos com eliminação do lixo radioativo –, chega a US$ 0,25 a US$ 0,30 por kWh. Apesar das enormes subvenções e da proteção legal, os reatores nucleares produziram, em 2010, menos eletricidade do que as fontes renováveis.

Agora que os oceanos Pacífico e Índico estão vedados para novos projetos nucleares, a questão é como o mundo fará para gerar eletricidade renovável e a preço razoável. The Blue Economy (A Economia Azul) nos propõe usar o que temos e estudar a competitividade das inovações sem esperar subsídios. Algumas fontes de calor e eletricidade poderiam reconverter o panorama das energias renováveis. As três inovações mais importantes são:

1. turbinas eólicas verticais localizadas dentro das torres de transmissão de alta voltagem já existentes;

2. redesenho das instalações municipais de tratamento de esgoto para combiná-las com o aproveitamento de resíduos urbanos orgânicos e sólidos para produzir biogás;

3. geração combinada de calor e eletricidade com discos fotovoltaicos de duas faces instalados em contêineres equipados com rastreadores óticos que concentram os raios solares.

Se a Alemanha decidir complementar 500 de suas 9.600 instalações de tratamento de água com geradores eficientes usando a tecnologia da empresa Scandinavian Biogas, que hoje funciona em Ulsan, na Coreia do Sul, o fornecimento elétrico poderia chegar a cinco GW. O biogás é uma forma previsível de geração – ninguém duvida do fornecimento sustentado de lixo orgânico e esgoto – e, portanto, proporciona estabilidade à rede elétrica.

Por meio de turbinas verticais de desenho francês Wind-it colocadas em um terço de suas 150 mil torres de transmissão de alta tensão, a Alemanha poderia gerar mais de cinco GW a uma fração do custo da eletricidade nuclear. Há 1.900 depósitos de lixo na Alemanha. Se fossem ocupados apenas cem hectares em cem desses terrenos mortos com geradores combinados de calor e eletricidade da empresa sueca Solarus, seriam obtidos 1.830 quilowatts térmicos e 610 quilowatts elétricos por hectare, e o fornecimento potencial aumentaria 18,3 GW térmicos e em 6,1 GW elétricos.

O calor pode ser usado para reduzir a demanda de energia destinada a esquentar água, principal item de consumo elétrico dos lares alemães. O consumo diário de eletricidade na Alemanha é, aproximadamente, 70 GW/h e a energia nuclear fornece pouco mais de 20%, ou seja, 15 GW/h. Estes cálculos mostram que com apenas uma fração da infraestrutura existente é possível substituir toda a energia nuclear (5+5+6,1 GW). O custo de produção de cada uma destas alternativas é de US$ 0,02, ou menos, por KW/h. O traslado da energia nuclear para a rede elétrica custa hoje US$ 0,056 por kWh.

O outro benefício óbvio é a criação de emprego. A Alemanha, que já é líder mundial em exportação de tecnologias verdes, poderia se colocar como maior exportador mundial de energia verde. Entretanto, o fator mais poderoso de uma estratégia para abandonar a energia nuclear é que a diferença de preço (US$ 0,036 dólar por KW/h) para os 15 GW hoje fornecidos por reatores nucleares produzirá um benefício anual caído do céu de US$ 6,9 bilhões.

O fluxo de caixa, produzido pela eficiência de tecnologias simples, poderia ser suficiente para financiar por dez anos o abandono da energia nuclear. Assim se conseguira consenso, pois as empresas de energia teriam uma saída, baseada no valor de seus ativos, e seriam retribuídas pelo abandono da opção nuclear. O fechamento forçado dos reatores mais velhos já reduziu o valor dessas centrais em cerca de 25%, e a incerteza atual provavelmente leve a uma queda de suas ações.

Não será difícil encontrar uma solução que permita abandonar a fonte nuclear ampliando os benefícios para todos e reduzindo os riscos. A Alemanha pode se converter em um eixo financeiro mundial da saída da opção nuclear, baseada no pagamento em dinheiro e no consenso.

Este é o objetivo final da economia azul: responder às necessidades básicas de todos com o que temos à mão e oferecer produtos e serviços necessários que sejam bons para a saúde humana e o meio ambiente a um custo menor, ao mesmo tempo em que se cria capital social. Tudo parece indicar que podemos alcançá-la mais rápido do que pensávamos.
* * Gunter Pauli é empresário e autor do livro “The Blue Economy”. Direitos exclusivos IPS.
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