4 de outubro de 2012

Acabem com o INCRA. A natureza agradece


Por Darci Bergmann   

  O INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária tem uma história de assentamentos mal implantados. Nos governos militares, o Cerrado e a Floresta Amazônica foram invadidos por projetos gigantescos de rodovias, tudo em nome do progresso e ocupação dos ‘espaços vazios’. Operários e aventureiros, atraídos pelas obras, ficaram em vilas e acampamentos ao longo das estradas. Aí entrou em cena o INCRA. No geral, a reforma agrária foi um fracasso e uma destruição ambiental nunca vista. Continuou nos governos civis e continua com os governos ditos de esquerda, atendendo pleitos de grupos como o Movimento dos Sem Terra – MST.
    Lá pelos anos 1980, o ambientalista José Antônio Lutzenberger, depois de meses andando pelos rincões amazônicos, voltou decepcionado com o que viu por lá. A destruição da floresta tinha carimbo oficial do INCRA. Atacada por grileiros, especuladores e assentados a título de reforma agrária, Lutz previu a destruição da Floresta Amazônica. Daquela época até hoje nada mudou. Uma referência negativa de reforma agrária é um assentamento  em Anapu, no Pará, divulgado no programa Globo Rural¹. Na maioria dos lotes, a floresta é derrubada muito além do permitido. Uma árvore centenária da espécie cumaru² é vendida em pé por quarenta reais, equivalente a vinte dólares. Essa madeira chega ao mercado a 600 dólares o metro cúbico serrado.  
    Em qualquer região do País, a reforma agrária mostra o despreparo e a perda de objetivos do INCRA: lotes que mudaram de ‘dono’, baixa produtividade e destruição ambiental. Assentamentos assim sobrevivem dos auxílios com recursos públicos – os nossos impostos. Virou uma sangria de dinheiro público. Gente que não sabe produzir é favorecida em prejuízo daqueles que tem tradição no trato com a terra.
  Quando uma propriedade rural é alvo de ‘sem-terras’, forma-se um círculo de pressões. Começa pela instalação de acampamentos nas proximidades ou alguma outra forma de chamar atenção. É a vez do INCRA fazer avaliação dos índices de produtividade da propriedade alvo. Caso estes índices não atendam os critérios do INCRA, a propriedade é taxada de ‘improdutiva’ e não estaria cumprindo a função social. Na verdade, isso é uma tremenda mistificação, um engodo para justificar a ação política de assentar gente sem nenhuma tradição de produzir. O mesmo índice de produtividade que o INCRA usa para desapropriar uma propriedade deveria ser aplicado, depois, para cada lote da ‘reforma agrária’. Mas isso não acontece. Nem fiscalização existe, o que é denunciado pelos próprios funcionários do Instituto. Alegam falta de estrutura e falta de pessoal. Então por que fazer mais assentamentos?  
   Está na hora de readequar o programa de reforma agrária. A começar pela permanência do homem do campo. Se isto não for possível, acabem com o INCRA. A natureza agradece.
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1) Programa Globo Rural, 23/09/2012
2) Cumaru ( Dipteryx alata Vogel), Uma árvore dessas produz até 2 m³ de madeira
3)Autoridades e até pessoas  mortas  recebem  lotes da  reforma  agrária
Fantástico:  Edição do dia 03/01/2016
03/01/2016 23h23 - Atualizado em 03/01/2016 23h23

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