Cerca de 85% das espécies que vivem na
quarta maior ilha do mundo existem apenas lá. Mas as mudanças climáticas e a
atividade humana ameaçam esse ambiente singular.
Madagascar fica localizada a leste do
continente africano, no Oceano Índico. Lá, flora e fauna desenvolveram-se em
completo isolamento, porque ao longo da formação do planeta a ilha se
desprendeu do continente africano. O resultado é uma riqueza biológica muito
especial.
De acordo com a organização
ambientalista WWF, 85% das espécies existentes na ilha são endêmicas, isto é,
existem apenas lá. Entre elas estão os lêmures - das cerca de 100 espécies
diferentes existentes na ilha, cerca de 30 estão na lista de espécies ameaçadas.
Seu significado religioso para a população nativa é expressivo. Grande parte da
população acredita que as pessoas se tornam lêmures depois da morte. Não é por
acaso que eles são também chamados de "espírito da floresta".
Além disso, quase todas as espécies
de cobras, sapos, camaleões e lagartixas são consideradas endêmicas. O tesouro
biológico abriga cerca de 250 espécies de pássaros e 3 mil de borboletas. A
variedade da flora também é única: 80% das 12 mil espécies conhecidas de
plantas com flores existem apenas em Madagascar, assim como cinco das seis
espécies de baobá, também conhecido como árvore pão-de-macaco. Cientistas
suspeitam que nas poucas áreas com floresta virgem que ainda existem, haja
muitas espécies animais e vegetais que ainda nem foram catalogados.
Lêmures são espírito da floresta |
Mais
pessoas – menos floresta
Cerca de 20 milhões de pessoas vivem
em Madagascar, e o número de habitantes aumenta em cerca de meio milhão por
ano. Como a população vive principalmente da agricultura, mais e mais terras
são preparadas para o cultivo e a pecuária, na maioria dos casos por meio da
queimada de florestas. Além disso, muitas árvores são cortadas para a produção
de lenha e combustível.
Isso tem efeitos dramáticos sobre a
paisagem. A floresta, que já chegou a cobrir 90% da superfície de Madagascar,
hoje ocupa apenas 10% do território, segundo dados da WWF. E a cada ano são
derrubados 120 mil hectares de árvores. Se continuar nesse ritmo, em 40 anos
Madagascar não terá mais árvores, projeta a organização ambientalista.
Biodiversidade
ameaçada
Com a perda das florestas, perde-se
cada vez mais o habitat de plantas e animais. "Se elas [as florestas] não
forem salvas, perderemos inúmeras espécies que sequer conhecemos“, diz a especialista
em Madagascar da WWF, Dorothea August. A espécie de lêmure mirza, descoberta
recentemente, é um exemplo dos segredos que as florestas de Madagascar ainda
abrigam.
"Se a destruição não for
impedida, os dias de muitas espécies de animais e plantas estarão contados“,
diz August. O crescente desflorestamento em Madagascar leva a uma gigantesca
erosão. As consequências são deslizamento de terras, inundações, por um lado, e
escassez de água devido ao ressecamento do solo. Essas transformações são
favorecidas pelas mudanças climáticas globais.
Apesar de tudo, algumas espécies de
plantas podem se adaptar. O baobá, por exemplo, pode armazenar até 500 litros
de água em seu tronco e com isso sobreviver aos períodos de seca, que são cada
vez mais frequentes.
Baobá consegue acumular até 500 litros de água e, com isso, sobrevive melhor ao clima árido ____________________________________________________________________ Fonte: Deutsche Welle |
Autor: Po Keung Cheung (ff)
Revisão: Roselaine Wandscheer
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