25 de fevereiro de 2013

Canafístula: Uma árvore imponente

A canafístula da foto acima tem copada de quase 25 metros de
diâmetro.
Foto: Darci Bergmann

   
Por Darci Bergmann

    É uma árvore decídua, que perde as folhas no outono, quando entra em período de repouso vegetativo, brotando novamente no final do inverno. Nos meios botânicos ela é denominada Peltophorum dubium  (Sprengel) Taubert,  da família Fabaceae, sub-família Caesalpinoideae. Tem ainda outros nomes populares: ibirapuitã, farinha-seca, tamboril, guarucaia, faveira, etc.
    Porte: Grande, variando de 15 a 25 metros de altura, quando adulta. Em meio a matas fechadas ela atinge alturas bem maiores, sendo citados exemplares com até 40 metros. Nesses casos, a árvore em crescimento compete com outras em busca da luz solar.
   Utilidade: Além de ser ornamental e ter flores melíferas, a canafístula fornece madeira dura, de excelente qualidade, para diversos fins.
     Ocorrência: Em quase todo o território brasileiro.
   Riscos de extinção: Diversos estudos apontam para a redução do número de árvores dessa espécie. Os motivos seriam vários. Na região de São Borja-RS, a espécie é afetada pelas derivas de herbicidas. Produtos à base de princípio ativo Clomazone, utilizados em lavouras de arroz no Rio Grande do Sul, atingem as canafístulas nas matas ciliares, justamente quando estas emergem do período de repouso. A brotação é atingida pelas sucessivas derivas do agrotóxico, levando a árvore à morte alguns anos depois. O problema se agrava quando a pulverização é feita com aeronaves agrícolas.
    Floração: Inicia em dezembro e pode se estender até março. Portanto, todo o verão é embelezado com flores dessa árvore espetacular.
   Propagação: a) Dispersão natural. O percentual de germinação das sementes de canafístula é baixo. Cada flor se transforma numa pequena vagem achatada e dentro dela está uma semente, que lembra muito a semente de pepino ou de melão. O vento leva as pequenas vagens a centenas de metros, dispersão conhecida como anemoscoria. Algumas sementes germinam até alguns anos depois quando o tegumento rígido permite a passagem da água.
   b) Mudas espontâneas. A dispersão anual de sementes permite o surgimento de mudas de canafístula nas imediações das árvores adultas. Quando estiverem muito próximas entre si, parte delas pode ser retirada e plantada em outro local. Esse procedimento é recomendável nas épocas mais chuvosas. Deve-se ter cuidado para não danificar a raiz principal, do tipo pivotante, nem deixá-la exposta ao vento e ao sol. Para isso, faz-se uma poda radical do caule, uns quinze centímetros acima do colo e coloca-se a muda num recipiente com água ou mesmo em saco plástico, contendo  papel de jornal umedecido. Na falta deste, usar folhas e palhas úmidas.  A umidade interna evita o ressecamento da raiz até o momento do transplante para o local definitivo.
    c) Semeadura em recipientes ou em canteiros e posterior repicagem.
Também, pode-se fazer  a semeadura em recipientes ou mesmo em canteiros no chão e depois fazer a repicagem das mudinhas para embalagens que tenham pelo menos volume de um litro, com mistura de terra e algum composto orgânico, em partes iguais. Para aumentar a germinação, faz-se a quebra de dormência das sementes.
    Quebra de dormência: As sementes de canafístula têm um revestimento rígido – o tegumento, que dificulta a passagem da água. Para pequena quantidade de mudas, sem fins comerciais, pode-se escarificar as sementes, uma por uma, utilizando-se uma lima para afiar serrotes ou então lixa. Limar ou lixar com cuidado parte do tegumento até aparecer o embrião da semente. Depois, as sementes são colocadas nas embalagens individuais, na base de três sementes em cada uma. Também é possível semeá-las numa sementeira, no chão ou numa caixa, para posterior repicagem das mudinhas.
   Para produção de mudas em quantidades maiores, escala comercial, existem outros sistemas de quebra de dormência. Deve-se ter atenção redobrada quando a dormência é quebrada com a utilização de produtos químicos perigosos, tal qual o ácido sulfúrico.
----------------------------------------------------------------------------------
Mais informações sobre a canafístula:
Print version ISSN 0100-6762
Rev. Árvore vol.26 no.6 Viçosa Nov./Dez. 2002
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622002000600001 
Semeadura direta de canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.)taub. No enriquecimento de capoeiras1

Direct seeding of canafistula (Peltophorum dubium(Spreng.) taub. To regenerate shrubs


Vilmar Luciano MatteiI, 2 e Mariane D'Avila RosenthalII, 3
IEng.-Agr. Dr. em Ciência Florestal, Prof. de Silvicultura da FAEM/UFPEL, Caixa Postal 354 Campus, 96010-900 PELOTAS, RS 
II
Eng.-Agr. Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes FAEM/UFPEL




RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento da canafistula (Peltophorumdubium), em semeadura direta a campo, em área de capoeira originada após o abandono do local utilizado com cultivos agrícolas sucessivos. No local foram roçadas faixas de 1,5 m, a cada 3 m. A semeadura foi realizada em setembro de 1997. Visando proteger os pontos semeados, foram utilizados diferentes tipos de protetores (copos de plástico e copos de papel, sem fundo e laminado de madeira), fixados sobre os pontos semeados com três sementes cada. As sementes foram escarificadas mecanicamente a 1.725 rpm, durante 60 segundos, com lixa Norton 60. O delineamento foi em blocos casualizados, com seis repetições. As variáveis avaliadas foram emergência, sobrevivência, número de pontos com plantas, densidade a 1 ano e altura das plantas aos 18 meses. Os resultados obtidos aos nove meses demonstraram que a utilização de qualquer um dos protetores físicos contribuiu para o estabelecimento de plantas em mais de 80% dos pontos semeados, e em mais de 75%, um ano após a semeadura, quando utilizado o laminado, o que indica que a semeadura direta é uma alternativa de implantação para a espécie, possibilitando transformar as áreas de capoeiras em um sistema agroflorestal ou mesmo silvipastoril, no futuro.
Palavras-chave: Semeadura direta, Peltophorum dubium, protetores de semeadura e enriquecimento de capoeiras.


ABSTRACT
This work aimed to evaluate the development of Peltophorum dubium by direct seeding on a succesively cropped field. Seeding was performed in rows of 1.5 m, three meters apart, on September 1977. To protect the seed-spots shelters, bottomless paper and plastic cups were used and wood slates were fixed on them. Seeds were mechanically scarified for 60 seconds. The variables evaluated were emergence, seedling survival, number of seed-spots with plants plant density at one year and plant height at the 18th month. Results at the 9th month showed that the seed-spot shelters contributed for plant establishment in 80% of the seed-spots and in more than 75% of them one year after seeding, when wood slates were used. Direct seeding is a viable alternative for this species which will allow the transformation of shrub areas into an agroforest or even silvipastural system in the near future.
Key words: Direct seeding, Peltophorum dubium, seed-spot shelters and shrub regeneration.




1. INTRODUÇÃO
O Estado do Rio Grande do Sul possuía, originalmente, 42% de sua superfície territorial coberta com florestas. Já no início do século XX, foi reduzida para aproximadamente 25%, chegando a apenas 4% em 1965. As poucas áreas nativas existentes restringem-se às áreas de preservação, aos parques, às reservas e aos pequenos porcentuais em áreas de difícil acesso. Nas propriedades rurais existem pequenos remanescentes, em sua grande maioria parcialmente explorados.
Essa ação resultou na ameaça de extinção de muitas espécies de grande valor e de interesse econômico, entre elas a canafístula, e conseqüentemente de toda a mata e dos representantes da fauna que dependem delas para se manterem.
A forma de agricultura praticada nas últimas quatro a cinco décadas, com a ocupação desordenada dos solos, levou-os ao empobrecimento, fazendo com que lavouras e pastagens não sejam mais lucrativas economicamente, resultando no abandono das terras.
Nessas áreas inicía-se o processo de regeneração natural, que em alguns anos atingirá a fase de capoeirinha e, ao evoluir, irá se transformar em capoeira, capoeirão e, num futuro bem distante, poderá formar novamente uma mata-clímax.
Considerando os aspectos relacionados à produção dessas áreas, as perspectivas são poucas. Entretanto, existe a possibilidade de serem introduzidas espécies florestais já nessas etapas iniciais, para que em etapas futuras a área possa ser reintegrada numa forma de uso diferente das épocas passadas, sendo o sistema agroflorestal ou silvopastoril uma grande alternativa. Uma das formas de introdução das espécies florestais de interesse pode ser por semeadura.
A canafístula é uma espécie nativa, heliófita, com boa resistência ao frio. É considerada promissora por apresentar valor econômico comprovado, em função da qualidade da madeira. O seu crescimento é rápido, classificando-a como espécie com aptidão à regeneração artificial (Carvalho, 1994). É também considerada uma espécie promissora para produção de madeira no Centro-Sul do Brasil (Carvalho, 1998). A madeira é utilizada na construção civil, em indústria de móveis, em construção naval, em marcenaria e carpintaria, com regular poder calorífico (4.755 kcal/kg), sendo viável para produção de papel, tendo ainda a presença de tanino na casca com teores de 6 a 8%, também usada como planta medicinal e ornamental (Reitz, 1978).
A semeadura direta é uma prática comum nos Estados Unidos, em situações especiais, e guarda relação com os melhores resultados obtidos mediante plantação. Na América Latina existem poucos exemplos de implantação de bosques por semeadura direta. No Brasil e na Argentina, a espécie de maior interesse e importância florestal para este método é a Araucariaangustifolia (Bertol.) Kuntze, tendo sido reflorestados, desta forma, cerca de 50.000 ha (Cozzo, 1976).
O sucesso da semeadura direta está na dependência da criação de um microssítio com condições tão favoráveis quanto possíveis para uma rápida germinação. Deve haver umidade suficiente durante o período de germinação e no estádio seguinte. As plantas que germinam e crescem no campo têm restrita proteção em relação aos numerosos agentes letais, os quais podem ser controlados em viveiros. Portanto, existem muito mais riscos de a sobrevivência ser baixa com o método da semeadura direta do que com o plantio de mudas (Smith, 1986). A semeadura direta, em princípio, é uma técnica recomendada somente para algumas espécies, apresentando resultados bastante favoráveis em áreas degradadas, de difícil acesso e grande declividade do terreno (Barnet & Baker, 1991).
No início da década de 70, cientistas dos países escandinavos já tinham começado a examinar o uso de protetores plásticos, com o objetivo de melhorar a germinação e a sobrevivência na semeadura direta e, conseqüentemente, com o objetivo de proporcionar um microambiente mais propício para germinação e crescimento das mudas jovens (Lahde, 1974). Putman & Zasada (1986) indicaram o uso de protetores plásticos sobre os pontos em semeadura direta, realizada no Canadá, como uma técnica segura de reflorestamento.
Het (1983) utilizou pontos de semeadura direta, em solo preparado, com proteção de copos plásticos transparentes, chegando a resultados quase iguais àqueles obtidos com mudas plantadas, aos 2 anos de idade.
Na implantação de Cedrela fissilis Vell. e Pinus taeda L., por semeadura direta, Mattei (1995) concluiu que o protetor físico de pontos mostrou-se eficiente, protegendo os pontos semeados do soterramento e do ataque de algumas pragas.
Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de protetores físicos em semeadura direta de canafístula(Peltophorum dubium), no enriquecimento de capoeiras.

2. MATERIAL E MÉTODOS
A semeadura foi realizada no Centro Agropecuário da Palma, pertencente à Universidade Federal de Pelotas (31º47'38'' S e 52°30'09'' W - GPS), em setembro de 1997. As sementes de canafístula, safra 1997, PG 80%, foram coletadas de matrizes em Pelotas-RS.
A semeadura foi realizada em área de capoeira (com altura de aproximadamente 3 m), em faixas de 1,5 m de largura, distanciadas a 3 m, abertas com roçadeira tracionada por trator. A altura da roçada foi de 10 a 15 cm. A limpeza da vegetação nos pontos de semeadura foi realizada com enxada, compreendendo uma área de aproximadamente 30 cm de diâmetro e semeadura no centro.
Os protetores físicos utilizados como tratamentos foram copo plástico e copo de papel de aproximadamente 300 ml, sem fundo, e o laminado de madeira com tamanho semelhante ao dos copos. Ambos foram fixados sobre os pontos semeados e arranjados em blocos casualizados, com seis repetições. Cada unidade experimental teve oito pontos, distanciados de 1m e semeados com três sementes cada. Previamente à semeadura, as sementes foram submetidas a tratamentos de superação de dormência, por meio de escarificação mecânica em um escarificador elétrico a 1.725 rpm, com lixa "Norton 60", por 60 segundos, e posterior embebição em água à temperatura ambiente por um período de 12 horas.
A semeadura foi manual e realizada a uma profundidade de aproximadamente 0,5 cm. Os pontos semeados foram cobertos com uma camada de 1 cm de vermiculita, com a finalidade de proteção das sementes contra chuvas fortes, mantendo também a umidade nos pontos semeados.
As variáveis avaliadas foram a emergência, a sobrevivência, o número de pontos com plantas até 90 dias, a densidade um ano após a semeadura e a altura das plantas aos 18 meses. No mês de agosto de 1998, antes da retomada do crescimento, quando completou um ano da semeadura, foi realizado um raleio, deixando apenas uma planta por ponto.
A contagem da emergência foi iniciada logo que se observou a emergência das primeiras plântulas, iniciando em intervalos de três dias durante as primeiras duas semanas, passando a semanais por um mês e a cada 15 dias, até completar os 90 dias.
Os resultados foram transformados em arco-seno da raiz quadrada de X/100, submetidos à analise de variância e ao teste de comparação de médias.
Os principais cuidados após a implantação dos experimentos foram o controle de ervas daninhas e de formigas. O controle das plantas invasoras junto aos pontos de semeadura foi manual, em um círculo de aproximadamente 30 cm de diâmetro, realizado com o auxílio de enxada. O controle de formigas foi realizado com iscas e iniciado antes da implantação do experimento.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância (Quadro 1) identificou que os protetores exerceram efeitos sobre todas as variáveis avaliadas, indicando que tanto para o estabelecimento inicial como para o desempenho futuro das plantas há necessidade de criar um ambiente adequado junto aos pontos semeados.




O baixo acréscimo na emergência ocorrida dos 30 para os 90 dias da semeadura (Quadro 2) demonstrou que para a canafístula, na semeadura realizada no mês de setembro, o maior porcentual de emergência ocorreu nos primeiros 30 dias da semeadura. Tal resultado mostra que para obtenção de sucesso em semeadura direta existe um período crítico, porém curto, que é a fase da emergência, na qual são fundamental a disponibilidade de umidade e a seguridade,o que não irá garantir que haverá prejuízos como arraste ou soterramento de sementes em caso da ocorrência de fortes chuvas. Por outro lado, após estabilizada a emergência, e mesmo durante esta, iniciam-se as perdas de plântulas, que são crescentes com o passar do tempo, e se não forem tomadas as medidas adequadas pode-se chegar a uma densidade inicial que dificultará a condução do plantio nos anos subseqüentes.




Pelos resultados obtidos, constatou-se que a utilização de um protetor físico melhorou significativamente o estabelecimento das plantas em relação à testemunha, em todas as variáveis avaliadas. O protetor contribuiu tanto para o aumento na emergência como para o estabelecimento de plantas. Lahade (1974), semeando Pinus sylvestris L.; Brum (1997), semeando Pinus taeda; Mattei (1993), semeando Pinus taeda; e Putman & Zasada (1986), Smith (1986) e Serpa (1999) também obtiveram melhores resultados quando utilizaram protetores físicos nos pontos semeados. Estas constatações estão de acordo com Smith (1986), que ressalta que o sucesso da semeadura direta dependente da criação de um microclima favorável junto aos pontos semeados.
Além do desempenho das variáveis significativamente superior onde se utilizou o protetor físico até os 90 dias da semeadura, cabe destacar que as plantas, aparentemente, apresentavam melhor crescimento, desde as fases iniciais. Tal fato pode ter sido decorrente do menor desgaste ocorrido durante a fase de germinação, pois o protetor não permitiu movimentação do solo no ponto de semeadura.
Nas avaliações realizadas até os 90 dias, os tratamentos com protetores apresentaram desempenho semelhante. Contudo, quando analisada a densidade um ano após a semeadura, pôde-se observar que onde se utilizou o protetor de papel já havia densidade inferior à do copo plástico e do laminado. O copo de papel com a umidade foi se desgastando e se decompondo, em poucos meses. A partir de dezembro de 1997, ocorreu uma estiagem com altas temperaturas. Aparentemente no protetor plástico ocorreu maior aquecimento, visto que nas linhas abertas na capoeira incidia sol e as plantas apresentavam aspectos de maior deficiência de umidade. No laminado, devido às suas características, aparentemente a condição pode ter sido mais amena. Lahade & Tuohisaari (1976) observaram aumento da temperatura e da umidade dentro dos protetores de plástico, favorecendo a germinação.
Quando a altura das plantas foi avaliada, ou seja, aos 18 meses após a semeadura (abril de 1999, início da fase de repouso) (Figura 1), constatou-se que aquelas originadas onde o protetor físico utilizado foi o laminado de madeira apresentaram altura significativamente superiores à dos demais tratamentos. A possível razão deste maior desempenho pode estar fundamentada na fase inicial, que impulsionou o melhor desempenho das etapas subseqüentes. Entretanto, em novos estudos poderá ser observada a possível eficiência superior do laminado como protetor, visto que em semeadura direta de Pinus taeda Mattei (1997) não foram obtidas diferenças quando o copo plástico e o laminado foram utilizados como protetores.






As formigas, em maior intensidade, e também outros insetos constituíram-se em adversidades à semeadura direta, sendo os danos localizados e independentes da existência de protetor. A utilização de um protetor físico demonstra ser eficiente perante as adversidades ambientais, porém pouco sobre as biológicas.
O controle de formigas deve ser contínuo, com vistorias constantes, não podendo haver descuidos mesmo que haja baixo nível de incidência. Os prejuízos causados por formigas podem ser elevados em semeadura direta, pela simples razão de que logo após a emergência as plântulas são muito pequenas e facilmente eliminadas, mesmo antes de se poder tomar as devidas medidas de controle. Na condição de semeadura em capoeiras, a dificuldade é ampliada, devendo as observações serem mais freqüentes do que em situação de campo aberto.
Na testemunha, as plantas, mesmo não sendo eliminadas, foram mais danificadas pelas pragas (formigas e outros insetos), podendo ser esta uma das razões da menor densidade um ano após a semeadura. A maior dificuldade na emergência como conseqüência da erosão e, ou, soterramento debilitou algumas plantas, deixando-as mais suscetíveis ao tombamento.
Neste experimento, optou-se por não utilizar qualquer tratamento de sementes, porém sabe-se que uma semente após a escarificação mecânica sempre fica mais sujeita à ação de organismos patogênicos. Portanto, a ocorrência de tombamento não esteve associada ao uso ou tipo de protetor físico, pois não houve diferenças significativas entre os tratamentos (a análise realizada não consta nos quadros), dependendo exclusivamente da fonte de inóculo da semente e do solo.
Para uma maior população de plantas no método de semeadura direta, é necessário que se trabalhe com atenção redobrada, principalmente na fase inicial de estabelecimento, pois as maiores perdas acontecem na fase de plântula, quando o ataque de insetos é fatal para a maioria das plantas.
Segundo Shimizu (1998), existem várias razões para se incorporar a silvicultura na propriedade, e a decisão sobre as espécies a serem plantadas deve ser tomada de acordo com as oportunidades e limitações que cada propriedade apresenta.
Nesse sentido, a canafístula mostrou grande potencial para ser utilizada em semeadura direta, devendo ser estudados tratamentos de pré-semeadura que visem tornar o método eficiente e simples, de forma que num futuro próximo possa ser recomendado para o agricultor.

4. CONCLUSÕES
A semeadura direta de canafístula (Peltophorum dubium) pode ser utilizada como forma de enriquecer áreas de capoeira.
Os protetores físicos em pontos de semeadura expressam efeitos benéficos sobre a emergência, sobrevivência e densidade inicial em semeadura direta.
O laminado de madeira, por ser degradável e de custo reduzido, é o protetor recomendado.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARNETT, J. P.; BAKER, J. B. Regeneration methods. In: DUREYA, L.; DOUGHERTY, P.M.; PHILIP, M., (Eds.)Forest regeneration manual. Dordrecht: Kluver, 1991. p. 35-50.         [ Links ]
BRUM, E.S. Emergência de Pinus taeda L. em semeadura direta a diferentes profundidades. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 1997. 53 p. Dissertação (Mestrado em Sementes) – Universidade Federal de Pelotas, 1997.         [ Links ]
CARVALHO, P. E. R. Espécies florestais brasileiras: recomendações silviculturais, potencialidade e uso da madeira. Colombo: EMBRAPA-CNPF; Brasilia: EMBRAPA– SPI, 1994. 640 p.         [ Links ]
CARVALHO, P. E. R. Espécies nativas para fins produtivos. In: CARVALHO, P. E. R. Espécies não tradicionais para plantios com finalidades produtivas e ambientais. Colombo: EMBRAPA CNPF, 1998. p. 103-125.        [ Links ]
COZZO, Domingo. Tecnologia de la florestacion en Argentina y America Latina.Buenos Aires: Hemisfério Sur, 1976. 610 p.         [ Links ]
HET, D. Spot sowing of Mediterranean pines under shelter. Tree Planters' Notes, v. 34, n. 4, p. 23-27, 1983.        [ Links ]
LAHDE, E. The effect of seed-spot shelters and cold stratification on pine (Pinus sylvestris L.). Folia Forestalia. Ins. For. Fenn., n. 196, p. 1-16, 1974.         [ Links ]
LAHDE, E.; TUOHISAARI, O. An ecological study on effects of shelters on germination and germling development of scots pine, norway spruce and siberian larch. Helsinki: Communications Institututi Forestalis Fenniae, v. 88, n. 1, 1976. 37 p.         [ Links ]
MATTEI, V. L. Avaliação de protetores físicos em semeadura direta de Pinus taeda L. Ciência Florestal, v. 7, n. 1, p. 91-100, 1997.         [ Links ]
MATTEI, V. L. Comparação entre semeadura direta e plantio de mudas produzidas em tubetes, na implantação de povoamentos de Pinus taeda L. Curitiba: UFPR, 1993. 149 p. Tese (Doutorado em Engenharia Florestal) – Universidade Federal do Paraná, 1993.         [ Links ]
MATTEI, V. L. Preparo de solo e uso de protetor físico, na implantação de Cedrela fissilis Vell. e Pinus taeda L., por semeadura direta. Revista Brasileira de Agrociência, v. 1, n. 3, p. 133-136, 1995.         [ Links ]
PUTMAN, W. E.; ZASADA, J. C. Direct seeding techniques to regenarate white spruce in interior Alaska. Canadian Journal Forest Research, v. 16, p. 660-664, 1986.         [ Links ]
REITZ, R.; KLEIN, R. M.; REIS, A. Projeto madeira de Santa Catarina. Sellowwia, n.34/35, p. 525, 1978.        Links ]
SERPA, M. R. Avaliação de diferentes materiais de cobertura no estabelecimento de plantas de Pinus taeda L. no sistema de semeadura direta. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 1999. 49 p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) – Universidade Federal de Pelotas, 1999.         [ Links ]
SHIMIZU, J. Y. Espécies não tradicionais para plantios com finalidades produtivas e ambientais: Silvicultura e Usos. In: Espécies não Tradicionais para Plantios com Finalidades Produtivas e Ambientais. Colombo: EMBRAPA CNPF, 1998. p. 63-71.         [ Links ]
SMITH, D. M. The practice of silviculture. 8.ed. New York: John Wiley, 1986. 610 p.         [ Links ]


Endereço para correpondência 
Vilmar Luciano Mattei
 
E-mail:
 vlmattei@ufpel.tche.br
Mariane D'Avila Rosenthal 
E-mail:
 marianer@ufpel.tche.br.
Recebido para publicação em 18.10.2000. 
Aceito para publicação em 03.12.2002.


1 Recebido para publicação em 18.10.2000. 
Aceito para publicação em 03.12.2002.
 
Trabalho financiado pelo CNPq/FAPERGS. 
2
 Eng.-Agr. Dr. em Ciência Florestal - Prof. de Silvicultura da FAEM/UFPEL, Caixa Postal 354 Campus, 96010-900 PELOTAS–RS, <vlmattei@ufpel.tche.br>; 
3
 Eng.-Agr. Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes FAEM/UFPEL, <marianer@ufpel.tche.br>.
All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License
  Sociedade de Investigações Florestais
Universidade Federal de Viçosa
CEP: 36571-000 - Viçosa - Minas Gerais - Brazil
Tel: (55 31) 3899-2476
Fax.: (55 31) 3891-2166
____________________________________________________________

2) COMPORTAMENTO DA CANAFÍSTULA (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert)

EM VIVEIRO, SUBMETIDA A DIFERENTES MÉTODOS DE QUEBRA DE
DORMÊNCIA E SEMEADURA *
(Behaviour of canafistula (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert) in nursery,
submitted to different methods of breaking seed dormancy and sowing)
Miguel Pedro Guerra **
Rubens Onofre Nodari **
Ademir Reis ***
José Luiz Grando ****

 Trata-se de um ensaio para verificar o efeito de tratamentos pré-germinativos e
de métodos de semeadura na produção de mudas de canafístula (Peltophorum
dubium (Sprengel) Taubert). Os tratamentos pré-germinativos utilizados foram:
testemunha; ácido sulfúrico concentrado durante 20 minutos; etanol durante uma
hora e escarificação mecânica durante 30 segundos. Os sistemas de semeadura
foram: semeadura direta em sacos plásticos, e semeadura em sementeiras com
posterior repicagem. Os resultados obtidos mostraram que, independentemente do
sistema de semeadura, os tratamentos pré-germinativos aumentaram a germinação
das sementes, sendo que o ácido sulfúrico concentrado proporcionou os valores
mais elevados. Os parâmetros qualitativos das mudas foram afetados pelos métodos
de quebra de dormência e pelos sistemas de semeadura, sendo que os melhores
resultados foram obtidos pelos tratamentos com ácido sulfúrico concentrado e
escarificação mecânica, no sistema de semeadura direta em sacos plásticos. Com
estes tratamentos, foi possível a obtenção de mudas de canafístula com boas
características para o plantio em campo, 80 dias após a semeadura.
                              ABSTRACT
                             2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Uma das preocupações que norteia a produção de mudas de essências
florestais é a obtenção de mudas de boa qualidade para o plantio em campo, no
menor espaço de tempo possível. Partindo desta observação, a germinação rápida e
uniforme de sementes torna-se uma característica desejável. Em conseqüência, a
utilização de tratamentos pré-germinativos assume importância para a consecução
dos objetivos citados anteriormente. Em geral, as sementes de leguminosas
lenhosas têm dificuldades em absorver água até o momento em que seu tegumento
seja modificado, natural ou artificialmente. Isto, segundo HARTMANN & KESTER
(1975), deve-se ao fato de estas espécies, normalmente, apresentarem sementes
com tegumentos de alta dureza. Esta característica, controlada geneticamente,
revela variabilidade entre espécies e variedades de uma mesma espécie, sendo
ainda influenciadas pelas condições ambientais durante a maturação e o
armazenamento das sementes.
HARTMANN & KESTER (1975) citam, ainda, que o tegumento impermeável das
leguminosas é composto por uma camada de células em paliçada, e recoberto
externamente por camadas culticulares cerosas. A desintegração da capa destas
células, ou a separação das mesmas, é possível através de um "stress" que
permitiria a entrada de água e a conseqüente germinação. Ensaios realizados por
AMARAL et al. (1978) evidenciaram a necessidade de tratamentos especiais, através
de escarificação elétrica (tambor com lixa), para a superação da dormência de louropardo
(Cordia trichotoma) e canafístula (Peltophorum dubium). BIANCHETTI &
Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n.5, p.1-18, dez.1982.
RAMOS (1981) obtiveram até 94% de germinação de sementes de canafístula,
submetidas a períodos de dois a dez minutos em ácido sulfúrico concentrado,
enquanto que a imersão de sementes em água quente forneceu um máximo de
65,3% de germinação.
No que se refere à produção de mudas, tanto a semeadura direta quanto a
obtenção em sementeira, com posterior repicagem para recipientes, têm sido
utilizadas comumente. A viabilidade do primeiro método já foi comprovada para
espécies dos gêneros Eucalyptus, Pinus e uma série de essências nativas. Uma
das vantagens deste sistema é eliminar o canteiro de semeadura com posterior
repicagem contínua sendo utilizada por diversas empresas reflorestadoras do sul do
Brasil (STURION 1981).
PARVIAINEN (1981 a) cita que nos países nórdicos, a produção de embalagens
está baseada em recipientes hexagonais de papel sem fundo ("paperpots"),
substituindo paulatinamente o processo de transplante com raiz nua. A qualidade das
mudas é um atributo que progressivamente tem aumentado de importância, e
PARVIAINEN (1981b) sugere que características como, altura da parte aérea,
diâmetro do colo e relação raiz/parte aérea são bons parâmetros na avaliação da
qualidade das mudas.
Avaliando o desenvolvimento de mudas de guapuruvu (Schizolobium
parahyba (Vell.) Blake) em função do tipo e volume do recipiente, bem como do
método de semeadura, STURION (1980) obteve mudas de maior altura através da
repicagem, e maiores peso do sistema radicular e diâmetro do colo, através de
semeadura direta. Estes resultados foram atribuídos a possíveis danos às raízes por
ocasião da repicagem.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido no Horto Botânico do Departamento de Biologia da
Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis (SC). Esta região é
classificada climaticamente, pelo sistema de Köppen, no grupo C- mesotérmico de
verão quente (média dos meses mais quentes, acima de 22° C).
As sementes foram colhidas de uma planta matriz estabelecida em
Florianópolis.
Os métodos empregados para quebra de dormência, identificados como
eficientes em testes preliminares, constaram de: a) ácido sulfúrico concentrado
durante 20 minutos; b) etanol durante uma hora; c) escarificação mecânica em
tambor, lixa 121, durante 30 segundos; d) testemunha. Os sistemas de semeaduras
foram: a) semeadura direta em sacos de polietileno, de pigmentação preta, com 7 cm
de diâmetro por 14 cm de profundidade; b) semeadura em sementeira, com posterior
repicagem para os mesmos recipientes, quando as mudas haviam emitido duas
folhas verdadeiras.
Esta composição de métodos de quebra de dormência e sistemas de
semeadura permitiu a definição dos seguintes tratamentos:
T1 - Testemunha - saco plástico;
T2 - Ácido sulfúrico concentrado, 20 minutos - saco plástico;
T3 - Etanol, uma hora - saco plástico;
T4 - Escarificação mecânica, 30 segundos - saco plástico;
T5 - Testemunha - sementeira;
T6 - Ácido sulfúrico concentrado, 20 minutos - sementeira;
T7 - Etanol, uma hora - sementeira;
T8 - Escarificação mecânica, 30 segundos - sementeira.
O substrato constou de uma mistura de solo argiloso, solo arenoso e esterco de
gado, em partes iguais. Os canteiros foram cobertos por sombrite 50%, o qual foi
retirado aproximadamente um mês após a semeadura. A irrigação foi feita,
diariamente, através de regadores manuais.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os tratamentos efetuados influenciaram não só a germinação, mas também os
parâmetros de qualidade de mudas.
a) Germinação
A análise de variância (apresentada no Anexo - Tabela 1) mostra que houve
variação entre os efeitos dos tratamentos de quebra de dormência. As médias foram
separadas em quatro grupos pelo teste de Tukey (Tabela 1). A utilização de ácido
sulfúrico proporcionou a emergência de um maior número de plântulas, tanto em
sementeira (97,3%) como em sacos plásticos (96,0%), não diferindo
estatisticamente, no entanto, da média de germinação provocada pelo etanol semeadura
direta (87,3%). Estes resultados são similares aos obtidos por
BIANCHETTI & RAMOS (1981); concordam, ainda, com as observações de
AMARAL et al. (1978) para esta mesma espécie.

 O número de sementes germinadas, por ocasião da coleta final de dados, foi
extremamente baixo nas parcelas sem tratamento pré-germinativo (15,3% e 2,7% em
semeadura e em sementeira, respectivamente). Estas médias, apesar de diferirem
estatisticamente, não evidenciam qualquer interferência.
Os tratamentos pré-germinativos proporcionam praticamente os mesmos
resultados para germinação, tanto em semeadura direta em sacos plásticos como
em sementeira com posterior repicagem. Observou-se uma pequena diferença, que
não chegou a ser significativa, quando as sementes foram tratadas com etanol, nos
dois sistemas (87,3% e 72,7% respectivamente). Conseqüentemente, como os
métodos utilizados de quebra de dormência independem do sistema de semeadura,
o emprego de recipientes na produção de mudas, com a mesma eficiência e ainda
com determinadas vantagens adicionais, pode substituir o sistema tradicional que
utiliza sementeira e repicagem.
Com relação à rapidez de germinação, verificou-se que o tratamento com ácido
sulfúrico concentrado resultou em mais de 90% de sementes germinadas, dez dias
após a semeadura; seguiram-se tratamentos com escarificação mecânica e etanol.
As sementes testemunhas apresentaram o menor valor, sendo sua germinação lenta
e desuniforme, continuando a ocorrer até posteriormente ao término do experimento.
O uso do escarificador mecânico mostrou danos em algumas sementes, apesar de
terem sido colocadas no tambor com o fruto inteiro. Nos canteiros de semeadura,
verificou-se que a percentagem de sobrevivência de mudas foi menor neste
tratamento. Isto sugere que podem ocorrer danos em algumas sementes no
processo de escarificação mecânica, e que fatores como velocidade do tambor,
tempo de escarificação e número de sementes ou frutos colocados no tambor podem
estar relacionados com maiores ou menores danos.
b) Parâmetros qualitativos
Além de influenciar na germinação, os tratamentos de quebra de dormência
proporcionaram diferentes médias para a altura das mudas, diâmetro do colo, peso
seco da parte aérea e peso seco do sistema radicular, como mostram os dados da
Tabela 2 (a respectiva análise da variância é apresentada no Anexo - Tabela 2).
Numa análise preliminar, mudas originadas de sementes testemunhas (T1 e T5),
independente do sistema de semeadura, mostraram os menores valores para as
quatro características analisadas.
Boletim EMBRAPA http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim05/mguerra.pdf

4 comentários:

Unknown disse...

Muito bom este blog e importante difusor de conhecimento, sendo assim gostaria de saber o que poderia fazer para cuidar da minha muda de canafistula que plantei já tem mais de dois anos e ela aparentemente continua a mesma. Desde já obrigada!
Ass: Maria de Fátima
mary-biologia@hotmail.com

Unknown disse...

Muito bom este espaço e um importante difusor de conhecimento, sendo assim gostaria de saber o que poderia fazer para melhorar o crescimento da minha muda de canafistula que plantei a mais de dois anos e continua aparentemente do mesmo tamanho. Desde já muito obrigada.

Darci Bergmann disse...

Caro Gilvan Costa! Enviei algumas informações por e-mail. Se for o caso, faça o replantio da muda, conforme instruções na matéria ARBORIZAÇÃO URBANA E RURAL: DICAS (COVAS, ADUBAÇÃO, RAÍZES), neste mesmo blog. Abraço. Darci Bergmann.

Jle disse...

Tenho essa árvore plantada no quintal de casa ela cresce tanto que frequentemente preciso dar uma podada, gostaria de saber época certa de poda bem como tipo de adubo, pois só rego e também se posso queimar os galhos que podo após secarem como lenha de lareira ou até mesmo em churrasqueira pois não jogo fora os tocos e galhos podados, obrigado.