A canafístula da foto acima tem copada de quase 25 metros de diâmetro. Foto: Darci Bergmann |
Por Darci Bergmann
É uma árvore decídua, que perde as folhas no outono, quando entra em período de repouso vegetativo, brotando novamente no final do inverno. Nos meios
botânicos ela é denominada Peltophorum
dubium (Sprengel) Taubert, da
família Fabaceae, sub-família Caesalpinoideae. Tem ainda outros nomes populares:
ibirapuitã, farinha-seca, tamboril, guarucaia, faveira, etc.
Porte: Grande, variando de 15 a 25 metros
de altura, quando adulta. Em meio a matas fechadas ela atinge alturas bem
maiores, sendo citados exemplares com até 40 metros. Nesses casos, a árvore em
crescimento compete com outras em busca da luz solar.
Utilidade: Além de ser ornamental e ter flores melíferas, a canafístula fornece madeira dura, de excelente qualidade, para diversos fins.
Utilidade: Além de ser ornamental e ter flores melíferas, a canafístula fornece madeira dura, de excelente qualidade, para diversos fins.
Ocorrência: Em quase todo o território brasileiro.
Riscos de extinção: Diversos estudos apontam para a
redução do número de árvores dessa espécie. Os motivos seriam vários. Na região
de São Borja-RS, a espécie é afetada pelas derivas de herbicidas. Produtos à base de princípio ativo Clomazone, utilizados em lavouras de arroz no Rio Grande
do Sul, atingem as canafístulas nas matas ciliares, justamente quando estas emergem
do período de repouso. A brotação é atingida pelas sucessivas derivas do
agrotóxico, levando a árvore à morte alguns anos depois. O problema se agrava
quando a pulverização é feita com aeronaves agrícolas.
Floração:
Inicia em dezembro e pode se estender até março. Portanto, todo o verão é
embelezado com flores dessa árvore espetacular.
Propagação: a) Dispersão natural. O percentual de germinação das
sementes de canafístula é baixo. Cada flor se transforma numa pequena vagem
achatada e dentro dela está uma semente, que lembra muito a semente de pepino
ou de melão. O vento leva as pequenas vagens a centenas de metros, dispersão
conhecida como anemoscoria. Algumas sementes germinam até alguns anos depois
quando o tegumento rígido permite a passagem da água.
b) Mudas espontâneas. A dispersão anual de sementes permite
o surgimento de mudas de canafístula nas imediações das árvores adultas. Quando
estiverem muito próximas entre si, parte delas pode ser retirada e plantada em
outro local. Esse procedimento é recomendável nas épocas mais chuvosas. Deve-se
ter cuidado para não danificar a raiz principal, do tipo pivotante, nem
deixá-la exposta ao vento e ao sol. Para isso, faz-se uma poda radical do
caule, uns quinze centímetros acima do colo e coloca-se a muda num recipiente
com água ou mesmo em saco plástico, contendo papel de jornal umedecido. Na falta deste, usar folhas e palhas úmidas. A umidade interna evita o ressecamento da raiz até o
momento do transplante para o local definitivo.
c) Semeadura em recipientes ou em
canteiros e posterior repicagem.
Também,
pode-se fazer a semeadura em recipientes
ou mesmo em canteiros no chão e depois fazer a repicagem das mudinhas para
embalagens que tenham pelo menos volume de um litro, com mistura de terra e algum composto orgânico, em partes iguais.
Para aumentar a germinação, faz-se a quebra de dormência das sementes.
Quebra de dormência: As sementes de canafístula têm um revestimento
rígido – o tegumento, que dificulta a passagem da água. Para pequena quantidade
de mudas, sem fins comerciais, pode-se escarificar as sementes, uma por uma,
utilizando-se uma lima para afiar serrotes ou então lixa. Limar ou lixar com cuidado parte do tegumento até
aparecer o embrião da semente. Depois, as sementes são colocadas nas embalagens
individuais, na base de três sementes em cada uma. Também é possível semeá-las
numa sementeira, no chão ou numa caixa, para posterior repicagem das mudinhas.
Para produção de mudas em quantidades maiores, escala comercial,
existem outros sistemas de quebra de dormência. Deve-se ter atenção redobrada quando a dormência é quebrada com a utilização de produtos químicos perigosos, tal qual o ácido sulfúrico.
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Mais informações sobre a canafístula:
Print version ISSN 0100-6762
Rev.
Árvore vol.26 no.6 Viçosa Nov./Dez. 2002
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622002000600001
Direct seeding of canafistula (Peltophorum
dubium(Spreng.) taub. To regenerate shrubs
IEng.-Agr.
Dr. em Ciência Florestal, Prof. de Silvicultura da FAEM/UFPEL, Caixa Postal 354
Campus, 96010-900 PELOTAS, RS
IIEng.-Agr. Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes FAEM/UFPEL
IIEng.-Agr. Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes FAEM/UFPEL
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo
avaliar o comportamento da canafistula (Peltophorumdubium), em semeadura
direta a campo, em área de capoeira originada após o abandono do local
utilizado com cultivos agrícolas sucessivos. No local foram roçadas faixas de
1,5 m, a cada 3 m. A semeadura foi realizada em setembro de 1997. Visando
proteger os pontos semeados, foram utilizados diferentes tipos de protetores
(copos de plástico e copos de papel, sem fundo e laminado de madeira), fixados
sobre os pontos semeados com três sementes cada. As sementes foram
escarificadas mecanicamente a 1.725 rpm, durante 60 segundos, com lixa Norton
60. O delineamento foi em blocos casualizados, com seis repetições. As
variáveis avaliadas foram emergência, sobrevivência, número de pontos com
plantas, densidade a 1 ano e altura das plantas aos 18 meses. Os resultados
obtidos aos nove meses demonstraram que a utilização de qualquer um dos
protetores físicos contribuiu para o estabelecimento de plantas em mais de 80%
dos pontos semeados, e em mais de 75%, um ano após a semeadura, quando
utilizado o laminado, o que indica que a semeadura direta é uma alternativa de
implantação para a espécie, possibilitando transformar as áreas de capoeiras em
um sistema agroflorestal ou mesmo silvipastoril, no futuro.
Palavras-chave: Semeadura
direta, Peltophorum dubium, protetores de semeadura e enriquecimento de
capoeiras.
ABSTRACT
This work aimed
to evaluate the development of Peltophorum
dubium by direct seeding on a succesively cropped field.
Seeding was performed in rows of 1.5 m, three meters apart, on September 1977.
To protect the seed-spots shelters, bottomless paper and plastic cups were used
and wood slates were fixed on them. Seeds were mechanically scarified for 60
seconds. The variables evaluated were emergence, seedling survival, number of
seed-spots with plants plant density at one year and plant height at the 18th month. Results
at the 9th month showed
that the seed-spot shelters contributed for plant establishment in 80% of the
seed-spots and in more than 75% of them one year after seeding, when wood
slates were used. Direct seeding is a viable alternative for this species which
will allow the transformation of shrub areas into an agroforest or even
silvipastural system in the near future.
Key words: Direct seeding, Peltophorum
dubium, seed-spot
shelters and shrub regeneration.
1. INTRODUÇÃO
O Estado do Rio Grande do Sul possuía,
originalmente, 42% de sua superfície territorial coberta com florestas. Já no
início do século XX, foi reduzida para aproximadamente 25%, chegando a apenas
4% em 1965. As poucas áreas nativas existentes restringem-se às áreas de
preservação, aos parques, às reservas e aos pequenos porcentuais em áreas de
difícil acesso. Nas propriedades rurais existem pequenos remanescentes, em sua
grande maioria parcialmente explorados.
Essa ação resultou na ameaça de
extinção de muitas espécies de grande valor e de interesse econômico, entre
elas a canafístula, e conseqüentemente de toda a mata e dos representantes da
fauna que dependem delas para se manterem.
A forma de agricultura praticada nas
últimas quatro a cinco décadas, com a ocupação desordenada dos solos, levou-os
ao empobrecimento, fazendo com que lavouras e pastagens não sejam mais
lucrativas economicamente, resultando no abandono das terras.
Nessas áreas inicía-se o processo de
regeneração natural, que em alguns anos atingirá a fase de capoeirinha e, ao
evoluir, irá se transformar em capoeira, capoeirão e, num futuro bem distante,
poderá formar novamente uma mata-clímax.
Considerando os aspectos relacionados à
produção dessas áreas, as perspectivas são poucas. Entretanto, existe a
possibilidade de serem introduzidas espécies florestais já nessas etapas
iniciais, para que em etapas futuras a área possa ser reintegrada numa forma de
uso diferente das épocas passadas, sendo o sistema agroflorestal ou
silvopastoril uma grande alternativa. Uma das formas de introdução das espécies
florestais de interesse pode ser por semeadura.
A canafístula é uma espécie nativa,
heliófita, com boa resistência ao frio. É considerada promissora por apresentar
valor econômico comprovado, em função da qualidade da madeira. O seu
crescimento é rápido, classificando-a como espécie com aptidão à regeneração
artificial (Carvalho, 1994). É também considerada uma espécie promissora para
produção de madeira no Centro-Sul do Brasil (Carvalho, 1998). A madeira é
utilizada na construção civil, em indústria de móveis, em construção naval, em
marcenaria e carpintaria, com regular poder calorífico (4.755 kcal/kg), sendo
viável para produção de papel, tendo ainda a presença de tanino na casca com
teores de 6 a 8%, também usada como planta medicinal e ornamental (Reitz,
1978).
A semeadura direta é uma prática comum
nos Estados Unidos, em situações especiais, e guarda relação com os melhores
resultados obtidos mediante plantação. Na América Latina existem poucos exemplos
de implantação de bosques por semeadura direta. No Brasil e na Argentina, a
espécie de maior interesse e importância florestal para este método é a Araucariaangustifolia (Bertol.)
Kuntze, tendo sido reflorestados, desta forma, cerca de
50.000 ha (Cozzo, 1976).
O sucesso da semeadura direta está na
dependência da criação de um microssítio com condições tão favoráveis quanto
possíveis para uma rápida germinação. Deve haver umidade suficiente durante o
período de germinação e no estádio seguinte. As plantas que germinam e crescem
no campo têm restrita proteção em relação aos numerosos agentes letais, os
quais podem ser controlados em viveiros. Portanto, existem muito mais riscos de
a sobrevivência ser baixa com o método da semeadura direta do que com o plantio
de mudas (Smith, 1986). A semeadura direta, em princípio, é uma técnica
recomendada somente para algumas espécies, apresentando resultados bastante
favoráveis em áreas degradadas, de difícil acesso e grande declividade do
terreno (Barnet & Baker, 1991).
No início da década de 70, cientistas
dos países escandinavos já tinham começado a examinar o uso de protetores
plásticos, com o objetivo de melhorar a germinação e a sobrevivência na
semeadura direta e, conseqüentemente, com o objetivo de proporcionar um
microambiente mais propício para germinação e crescimento das mudas jovens
(Lahde, 1974). Putman & Zasada (1986) indicaram o uso de protetores
plásticos sobre os pontos em semeadura direta, realizada no Canadá, como uma
técnica segura de reflorestamento.
Het (1983) utilizou pontos de semeadura
direta, em solo preparado, com proteção de copos plásticos transparentes,
chegando a resultados quase iguais àqueles obtidos com mudas plantadas, aos 2
anos de idade.
Na implantação de Cedrela
fissilis Vell. e Pinus
taeda L., por semeadura direta, Mattei (1995) concluiu
que o protetor físico de pontos mostrou-se eficiente, protegendo os pontos
semeados do soterramento e do ataque de algumas pragas.
Este trabalho teve por objetivo avaliar
a eficiência de protetores físicos em semeadura direta de canafístula(Peltophorum
dubium), no enriquecimento de capoeiras.
2. MATERIAL E MÉTODOS
A semeadura foi realizada no Centro
Agropecuário da Palma, pertencente à Universidade Federal de Pelotas (31º47'38''
S e 52°30'09'' W - GPS), em setembro de 1997. As sementes de canafístula, safra
1997, PG 80%, foram coletadas de matrizes em Pelotas-RS.
A semeadura foi realizada em área de
capoeira (com altura de aproximadamente 3 m), em faixas de 1,5 m de largura,
distanciadas a 3 m, abertas com roçadeira tracionada por trator. A altura da
roçada foi de 10 a 15 cm. A limpeza da vegetação nos pontos de semeadura foi
realizada com enxada, compreendendo uma área de aproximadamente 30 cm de
diâmetro e semeadura no centro.
Os protetores físicos utilizados como
tratamentos foram copo plástico e copo de papel de aproximadamente 300 ml, sem
fundo, e o laminado de madeira com tamanho semelhante ao dos copos. Ambos foram
fixados sobre os pontos semeados e arranjados em blocos casualizados, com seis
repetições. Cada unidade experimental teve oito pontos, distanciados de 1m e
semeados com três sementes cada. Previamente à semeadura, as sementes foram
submetidas a tratamentos de superação de dormência, por meio de escarificação
mecânica em um escarificador elétrico a 1.725 rpm, com lixa "Norton
60", por 60 segundos, e posterior embebição em água à temperatura ambiente
por um período de 12 horas.
A semeadura foi manual e realizada a
uma profundidade de aproximadamente 0,5 cm. Os pontos semeados foram cobertos
com uma camada de 1 cm de vermiculita, com a finalidade de proteção das
sementes contra chuvas fortes, mantendo também a umidade nos pontos semeados.
As variáveis avaliadas foram a
emergência, a sobrevivência, o número de pontos com plantas até 90 dias, a
densidade um ano após a semeadura e a altura das plantas aos 18 meses. No mês
de agosto de 1998, antes da retomada do crescimento, quando completou um ano da
semeadura, foi realizado um raleio, deixando apenas uma planta por ponto.
A contagem da emergência foi iniciada
logo que se observou a emergência das primeiras plântulas, iniciando em
intervalos de três dias durante as primeiras duas semanas, passando a semanais
por um mês e a cada 15 dias, até completar os 90 dias.
Os resultados foram transformados em
arco-seno da raiz quadrada de X/100, submetidos à analise de variância e ao
teste de comparação de médias.
Os principais cuidados após a
implantação dos experimentos foram o controle de ervas daninhas e de formigas.
O controle das plantas invasoras junto aos pontos de semeadura foi manual, em
um círculo de aproximadamente 30 cm de diâmetro, realizado com o auxílio de
enxada. O controle de formigas foi realizado com iscas e iniciado antes da
implantação do experimento.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância (Quadro 1) identificou
que os protetores exerceram efeitos sobre todas as variáveis avaliadas,
indicando que tanto para o estabelecimento inicial como para o desempenho
futuro das plantas há necessidade de criar um ambiente adequado junto aos
pontos semeados.
O baixo acréscimo na emergência
ocorrida dos 30 para os 90 dias da semeadura (Quadro 2) demonstrou
que para a canafístula, na semeadura realizada no mês de setembro, o maior
porcentual de emergência ocorreu nos primeiros 30 dias da semeadura. Tal
resultado mostra que para obtenção de sucesso em semeadura direta existe um
período crítico, porém curto, que é a fase da emergência, na qual são
fundamental a disponibilidade de umidade e a seguridade,o que não irá garantir
que haverá prejuízos como arraste ou soterramento de sementes em caso da
ocorrência de fortes chuvas. Por outro lado, após estabilizada a emergência, e
mesmo durante esta, iniciam-se as perdas de plântulas, que são crescentes com o
passar do tempo, e se não forem tomadas as medidas adequadas pode-se chegar a
uma densidade inicial que dificultará a condução do plantio nos anos
subseqüentes.
Pelos resultados obtidos, constatou-se
que a utilização de um protetor físico melhorou significativamente o
estabelecimento das plantas em relação à testemunha, em todas as variáveis
avaliadas. O protetor contribuiu tanto para o aumento na emergência como para o
estabelecimento de plantas. Lahade (1974), semeando Pinus
sylvestris L.; Brum (1997), semeando Pinus
taeda; Mattei (1993), semeando Pinus
taeda; e Putman & Zasada (1986), Smith
(1986) e Serpa (1999) também obtiveram melhores resultados quando utilizaram
protetores físicos nos pontos semeados. Estas constatações estão de acordo com
Smith (1986), que ressalta que o sucesso da semeadura direta dependente da
criação de um microclima favorável junto aos pontos semeados.
Além do desempenho das variáveis significativamente
superior onde se utilizou o protetor físico até os 90 dias da semeadura, cabe
destacar que as plantas, aparentemente, apresentavam melhor crescimento, desde
as fases iniciais. Tal fato pode ter sido decorrente do menor desgaste ocorrido
durante a fase de germinação, pois o protetor não permitiu movimentação do solo
no ponto de semeadura.
Nas avaliações realizadas até os 90
dias, os tratamentos com protetores apresentaram desempenho semelhante.
Contudo, quando analisada a densidade um ano após a semeadura, pôde-se observar
que onde se utilizou o protetor de papel já havia densidade inferior à do copo
plástico e do laminado. O copo de papel com a umidade foi se desgastando e se
decompondo, em poucos meses. A partir de dezembro de 1997, ocorreu uma estiagem
com altas temperaturas. Aparentemente no protetor plástico ocorreu maior
aquecimento, visto que nas linhas abertas na capoeira incidia sol e as plantas
apresentavam aspectos de maior deficiência de umidade. No laminado, devido às
suas características, aparentemente a condição pode ter sido mais amena. Lahade
& Tuohisaari (1976) observaram aumento da temperatura e da umidade dentro
dos protetores de plástico, favorecendo a germinação.
Quando a altura das plantas foi
avaliada, ou seja, aos 18 meses após a semeadura (abril de 1999, início da fase
de repouso) (Figura 1), constatou-se
que aquelas originadas onde o protetor físico utilizado foi o laminado de
madeira apresentaram altura significativamente superiores à dos demais
tratamentos. A possível razão deste maior desempenho pode estar fundamentada na
fase inicial, que impulsionou o melhor desempenho das etapas subseqüentes.
Entretanto, em novos estudos poderá ser observada a possível eficiência
superior do laminado como protetor, visto que em semeadura direta de Pinus
taeda Mattei (1997) não foram obtidas diferenças quando o
copo plástico e o laminado foram utilizados como protetores.
As formigas, em maior intensidade, e
também outros insetos constituíram-se em adversidades à semeadura direta, sendo
os danos localizados e independentes da existência de protetor. A utilização de
um protetor físico demonstra ser eficiente perante as adversidades ambientais,
porém pouco sobre as biológicas.
O controle de formigas deve ser
contínuo, com vistorias constantes, não podendo haver descuidos mesmo que haja
baixo nível de incidência. Os prejuízos causados por formigas podem ser
elevados em semeadura direta, pela simples razão de que logo após a emergência
as plântulas são muito pequenas e facilmente eliminadas, mesmo antes de se
poder tomar as devidas medidas de controle. Na condição de semeadura em
capoeiras, a dificuldade é ampliada, devendo as observações serem mais
freqüentes do que em situação de campo aberto.
Na testemunha, as plantas, mesmo não
sendo eliminadas, foram mais danificadas pelas pragas (formigas e outros
insetos), podendo ser esta uma das razões da menor densidade um ano após a
semeadura. A maior dificuldade na emergência como conseqüência da erosão e, ou,
soterramento debilitou algumas plantas, deixando-as mais suscetíveis ao
tombamento.
Neste experimento, optou-se por não
utilizar qualquer tratamento de sementes, porém sabe-se que uma semente após a
escarificação mecânica sempre fica mais sujeita à ação de organismos
patogênicos. Portanto, a ocorrência de tombamento não esteve associada ao uso
ou tipo de protetor físico, pois não houve diferenças significativas entre os
tratamentos (a análise realizada não consta nos quadros), dependendo
exclusivamente da fonte de inóculo da semente e do solo.
Para uma maior população de plantas no
método de semeadura direta, é necessário que se trabalhe com atenção redobrada,
principalmente na fase inicial de estabelecimento, pois as maiores perdas
acontecem na fase de plântula, quando o ataque de insetos é fatal para a
maioria das plantas.
Segundo Shimizu (1998), existem várias
razões para se incorporar a silvicultura na propriedade, e a decisão sobre as
espécies a serem plantadas deve ser tomada de acordo com as oportunidades e
limitações que cada propriedade apresenta.
Nesse sentido, a canafístula mostrou
grande potencial para ser utilizada em semeadura direta, devendo ser estudados
tratamentos de pré-semeadura que visem tornar o método eficiente e simples, de
forma que num futuro próximo possa ser recomendado para o agricultor.
4. CONCLUSÕES
A semeadura direta de canafístula (Peltophorum
dubium) pode ser utilizada como forma de enriquecer áreas de capoeira.
Os protetores físicos em pontos de
semeadura expressam efeitos benéficos sobre a emergência, sobrevivência e
densidade inicial em semeadura direta.
O laminado de madeira, por ser
degradável e de custo reduzido, é o protetor recomendado.
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Recebido para publicação em 18.10.2000.
Aceito para publicação em 03.12.2002.
Aceito para publicação em 03.12.2002.
1 Recebido
para publicação em 18.10.2000.
Aceito para publicação em 03.12.2002.
Trabalho financiado pelo CNPq/FAPERGS.
2 Eng.-Agr. Dr. em Ciência Florestal - Prof. de Silvicultura da FAEM/UFPEL, Caixa Postal 354 Campus, 96010-900 PELOTAS–RS, <vlmattei@ufpel.tche.br>;
3 Eng.-Agr. Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes FAEM/UFPEL, <marianer@ufpel.tche.br>.
Aceito para publicação em 03.12.2002.
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2) COMPORTAMENTO DA CANAFÍSTULA (Peltophorum
dubium (Sprengel) Taubert)
EM VIVEIRO, SUBMETIDA A DIFERENTES
MÉTODOS DE QUEBRA DE
DORMÊNCIA E SEMEADURA *
(Behaviour of canafistula (Peltophorum dubium (Sprengel)
Taubert) in nursery,
submitted to different methods of breaking seed dormancy and sowing)
Miguel Pedro Guerra **
Rubens Onofre Nodari **
Ademir Reis ***
José Luiz Grando ****
Trata-se de um ensaio para verificar o
efeito de tratamentos pré-germinativos e
de métodos de semeadura na produção de
mudas de canafístula (Peltophorum
dubium (Sprengel) Taubert).
Os tratamentos pré-germinativos utilizados foram:
testemunha; ácido sulfúrico
concentrado durante 20 minutos; etanol durante uma
hora e escarificação mecânica durante
30 segundos. Os sistemas de semeadura
foram: semeadura direta em sacos
plásticos, e semeadura em sementeiras com
posterior repicagem. Os resultados
obtidos mostraram que, independentemente do
sistema de semeadura, os tratamentos
pré-germinativos aumentaram a germinação
das sementes, sendo que o ácido
sulfúrico concentrado proporcionou os valores
mais elevados. Os parâmetros
qualitativos das mudas foram afetados pelos métodos
de quebra de dormência e pelos
sistemas de semeadura, sendo que os melhores
resultados foram obtidos pelos
tratamentos com ácido sulfúrico concentrado e
escarificação mecânica, no sistema de
semeadura direta em sacos plásticos. Com
estes tratamentos, foi possível a
obtenção de mudas de canafístula com boas
características para o plantio em
campo, 80 dias após a semeadura.
ABSTRACT
2. REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
Uma das preocupações que norteia a
produção de mudas de essências
florestais é a obtenção de mudas de
boa qualidade para o plantio em campo, no
menor espaço de tempo possível.
Partindo desta observação, a germinação rápida e
uniforme de sementes torna-se uma
característica desejável. Em conseqüência, a
utilização de tratamentos
pré-germinativos assume importância para a consecução
dos objetivos citados anteriormente.
Em geral, as sementes de leguminosas
lenhosas têm dificuldades em absorver
água até o momento em que seu tegumento
seja modificado, natural ou
artificialmente. Isto, segundo HARTMANN & KESTER
(1975), deve-se ao fato de estas
espécies, normalmente, apresentarem sementes
com tegumentos de alta dureza. Esta
característica, controlada geneticamente,
revela variabilidade entre espécies e
variedades de uma mesma espécie, sendo
ainda influenciadas pelas condições
ambientais durante a maturação e o
armazenamento das sementes.
HARTMANN & KESTER (1975) citam,
ainda, que o tegumento impermeável das
leguminosas é composto por uma camada
de células em paliçada, e recoberto
externamente por camadas culticulares
cerosas. A desintegração da capa destas
células, ou a separação das mesmas, é
possível através de um "stress" que
permitiria a entrada de água e a conseqüente
germinação. Ensaios realizados por
AMARAL et al. (1978) evidenciaram a
necessidade de tratamentos especiais, através
de escarificação elétrica (tambor com
lixa), para a superação da dormência de louropardo
(Cordia trichotoma) e
canafístula (Peltophorum dubium). BIANCHETTI &
Boletim de Pesquisa Florestal,
Colombo, n.5, p.1-18, dez.1982.
RAMOS (1981) obtiveram até 94% de
germinação de sementes de canafístula,
submetidas a períodos de dois a dez
minutos em ácido sulfúrico concentrado,
enquanto que a imersão de sementes em
água quente forneceu um máximo de
65,3% de germinação.
No que se refere à produção de mudas,
tanto a semeadura direta quanto a
obtenção em sementeira, com posterior
repicagem para recipientes, têm sido
utilizadas comumente. A viabilidade do
primeiro método já foi comprovada para
espécies dos gêneros Eucalyptus,
Pinus e uma série de essências nativas. Uma
das vantagens deste sistema é eliminar
o canteiro de semeadura com posterior
repicagem contínua sendo utilizada por
diversas empresas reflorestadoras do sul do
Brasil (STURION 1981).
PARVIAINEN (1981 a) cita que nos
países nórdicos, a produção de embalagens
está baseada em recipientes hexagonais
de papel sem fundo ("paperpots"),
substituindo paulatinamente o processo
de transplante com raiz nua. A qualidade das
mudas é um atributo que
progressivamente tem aumentado de importância, e
PARVIAINEN (1981b) sugere que
características como, altura da parte aérea,
diâmetro do colo e relação raiz/parte
aérea são bons parâmetros na avaliação da
qualidade das mudas.
Avaliando o desenvolvimento de mudas
de guapuruvu (Schizolobium
parahyba (Vell.) Blake) em
função do tipo e volume do recipiente, bem como do
método de semeadura, STURION (1980)
obteve mudas de maior altura através da
repicagem, e maiores peso do sistema
radicular e diâmetro do colo, através de
semeadura direta. Estes resultados
foram atribuídos a possíveis danos às raízes por
ocasião da repicagem.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido no Horto
Botânico do Departamento de Biologia da
Universidade Federal de Santa
Catarina, em Florianópolis (SC). Esta região é
classificada climaticamente, pelo
sistema de Köppen, no grupo C- mesotérmico de
verão quente (média dos meses mais
quentes, acima de 22° C).
As sementes foram colhidas de uma
planta matriz estabelecida em
Florianópolis.
Os métodos empregados para quebra de
dormência, identificados como
eficientes em testes preliminares,
constaram de: a) ácido sulfúrico concentrado
durante 20 minutos; b) etanol durante
uma hora; c) escarificação mecânica em
tambor, lixa 121, durante 30 segundos;
d) testemunha. Os sistemas de semeaduras
foram: a) semeadura direta em sacos de
polietileno, de pigmentação preta, com 7 cm
de diâmetro por 14 cm de profundidade;
b) semeadura em sementeira, com posterior
repicagem para os mesmos recipientes,
quando as mudas haviam emitido duas
folhas verdadeiras.
Esta composição de métodos de quebra
de dormência e sistemas de
semeadura permitiu a definição dos
seguintes tratamentos:
T1 - Testemunha - saco plástico;
T2 - Ácido sulfúrico concentrado, 20 minutos -
saco plástico;
T3 - Etanol, uma hora - saco plástico;
T4 - Escarificação mecânica, 30 segundos - saco
plástico;
T5 - Testemunha - sementeira;
T6 - Ácido sulfúrico concentrado, 20 minutos -
sementeira;
T7 - Etanol, uma hora - sementeira;
T8 - Escarificação mecânica, 30
segundos - sementeira.
O substrato constou de uma mistura de
solo argiloso, solo arenoso e esterco de
gado, em partes iguais. Os canteiros
foram cobertos por sombrite 50%, o qual foi
retirado aproximadamente um mês após a
semeadura. A irrigação foi feita,
diariamente, através de regadores manuais.
4. RESULTADOS E
DISCUSSÃO
Os tratamentos efetuados influenciaram
não só a germinação, mas também os
parâmetros de qualidade de mudas.
a) Germinação
A análise de variância (apresentada no
Anexo - Tabela 1) mostra que houve
variação entre os efeitos dos
tratamentos de quebra de dormência. As médias foram
separadas em quatro grupos pelo teste
de Tukey (Tabela 1). A utilização de ácido
sulfúrico proporcionou a emergência de
um maior número de plântulas, tanto em
sementeira (97,3%) como em sacos
plásticos (96,0%), não diferindo
estatisticamente, no entanto, da média
de germinação provocada pelo etanol semeadura
direta (87,3%). Estes resultados são
similares aos obtidos por
BIANCHETTI & RAMOS (1981);
concordam, ainda, com as observações de
AMARAL et al. (1978) para esta mesma espécie.
O número de sementes germinadas, por
ocasião da coleta final de dados, foi
extremamente baixo nas parcelas sem
tratamento pré-germinativo (15,3% e 2,7% em
semeadura e em sementeira,
respectivamente). Estas médias, apesar de diferirem
estatisticamente, não evidenciam
qualquer interferência.
Os tratamentos pré-germinativos
proporcionam praticamente os mesmos
resultados para germinação, tanto em
semeadura direta em sacos plásticos como
em sementeira com posterior repicagem.
Observou-se uma pequena diferença, que
não chegou a ser significativa, quando
as sementes foram tratadas com etanol, nos
dois sistemas (87,3% e 72,7%
respectivamente). Conseqüentemente, como os
métodos utilizados de quebra de
dormência independem do sistema de semeadura,
o emprego de recipientes na produção
de mudas, com a mesma eficiência e ainda
com determinadas vantagens adicionais,
pode substituir o sistema tradicional que
utiliza sementeira e repicagem.
Com relação à rapidez de germinação,
verificou-se que o tratamento com ácido
sulfúrico concentrado resultou em mais
de 90% de sementes germinadas, dez dias
após a semeadura; seguiram-se
tratamentos com escarificação mecânica e etanol.
As sementes testemunhas apresentaram o
menor valor, sendo sua germinação lenta
e desuniforme, continuando a ocorrer
até posteriormente ao término do experimento.
O uso do escarificador mecânico
mostrou danos em algumas sementes, apesar de
terem sido colocadas no tambor com o
fruto inteiro. Nos canteiros de semeadura,
verificou-se que a percentagem de
sobrevivência de mudas foi menor neste
tratamento. Isto sugere que podem
ocorrer danos em algumas sementes no
processo de escarificação mecânica, e
que fatores como velocidade do tambor,
tempo de escarificação e número de
sementes ou frutos colocados no tambor podem
estar relacionados com maiores ou menores danos.
b) Parâmetros
qualitativos
Além de influenciar na germinação, os
tratamentos de quebra de dormência
proporcionaram diferentes médias para
a altura das mudas, diâmetro do colo, peso
seco da parte aérea e peso seco do
sistema radicular, como mostram os dados da
Tabela 2 (a respectiva análise da
variância é apresentada no Anexo - Tabela 2).
Numa análise preliminar, mudas
originadas de sementes testemunhas (T1 e T5),
independente do sistema de semeadura,
mostraram os menores valores para as
quatro características analisadas.
Boletim EMBRAPA http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim05/mguerra.pdf
4 comentários:
Muito bom este blog e importante difusor de conhecimento, sendo assim gostaria de saber o que poderia fazer para cuidar da minha muda de canafistula que plantei já tem mais de dois anos e ela aparentemente continua a mesma. Desde já obrigada!
Ass: Maria de Fátima
mary-biologia@hotmail.com
Muito bom este espaço e um importante difusor de conhecimento, sendo assim gostaria de saber o que poderia fazer para melhorar o crescimento da minha muda de canafistula que plantei a mais de dois anos e continua aparentemente do mesmo tamanho. Desde já muito obrigada.
Caro Gilvan Costa! Enviei algumas informações por e-mail. Se for o caso, faça o replantio da muda, conforme instruções na matéria ARBORIZAÇÃO URBANA E RURAL: DICAS (COVAS, ADUBAÇÃO, RAÍZES), neste mesmo blog. Abraço. Darci Bergmann.
Tenho essa árvore plantada no quintal de casa ela cresce tanto que frequentemente preciso dar uma podada, gostaria de saber época certa de poda bem como tipo de adubo, pois só rego e também se posso queimar os galhos que podo após secarem como lenha de lareira ou até mesmo em churrasqueira pois não jogo fora os tocos e galhos podados, obrigado.
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