12 de dezembro de 2010

Herbicida prejudica o meio ambiente e pequenos agricultores.

Por Darci Bergmann






O tema é recorrente. Foi debatido em seminário ambiental por quase trezentas pessoas em São Borja, em junho de 2004. Por delegação unânime fui incumbido de apresentar minuta de anteprojeto de lei. Era um ano eleitoral e a proposta parou na Consultoria Jurídica. Seria retomada a discussão após o pleito, o que não ocorreu. De lá para cá a diversidade da flora foi duramente atingida, matando milhares de árvores. Uma espécie nativa quase sumiu do cenário rural: a canafístula - Pelthophorum dubium. Os milhares de esqueletos dessa e de outras árvores nativas e exóticas são um testemunho da insensatez humana, do descaso, da falta de fiscalização e do imediatismo que não respeita a natureza.

O que era verde virou branco

Agora, em 2010, a primavera revelou uma paisagem com árvores de folhas esbranquiçadas, entre os troncos e galhos secos das que já morreram anteriormente. 
Por todos os rincões ecoam protestos de agricultores atingidos pela nuvem assassina dos herbicidas. Como fixar pessoas no campo e querer diversificar a produção num cenário tão hostil, favorável à concentração fundiária e à monocultura?

O maior vilão





São muitos os produtos vilões, mas talvez nenhum deles se compare ao famigerado Clomazone, mais conhecido por Gamit. Se voce abrir uma embalagem desse produto e imediatamente fecha-la, em poucos dias as plantas a vários metros no entorno estarão apresentando sintomas típicos de branqueamento. Tal é a volatilidade desse produto. Gamit, usado em aplicações com pulverizador do tipo costal, ultrapassou a área que estava sendo tratada e causou sintomas de branqueamento em samambaias no interior das casas vizinhas.  
Acredite, leitor, esse produto com essas características nocivas e ainda outras não reveladas é registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento para uso em várias culturas: arroz, fumo, cana-de-açúcar,cebola, entre outras. As restrições de uso estão nos sites AGROFIT e AGROSIA e nas bulas das formulações comerciais do Clomazone. Mas um produto assim deve é ser proibido no interesse da saúde e do meio ambiente. As limitações de uso deixam claro que um produto com essas características não devria nem ser registrado.


Módulo Pós-Registro
Produtos Formulados (Agrotóxicos)
Produtos Técnicos
Monografias (Ingredientes Ativos)

RELATÓRIO DO AGROTÓXICO

Marca Comercial:
Nº Registro MAPA: 1428691
Registrante: FMC Química do Brasil Ltda.        
Classe(s): Herbicida -
Formulação: EC - Concentrado Emulsionável
Ingrediente Ativo:  clomazona
Concentração de IA: 500 g/l
Grupo Químico: isoxazolidinona
Modo de Ação:
Modo de Aplicação: Terrestre/Aéreo
Modalidade de Emprego: (Pré/Pós-emergência)
Restrição UF:
Corrosivo:
Inflamável:
Classificação Toxicológica:   II - Altamente tóxico
Classificação Ambiental: II - Produto muito perigoso
LIMITAÇÕES DE USO: Não se recomenda aplicar Gamit a menos de 800m da cultura de girassol e milho e das seguintes atividades: hortas, pomares, viveiros, casas de vegetação (estufas), jardins, videiras, arboredos, vegetações ribeirinhas e outras nativas. Culturas de inverno (trigo, aveia, centeio) subsequentes à aplicação de Gamit poderão apresentar leve clorose em locais se houver erro de aplicação como doses duplicadas ou sobreposição de barra. Entretanto, estas plantas recuperam-se normalmente, não afetando a produção nestas condições. Aguardar um período mínimo de 150 dias após a última aplicação do Gamit para a instalação de culturas subsequentes. Uso em milho: não aplicar nas variedades de milho híbrido AG 301, AG 303 e Braskalb XL 678, pois são sensíveis ao produto. O uso do Gamit na cultura de algodão somente poderá ser feito caso as sementes tenham sido previamente tratadas com o produto PERMIT ou com disulfoton, ou com a aplicação do mesmo no solo (sulco de plantio). Para aplicações em cana soca já brotada, poderá ocorrer clorose localizada pela ação do contato com o Gamit, havendo recuperação total da planta. Deve-se evitar aplicação em cana soca com mais de 20 cm de altura.
INFORMAÇÕES SOBRE OS EQUIPAMENTOS DE APLICAÇÃO: A aplicação de GAMIT poderá ser efetuada através de pulverização terrestre (manual ou tratorizada) e aeronaves agrícolas (arroz irrigado)
PRECAUÇÕES DE USO E ADVERTÊNCIAS QUANTO AOS CUIDADOS DE PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE: Este produto é MUITO PERIGOSO ao meio ambiente. Evite a contaminação ambiental - Preserve a Natureza. Não utilize equipamento com vazamento. Aplique somente as doses recomendadas. Não aplique o produto na presença de ventos fortes ou nas horas mais quentes. Não lave as embalagens ou equipamento aplicador em lagos, fontes, rios e demais corpos d'água. Não execute aplicação aérea deste agrotóxico em áreas situadas a uma distância menor que 800 (oitocentos) metros de povoação e de mananciais de captação de água para abastecimento público; de 500 (quinhentos) metros de mananciais e moradias isoladas e de agrupamentos de animais. Observe as disposições constantes na legislação estadual e municipal concernentes a atividades aero-agrícolas. Em arroz irrigado maiores precauções devem ser tomadas para evitar que este produto contamine corpos d'água. Descarte corretamente as embalagens e restos do produto - siga as instruções constantes no item "Destino final de resíduos e embalagens". Em caso de acidente, siga corretamente as instruções constantes na bula.



O piloto e o macacão envenenado
Um piloto agrícola fez um relato  sobre esse produto: Fiz uma pulverização aérea com o Gamit, tomando todo o cuidado possível. Chequei as condições meteorológicas, que naquele momento estavam normais para uma aplicação aérea. Depois de encerrados os trabalhos daquela aplicação, tomei um banho e troquei as roupas. O macacão que eu usei durante a aplicação do Gamit eu coloquei numa sacola de plástico, bem isolada e solicitei à uma senhora para que o lavasse. Dias depois, quando fui receber a peça de roupa lavada, fui comunicado pela referida senhora que as plantas do seu pátio e as samambaias no interior da casa estavam ficando com as folhas esbranquiçadas. Então eu percebi com mais clareza o quanto um produto desses pode fazer mal à natureza e talvez à saúde das pessoas.


Legislação municipal sobre agrotóxicos

A seguir, apresento sugestão de minuta de anteprojeto de lei, nos moldes daquele apresentado em 2004 à Prefeitura Municipal de São Borja, esperando que desta vez, ante o clamor geral, os poderes Executivo e Legislativo em uníssono proíbam esse vilão da natureza. 
Talvez na esteira dessa tomada de providências outros produtos altamente impactantes sejam proibidos, tais como o inseticida carbofuran, e o herbicida 2,4-D com seus vários nomes comerciais. Sobre o glifosato, dessecante largamente utilizado, novos estudos revelam outros comportamentos sobre a saúde e o meio ambiente que podem resultar em severas limitações de uso e até à proibição como já ocorreu numa cidade da Argentina



PROJETO DE LEI Nº

Proíbe, no Município de São Borja, a estocagem, a comercialização e o uso de agrotóxico que contenha o princípio ativo  Clomazone e dá outras providências.

O Prefeito Municipal de São Borja....

ART 1º - Fica proibido no Município de São Borja, a estocagem, a comercialização e o uso de agrotóxico que contenha na sua formulação princípio ativo Clomazone.
ART 2º - As empresas que comercializam agrotóxicos no Município terão o prazo de seis meses a contar da publicação desta lei para se desfazerem dos estoques de agrotóxicos que contenham princípio ativo Clomazone, ficando vedada a venda para outras pessoas jurídicas e físicas de São Borja.
ART 3º - As empresas prestadoras de serviços de aplicação aérea ou terrestre estabelecidas no Município ou que aqui atuem em caráter eventual nas épocas de aplicação, estarão obrigadas ao cumprimento desta lei;
ART 4º - O agricultor usuário de agrotóxicos deverá devolver ao fornecedor possíveis saldos de agrotóxico de princípio ativo Clomazone, dentro do prazo de seis meses a partir da publicação desta lei. 
ART 5º - Caberá à Secretaria Municipal do Meio Ambiente a fiscalização para o efetivo cumprimento desta lei;
Paragr. primeiro – A fiscalização também poderá será ser feita pelos órgãos estaduais e federais pertinentes, incluindo-se a Patrulha Ambiental da Brigada Militar.
Paragr. Segundo – Os fiscais do Município, por iniciativa própria ou em caso de denúncia, farão vistorias nas empresas que comercializam, prestam serviços de aplicação de agrotóxicos e nos agricultores usuários;
ART 6º - O não cumprimento desta lei sujeitará o infrator às seguintes penalidades:
1-      Apreensão do produto e multa de .......urms
2-      Em caso de reincidência será aplicada multa em dobro
3-      As empresas que comercializam agrotóxicos e as prestadoras de serviço, nessa área, em caso de duas reincidências estarão sujeitas à cassação de alvará de funcionamento.
ART 7º - Os valores arrecadados com as multas destinar-se-ão ao Fundo Municipal do Meio Ambiente.
ART. 8º Esta lei entra em vigor na data da sua publicação.

JUSTIFICATIVA

A problemática dos agrotóxicos no Município de São Borja já vem de algumas décadas. A legislação federal e estadual, bem como os dispositivos de fiscalização, não tem sido suficientes para amenizar o problema. Alguns produtos, por suas características próprias, causam sérios danos ambientais com reflexos na saúde pública e na agricultura familiar.
Em 1984, devido à precariedade da legislação federal, foi criada uma lei municipal de agrotóxicos. Nessa época outros municípios do Estado e no Brasil também estabeleceram mecanismos legais de controle e fiscalização. Em 1988 surgiu uma lei federal mais abrangente e detalhada sobre a matéria. Mas as variáveis de produção, culturas e ecossistemas no Brasil são complexas e uma lei federal de agrotóxicos não é capaz de contemplar todas as questões envolvidas. Também existem falhas na fiscalização. O incipiente licenciamento ambiental na agricultura também tem falhas. A nível de campo, faltam técnicos especializados para acompanhar as atividades licenciadas. Assim, os abusos ocorrem.  


A diversificação de culturas



Por outro lado, a tão almejada diversificação da matriz produtiva está seriamente ameaçada especialmente pelo uso de herbicidas de princípio ativo Clomazone. Técnicos da Prefeitura Municipal de São Borja, tem constatado os impactos desse produto sobre a flora nativa remanescente e sobre culturas atingidas pela deriva de aplicações aéreas e terrestres. A agricultura de subsistência praticada por um grande número de pequenos agricultores vem acumulando prejuízos ano após ano, sem que o MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - tome as providências cabíveis.  A ONG ambientalista local ASPAN – Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural, juntamente com associações de moradores, vítimas de derivas de agrotóxicos e pessoas da comunidade, encaminhou abaixo-assinado com centenas de assinaturas ao MPE, solicitando providências, especialmente com relação aos abusos da aviação agrícola e a aplicação de alguns princípios ativos extremamente danosos ao meio ambiente. Este é o caso do Clomazone - princípio ativo de formulações comerciais - usado no controle de ervas daninhas em várias culturas. Aqui no Município, as formulações contendo Clomazone são mais conhecidas como Gamit e utilizadas no arroz. Em regiões de cultivo de cana-de-açúcar, tabaco e cebola essas formulações de Gamit também são utilizadas.


ASPAN solicita interferência do Ministério Público Federal 

A ASPAN também encaminhou expediente ao MPF, em Uruguaiana, solicitando sua interferência junto às autoridades federais, para que suspendam o registro de agrotóxicos de princípio ativo Clomazone em todo o território nacional. O MPF abriu procedimento sob nº 1.29.011.000007/2009-75. As limitações de uso desse agrotóxico, praticamente inviabilizam a sua aplicação nas lavouras de São Borja e, no entanto, ele é receitado impunemente até para uso por aviação agrícola. No site AGROFIT, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, as recomendações de uso para as formulações comerciais de Clomazone, referem que ele não pode ser aplicado a menos de oitocentos metros de hortas, pomares, arvoredos e vegetação ciliar o que praticamente inviabiliza o seu uso na região.


A comunidade já debateu sobre a proibição de alguns agrotóxicos 

Nos seminários e conferências municipais a questão dos agrotóxicos tem sido intensamente debatida e cobrada das autoridades responsáveis, sem que as soluções aparecessem. Na 2ª Conferência Municipal do Meio Ambiente, em 2004, foi aprovada por unanimidade moção que pleiteava a proibição de comercialização e uso de alguns princípios ativos no Município de São Borja. 


Um cinturão de dez quilômetros em torno da cidade, livre das aplicações aéreas de agrotóxicos


Com relação à aviação agrícola, foi sugerida, em 2004, a implantação de uma zona de exclusão aérea de mais ou menos dez quilômetros ao redor do perímetro urbano. Ali não seriam aplicados herbicidas via aérea ou pesticidas tóxicos (classes I e II ). O raciocínio lógico concluía que se o Município pode licenciar atividades agropastoris também poderá legislar sobre o uso de agrotóxicos, levando em conta as peculiaridades locais. Outra justificativa apontada era a total incapacidade das autoridades estaduais e federais de fiscalizarem o uso de tais produtos. Faltam fiscais e a tarefa é dificultada porque se faz uso intenso da aviação agrícola.


O município pode legislar em caráter complementar. É integrante do SISNAMA

Em seminários estaduais também ficou delineada a possibilidade de municípios e estados legislarem sobre a matéria, já que uma lei federal não atende todas as variáveis envolvidas numa questão de tamanho interesse público. O Município de São Borja faz parte do SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente - e nessa condição pode aplicar a legislação federal e estadual pertinente às questões ambientais e legislar em caráter complementar quando a mesma não atender o interesse da comunidade. Aqui existem assentamentos de pequenos agricultores, além daquelas propriedades de agricultura familiar tradicional que tem sido vítimas das derivas de agrotóxicos. A cidade também não fica livre da ação de alguns princípios ativos que atingem a população pela inalação do ar contaminado, resíduos em alimentos e pela própria água captada pela CORSAN. O Rio Icamaquã drena uma extensa área de agricultura, com diversas lavouras de arroz nesta sub-bacia, despejando acima do ponto de captação grande quantidade de agrotóxicos. Assim também ocorre com a Sanga da Estiva.


 Nem tudo é revelado sobre o comportamento dos produtos

Faz em torno de 20 anos ocorreu o registro, junto ao MAPA, de produtos de princípio ativo Clomazone para uso em diversas culturas. Aqui seu uso maior é na cultura de arroz. Agora com a inclusão do Município na região produtora de cana-de-açúcar, o uso desse herbicida agravará ainda mais o impacto ambiental, inviabilizando outras atividades produtivas. Naquela época, as pesquisas não apresentaram toda a realidade que cerca esse produto. Quase sempre os dados se referem a aplicações em pequenos canteiros experimentais, com informações repassadas pela empresa registrante. O tempo mostrou que o Clomazone é muito mais lesivo ao meio ambiente. Os levantamentos de campo dos técnicos do Município e das ONGs, bem como da população, revelam uma verdadeira tragédia ambiental, com alto impacto sobre toda a biodiversidade.

O herbicida clomazone já está disseminado nas águas.

Em pesquisa feita pelo professor da URCAMP, Luiz Carlos Porto, as vísceras de peixes coletados nos rios Icamaquã e Butuí acusaram a presença de fenóis, mas esses rios não sofrem impacto de esgotos de cidades, nem de indústrias. Logo, os agrotóxicos estão associados a esse fato. A fórmula estrutural do Clomazone mostra o radical fenila ligado a um átomo de cloro.
Pesquisadores da UFSM encontraram Clomazone nas águas superficiais de arroios em Agudo – RS, depois que ocorreram aplicações terrestres de herbicida Clomazone em lavouras de fumo.
Em Pelotas, pesquisa da EMBRAPA demonstrou que o Clomazone foi encontrado em águas superficiais depois de aplicado via aérea em lavoura de arroz, até 114 dias após.
Em trabalho feito na Bacia do Rio Corumbataí, no estado de São Paulo, o Clomazone foi encontrado em algumas amostras de lodo de rio, principalmente a partir das lavouras de cana em solo arenoso. Os mesmos autores revelam que o Clomazone tende a se acumular no fígado. Portanto mais um indício de que ele se acumula nas vísceras dos animais.


Empresa fomenta uso de produto que permite aumentar tolerância ao Gamit. Mais herbicida é jogado no ambiente e com isso aumenta a poluição.

A empresa FMC, registrante do Gamit no MAPA, recomenda a utilização da substância comercial conhecida como Permit nas sementes de arroz. Com isso, essa cultura fica mais tolerante a doses maiores de Clomazone. Assim doses maciças desse herbicida, que ultrapassam aquelas recomendadas pelo MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, aumentam ainda mais a poluição ambiental.


A foto mostra painel que estava às margens da Av. João Goulart, em São Borja/RS




Produto extremamente volátil

As formulações comerciais de Clomazone (Gamit) são extremamente voláteis e nem as aplicações terrestres são seguras. Na área urbana de São Borja, já foram registrados casos de deriva de Gamit por aplicações com aparelho costal. Um desses casos foi  motivo de representação junto ao MP, impetrado pela ASPAN. O fato foi documentado pela PATRAM e até um laudo foi expedido pelo engº agrônomo José Ênio Abreu de Jesus, atual secretário municipal do Meio Ambiente.


O Ministério Público Estadual também já foi acionado

Desde o ano de 2007, centenas de pessoas encaminharam ao Ministério Público Estadual um documento solicitando uma audiência pública para discutir a questão da aviação agrícola e as derivas dos agrotóxicos e ainda poderão ser protocoladas outras manifestações dessa natureza. No Forum de São Borja tramitaram e tramitam ainda muitas ações envolvendo a questão dos agrotóxicos. Na maioria são casos envolvendo reparações por perdas devido às derivas em culturas e pastagens.
A tão desejada diversificação na agricultura está seriamente comprometida se nada for feito.
 Preocupam também as conseqüências sobre a saúde pública. Nas épocas mais intensas de aplicações aéreas a cidade fica sob uma nuvem tóxica de pesticidas, pois os produtos se deslocam devido às correntes de ar,  atingindo grandes distâncias.
Diante do exposto, não resta outra alternativa senão a de proibir princípios ativos, de elevado impacto ambiental, à saúde pública e causadores de problemas sociais e prejuízos à economia  O interesse da saúde da população urbana e rural e a proteção dos pequenos produtores rurais no seu direito de diversificação deve se sobrepor aos interesses de grupos privados


    Mais sobre o tema: Nuvem assasina II

A MARGARINA E A MANTEIGA. INTERESSANTÍSSIMO E INCRÍVEL

Recebido por e-mail
A margarina foi produzida originalmente para engordar os perus. O que fez na realidade foi matá-los.

As pessoas que tinham posto o dinheiro para a investigação quiseram recuperá-lo e começaram a pensar em como fazê-lo.

Tinham uma substancia branca que não tinha nenhum atrativo como comestível, assim que lhe acrescentaram a cor amarela para vender às pessoas em lugar da manteiga.... Agora tem tirado alguns novos sabores para vender mais a incautos como nós.

VOCÊ CONHECE a diferença entre a margarina e a manteiga?

Comparação entre manteiga e margarina:
- Ambas têm a mesma quantidade de calorias.
- A manteiga é ligeiramente mais alta em gorduras saturadas: 8 gramas, comparada com as 5 gramas que tem a margarina.
- Comer margarina em lugar de manteiga pode aumentar em 53% o risco de enfermidades coronárias nas mulheres segundo um recente estudo médico da Universidade de Harvard.
- Comer manteiga aumenta a absorção de grande quantidade de nutrientes que se encontram em outros alimentos.
- A manteiga fornece benefícios nutricionais próprios enquanto a margarina tem só os que lhe tenham sido acrescentados ao fabricá-la.
- A manteiga tem melhor sabor que a margarina e melhora o sabor de outros alimentos.
- A manteiga tem existido durante séculos enquanto que a margarina tem menos de 100 anos.

Agora sobre a margarina.

- É muito alta em ácidos graxos trans. (Sim, estes que recentemente os cientistas descobriram que são muito ruins e os governos tem começado a proibir).
- Triplo risco de doenças coronárias: Aumenta o colesterol total e o LDL (o colesterol ruim) e diminui o HDL (o colesterol bom);
- Aumenta em 5 vezes o risco de câncer.
- Diminui a qualidade do leite materno.
- Diminui a reação imunológica do organismo.
- Diminui a reação à insulina.

 E eis aqui o fator mais inquietante (AQUÍ ESTÁ A PARTE MAIS PREOCUPANTE):
-À margarina lhe falta UMA MOLÉCULA para ser PLÁSTICO....!!
 Somente este fato é suficiente para evitar o uso da margarina pra toda a vida - e de qualquer outra coisa  que seja hidrogenada;
 isto significa que se lhe acrescenta hidrogênio, o qual muda a estrutura molecular das substancias.

Você pode ensaiar o seguinte: Compre um pouco de margarina e deixe-a na garagem ou num lugar sombreado. Dentro de uns dias notará duas coisas:

- Não haverá moscas; nem sequer esses molestos bichos se lhe aproximarão -isto já deve lhe dizer algo.

- Não apodrece nem cheira mal ou diferente porque não tem valor nutritivo.

- Nada cresce nela. Nem sequer diminutos microorganismos podem crescer nela. Porque? Porque é quase plástico!!

 Você derreteria seu Tupperware e o passaria sobre uma torrada?

 CompartIlhe isto com seus amigos...Pode ser-lhes útil.
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7 de dezembro de 2010

A nossa água. Alerta Brasil

Por Darci Bergmann

Em nosso país vem acontecendo uma realidade que precisa de mais atenção da sociedade: trata-se da questão da água. De uns tempos para cá, em todo o mundo, já existem sinais de que esse bem de consumo vital, é alvo da cobiça de grupos poderosos. No Brasil não é diferente. A legislação estabelece que os municípios tem a concessão do abastecimento público da água, assim como dos resíduos sólidos e efluentes líquidos. Os municípios também podem terceirizar esses serviços, com prazos definidos. Sempre faltaram recursos para a estruturação desses serviços de forma adequada para populações cada vez maiores. Houve um tempo em que as empresas privadas ainda não tinham grande interesse na exploração dos serviços de abastecimento de água, nem tampouco na coleta e destinação dos resíduos de qualquer natureza.

Tal situação levou os estados brasileiros a investirem na criação de companhias públicas de água e saneamento e a CORSAN foi modelo para muitas delas. A universalização do abastecimento público da água também foi decisiva e alavancou recursos para o setor. No que tange aos serviços de abastecimento de água, a maioria das cidades brasileiras está servida de forma regular e com água própria para o consumo. Tanto é assim que os índices de mortalidade infantil caíram drasticamente, ajudadas por programas como os da Pastoral da Criança e sua similar da Saúde. Existem, é claro, ainda muitas regiões com dificuldades nessa área. Mas foi graças aos estados e suas companhias de água, políticas públicas adequadas e iniciativas privadas de solidariedade que o Brasil melhorou muito. Tal melhoria se deu sem a visão de lucro sobre o bem público água.

Na questão da coleta e tratamento do esgoto cloacal a realidade é outra. Os investimentos são mais volumosos. E agora com a universalização desse setor, os recursos públicos começam a fluir mais. E as corporações privadas estão ávidas para abocanhá-los. Juntos, os serviços de água, coleta e tratamento de esgoto representam uma atraente arrecadação mensal garantida pela população das cidades. Para isso, essas corporações montam estratégias para causar uma boa impressão junto à opinião pública e por conseguinte aos políticos de visão imediatista. Embora o setor de esgoto cloacal seja o de maior investimento, o que as corporações privadas querem é mesmo abocanhar o setor da água pública. O esgoto pode até correr pela sarjeta. Dá mau cheiro e um aspecto desagradável, polui os rios e o solo e pode transmitir doenças. Mas nada disso se compara à falta de água potável. Água é um bem essencial e por isso mesmo não deve ser considerado mercadoria como querem alguns. Devemos tratá-la como um bem precioso, que deve ser utilizado sem esbanjamento. Também não deve ser instrumento de cobiça e concentração de poder nas mãos de poucos.

Na minha opinião, existem três setores em que o estado precisa atuar com prioridade: saúde, educação e água públicas de boa qualidade. Há quem inclua outros setores. Não incluí a coleta e o tratamento de esgoto porque esses serviços podem ser feitos de forma descentralizada. Hoje temos tecnologia que permite o tratamento de esgoto desde uma residência, um quarteirão, um bairro sem depender de grandes áreas físicas. Passou-se o tempo em que era preciso transportar esgoto de uma a outra ponta da cidade, fazendo valetões e crateras. Em alguns casos essas práticas ainda são necessárias. O esgoto pode ser coletado e tratado no local onde ele é gerado. Uma simples fossa séptica, dessas com brita e areia, já realiza um estágio de tratamento. Já vi pessoas com mansões e carros de luxo que não investem um centavo na instalação desses dispositivos de tratamento e largam os dejetos no esgoto cloacal. Depois reclamam soluções do poder público e talvez queiram que o município passe à iniciativa privada esse tipo de serviço e aí incluída a concessão dos serviços de abastecimento de água.

Com a água essa descentralização também é possível em parte. Existem moradias que já dispõem de captação e tratamento da água das chuvas ou de poços, tornando-a potável dentro dos padrões normais. Isso auxilia o abastecimento público de alguma forma. Mas é preciso ter em mente que num mundo de população crescente e mudanças climáticas a disponibilidade dessas fontes de água pode ficar comprometida. É o que já está acontecendo. A tal ponto que em alguns países um barril de água equivale o preço de um barril de petróleo. Isto que água é um recurso natural renovável e o petróleo não.

Voltemos às estratégias das corporações. Elas sabem que um esgoto correndo a céu aberto é prato cheio para chamar atenção. Alardeiam incompetência do estado e das suas companhias de abastecimento e fazem terrorismo sobre doenças transmitidas pela falta de coleta e tratamento do esgoto. Isto agora, quando as verbas públicas começam a aparecer. Antes se metiam em outros filões de mercado, tipo petróleo, financeiro, transporte, bens de consumo e por aí afora. Mostram-se boazinhas para resolverem os problemas de mau cheiro e parecem resolver todos os problemas de saúde pública. Perdoem-me a frase que me disse alguém, mas ela se tornou real: se merda valer dinheiro o investidor aparece.

As corporações agem com muita sutileza. Primeiro, é preciso abalar a credibilidade das companhias estatais, com coisas pontuais, tipo buraco e valetas mal tapados, vazamento de água aqui e acolá, esgoto a céu aberto, doenças geradas pelo esgoto sem tratamento e outras mais. Depois, apontar as soluções com projetos elaborados por equipes capacitadas e oferecê-los aos prefeitos e vereadores. A metodologia se encaixa em todos os municípios. Existem até equipes de advogados especializados que fazem todo o roteiro de como encaminhar o expediente. A repetição das ladainhas dos problemas e falhas vai ao legislativo, ao executivo e à imprensa e vira ódio contra a companhia estatal como se ela fosse a responsável por todas as mazelas de uma cidade. Projetos fracassados dos prefeitos são esquecidos, o excessivo número de cargos de confiança não é problema, gastança com propaganda na mídia não é problema. Agora o alvo é a companhia de abastecimento de água e saneamento.

Nada é feito para melhorá-la. Alguns deputados também metem o bedelho e querem tirar proveito eleitoreiro do caso. Essa gente toda esquece que por muitos anos essa mesma estatal foi a que trouxe água e fez investimentos que melhoraram a saúde pública. Ao invés de execrá-la deveriam agora juntar esforços e propugnar por mais recursos e resolver também o problema de coleta e tratamento de esgoto. Isto pode ser feito até pelas prefeituras, em parte. Podem-se buscar alternativas de gestão compartilhada entre União, Estado e Município nessa área, como uma espécie de SUS do saneamento básico.

Há também a possibilidade de concessão compartilhada. Por exemplo, se o problema é de esgoto, mas não de abastecimento de água, não é preciso passar a concessão de água, por prazos absurdos de 25 a 30 anos a um grupo privado. Pode-se pensar na concessão do serviço de coleta e esgoto a mais de uma empresa e manter o controle estatal da água. Impraticável? Para mentalidades retrógradas, sim. Para administradores sérios no mínimo uma questão a ser estudada. Isto já é realidade em várias cidades em outros países.

Tenho ouvido referências de que as empresas privadas são mais eficientes que as públicas. Isto não é verdadeiro na maioria dos casos. As empresas públicas podem, sim, ser eficientes. E o estado pode ser eficiente se o quiser e se a sociedade também o quiser. O que precisamos é acertar na escolha dos nossos mandatários e legisladores, tirando de cena os corruptos e todos aqueles que usam a máquina pública em proveito próprio. Em toda a minha fase de aprendizado passei por instituições públicas* estaduais e depois federal. Agradeço ao povo do meu País por isso.

Os que almejam desestruturar as companhias de água dos estados, talvez remetam à concessão das corporações as nossas escolas, as nossas universidades estaduais e federais, os postos de saúde, as nossas ruas e tudo o mais que for possível. Até o oxigênio que respiramos.

Mas lembrem-se esses comissários das corporações do que aconteceu nos Estados Unidos em 2009. Lá grandes empresas privadas quebraram pela sua incompetência e devido às tropelias da economia. Depois, os antes liberais e arrogantes executivos dos carrões de luxo, foram bater às portas do tesouro, depositário dos impostos do povo norte-americano. Aí então o estado é lembrado. Como sempre, a sociedade como um todo então paga as contas. Lá e cá, a questão é a mesma.

Nunca fui funcionário público. Exerci até função em cargo de confiança e sei o que se passa nos dois lados do balcão. Reclamo por serviço mal feito seja ele da prefeitura, do estado, da união, da companhia de água ou mesmo de uma empresa particular. É um direito meu. Até para exercer esse direito quero ter uma companhia estatal de abastecimento público de água que tenha um gerente na minha cidade. Que ouça as minhas reclamações, os meus protestos, por uma questão de cidadania.

Não é o que acontece com algumas concessionárias privadas de telefonia. Cobram uma taxa fixa aqui de quase sessenta reais mensais, por serviços não realizados, o que é ilegal e a ANATEL, agência reguladora, nada faz para mudar isso. Milhares de usuários estão entregando as linhas de telefonia fixa por esse motivo. É uma espoliação. Em qualquer reclamação, a gente parece um idiota ouvindo as gravações que nos torram a paciência. Na verdade essas empresas gigantescas estão se lixando para uma pessoa comum. O que lhes interessa é apenas o lucro. No outro lado da linha, não tem um gerente, talvez tenha um robô. Mas nós somos ainda de carne e osso. Temos sangue correndo em nossas veias e artérias e queremos ser tratados como gente, não como máquinas.

Por essas coisas, eu desconfio das promessas de melhoria dos serviços de abastecimento de água nas mãos dessas corporações. Falar que as tarifas e qualidade dos serviços dessa turma serão fiscalizados por agência reguladora é outra balela. Uma comissão nomeada por um prefeito é vulnerável às pressões da concessionária. Passa muito dinheiro nesses canais. E aí mora o perigo.

Sinceramente, com todas as falhas, eu ainda sou pela manutenção dos serviços de abastecimento de água nas mãos das nossas companhias estaduais, uma conquista dos brasileiros de diversos estados.


* Estudei em Santa Catarina, cidades de Cunha-Porã e Mondaí.
No Rio Grande do Sul: Em Palmeira das Missões: Escola Agrícola Celeste Gobatto
Viamão: Escola Técnica de Agricultura
Santa Maria: UFSM (Curso de Engenharia Agronômica) 

6 de dezembro de 2010

Em busca das virtudes climáticas do bambu

Por Emilio Godoy, enviado especial

A cúpula sobre mudança climática em Cancun está quase absorta na exploração de opções para proteger e restaurar ecossistemas e ajudar na adaptação aos desastres naturais. Falemos do bambu.

CANCUN, México, 6 de dezembro (Tierramérica).- Vedadas, por ora, as soluções globais para a crise climática, muitos se lançam em busca de vegetais que possam mitigar a contaminação causadora do aquecimento e ajudem a suportar os embates de um clima enlouquecido. Agora, é a vez do bambu. “Cresce rápido, precisa de pouca água, absorve dióxido de carbono, protege os estuários, é resistente a tempestades”, enumerou ao Terramérica a holandesa Coosje Hoogendoorn, diretora-geral da Rede Internacional do Bambu e do Ratã (Inbar), que desde 1993 reúne 35 nações e tem sede em Pequim.

No mundo existem mais de mil espécies de bambu, Bambusa vulgaris, e 34% delas crescem na América Latina. Só no México, são 36 espécies, pouco estudadas e aproveitadas. A fibra de sua cana é uma eficaz matéria-prima para utensílios, móveis e artesanato, e um material apropriado para a construção de moradias resistentes aos ciclones. “Na América Latina, o potencial se desenvolve pouco a pouco. Sabe-se pouco sobre seu uso”, disse ao Terramérica o equatoriano Álvaro Cabrera, coordenador regional para América Latina e Caribe da Inbar.

A 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontece no balneário mexicano de Cancun até o dia 10, está quase absorta na exploração de opções técnicas para proteger e restaurar ecossistemas e ajudar na adaptação aos desastres naturais.

A fibra de bambu é usada para construir casas nos estados mexicanos de Puebla e Veracruz, sul do país, mas não de forma maciça. Este país não integra a Inbar. O limitado uso destas espécies nativas no México tem “razões históricas, culturais e econômicas”, segundo o informe “O Bambu. Estudo do Mercado Mundial”, feito pelo Ministério de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação.

“A planta é denegrida e combatida por ser considerada uma praga, particularmente em áreas onde se cultiva café, banana, tabaco e cacau e se cria extensivamente gado bovino”, acrescenta o documento. Em “dez anos, um hectare de bambu mossô (Phyllostachys pubescens) na China captura 30 toneladas de dióxido de carbono a mais do que uma plantação do mesmo tamanho de pinheiro chinês (Cunninghamia lanceolata)”, segundo um modelo comparativo da Inbar.

“O manejo sustentável e o uso apropriado do bambu podem aumentar a quantidade de carbono sequestrado, com mudanças no manejo que elevem a capacidade de armazenamento dentro do ecossistema no curto prazo”, afirma o estudo. O manejo florestal dessa planta ganhou força na Colômbia, no Equador e Peru, e, mais recentemente, na Argentina, membros da Inbar, junto com Cuba, Panamá e Venezuela.

Tudo bem “desenvolver projetos de proteção inovadores, mas é preciso estudá-los a fundo”, disse ao Terramérica o inglês Stephen Crooks, consultor da firma norte-americana ESA-PWA, coautor de um exame sobre captura de carbono nas zonas costeiras do planeta. É preciso analisar suas características e os efeitos que sua implantação maciça pode ter. No Equador foram construídas mais de cem mil casas de bambu para restaurar áreas devastadas por chuvas e inundações provocadas pelo fenômeno climático El Niño/Oscilação do Sul, que aquece as águas superficiais do Oceano Pacífico equatorial.

Na cidade peruana de Ica, no Sul do país, foram utilizadas mais de 40 mil canas de bambu para erguer o Hotel Paracas. Na província equatoriana de Esmeraldas, a cadeia hoteleira norte-americana Royal Decameron também usou esse material na edificação de um alojamento. No Equador, a Inbar projeta 15 protótipos de casas de bambu. Em janeiro começará uma iniciativa semelhante no Peru, financiada com US$ 200 mil pelo Banco Mundial.

O objetivo é que os governos dos países financiem cada um a construção de 1.500 casas. “Estamos desenvolvendo uma tecnologia para fabricar telhas de bambu, em lugar das de zinco”, disse Coosje em Cancun. Produtores equatorianos e peruanos obtiveram a certificação da matéria-prima expedida pelo Conselho de Administração Florestal (FSC), que garante o manejo sustentável do cultivo.

“As plantações comerciais de bambu são uma das opções que poderiam contribuir mais eficazmente para compensar e corrigir a deterioração ambiental em territórios com climas quentes úmidos e muito quentes com chuvas o ano todo”, afirma o Ministério da Agricultura do México. O Congresso deste país pediu ao presidente Felipe Calderón que se associe à Inbar e estabeleça um programa de fomento ao bambu. “No México, há muito interesse em promover o bambu”, assegurou Álvaro. O comércio internacional do vegetal chega a US$ 7 bilhões.

* O autor é correspondente da IPS.
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Cuidado para os que gostam de cerveja e refri em lata.

Enviado por João Dionísio Lamana*

CAUSA DA MORTE DO PAI DE DANIELA SARAHYBA

Morreu Orlando. Brilhante advogado e pai da modelo Daniela Sarahyba,
numa situação absolutamente igual ao que se vem repetindo, com
freqüência dolorosa. Ele tinha uma casa e uma lancha em Angra. Ao sair
na lancha com amigos, num domingo, levou na geladeira da embarcação
latas de cerveja e refrigerantes. No dia seguinte, 2a. feira, estava
internado numa UTI e morto na 4a. feira. Ele era um atleta, adorava a
vida, que a vivia com intensidade.O exame cadavérico atestou
leptospirose fulminante contraída na lata de cerveja que ele havia
tomado, sem copo e sem canudo, no barco. O exame das latas atestou que
estavam infestadas de urina de ratos,consequentemente de leptóspiras.

MUITO CUIDADO !!! AVISO AOS CONSUMIDORES DE BEBIDAS EM LATA
Toda vez que comprar uma lata de refrigerante, tome cuidado de lavar a parte de
cima com água corrente e sabão, se possível, use canudo. Faça com que
seja obrigatório lavar as latas com desinfetantes mesmo as que vão à
geladeira. Uma pesquisa do INMETRO confirmou que a tampa da
latinha do refrigerante é mais poluída que um banheiro público.
Segundo essa pesquisa, a quantidade de vermes e bactérias era tão
intensa que eles sugeriam que se lavasse a tampa da latinha com água e
sabão' .
Dr. Fabio Lopes Olivares Setor de Citologia Vegetal
Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) Centro de
Biociências e Biotecnologia (CBB) Universidade Estadual do Norte
Fluminense (UENF) Av. Alberto Lamego, 2000 - Horto 28015-620 - Campos
dos Goytacazes(RJ) Tel: (24) 726.3838 / Tel(fax): (24) 726.3714

Por favor, encaminhe este aviso às pessoas com quem você se preocupa.



3 de dezembro de 2010

A China já está aí



Dizem que é atribuída a Napoleão Bonaparte a seguinte e profética advertência: “ Fiquem alertas para quando o Gigante Amarelo despertar...”
O resto do mundo, inclusive os aculturados,sabichões e pretensos auto-suficientes, estão assistindo passivamente a essa galopante e silenciosa dominação chinesa. Leiam, abaixo, algumas verdades a respeito.


A verdade é que agora, tudo o que compramos é Made in China.
.......Eis um aviso para o futuro!
Mas quem liga para esse aviso?
Atualmente ....Ninguém !
Agora é só ....aproveitar E APROVEITAR ...!
E depois como será para os nossos filhos ?

JÁ PENSOU COMO FICARÁ A CHINA DO FUTURO?

Por Luciano Pires


Luciano Pires é diretor de marketing da Dana e profissional de comunicação


Alguns conhecidos voltaram da China impressionados.
Um determinado produto que o Brasil fabrica em um milhão de unidades, uma só
fábrica chinesa produz quarenta milhões...
A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reação é impressionante.
Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas...
Com preços que são uma fração dos praticados aqui.

Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região
onde está instalada estão altos demais: 100 dólares.
Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo que
acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares.
Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente
zero benefícios.... estamos perante uma escravatura amarela e
alimentando-a...

Horas extraordinárias? Na China...? Esqueça !!!
O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas
extras sabendo que não vão receber nada por isso...

Atrás dessa "postura" está a grande armadilha chinesa.
Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia de
"poder" para ganhar o mercado ocidental .

Os chineses estão tirando proveito da atitude dos 'marqueteiros' ocidentais,
que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela "agrega de
valor": a marca.

Dificilmente você adquire atualmente nas grandes redes comerciais dos
Estados Unidos da América um produto "made in USA". É tudo "made in China",
com rótulo estadunidense.

As empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e
vendendo por centenas de dólares...
Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço.
Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego. É o
que pode-se chamar de "estratégia preçonhenta".

Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a
China assimila essas táticas, cria unidades produtivas de alta performance,
para dominar no longo prazo.

Enquanto as grandes potências mercadológicas que ficam com as marcas, com o
design...suas grifes, os chineses estão ficando com a produção, assistindo,
estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques
industriais ocidentais.

Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados
pelo mundo ocidental. Só haverá na China.

Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus
preços, produzindo um "choque da manufatura", como aconteceu com o choque
petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde de mais.
Então o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo
proibitivo e irá render-se ao poderio chinês.

Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo.
Dragão este que aumentará gradativamente seus preços, já que será ele quem
ditará as novas leis de mercado, pois será quem manda, pois terá o monopólio
da produção .

Sendo ela e apenas ela quem possuirá as fábricas, inventários e empregos é
quem vai regular os mercados e não os "preçonhentos".

Iremos, nós e os nossos filhos, netos... assistir a uma inversão das regras
do jogo atual que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba
atômica... chinesa.

Nessa altura em que o mundo ocidental acordar será muito tarde.

Nesse dia, os executivos "preçonhentos" olharão tristemente para os
esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando
baralho na praça da esquina, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques
fabris desmontados.

E então lembrarão, com muita saudade, do tempo em que ganharam dinheiro
comprando "balatinho dos esclavos" chineses, vendendo caro suas "marcas-
grifes" aos seus conterrâneos.

E então, entristecidos, abrirão suas "marmitas" e almoçarão as suas marcas
que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas pois
foram todas copiadas....

REFLITAM E COMECEM A COMPRAR - JÁ - OS PRODUTOS DE FABRICAÇÃO NACIONAL,
FOMENTANDO O EMPREGO EM SEU PAÍS, PELA SOBREVIVÊNCIA DO SEU AMIGO, DO SEU

VIZINHO E ATÉ MESMO DA SUA PRÓPRIA... E DE SEUS DESCENDENTES
___________________________________________________________


Mais sobre o tema:

China ameaça o controle dos recursos naturais brasileiros
noticias :: Por Editor em 09/04/2011 :: imprimir   pdf   enviar   celular

A China é o maior comprador de produtos brasileiros desde 2009 e, ainda em 2011, deve ultrapassar os Estados Unidos também como maior vendedor para o mercado brasileiro, de acordo com prognóstico do economista Eduardo Costa Pinto, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo ele, enquanto as relações comerciais oferecem oportunidades de curto e médio prazos, podem gerar ameaças de longo prazo.



"Foi muito bom que o comércio Brasil-China tenha deslanchado na última década, mas devemos lembrar também que o comércio é apenas a ponta do iceberg nas relações bilaterais", disse o economista ao apresentar ontem (08/04/11) comunicado do Ipea As Relações Bilaterais Brasil-China: A Ascensão da China no Sistema Mundial e os Desafios para o Brasil.

Ele destacou um fator que pode representar problemas para a economia brasileira. Como o forte das exportações do Brasil tem sido as commodities (produtos básicos com cotação internacional), especialmente minérios e alimentos agropecuários, o economista argumenta que essa concentração não é desejável. E pergunta: "em caso de exaustão desses recursos primários, o que o Brasil vai fazer?"

Segundo o estudo, embora a China tenha crescido 10% ao ano, em média, nos últimos dez anos, tem como grande limitação da expansão a questão ambiental, e vai atrás dos países que podem suprir suas necessidades, como o Brasil. Tanto que, além de comprar recursos naturais, os chineses também investem na aquisição ou na associação com empresas brasileiras para controlar as explorações, principalmente de minerais.

Costa Pinto disse que só no ano passado os chineses investiram mais de US$ 15 bilhões em nosso país, a maior parte no controle de exploração de minério de ferro em duas jazidas de Minas Gerais, bem como nas áreas de petróleo e siderurgia no Rio de Janeiro. Mas existe também uma preocupação adicional de setores da sociedade brasileira, que é a compra de vastas áreas de terras agricultáveis na Bahia e em Goiás.

Ele enfatizou que a dinâmica comercial e financeira entre os dois países "traz oportunidades para o Brasil no curto e médio prazos, mas se não forem bem aproveitadas poderão representar ameaças no longo prazo". Citou a perda de participação de nossas exportações para outros competidores, perda do controle estratégico sobre fontes de energia, principalmente petróleo, e de recursos naturais, como terras e minas, que podem acarretar em "aumento da vulnerabilidade externa estrutural".

Segundo ele, o Brasil tem que avançar nos instrumentos de regulamentação, regulação e fiscalização da compra de terras e de recursos naturais pelos chineses; precisa utilizar mais ativamente os instrumentos disponíveis de defesa comercial no âmbito daOrganização Mundial do Comércio (OMC); e negociar com o governo chinês condições isonômicas para a entrada e operação de empresas brasileiras em setores restritos a empresas chinesas.

FONTE

Agência Brasil
Stênio Ribeiro - Repórter
Vinicius Doria - Edição

28 de novembro de 2010

NUVEM ASSASSINA II

Por Darci Bergmann




Agrotóxicos: Da lavoura até os nossos lares.

Com o surgimento dos pesticidas, a humanidade foi levada a crer que muitas mazelas seriam eliminadas. As colheitas seriam mais fartas, vetores de doenças seriam controlados e as habitações estariam livres de insetos e outros bichos indesejáveis. A formas de aplicação de tais produtos se diversificaram. E os equipamentos também. A biotecnologia, na sua variante dos transgênicos, ampliou o leque de uso de alguns princípios ativos. Este é o caso do glifosato, dessecante agora usado na cultura da soja.

Por outro lado, surgiram as preocupações sobre os efeitos colaterais no meio ambiente e sobre a saúde humana.

As limitações de uso, informações toxicológicas e cuidados no manuseio constam das bulas e rótulos. A legislação que regulamenta o uso de agrotóxicos, também denominados agroquímicos, defensivos, pesticidas ou venenos, evoluiu muito nas últimas décadas. À primeira vista parece que a sociedade dispõe de mecanismos de controle de tais substâncias e que essas já não causam mais os problemas antes verificados. Mas será possível afirmar, com segurança, que estamos livres dos problemas do mau uso dos agrotóxicos?

Veneno de lavoura aplicado em pessoas.

Se, por um lado, ocorreu o banimento de alguns produtos, como é o caso dos inseticidas organoclorados, estes de alta persistência no ambiente, por outro surgiram os tipos mais brandos, caso dos piretróides sintéticos. Tudo parecia se encaminhar para o uso seguro da agroquímica. Os piretróides e outros grupos de agrotóxicos não se restringiram à agropecuária. Chegaram às prateleiras dos supermercados e das farmácias. Foram e ainda são borrifados nos domicílios e acreditem, nas cabeças das pessoas afetadas por piolhos. Isto mesmo. Nas farmácias é possível encontrar agrotóxico deltametrina, do grupo dos piretróides, registrado para o combate ao piolho humano. Os agrotóxicos usados em ambientes domiciliares, recebem o nome de domissanitários e agora fazem parte do que se chama saneamento ambiental. Na verdade, tudo isso é uma maquiagem que tenta acobertar o lado obscuro dos efeitos colaterais de tais produtos. Esses efeitos podem não ser de toxidez aguda, aquela que se manifesta na hora do manuseio, mas podem ser de longo prazo. Muitos desses agrotóxicos tem ação crônica, causam efeitos neurotóxicos e estados depressivos. Alguns agrotóxicos, incluindo os piretróides, agem como hormônios femininos sintéticos, causando feminilização dos machos. Já existem estudos que demonstram tais fatos. Somados a outros agentes químicos de uso cotidiano, tais como os aditivos dos plásticos, detergentes, etc. pode-se ter uma idéia da variedade imensa de substâncias presentes no ambiente, com efeitos ainda desconhecidos. Ouve-se muito falar que cada produto, antes de ser lançado no mercado, é exaustivamente estudado. São testados em cobaias, estas com ciclo de vida mais curto que o da espécie humana. Também a persistência ambiental é analisada. Mas no momento de se fazer o registro junto à ANVISA ou junto ao MAPA podem ocorrer omissões sobre alguns comportamentos dos produtos. Alguns princípios ativos decompõem-se pela ação microbiana do solo, ou pela ação da luz solar e do calor. Mas a decomposição do produto original pode resultar em outros compostos com efeitos desconhecidos.



Os agrotóxicos espargidos nas lavouras se espalham por todo o ambiente.


Na agricultura, é comum a mistura de diversos pesticidas, muitas vezes em desacordo com as recomendações dos fabricantes. Produtos não registrados para determinadas culturas são nelas aplicados por conveniência de vendedores, que não se preocupam com as questões ambientais envolvidas. Via terrestre ou via aérea, os agrotóxicos espargidos sobre os cultivos não se limitam a combater invasoras, pragas e moléstias. Percorrem caminhos que vão além desses limites. Ultimamente, tem diminuído o volume de água nessas aplicações. Isso representa economia de tempo e redução de custos ao usuário. No entanto, isso também significa que as gotas de água que espalham o princípio ativo sobre a lavoura tem tamanho menor e algumas, muito diminutas, não atingem a área pulverizada, flutuando no espaço, arrastadas pelas correntes de ar. É o efeito da DERIVA. Já foram feitos vários estudos sobre o efeito deriva e de como atenuá-lo, visando maior eficiência dos agrotóxicos e diminuição dos impactos ambientais. Sabe-se que altas temperaturas do ambiente, no momento da aplicação, provocam a movimentação das moléculas do ar, com correntes ascendentes. Na primavera e verão são comuns na região da campanha temperaturas em torno dos 40ºC, após o meio-dia. Nesses horários, com o sol quase a pino, é possível ver a distorção das imagens pela movimentação do ar, mesmo que não haja vento perceptível. Em anos anteriores, nos trabalhos a campo, com teodolito ou nível, havia dificuldade de operar à longa distância, pois as imagens da baliza ou da mira falante pareciam distorcidas e a leitura não era confiável. Essa movimentação intensa do ar, pelas altas temperaturas, limita a aplicação dos agrotóxicos. Além disso, nesses horários mais quentes, a umidade relativa do ar é mais baixa. Com isso as gotas de água carregadas de agrotóxicos tornam-se mais leves ainda, pela evaporação. Parte do princípio ativo pode se volatilizar e se dispersar no espaço, carregado pelas correntes de ar. Daí se pode deduzir que os horários mais favoráveis para aplicação de agrotóxicos são aqueles das primeiras horas da manhã, ou à tardinha e melhor ainda se fossem à noite, quando o ar mais úmido faz com que as gotas se precipitem sobre a área pulverizada. Outro fator limitante é o vento no momento da pulverização. Tanto no que se refere à velocidade, quanto na direção e sentido do mesmo. Em aplicações terrestres, com ventos de 10 Km/h já observei deriva acentuada até vários metros além da faixa pulverizada. Nas aplicações aéreas o quadro é ainda mais preocupante, pois depende, também, da altura de vôo. Nesse caso a velocidade máxima do vento não pode ultrapassar os 8 Km/h, observados os outros parâmetros, como temperatura do ambiente e umidade relativa do ar. Para se ter um idéia da força do vento, quando este atinge os 9Km/h já é capaz de movimentar as gigantescas pás dos geradores eólicos de energia elétrica.



Aviação agrícola: O mito das aplicações seguras.



Os fabricantes de equipamentos para aplicação aérea desenvolveram dispositivos que tendem a diminuir os efeitos da deriva. Também as embalagens dos produtos, na sua maioria, são recolhidas e encaminhadas às centrais de recolhimento. Dá-se muita ênfase a esse aspecto da questão. Isso, aliado a muita publicidade, passa à opinião pública uma idéia de que as aplicações aéreas de agrotóxicos são seguras e feitas por equipes especializadas.

A legislação brasileira estabeleceu parâmetros ou normas operacionais para as aplicações aéreas de agrotóxicos. Os pilotos, assim como os técnicos responsáveis pelas empresas de aviação agrícola, recebem treinamento sobre a atividade. Conhecem a legislação pertinente. A Lei também determina que toda a aplicação aérea de agrotóxico seja precedida de planejamento operacional e se as condições meteorológicas não forem adequadas no momento da operação, esta deve ser cancelada. Então, com tudo isso poderia se deduzir que o meio ambiente e a saúde pública estão livres dos problemas dos agrotóxicos, especialmente quando aplicados via aérea. Ledo engano. Na prática, a realidade é outra. Uma vez que a equipe de aplicação aérea se deslocou até o local da área a ser pulverizada dificilmente ela cancela o serviço, mesmo diante de condições meteorológicas desfavoráveis. A fiscalização a campo se torna difícil e onerosa e depende muito de ação denunciadora de vítimas do mau uso da aviação agrícola. As vítimas tem dificuldade de encaminhar queixas com provas dos danos sofridos em suas propriedades. Ocorre que as provas dependem de laudos técnicos e muitas vezes faltam recursos financeiros para custeá-los. Outras vezes, os prejudicados não querem se indispor com algum vizinho ou até não conseguem testemunhas pelos mesmos motivos. Em reuniões comunitárias, já ouvi muitos relatos de problemas causados pelo uso de agrotóxicos, via aérea. Todos esperam alguma coisa das autoridades constituídas. Estas, por sua vez, quase sempre se omitem, por motivos vários. Alguns prefeitos, vereadores ou mesmo deputados relutam em tomar medidas, pois temem contrariar aliados políticos ligados às empresas de aviação agrícola, que tem poder econômico. Encaminhar projetos de lei às Câmaras Municipais, visando coibir situações de abuso ou de restrições de uso, via aérea, de algum agrotóxico, esbarra na argumentação de que o assunto é da alçada federal. Existe, portanto, uma brecha entre o que diz a Lei e a realidade fática. Por isso são poucos os casos que vêm à tona e que resultam em ações judiciais. Tem-se notado que muitas vezes as partes envolvidas nessa questão fazem acertos para reparar os prejuízos financeiros. Mas os problemas ambientais decorrentes continuam e se avolumam.




Os municípios podem legislar sobre os agrotóxicos e aviação agrícola?

Nos anos de 2003 e 2004, foram realizadas duas conferências municipais sobre meio ambiente, em São Borja. Na última, com a participação de quatrocentas pessoas, foi aprovada proposta de proibição de uso, via aérea, no território do Município de São Borja, de agrotóxicos formulados com os seguintes princípios ativos: inseticida CARBOFURAN (componente do produto comercial FURADAN 100 G e outros ), herbicidas 2,4-D e CLOMAZONE (componente do GAMIT). Como Secretário Municipal do Meio Ambiente, fiquei incumbido de redigir anteprojeto de lei e encaminhá-lo ao Gabinete do Prefeito. A matéria, com ampla justificativa, foi enviada à Consultoria Jurídica, que a considerou inconstitucional, já que seria de competência da União legislar sobre o tema. Frustrou-se, assim, a expectativa de centenas de pessoas e quem sabe de milhares de outras indiretamente. Se transformada em projeto de lei, a questão abriria enorme discussão e seria uma forma de esclarecer à opinião pública sobre o uso dos agrotóxicos e suas conseqüências. Alguns municípios romperam as barreiras e tomaram medidas restritivas com relação aos agrotóxicos. O Brasil, pelo tamanho do seu território e pelas peculiaridades regionais e locais, não pode ficar restrito à tutela federal no que tange à restrição de uso de alguns agrotóxicos, especialmente via aérea.

Em decorrência de situações graves e pelas brechas da legislação federal e estadual, os municípios começam a se mobilizar. Existem situações específicas e mesmo a precariedade da fiscalização que justificam a interferência dos municípios na questão dos agrotóxicos.



Da minha experiência pessoal com aviação agrícola



Tive experiência própria com a atividade de aviação agrícola, por dois anos, no início dos anos 1980. Na época eu tinha revenda de agrotóxicos. Acompanhei à campo várias aplicações aéreas. As normas operacionais da aviação agrícola, do Ministério da Agricultura, ainda não haviam sido estabelecidas, o que veio a ocorrer em l.983, com a Portaria 009/83 e seu anexo da Secretaria de Defesa Sanitária Vegetal. Constatei que, sempre que se aumentava o volume de água por hectare, aumentava a eficiência da aplicação, desde que as condições meteorológicas fossem favoráveis. Foram feitas aplicações aéreas com o lagarticida biológico Dipel, à base de Bacillus thuringiensis, com excelente controle de lagartas em soja. Tal produto só não fazia melhor efeito quando o volume de água era reduzido. Cheguei até imaginar que um dia teríamos uma ampla gama de produtos biológicos, sem efeitos nocivos à saúde humana e animal ou ao meio ambiente. No entanto, assisto, tantos anos depois, um desvirtuamento da atividade da aviação agrícola, quando se refere ao uso de agrotóxicos. Mesmo com toda a parafernália de equipamentos, legislação federal e o marketing das empresas que garantem eficiência, segurança, etc. a realidade é outra. Deixo claro que não tenho objeções aos demais usos da aviação agrícola, como, por exemplo: semeadura, aplicação de fertilizantes, combate a incêndios, etc. Meu questionamento refere-se à aplicação aérea de produtos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente em geral. Mesmo que algumas empresas e pilotos tenham mais consciência nessa questão e procuram se adequar à legislação, existem fatores que extrapolam essas precauções, pelos motivos que exponho a seguir.

1- As aeronaves sobrevoam áreas bem maiores daquelas que são objeto da pulverização. Isto provoca grande turbulência no ar e as microgotas se espalham ainda mais no ambiente.


2- As pulverizações em baixo volume são realizadas sob grande pressão nos bicos, partilhando ainda mais as gotas. Isto, aliado à velocidade da aeronave, favorece a evaporação da água (veículo) e a volatilização do agrotóxico. A baixa umidade relativa do ar e as altas temperaturas agravam a situação, assim como a velocidade e direção dos ventos.

3- O vácuo formado pela aeronave provoca o arrastamento das partículas até centenas de metros após o fechamento dos bicos no final de cada tiro.

4- Quanto menor a área pulverizada, maior a contaminação ambiental, no entorno.

5- As áreas com relevo ondulado, caso das coxilhas, não permitem altura padrão sobre a cultura a ser pulverizada. Isto provoca deriva maior, quanto maior for a altura de vôo. As temperaturas das massas de ar nas áreas onduladas são diferentes nas partes mais altas e baixas e a deposição das gotas não fica homogênea.

6- Para se ter uma idéia do tamanho de uma gota, basta ver o seguinte exemplo. Se o volume de calda (água mais produto) a ser aplicado num hectare for 20 litros, teremos o seguinte:

20 = 20.000 ml; 1 hectare=10.000 m²

Ou 20.000ml/10.000m²= 2ml/m2

Vale dizer que em cada porção de 1 m² de área serão aplicados apenas 2ml de calda de agrotóxico. A divisão desse pequeno volume provoca gotas de diversos tamanhos, algumas tão pequenas que tem o aspecto de névoa. Outras são impercetíveis. Com isso tem-se uma idéia do que ocorre durante uma aplicação aérea. Imagine se as condições meteorológicas forem adversas.



Numa edição do programa Globo Rural, foi mostrado trabalho de pesquisa sobre deriva de agrotóxicos nos Estados Unidos. Com aparelhagem ultra-sensível, conseguiram detectar a presença de pequeníssimas gotas do produto a dezenas de quilômetros do local de aplicação, via aérea, em condições meteorológicas consideradas normais.

Em certa ocasião, notei clorose acentuada em folhas de cinamomo, na verdade houve o branqueamento das folhas e logo deduzi que os sintomas se referiam à ação fitotóxica de herbicida à base de CLOMAZONE (GAMIT). Depois constatei que foi feita aplicação aérea com esse produto em lavoura de arroz situada a quase três mil metros do local onde havia observado os danos. Não havia outra lavoura nas imediações. As correntes de ar levaram o produto a longa distância. Era um dia de calor, mas os ventos eram normais. Talvez o leitor se surpreenda e há quem queira contestar o que já foi presenciado por mim. Em épocas de aplicação de herbicida, o ir e vir de aeronaves agrícolas sobre um mesmo local, mesmo sem estar aplicando o produto, pode provocar ação fitotóxica. Isto é perceptível na primavera, nos dias quentes, quando as folhas novas das árvores caducifólias, ficam deformadas. Nessa época inicia a aplicação de herbicidas nas lavouras de arroz aqui na região. São freqüentes os relatos sobre isso. Ocorre que podem estar ocorrendo pequenos vazamentos de calda, quase imperceptíveis. Também é possível a volatilização do produto, especialmente em dias de muito calor. A pressão exercida dentro do tanque força a saída do produto volatilizado pelos bicos de pulverização. Tal possibilidade ficou demonstrada com outro fato que presenciei. Um pulverizador do tipo costal, de 20 litros, vazio e que havia sido usado para aplicação de herbicida, foi deixado no sol próximo a plantas de vaso. Horas depois, as plantas apresentaram folhas murchas num raio de quase três metros a partir do pulverizador costal. No dia seguinte algumas folhas estavam cloróticas e uma planta secou completamente dias depois. Sabe-se, por exemplo, que os herbicidas à base de 2,4-D são altamente voláteis e causam grandes danos nas plantas denominadas popularmente como de “folhas largas”, diferentes das gramíneas. Embora as restrições de uso, o 2,4-D ainda é aplicado via aérea, como pude comprovar em perícias judiciais.



Alguns casos reais de deriva de agrotóxicos



A soja transgênica foi saudada como um grande avanço. Realmente, à primeira vista, parecia resolver um problema sério que é a infestação da lavoura pelos inços. A aplicação de herbicida à base de glifosato permite o controle das invasoras em estágio avançado dentro do cultivo. Mas todo o remédio químico certamente tem efeitos colaterais e não deve ser apregoado como a única solução. Não vou me ater a efeitos de longo prazo, desconhecidos e que não posso comprovar. Mas vou me referir a fatos já constatados. Via terrestre o uso sem critérios de glifosato está dizimando a vegetação marginal das lavouras e aquela protetora das encostas ou taludes das estradas. Com isso, aumenta a erosão do solo por falta da forração vegetal. No que se refere à aplicação aérea, o problema é similar, com uma agravante: a deriva atinge outras culturas suscetíveis ao glifosato mesmo a centenas ou milhares de metros. Atuei como perito numa ação judicial, onde a parte autora pediu indenização por danos em lavoura de arroz provocados pelo herbicida glifosato usado em lavoura de soja transgênica. A maior parte do herbicida na soja havia sido feita com aeronave. Com ventos de 14 Km/H e no sentido da lavoura de arroz, a deriva levou o glifosato a centenas de metros, em quantidade suficiente para liquidar uma parcela de arroz germinado a poucos dias.





15 de novembro de 2010

Nuvem assassina

Por Darci Bergmann

O sol já despontava no horizonte
Naquela manhã primaveril
Centenas de aves, talvez mil
Nas cercanias do arrozal
Escurraçadas pelo ronco infernal
 De algo espargindo gotículas
Densa nuvem de partículas
Sob as asas da nave cabal.

Decorria o tempo, o sol já abrasava
E o vento mais forte anunciava
Que a nuvem artificial espraiava
Gotinhas ao longe, lá na planura.
Arbustos, árvores e o abrigo da saracura,
Tudo envolto pela névoa fumacenta
Da ave impiedosa e agourenta
Insanidade beirando à  loucura.

Passados os dias, o arrozal mostrava
Plantas mortas em meio à cultura
Nas copadas, em volta, folhas com brancura
Até nos cinamomos e na cina-cina
No rincão ermo a ganância vira sina
De alguns que pilotam sem escrúpulo
Os tempos mudam, este é o crepúsculo
Novo tempo virá, sem nuvem assassina.  (Darci Bergmann, 10/10/2008).

O poema acima refere-se à aplicação aérea de herbicidas. Nem todos os pilotos e empresas são conscientes.   As aplicações aéreas de herbicidas e agrotóxicos em geral causam derivas e parte do produto atinge o ambiente no entorno. Os aviões sobrevoam áreas fora da área-alvo e isso cria uma turbulência que aumenta as derivas. As condições meteorológicas mudam no decorrer das aplicações e isso é motivo para que o serviço seja suspenso. Na prática, na maioria das vezes, isso não ocorre. Muitas espécies nativas da nossa flora estão sendo dizimadas por herbicidas, à base de glifosato, clomazone e 2,4-D. As formulações comerciais de clomazone são extremamente voláteis. Este produto causa uma clorose esbranquiçada nas folhas. Algumas espécies são mais sensíveis ao produto, como é o caso da canafístula (Pelthophorum dubium), do cinamomo (Melia azedarach), entre outras. A biodiversidade do Bioma Pampa está sendo afetada por essas derivas aéreas. As empresas aero-agrícolas se defendem e propagam que são fiscalizadas. Na prática, lá no campo, não tem nenhuma fiscalização. 

1 de novembro de 2010

Cuba entre a transgênese e a agroecologia

Por Leonardo Padura*

É paradoxal um país tropical, com larga experiência agrícola e pecuária, necessitar investir tantos recursos na importação de alimentos, afirma neste artigo exclusivo Leonardo Padura.

HAVANA, Cuba, 1º de novembro (Tierramérica).- Quando, em 1990, começou o colapso que levaria ao desaparecimento da União Soviética, os campos da ilha de Cuba sentiram um efeito imediato: da terra dos sovietes deixaram de chegar os navios carregados de fertilizantes e pesticidas que sustentavam a produção agrícola deste país caribenho. Como resposta a uma crise de produção que se fez patente, em 1992 foi criado o movimento de agricultura orgânica.

O que naquele momento parecia um salto ao passado (como a volta ao esterco) podia ser, na realidade, um olhar para o futuro. O modelo agrícola cubano seguia os esquemas socialistas da agricultura estatizada. Como resultado da reforma agrária iniciada em 1959, tão logo chegou ao poder a revolução liderada por Fidel Castro, a maior porcentagem das terras (cerca de três quartos) pertenciam ao Estado e eram cultivadas por empresas estatais (ou não eram cultivadas).

O resto pertencia a diversos modelos cooperativos e a camponeses privados. E, tanto umas quanto outras, aplicavam produtos químicos às suas colheitas e apenas excepcionalmente eram praticadas experiências hoje chamadas “ecológicas”. A crise financeira desatada na década de 1990 impediu a compra de fertilizantes e forçou uma mudança nos métodos agrícolas. Foi fomentada a criação de cooperativas e houve uma tentativa de descentralizar as estruturas e a posse da terra, diversificar os cultivos e inclusive levá-los às cidades.

As respostas quantitativas não foram satisfatórias, e em 2009 a ilha precisava importar 80% dos alimentos que consumia. É paradoxal um país tropical, com longa experiência agrícola e pecuária, precisar investir tantos recursos para importar alimentos que poderiam ser obtidos em seu território nacional em quantidades que inclusive permitiriam a exportação. Problemas organizacionais, econômicos e até conceituais do modelo socialista estavam – e estão – afetando um setor no qual foram introduzidas mudanças aceleradas, como as novas formas de posse da terra e a comercialização.

Entretanto, a concepção de uma agricultura sustentável baseada na agroecologia se vê diante de nova ameaça, tanto ou mais perigosa do que a de uma produção estatizada e apoiada em insumos químicos: os cultivos transgênicos. Apesar de na mídia cubana se falar muito pouco sobre a existência de experiências com transgênicos, e a sociedade, como conjunto, viver de costas para esta realidade, um grupo de cientistas lançou um grito de alarme.

A partir de um conhecimento profundo, estes pesquisadores começam a reagir diante de uma experiência que poderia provocar danos maiores do que os de outras políticas agrárias de ingrata lembrança, como a ideia de secar o Pântano de Zapata, hoje tido como o maior do Caribe insular, ou a criação do “Cordão de Havana” – que derrubou árvores frutíferas centenárias para semear um cinturão cafeeiro do qual nunca se colheu um grão –, até a quase total dependência de fertilizantes e pesticidas soviéticos.

Outros testes perigosos, aplicados como solução para aumentar a produção agropecuária, também não tiveram os resultados esperados. A queima dos campos de cana-de-açúcar, adotada nos anos 1970 para facilitar o corte, afetou rendimentos e acabou arruinando grandes extensões de terras, nas quais por quase dois séculos foi cultivada a cana com excelentes dividendos.

Tampouco os diversos cruzamentos de raças de gado bovino levaram a um aumento na quantidade de carne e leite, e a massa pecuária cubana não recuperou os níveis que tinha há meio século. A formação científica foi uma das premissas do Estado em seus planos futuros. E, hoje, alguns desses especialistas se questionam quanto a um procedimento que consideram inadequado.

A introdução de transgênicos, especificamente do milho, não constitui apenas uma resposta à necessidade de diminuir importações e aumentar a produção. Também representa uma mostra da prevalência de duas concepções diferentes, que teoricamente podem coincidir, mas, segundo os estudiosos, são inconciliáveis. A contradição entre transgênicos e agroecologia tem sua essência no fato de a extensão de cultivos manipulados geneticamente poder afetar a biodiversidade, a independência dos produtores e, inclusive, colocar em risco a saúde humana, como demonstram diversos estudos clínicos com animais.

A agroecologia, por sua vez, é um conceito amplo do desenvolvimento que pretende adaptar a produtividade de alimentos aos ciclos naturais, contribui para garantir a sustentabilidade e é produtiva quando aplicada com métodos e políticas adequadas. Vozes autorizadas consideram que em Cuba não é necessário recorrer aos transgênicos, sobretudo quanto já foi demonstrada a efetividade do modelo agroecológico para fornecer alimentos suficientes.

Assim, impõem-se investimentos em recursos suficientes para desenvolver todo seu potencial e a queda dos entraves da burocracia estatal e do controle excessivo sobre os meios de produção. A persistência desses obstáculos ficou evidente com o anúncio da liberalização da venda de equipamentos de trabalho (roupa, luvas, botas), e utensílios para lavrar a terra, a camponeses e agricultores, sem ter de esperar a entrega pelo Estado. Ainda assim, a disponibilidade não atende todas as necessidades de camponeses e cooperativas.

Com esta insuficiência dos meios mais rudimentares, é difícil esperar que em algum momento possam ser atendidas as grandes expectativas de produção. Por outro lado, em certos laboratórios são destinados recursos suficientes para testar a introdução de transgênicos, pois são vistos como uma possibilidade de realizar esse salto para a produtividade que tem se mostrado tão esquivo. Não se trata de reeditar a velha contradição entre civilização e barbárie, mas de ouvir os que reclamam uma moratória no plantio de transgênicos e o início de um debate, com participação de cientistas e outros atores da sociedade, sobre sua viabilidade, apesar dos riscos que contém.
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* Escritor cubano. Sus novelas han sido traducidas a una decena de idiomas y han ganado numerosos premios en Cuba y el extranjero. Derechos exclusivos IPS.