28 de agosto de 2013

A caça de animais silvestres fomenta um comércio espúrio

Por Darci Bergmann


   A caça de animais silvestres não se justifica. Ela fomenta um comércio espúrio - o tráfico de animais. Além disso, reduz a biodiversidade, pois a reprodução de várias espécies é prejudicada. 

   Manter um animal em cativeiro é uma das maiores agressões que a espécie humana inflige a um ser vivo

   Uma pessoa pode até se apegar a um bicho mantido preso e lhe dispensar alguns cuidados e prover alimentação. No entanto, esse apego é um egoísmo que pode levar uma espécie à extinção.  Existem casos de aves que formam casais estáveis. Uma vez separados e mantidos em prisão, nunca mais se acasalam. 
   E como ficaria a questão dos jardins zoológicos? Nesse aspecto, eles se diferenciam dos cativeiros comuns. Os jardins zoológicos estão em constante evolução. Muitos deles propiciam e até recriam espaços parecidos com aqueles que os animais habitavam na natureza. Outras vezes, a única forma de manter um animal a salvo da caça criminosa é abrigá-lo num jardim zoológico. Sendo assim, entendo que eles cumprem um papel de preservar e procriar algumas espécies de animais que, de outra forma, poderiam ser extintas.

      A indústria da moda ainda sacrifica animais silvestres

   A utilização de peles, chifres, dentes, penas, barbatanas, entre outros produtos oriundos da caça criminosa, ainda sacrifica muitas espécies de animais. Essa extravagância sanguinária permeia várias classes sociais. Houve tempo em que fantasias de carnaval ostentavam as penas de aves silvestres abatidas nos campos brasileiros. Algumas mulheres ávidas por exibicionismo, ostentavam peles de focas jovens abatidas a pauladas sobre o gelo do Ártico. Cascos de tatus se transformavam em bolsas e sacolas ostentadas por 'requintadas senhoras'. Houve grande reação da opinião pública contra essa indústria sanguinária. Mas ela continua a sustentar os lucros de pessoas sem escrúpulos em todos os quadrantes do mundo.
   No oriente, algumas crendices atribuem poder afrodisíaco às barbatanas de tubarões, chifres e presas de animais. É uma tolice, mas provoca um grande extermínio de animais silvestres. Na África, elefantes e rinocerontes estão com as populações reduzidas devido à caça criminosa que fomenta esse comércio. 
    A lista de práticas de extermínio animal para a indústria de moda e outras mais não pára nisso.  
     
    A carne oriunda de caça pode contaminar quem a consome

      Animais silvestres servem de iguarias alimentares e compõem pratos típicos em muitas regiões. Nesse caso, quem consome tais pratos pode estar se contaminando com metal pesado chumbo. Além do mais, um animal abatido sob forte estresse libera toxinas na carne que depois é consumida. 

    A caça e as tribos indígenas

   Há quem manifeste apoio à campanha contra a caça, mas que defende que ela seja permitida às tribos indígenas. Essa questão é polêmica e precisa ser analisada sob uma nova ótica. Os índios incorporaram no seu modo de vida alguns costumes da civilização e, dentre esses, muitos são prejudiciais ao seu bem-estar e ao meio ambiente. Um deles é a caça com armas de chumbo. Essa prática pode dizimar várias espécies de animais. Ainda prejudica a saúde dos indígenas, que em alguns casos já apresentam doenças antes desconhecidas por eles. Sob o ponto de vista da sustentabilidade, a caça indígena deveria ser no sistema tradicional de cada tribo e apenas para sustento próprio, sem comercialização dos seus produtos.

     O faunicídio chamado 'caça esportiva'

    Os praticantes da carnificina chamada 'caça esportiva' mostram à opinião pública que estão 'preocupados' com as questões ambientais. Financiam campanhas e até montam organizações rotuladas de 'clubes de tiro e caça'. Nos bastidores dessas organizações, quase sempre estão fabricantes e comerciantes que vendem armas, munições e toda a gama de apetrechos ligados ao abate e captura de animais.  Não só isso. Montam ou financiam organizações 'ambientalistas' que alegam ser a caça esportiva uma forma de manejo da fauna silvestre. Essa gente esquece que o caçador provoca outros danos ambientais, além da matança propriamente dita. A poluição sonora dos estampidos estressa os animais e os projéteis espalham chumbo no ambiente. Os caçadores tidos como 'legalizados' são o maior incentivo à caça ilegal. 

    Cada pessoa ainda sensível à causa animal também precisa se posicionar contra a caça indiscriminada. 

     
      
   

15 de agosto de 2013

Sistemas agroflorestais na região central do Rio Grande do Sul

Agricultores de onze municípios da Quarta Colônia, na região central do Rio Grande do Sul (RS), experimentam os sistemas agroflorestais como forma de conservação ambiental. Com a assistência técnica da Emater/RS-Ascar, agricultores são ajudados a fazer a melhor utilização do solo, o reflorestamento de espécies nativas e ao mesmo tempo aproveitamento da mesma área com culturas que melhoram a renda.


FONTE

Emater/RS-Ascar
Fonte acessada: AGROSOFT

Links referenciados

Emater/RS-Ascar
www.emater.tche.br

14 de agosto de 2013

A face oculta da modernidade

Por Darci Bergmann


  Charles Chaplin chamou atenção quando fez o filme Tempos Modernos. Satirizou os exageros da modernidade e da automação industrial. Toda a evolução tem o seu preço e não seria diferente com os avanços tecnológicos de hoje. A boa qualidade de vida nem sempre é proporcional à tecnologia. Alguns avanços são inegáveis, mas existem situações em que a tecnologia aplicada se dá às custas de jornadas estafantes, geração de lixo e um consumismo que exige cada vez mais de quem quer se manter atualizado.
   A produção industrial moderna e globalizada está espalhando pelo planeta uma nova versão de trabalho escravo. Em todos os setores da produção industrial existem mazelas sociais que são mascaradas pelas empresas e de certa forma aceitas pela sociedade consumista.
   No que tange à parafernália eletrônica e das comunicações, a questão é ainda mais preocupante. Modelos novos, com pouco diferencial daqueles que a gente usa, são oferecidos com o rótulo de mais avançados, numa rapidez impressionante. O mercado está repleto de ofertas que atraem consumidores cada vez mais obcecados por novidades. E as sobras dessa troca constante de bugigangas faz com que o ambiente fique saturado de lixo. Nem os rios escapam do descarte irresponsável dos produtos que a modernidade induzida tornou obsoletos. 
    Para alguns setores da sociedade e para algumas corporações, a sustentabilidade apregoada parece mais uma jogada de efeito publicitário. E ainda tem consumidores que se satisfazem apenas com as aparências. Desconhecem a face oculta da  modernidade.
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Mais sobre o tema:
Samsung é processada em R$ 250 milhões por condições de trabalho em Manaus
O Ministério Público do Trabalho (MPT) entrou com uma Ação Civil Pública contra a gigante do setor de eletrônicos Samsung por alegações de más condições de trabalho na fábrica da empresa na Zona Franca de Manaus. Por meio da Procuradoria Regional do Trabalho da 11ª Região, o MPT cobra da multinacional sul-coreana indenização de R$ 250 milhões por danos morais coletivos. Segundo a ação, ajuizada no dia 9 de agosto de 2013, e tornada pública pela ONG Repórter Brasil, a inspeção na fábrica identificou "graves" infrações trabalhistas na fábrica, que emprega cerca de 6 mil empregados e abastece toda a América Latina.

Entre as irregularidades alegadas pelo 
MPT estão submissão de trabalhadores a jornadas exaustivas (de até 15 horas diárias); ritmo de trabalho incompatível com a saúde dos funcionários; insuficiência de pausas de recuperação de fadiga; exigência reiterada de horas extras habituais; não-concessão do repouso semanal remunerado; trabalho em dias de feriados nacionais e religiosos e falta de planejamento do posto de trabalho para posição sentada, entre outros.

Questionada pela 
BBC Brasil, a Samsung disse que realizará "uma análise do processo" e cooperará "plenamente com as autoridades brasileiras" assim que for notificada.

"Estamos comprometidos em oferecer aos nossos colaboradores ao redor do mundo um ambiente de trabalho que assegura os mais altos padrões da indústria em relação à segurança, saúde e bem-estar", disse a empresa em comunicado.

Problemas de saúde

De acordo com os procuradores, somente em 2012, mais de 2 mil trabalhadores da fábrica tiveram de se ausentar do trabalho por até 15 dias por motivos de saúde, como problemas na coluna, casos de tendinite e bursite, além de outros distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, conhecidos como DORT.

Em um dos depoimentos colhidos pelos promotores, um funcionário relatou sentir dor nas pernas por "ficar até dez horas em pé". "Tem direito a duas saídas por dia, com 10 minutos cada; quando esses dez minutos são ultrapassados, há cobrança por parte dos líderes", diz a ação. Um outro trabalhador contou que revisa cerca de 2 mil celulares por dia, e outro afirmou que embala 2,7 mil aparelhos por dia.

O procurador Ilan Souza, que ajuizou a ação, disse à 
BBC Brasil que "foi constatada uma jornada de trabalho muito extenuante" na fábrica e que os problemas já haviam sido detectados em 2011, mas não foram solucionados. Ele pede que a empresa estabeleça pausa de dez minutos para os funcionários a cada 50 minutos trabalhados.

Tempos Modernos

Uma tabela compilada pela procuradoria alega ritmo acelerado de trabalho dos funcionários da 
Samsung em Manaus, comparando-o ao do filme Tempos Modernos (1936), de Charles Chaplin, em que o protagonista sofre um colapso nervoso por trabalhar jornadas exaustivas em uma fábrica.

Para montar uma televisão na fábrica da 
Samsung, o funcionário dispõe de apenas 65 segundos, diz a ação do MPT. O próximo funcionário da linha de montagem tem então 4,8 segundos para colocar o aparelho na caixa. A montagem de um celular leva apenas 32,7 segundos e a de um smartphone requer pouco menos de dois minutos.

Segundo os procuradores, em um dia, os trabalhadores fazem três vezes mais movimentos repetitivos por minuto do que o limite estipulado para evitar problemas causados por LER (lesões por esforço repetitivo).

"Este laboratório de infrações aos direitos fundamentais dos trabalhadores foi objeto de dezenas de autos de infrações em maio de 2011, maio de 2013 e julho de 2013, denotando que a ré (
Samsung) não tem a menor intenção em cumprir a legislação trabalhista e adequar o seu meio ambiente de trabalho", diz a ação.

MPT acrescentou que a Samsung foi orientada quanto às normas de segurança e saúde no trabalho 162 vezes desde 1996, "o que afasta qualquer argumento no sentido de que as fiscalizações empreendidas não tiveram caráter orientador".

No segundo trimestre deste ano, a 
Samsung obteve lucro líquido recorde de cerca de US$ 7 bilhões e superou o desempenho financeiro da concorrente Apple.

Fonte: 
BBC Brasil

Fonte acessada: AGROSOFT


7 de agosto de 2013

Caçador agride ambientalistas com arma de fogo

Autor: Silvia Marcuzzo. Publicado em 06/08/2013.
Publicado por autorização de Miriam Prochnow, extraído do site da APREMAVI



Caçador saindo de traz do palmiteiro com a arma apontada para Wigold. Foto: Wigold B. Schaffer.
O que acontece, quando no meio da mata, por detrás dos arbustos, não é um bicho que aparece, mas sim um caçador camuflado e armado, que vem em sua direção com um rifle com mira telescópica apontado diretamente pra você? Pode acontecer um tiro de raspão na mão, por conta do reflexo de defesa da pessoa, mas pode acontecer o pior, que é o que via de regra acaba acontecendo, quando o alvo é um animal”.
Wigold B. Schaffer e Miriam Prochnow, Conselheiros da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), foram vítimas de agressão e ficaram reféns sob a mira de arma de fogo e ameaça de morte por mais de 30 minutos, neste domingo, 4 de agosto de 2013, quando faziam um passeio pela mata de sua propriedade em Atalanta, SC. Saíram de sua casa por volta das 10h em companhia da filha Gabriela para dar uma caminhada no meio da mata e fazer fotos da flora e da fauna. Em torno de 10h30min foram atacados por um caçador.

Wigold conta que o homem surgiu de repente, com vestimenta camuflada da cabeça aos pés, empunhando uma arma de fogo dessas que utilizam um “pente” de munição e mira telescópica.

“Ao perceber algo se movimentando atrás de uns palmiteiros jovens inicialmente pensei tratar-se de algum animal e comecei a fotografar, segundos depois surge o caçador vindo em minha direção com o dedo no gatilho e a arma apontada diretamente para mim”, relata Wigold. Por instinto de fotógrafo, Wigold continuou fotografando a aproximação do agressor e gritou por socorro, já que Miriam e Gabriela vinham a uns 50 metros atrás. “O agressor não parou, veio direto em minha direção com a arma apontada, até quase encostar o cano em meu rosto, aí ele tentou arrancar a câmera fotográfica de minhas mãos, nesse momento, num gesto de desespero e reflexo segurei o cano da arma e o desviei do meu corpo, foi quando ele puxou o gatilho e atirou, o tiro passou muito perto do meu peito,” revela Wigold.

Após o disparo, Wigold conta que continuou segurando o cano da arma com as duas mãos enquanto o caçador tentava novamente virar o cano e apontar em sua direção, como não obteve êxito passou a agredir violentamente a vítima com chutes, coronhadas e até com a própria máquina fotográfica, que se partiu quando o agressor a bateu na cabeça da vítima.

As agressões foram interrompidas alguns minutos mais tarde com a chegada de Miriam, que estava um pouco atrás. “Ao ouvir o grito de socorro do Wigold e em seguida o disparo da arma, imediatamente pedi que a minha filha Gabriela corresse até em casa e chamasse a polícia, relatou Miriam. Ela também relata que ao chegar perto do local viu o Wigold deitado no chão e o homem batendo nele com a coronha da arma: “Enquanto me aproximava fui tirando fotos para registrar a agressão e ao mesmo tempo reconheci o agressor e o chamei pelo nome”. Ao perceber a aproximação da Miriam e ver que ela também estava registrando o que acontecia, o agressor parou de espancar o Wigold e passou agredir a Miriam na tentativa de também lhe tirar a câmera fotográfica.

Os dois ambientalistas ficaram ainda por mais de 20 minutos sob a mira da arma do caçador, que queria lhes tirar as câmeras fotográficas. A situação só parou quando Miriam anunciou que a polícia já deveria estar chegando, pois a Gabriela saíra em busca de socorro logo após o disparo. Pouco depois, o homem se afastou caminhando de costas, sempre com a arma apontada em direção ao casal, até se embrenhar na mata.

Os ambientalistas Wigold e Miriam, nascidos na região do Alto Vale do Itajaí, tem destacada atuação em defesa da Mata Atlântica. O casal voltou para Atalanta depois de 14 anos trabalhando em Brasília. Wigold trabalhou por mais de 13 anos no Ministério do Meio Ambiente e Miriam fortaleceu a atuação da Apremavi em colegiados de âmbito nacional, como a Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA), onde foi Coordenadora Geral. Hoje é Secretária Executiva do Diálogo Florestal Brasileiro e conselheira do Diálogo Florestal Internacional. Os dois são fundadores da Apremavi, que completou 26 anos este ano.

A situação vivida pelos ambientalistas evidencia para uma preocupante realidade no Alto Vale do Itajaí e outras regiões de Santa Catarina: a prática da caça. Apesar de ser proibida no Brasil,  a caça continua sendo realizada, inclusive por jovens, com equipamentos cada vez mais sofisticados, como demonstra o episódio do último domingo.

As vítimas já denunciaram as agressões junto às Polícias Civil, Militar e Ambiental, bem como ao Ministério Público Estadual e Federal. Nos próximos dias, a Apremavi, juntamente com outras instituições de Santa Catarina e do Brasil, estará deflagrando uma ampla campanha junto aos órgãos públicos para que estes realizem operações de fiscalização da caça, soltura de animais aprisionados e apreensão de armas na região.

Saiba mais sobre a trajetória do casal: 

Matéria de Marcos Sá Corrêa - De bom a melhor
 

A guardiã verde das pequenas propriedades catarinenses 

http://www.oeco.org.br/todas-galerias/category/27 

Sílvia Franz Marcuzzo 
jornalista 
sfmarcuzzo@gmail.com 
51. 93416213 
Contato com a Apremavi: (47) 35350119.

6 de agosto de 2013

Fossas Sépticas Biodigestoras

Saiba o que é a Tecnologia Social Fossa Séptica Biodigestora e aprenda como instalar uma em sua propriedade. As Fossas Sépticas Biodigestoras são uma excelente alternativa de Saneamento Básico na Área Rural e podem contribuir para o Desenvolvimento Local. Afinal, o sistema biodigestor tem tripla função: previne contra doenças, protege o lençol freático (água do poço) e produz adubo orgânico de qualidade.


Fossas Sépticas Biodigestoras - Tecnologia Social Reaplicada

A tecnologia social Fossas Sépticas Biodigestoras consiste num sistema de tratamento doméstico de dejetos humanos voltado para a área rural. A tubulação do vaso sanitário é desviada para três caixas coletoras interligadas. Essas caixas são enterradas para garantir temperatura ideal para o processo de biodigestão dos dejetos.
A manutenção do sistema envolve a colocação de uma mistura de água e esterco fresco na primeira caixa. Esse material auxilia o processo de biodigestão que se inicia na primeira caixa e finaliza na segunda. A água que é despejada na terceira caixa já está livre de agentes patogênicos e rica em nutrientes, podendo ser utilizada na irrigação de frutíferas, na preparação do solo e em pilhas de compostagem.
Ao tratar o esgoto doméstico, evita-se a contaminação do lençol freático com o despejo dos dejetos diretamente no solo. Assim, aumenta-se a qualidade da água disponível para o consumo humano, evitando a propagação de doenças causadas pela ingestão de água imprópria.
Além disso, a técnica permite gerar uma economia de até 4.500 quilos de fertilizantes por ano, diminuindo gastos com adubação e contribuindo para a preservação do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida no campo.
O sistema de saneamento, criado pela Embrapa São Carlos (SP), venceu o Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social em 2001. Sua reaplicação vem sendo realizada nos Estados do Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de janeiro, Pernambuco e no Distrito Federal em parceria com organizações do terceiro setor.
Para maiores informações sobre a tecnologia social, acesse a Cartilha Fossas Sépticas Biodigestoras.
Fontes: AGROSOFT
            Fundação Banco do Brasil

2 de agosto de 2013

Bicicletas e seus acessórios livres de impostos.

Por Darci Bergmann


   As manifestações de rua de junho deste ano mostraram um dos maiores problemas do momento - a precariedade da mobilidade urbana. O uso excessivo do automóvel, como transporte individual, só asfixia ainda mais as nossas cidades. As alternativas então seriam melhorar o transporte coletivo e estimular o uso da bicicleta. Tanto os veículos para uso coletivo quanto as bicicletas e seus acessórios precisam de estímulos do estado. Dentre esses, está a isenção de impostos do produto final e dos acessórios.
    No caso específico das bicicletas, há que se considerar ainda que o poder público deve implantar ciclovias, estacionamentos e quem sabe até conceder incentivos para quem se dispuser a implantar bicicletários particulares, acrescidos de banheiros e compartimentos de troca de vestuário. Isto se justifica, pois quem sai de casa e pedala vários quilômetros para chegar ao trabalho, em dias de muito calor, tem o desconforto do suor. Essas pequenas melhorias são fundamentais para que mais pessoas utilizem as bicicletas. No final, todos saem beneficiados. Os usuários porque se exercitam e as cidades porque ficam menos poluídas. E por falar em poluição, a queima de combustíveis derivados de petróleo é uma das suas maiores causas, seja pela péssima qualidade do ar, seja pelos ruídos dos veículos.  
    Embora com algum atraso, as autoridades e a classe política em geral já começam a perceber que mobilidade urbana não se faz com ruas atopetadas de automóveis, que sempre receberem as benesses dos governos. Tramita no Senado uma proposta pelo menos coerente de isentar impostos sobre a bicicleta e seus acessórios. Estava na hora. Vamos nos mobilizar para que a lei atinja os seus objetivos.
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Leia mais sobre o tema:
Bicicletas e acessórios poderão ter
isenção de IPI


Bicicletas poderão ficar isentas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e terem seus preços diminuídos. É o que estabelece o PLS 17/2013, da senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), que prevê a isenção de IPI para esses veículos e para peças, acessórios e suas partes integrantes, como guidom, selim, pneus e correntes.

Apresentada em fevereiro deste ano [2013], a matéria tramita na Comissão de Assuntos Ecômicos (CAE) do Senado Federal, onde tem como relatora a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Na justificação do projeto, Lúcia Vânia argumenta que a maioria das cidades brasileiras "estão despertando para a necessidade de reabilitar a bicicleta como meio de transporte usual da população". Ela enumera, entre os benefícios da bicicleta, a diminuição do número de carros nas vias, com consequente redução da poluição atmosférica e sonora e melhorias na saúde física dos usuários.

"Em suma, o uso da bicicleta possibilita a melhora da qualidade de vida da população, reduz a poluição do meio ambiente, diminui a quantidade de veículos automotores em circulação, além de inúmeros outros benefícios individuais e coletivos", acrescenta a senadora.

A senadora também lembra que a isenção de IPI vem sendo usada pelo governo federal para estimular a produção de automóveis com o objetivo de dinamizar a economia. Assim, nada mais justo que um meio de transporte com benefícios diretos para as cidades e as pessoas também seja alvo de isenção tributária.

"O crescimento explosivo do número de automóveis não é acompanhado, no mesmo ritmo, como seria necessário, pela ampliação dos espaços para sua circulação e estacionamento. Por outro lado, a infraestrutura de transporte de massa, de preferência sobre trilhos, que deveria proporcionar a solução correta para o problema, enfrenta atraso secular e se desenvolve com extrema lentidão e dificuldade, em razão da gigantesca escala de investimento necessário", avalia Lúcia Vânia.

A senadora informa que estudo técnico da Consultoria de Orçamento, Fiscalização e Controle do Senado Federal estimou a renúncia de receita do IPI em decorrência de sua proposta em R$ 265,7 milhões em 2014 e R$ 290,5 milhões em 2015.

FONTE

Agência Senado

30 de julho de 2013

Árvores: o que os olhos não vêem o coração não sente

Por Darci Bergmann








   A retirada de uma árvore exótica causa polêmica. A morte lenta de milhares de árvores nativas não comove. Parecem coisas distintas, mas os fatos se dão na mesma cidade e no mesmo tempo, ante a vista das mesmas pessoas. Como explicar a reação e a indiferença? As questões ambientais seriam vistas de forma diferente mesmo entre as pessoas sensíveis à causa?

   Existem perguntas que não tem respostas fáceis, pois o comportamento humano depende de muitos fatores. Estamos num tempo de muita mobilização para algumas causas. Em termos de preservação ambiental, as pessoas também se articulam e se posicionam, mesmo que muitas delas não tenham pleno conhecimento do tema. Nesses casos, o coração fala mais alto. E cortar uma árvore exótica, mal localizada e sujeita a cair a qualquer momento pode causar uma sensação de perda. Realmente é uma perda, que já começou bem antes no plantio. Perda pela escolha mal feita da espécie em relação ao local de plantio que um dia mostraria os problemas que muitos não vêem. 
  Foi assim num caso recente.O que todos percebiam era uma árvore crescendo, inserindo-se na paisagem e fornecendo sombra num local de muita circulação. E todos querem sombra num centro de cidade, cujos verões registram altas temperaturas. De repente, com o passar dos anos, a mesma entidade que plantou a muda - agora árvore - precisa retirá-la, porque o tronco se inclinou e apresenta rachadura na bifurcação. A copa também se desviou em busca da luz, eis que outra árvore mais alta, próximo a ela, fazia-lhe concorrência. E o local de plantio era um terreno elevado, acima do nível do chão aterrado, em frente a uma Igreja. E mais, localizada entre duas escadarias, sobre as quais caíam os figos que as pessoas mais idosas não viam ao saírem do templo. Algumas pessoas caíram nos degraus repletos de frutos e pararam no hospital da cidade. No outro lado da rua, onde se localizava a árvore exótica Ficus auriculata, cujo corte foi requerido, a não mais de quarenta metros, uma outra realidade acontece. Ali existe uma praça com dezenas de ipês amarelos e da espécie ipê-roxo, entre espécies nativas e exóticas. Muitas delas estão afetadas por um parasita conhecido como erva-de-passarinho. Na cidade e no entorno, milhares de árvores estão assim, condenadas à morte lenta, pois a sucção da seiva pelo parasita exaure o hospedeiro. Centenas de exemplares de ipê-roxo já pereceram assim nos últimos anos. A remoção do parasita é lenta e cara, mas necessária. A Prefeitura, alertada, alega falta de equipamento e pessoal para realizar o serviço. As pessoas olham para as árvores, mas não percebem o dano. Não se sensibilizam. Ninguém nas redes sociais brada contra o descaso, a não ser uns poucos conhecedores do assunto. 
    As coisas são assim mesmo, como diz o ditado popular. O que os olhos não vêem, o coração não sente.
   

25 de julho de 2013

Ciência estuda efeitos nocivos do sal para além da pressão alta


Pesquisa no espaço descobriu que os efeitos do sal no organismo vão além da pressão arterial. Excesso de sal pode estar diretamente relacionado à perda óssea e doenças autoimunes.
O astronauta alemão Reinhold Ewald ficou no espaço como pesquisador e também objeto de pesquisa durante três semanas, em 1997. O físico e médico participou de um experimento sobre o metabolismo na ausência de gravidade.
Para tal, teve que anotar tudo o que ingeriu e bebeu, durante a viagem e duas semanas após retornar. Todas as excreções do astronauta foram recolhidas e comparadas com o que ele consumira, com resultado surpreendente.
"A partir daí constatou-se que alguma coisa na minha metabolização do sal funcionava diferente do que se conhece na Terra ou nos livros clínicos", conta Ewald. Durante o tempo que passou no espaço Ewald acumulou muito sal no corpo, o equivalente ao que uma pessoa saudável retém em seis litros de fluídos corporais. Mas o astronauta não estava seis quilos mais pesado.
Corpo de Ewald acumulou sal durante viagem espacial
Até o experimento, os cientistas acreditavam que todo o sal se diluía no corpo. "Os livros didáticos diziam, até então: água e sal fluem paralelamente", explica Rupert Gerzer, do Centro Alemão de Aeronáutica e Astronáutica (DLR, na sigla original). Ou seja, o excesso de cloreto de sódio deveria ser eliminado pelos rins, através da urina.
Mas depois do experimento ficou claro que o corpo humano não funciona tão simples assim. "Ao que tudo indica, os efeitos descritos na literatura médica não são os únicos, há mais alguma coisa, e isso é um terreno totalmente virgem", comenta Gerzer.
Sal demais e pressão alta
Para investigar em profundidade essa descoberta, os próximos objetos de pesquisa foram estudantes. Em isolamento, eles ingeriram quantidades de sal acima do normal. "Descobriu-se que o sal não somente regula os fluídos corporais e a pressão arterial, mas também afeta o sistema imunológico e a formação e dissolução óssea", relata o astronauta Ewald.
Assim como o astronauta na ausência de gravidade, os estudantes que receberam a superdose de sal também acumularam sódio no corpo e sua pressão arterial subiu. Jens Titze, que na época estudava medicina de Berlim, ficou tão fascinado com o comportamento do sal, que se dedicou a entender os mecanismos moleculares de ação. Atualmente, ele dirige o setor de pesquisa de medicina molecular no Hospital Universitário de Erlangen.
Glóbulos sanguíneos em guerra
Com aparelho de tomografia especial é possível medir sal no corpo
No decorrer da pesquisa, Titze pôde acompanhar os caminhos que o sal depositado traça pelo corpo. Um papel importante cabe aos macrófagos, que são "glóbulos brancos que cuidam muito carinhosamente do sal", como explica o pesquisador.
Eles medem o teor de sódio sob a pele, "e quando há sódio demais armazenado, cuidam para que o excesso seja eliminado pelos capilares linfáticos da pele". Para tal, os macrófagos expelem uma substância semioquímica que estimula o sistema linfático a se expandir.
Mas nem todos os glóbulos brancos lidam tão bem com o sal quanto os macrófagos. "Há outro tipo de glóbulo branco, os linfócitos T. Quando eles detectam o sal, nas mesmas condições, atacam e destroem tecido endógeno – o que naturalmente é uma catástrofe", aponta Titze.
Esse efeito é chamado autoimunidade. Portanto, quem consome sal em excesso não só eleva a sua pressão arterial, mas também aumenta as chances de que uma doença autoimune já existente – como, por exemplo, a esclerose múltipla – transcorra de forma mais violenta.
Monitorando o corpo
Paciente da esquerda acumulou sal em excesso, o da direita, menos
No entanto, ainda há muito que pesquisar sobre o tema. Não está claro, por exemplo, por que os idosos acumulam grande quantidade de sal sob a pele, mesmo quando se alimentam normalmente. Mas já é certo que sal demais estimula a degradação dos ossos, agravando, portanto, a osteoporose.
O objetivo dos médicos é desenvolver medidas preventivas práticas para os pacientes, a fim de que, por exemplo, a pressão alta não culmine num acidente vascular cerebral (AVC) ou infarto. A tecnologia pode ajudar no diagnóstico, na forma de um aparelho de tomografia e de ressonância magnética especial, equipado com uma bobina de sódio, que realiza uma radiografia tridimensional da acumulação de sal.
O laboratório de medicina do Centro Alemão de Aeronáutica e Astronáutica vem empregando um aparelho desse tipo. "Quando vemos alguém que começa a acumular sal, trata-se de um sinal prognóstico. Naturalmente também precisamos disso para os astronautas, mas a grande importância é para a medicina normal", anuncia Gerzer.
  • Data 24.07.2013
  • Autoria Fabian Schmidt (cn)
  • Edição Augusto Valente
  • Fonte: DW

24 de julho de 2013

Sumiço de metade da população de borboletas na Europa indica queda de biodiversidade





Relatório indica intensificação da agricultura como um dos principais fatores para a diminuição das borboletas na região. Mudanças climáticas também contribuíram para sumiço de metade da população desses insetos.
Nas últimas duas décadas, a população de borboletas diminuiu 50% nas regiões de pradaria na Europa – principal habitat desses insetos no continente. Essa redução indica uma perda de biodiversidade preocupante na região, segundo o relatório da Agência Europeia do Ambiente, EEA, divulgado nesta terça-feira (23/07).
A pesquisa analisou dados de 1990 a 2011 sobre 17 espécies de borboletas em 19 países europeus. Esse tipo de inseto é um indicador importante para apontar tendências para outros insetos terrestres que, juntos, formam mais de dois terços de todas as espécies do planeta. Por isso, a agência usa as borboletas como base para medir a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas na Europa.
"Essa dramática redução de borboletas de pradaria é alarmante – em geral, esses habitats estão diminuindo. Se nós não conseguirmos mantê-los, nós poderemos perder muitas espécies no futuro", ressaltou Hans Bruyninckx, diretor executivo da EEA. Ele chama a atenção para a importância das borboletas e outros insetos na polinização. "O que eles carregam é essencial para os ecossistemas naturais e para a agricultura."
Das espécies analisadas, oito registram declíno, duas permaneceram estáveis e apenas a população de uma cresceu. O relatório não conseguiu observar a tendência das demais seis espécies examinadas.
Desaparecimento de borboletas preocupa Europa
Agricultura e abandono
Os principais fatores para essa queda é intensificação da agricultura em regiões planas e de fácil cultivo, aponta o estudo. A prática deixa a terra estéril e prejudica a biodiversidade. Outros motivos seriam o abandono de terras em áreas montanhosas e úmidas, principalmente nas regiões sul e leste da Europa, devido à baixa produtividade. "Sem qualquer forma de administração nesses locais, a pradaria será gradualmente substituída por mato e floresta", indica o relatório.
Além disso, a intensificação e o abandono também são responsáveis pela fragmentação e o isolamento das regiões remanescentes. Dessa maneira, as chances de sobrevivência das espécies locais e de recolonização em áreas onde elas foram extintas ficam reduzidas.Os pesquisadores apontam o uso de pesticidas como outro vilão – levados pelo vento, eles acabam matando as larvas desses insetos.
"O Indicador Europeu de Borboletas de Pradaria pode ser usado para avaliar o sucesso de políticas agrícolas", afirma a EEA. Segundo o relatório, o financiamento sustentável de indicadores de borboletas pode contribuir para validar e reformar uma série de políticas e ajudar a atingir a meta dos governos europeus de reduzir a perda de biodiversidade até 2020.
Pradarias estão diminuindo na Europa
Os contadores de borboletas
Estima-se que, das 436 espécies de borboletas presentes na Europa, 382 sejam encontradas em regiões de pradaria em pelo menos um país europeu. Desde de 1950, a vegetação sofre alterações devido ao uso do solo e, em alguns países, ela pode ser encontrada apenas em áreas de reserva natural atualmente.
Milhares de profissionais treinados e voluntários contribuíram para a realização do estudo: eles contaram borboletas em aproximadamente 3500 faixas de pradarias espalhadas pela Europa. Na região, o primeiro trabalho do tipo foi feito pelo Reino Unido, em 1976.
Data: 23/07-2013
Autoria: Clarissa Neher
Edição: Nádia Pontes

17 de julho de 2013

Retirada de árvore gera polêmica



Por Darci Bergmann

   A remodelação do espaço em frente à Igreja Matriz São Francisco de Borja está causando polêmica. Motivo: retirada de uma árvore da espécie exótica Ficus auriculata, conhecida popularmente por figueira-de-jardim, figueira-vermelha e figueira-chilena. ´
    É compreensível a manifestação da comunidade e seria interessante até que houvesse uma audiência pública na Câmara de Vereadores. Seria o momento para debater certas questões ligadas ao meio ambiente. Lembro que há pouco mais de um ano, a Prefeitura Municipal de São Borja retirou quase uma centena de árvores da Rua Venâncio Aires*. Naquela oportunidade, os moradores encaminharam abaixo-assinado ao Ministério Público, solicitando que houvesse uma audiência, por ser uma obra de grande impacto ambiental. Não só isso. Passeios públicos, muros e grades de residências foram destruídos. Também não se tem conhecimento se houve consulta ao setor competente da Prefeitura e ao Conselho Municipal de Recuperação e Defesa do Meio Ambiente e se este, por iniciativa própria, tomou alguma medida.
    Voltando ao caso da remodelação da Paróquia São Francisco de Borja. A convite, participei de uma reunião no Gabinete do Prefeito Municipal. Houve solicitação de um parecer sobre a situação das árvores no espaço frontal à Igreja Matriz. 
     Em decorrência, eu e a bióloga Melissa Bergmann fizemos uma rápida vistoria no local. O parecer não remunerado que fizemos tem o intuito de contribuir no debate. Foca principalmente a questão das medidas compensatórias, caso uma árvore ou duas devam ser retiradas do local. A decisão final é das autoridades municipais. 
     Um fato positivo em tudo isso, é a postura do Prefeito Farelo Almeida e da parte proponente da obra que buscam dialogar e ouvir setores da comunidade que possam contribuir para o melhor encaminhamento da questão. 
        A seguir, a íntegra do Parecer:

                                            PARECER TÉCNICO
SOLICITANTES: Prefeitura Municipal de São Borja e Sociedade Paroquial São Francisco de Borja.
OBJETIVO: Reestruturação do espaço frontal à Igreja Matriz São Francisco de Borja, atendendo à lei de acessibilidade urbana, com a retirada de uma araucária ( Araucaria angustifolia) e um exemplar de figueira-de-jardim (Ficus auriculata)
HISTÓRICO
Há vários anos existe a intenção da Sociedade Paroquial São Francisco de Borja em fazer melhorias no espaço frontal à Igreja Matriz. Um dos motivos alegados em consulta verbal, já em 2003, seria a construção de rampas que permitissem o acesso de pessoas com necessidades especiais – os cadeirantes. Também houve relato de quedas de pessoas em função dos frutos (figos) da figueira-de-jardim. Embora a Prefeitura faça a varrição e coleta de folhas e frutos em dias de semana, é justamente nos domingos e feriados que o fluxo de pessoas é maior em virtude das missas. É daquela época a constatação de uma situação preocupante em termos de riscos de acidentes, principalmente com relação à Araucaria angustifolia, eis que plantada em local impróprio, há mais de trinta atrás, para enfeite natalino. Já era de conhecimento do prefeito da época, José Pereira Alvarez, que esta espécie de grande porte, teria comprometimento do sistema radicular e poderia cair, como já ocorreu em outras situações semelhantes em áreas urbanas.
Somente agora foi retomada pela Paróquia a intenção de fazer as reformas e adequação do espaço à acessibilidade. Foi solicitado à Secretaria Municipal do Meio Ambiente licença para retirada do exemplar de Ficus auriculata, porém sem apresentação do devido projeto técnico e proposição de medidas compensatórias. A questão foi encaminhada para análise do Conselho Municipal de Recuperação e Defesa do Meio Ambiente – CMRDMA, que deu parecer contrário à retirada da árvore, pois não havia informação suficiente sobre a matéria.

DA VISTORIA REALIZADA EM 16/07/2013
Constatamos que:
1)      O exemplar de Ficus auriculata, espécie exótica, encontra-se inclinado para o lado norte, em função do sombreamento causado pela Araucaria angustifolia e por um exemplar da espécie nativa guabiju (Mircianthes pungens), localizado em terreno contíguo.
2)      O exemplar de Araucaria angustifolia, espécie nativa em vários estados do Brasil tem idade superior a trinta anos. A espécie não ocorre em estado nativo na região de São Borja. Embora de beleza singular, a árvore já mostra sinais de degenerescência na parte apical da copa. Tal fato talvez seja oriundo do estresse climático, pois a espécie é sensível à alta temperatura e à baixa umidade relativa do ar, o que é comum nas primaveras e verões de São Borja, principalmente no centro da cidade.
O solo em volta da árvore está impermeabilizado por piso de concreto e cerâmico, o que dificulta a aeração e aumenta o estresse hídrico.
O tipo de arquitetura da copa, com a inserção horizontal dos ramos e a possibilidade de queda dos mesmos coloca em risco as pessoas, mesmo em períodos de tempo bom. Em dias de ventos fortes o perigo é maior e a árvore corre risco de queda caso continue a degenerar em função das agruras climáticas. Já há casos típicos de mortandade de araucária na cidade. Um exemplo disso é o espécime em degeneração, localizado num terreno, na Rua Aparício Mariense, em frente ao Posto Santa Lúcia, onde já ocorreram quedas de ramos sobre automóveis de um estacionamento.
3)      O projeto de revitalização do espaço em frente à Igreja Matriz, de responsabilidade do Eng. Civil Nelson Ceccon, foi motivado pela posição correta do CMRDMA. O projeto prevê o paisagismo com aumento da área livre - sem revestimento cerâmico – o que aumentará a infiltração das águas pluviais.
4)      Sobre as medidas compensatórias.
Estas não foram apresentadas pela parte proponente, nem tampouco pela Prefeitura Municipal de São Borja, o que motivou a negativa do CMRDMA em se manifestar contra a retirada do exemplar de Ficus auriculata.
Em respeito ao posicionamento do CMRDMA, o Excelentíssimo Sr. Prefeito Municipal Farelo Almeida, após receber comissão da Sociedade Paroquial São Francisco de Borja, solicitou laudo técnico e proposta de medidas compensatórias para serem analisadas pelo setor competente.
5)       Sugestões
Diante do exposto, encaminhamos as seguintes sugestões:
5.1) Cenário em que seriam mantidos os dois exemplares arbóreos já referidos acima, caso não prejudique a instalação da rampa para cadeirantes.
Revitalização do solo ao redor de cada árvore, aumentando a superfície livre em torno do tronco e plantio de espécies herbáceas para forração.
5.2) Cenário em que seriam removidas a araucária e a figueira-de-jardim.
Se esta for a alternativa escolhida, ela evidentemente causará um impacto visual temporário. As copas das árvores já se incorporaram na paisagem local e a remoção causará polêmica. As medidas compensatórias neste caso devem contemplar o plantio de exemplares arbóreos na mesma quadra onde se localiza o espaço a ser remodelado e também em outros locais públicos, conforme a seguir:
5.2.1) Plantio de pelo menos dois exemplares da espécie ipê-roxo (Tabebuia avellanedae), árvore-símbolo do Município (lei Municipal n 1.022/1980, no lado ímpar da Rua Aparício Mariense, quadra em frente à Praça XV de Novembro.
5.2.2) Plantio de trinta exemplares arbóreos nativos da região em vias e ou logradouros públicos, com monitoramento pelo prazo de dois anos, com tratos culturais e reposição se necessário, por parte da Sociedade Paroquial São Francisco de Borja.
5.2.3) Pela Prefeitura Municipal de São Borja - Implantação de uma área verde pública no Bairro da Pirahy, nas imediações da Rua Theobaldo Klaus e Vila Santos Reis, devido ao expressivo aumento populacional naquela área. Isto, de certa maneira, também compensa o plantio das dezenas de árvores retiradas pela Prefeitura na Rua Venâncio Aires, quando das obras de alargamento, sem consulta em audiência pública.

É o parecer

São Borja, 16 de julho de 2013.

EngºAgrº Darci Bergmann                    Bióloga Melissa Bergmann
CREA 21.534                                           CRBio 53938-03

A Araucaria angustifolia acima tem mais de trinta anos.

A figueira-de-jardim acima foi plantada pelo Sr. Corandino Reck,
e tem aproximadamente trinta anos. O tronco apresenta racha-
dura na bifurcação. 
Nota do Blog: O Conselho Municipal de Recuperação e Defesa do Meio Ambiente (CMRDMA), em reunião realizada na data de 18/07/2013, por unanimidade, manifestou-se pelo corte da figueira-de-jardim e da araucária. Assim, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente de São Borja expediu licença à solicitante Sociedade Paroquial São Francisco de Borja, tendo esta assumido o compromisso de plantio compensatório, nos termos da proposta sugerida no parecer técnico acima referido.

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