27 de junho de 2024

ARBORIZAÇÃO – RECOMENDAÇOES PARA O PLANTIO

 

                    ARBORIZAÇÃO – RECOMENDAÇOES PARA O PLANTIO

Darci Bergmann

Entre os muitos benefícios da arborização, está a redução do calor, a proteção do solo e das margens dos rios. Ela também embeleza as cidades e a zona rural e ainda fornece abrigo e alimento para muitas espécies de seres vivos. Mas o plantio de árvores requer alguns cuidados, especialmente quando em área urbana.
1) LOCAL DE PLANTIO – Definir o local apropriado. Se o plantio é no passeio público, observar o seguinte: Árvores de médio e grande porte não devem ser plantadas sob a rede elétrica. Também evitar o plantio de espécies arbóreas grandes perto de muros e paredes. Se possível, afastar pelo menos 6 m. Exemplo: ipê-roxo, guajuvira, canafístula, sibipiruna, plátano, etc.
2) COVAS - Para qualquer espécie de árvore, a cova deve ser quadrada. Isto porque os cantos facilitam a penetração das raízes laterais. Se for em rua de área urbana, as dimensões devem ter no mínimo 0,60 m de lado e 0,60m de profundidade. O centro da cova deve ficar pelo menos a 0,60 m do cordão do passeio público. Em solos muito compactos, pode-se fazer uma espécie de cunha no fundo da cova. Isto favorece a penetração da raiz pivotante. Nas áreas rurais e nos grandes parques, as covas podem ser menores, em torno de 0,50m em cada lado e 0,50m de profundidade.
Uma boa dica é separar a terra da cova em duas partes e fazer uma inversão de camadas. A camada de cima é misturada com adubo orgânico, em partes iguais, sempre no lado de fora. Este material é colocado na cova. Daí faz-se uma compressão, o que pode ser com os pés. Isto evitará que a muda afunde dentro da cova e deixe soterrado parte do tronco. Ou seja, são as raízes que devem se aprofundar e não o caule. Parte da terra da camada inferior também é misturada com adubo orgânico e depois utilizada para completar o plantio. O adubo orgânico pode ser à base de esterco animal bem curtido ou composto, oriundo da compostagem do lixo orgânico.
OBS.: Não se recomenda a colocação de tubos de concreto dentro da cova.
3) MUDAS – Preferir as mudas bem formadas. Ao tirar a muda da embalagem, observar as raízes. É comum que elas fiquem enrodilhadas na parte inferior. Neste caso, cortar bem rente ao torrão, para que a raiz pivotante possa se aprofundar no solo.
Na hora do plantio, ficar atento para que o torrão fique no mesmo nível do solo no entorno da cova.
4) TUTORAMENTO – Para mudas mais altas, é de boa norma colocar estaca até a parte firme da cova. Isto para evitar danos com os ventos. A estaca ajuda também a evitar o afundamento da muda.
5) CUIDADOS GERAIS – A) IRRIGAÇÃO – Após o plantio irrigar bem e repetir sempre que necessário. Em épocas de poucas chuvas, as regas devem ser mais frequentes. O exame visual permite constatar se o solo no entorno da muda precisa ou não de irrigação. B) ELIMINAÇÂO DOS INÇOS – Os inços concorrem com as mudas das árvores, retirando nutrientes e água do solo. Deve-se ter muito cuidado na roçada com máquinas de fio de nylon nas proximidades da muda. Pode ocorrer dano à casca do tronco. É o ANELAMENTO, que geralmente leva à morte da planta. Uma alternativa contra o anelameto é a colocação de uma garrafa de pet ao redor da muda.
Em áreas rurais e parques, pode-se abafar os inços com cobertura de papelão e sobre este colocar folhas de árvores, cascas ou material similar. Esta cobertura também auxilia na conservação da umidade.
6) PODAS – À medida que a muda se desenvolve, podem ser necessárias podas de formação. Elas são mais indicadas em áreas urbanas para que a copa fique mais alta e permita a passagem das pessoas. Alguns ramos mais baixos são removidos. Para ramos mais grossos, utiliza-se serrote de podar. Os ramos devem ser cortados rente ao tronco, sem deixar tocos. Isto favorece a cicatrização. Os tocos prejudicam a estética da árvore. Por eles também penetram fungos no tronco, causando necrose e reduzindo a vida da árvore.
Texto e fotos: Eng. Agrônomo Darci Bergmann









A CONTAMINAÇÃO POR PLÁSTICO

Darci Bergmann

      O plástico tem algumas aplicações que o tornam vantajoso em relação a outros materiais. No entanto, o seu uso exacerbado está comprometendo as cadeias biológicas. Os resíduos microscópicos desse material já estão presentes em boa parte dos seres vivos. Em termos de saúde humana, é preocupante essa questão. 
       Há também um outro aspecto a considerar. É a presença de lixo plástico nas margens das estradas, ruas e espaços públicos. Onde quer que se ande, aparecem plásticos na forma de sacolas, canudinhos, copos, pratos, embalagens e por aí vai. Os plásticos entopem bueiros e assim prejudicam o escoamento das águas pluviais.
       A reciclagem já não dá conta de retirar a totalidade de plásticos do ambiente e torná-lo reutilizável. Assim sendo, é preciso que se estabeleça legislação que reduza a utilização de plástico, especialmente aquele de um único uso, não retornável. Vários municípios já tem dispositivos de lei para a redução de uso de plástico.  
     Por outro lado, é preciso que a legislação federal estabeleça obrigações às empresas geradoras de  plásticos, visando diminuir o uso desses produtos. 
     Sempre que possível, procuro reduzir o uso de plástico. Em alguns casos, aproveito embalagens de PET para confeccionar casinhas de aves. Os canarinhos tem aceitado esses dispositivos. Quando faço alguma compra no comércio em geral, evito levar sacolas de plástico para casa. Na maioria das vezes, já levo aquela sacola reutilizável. Um dia alguém me questionou sobre isso, alegando que tal procedimento talvez não solucione o problema de todo o resíduo plástico. Ponderei que cada pessoa da Terra tem que fazer o mínimo possível. Afinal somos bilhões de indivíduos. Se cada um reduzir o uso de uma sacolinha de plástico por dia, serão bilhões de sacolinhas a menos no lixo. 
         A legislação é importante, mas cada ser humano precisa fazer a sua parte para que o nosso Planeta fique livre de se tornar uma enorme lixeira.     
       










30 de outubro de 2023

Desabafo - Dos amigos "experientes"

Por e-mail: de vários colaboradores*

Na fila do supermercado, o caixa diz uma senhora idosa:

- A senhora deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma  vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente.

A senhora pediu desculpas e disse:

- Não havia essa onda verde no meu tempo.

O empregado respondeu:

- Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração  não se preocupou o suficiente com  nosso meio ambiente.

- Você está certo - responde a velha senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as  garrafas de leite, garrafas de refrigerante e cerveja eram devolvidos  à loja. A loja mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e  esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas,  usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso carro  de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois  quarteirões.

Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos com o meio ambiente.  Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos, não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é  que realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as  roupas que tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre  novas.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles  dias. Naquela época só tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não  uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço,  não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia  máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo um  pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo,  não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a degradar. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina apenas para cortar a grama, era utilizado um cortador de grama que  exigia músculos. O exercício era extraordinário, e não precisava ir a  uma academia e usar esteiras que também funcionam a eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés de  comprar uma outra. Abandonamos as navalhas, ao invés de jogar fora  todos os aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lámina ficou  sem corte.

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou ônibus e os meninos iam em suas bicicletas  ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi  24 horas. Tínhamos só  uma tomada em cada quarto, e não um quadro de  tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós  não precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas  de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente,  mas não quer abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na  minha época?

    *João D. Lamana, Charles F. Kirinus e outros

Beijo fatal


Por Darci Bergmann

                                           O caso que relato ocorreu no jardim de uma residência. A casa, apesar de não ser uma mansão, é muito bonita. No jardim bem cuidado, árvores e arbustos convivem com espécies floríferas herbáceas. Devido à boa diversidade de plantas, o local sempre atraiu muitas aves, especialmente os beija-flores. Esse jardim era o sonho da proprietária que, após muitos anos de investimento, conseguiu realizá-lo. Tudo ali se harmonizava e a paisagem passava uma sensação de paz e bem estar. Os pássaros, então, eram uma atração à parte.
                                           Quem por ali passava ficava impressionado com a quantidade de beija-flores, que se deliciavam com o néctar dos camarões-amarelos, das russélias, dos malvaviscos e de outras plantas. Mas o assédio à proprietária deixaria marcas profundas na convivência paradisíaca de plantas e bichos. Até que o pior aconteceu. A notícia da tragédia se espalhara pelas redondezas e quem olhava aquele jardim naquela primavera sentia que algo inusitado ali ocorrera. As flores exuberantes estavam ali. Mas nenhum beija-flor era visto no jardim inteiro. O que ocorrera, afinal? Os detetives apresentaram muitas versões sobre o caso. Até que a proprietária do jardim resolveu confessar o “delito”. Ela fora seduzida. Conforme ela, alguém lhe sugerira que os beija-flores poderiam ser alimentados de forma suplementar com aqueles bebedouros de plástico. Depois de muitas recomendações, ela entrara numa dessas lojas e adquirira vários desses dispositivos. Neles colocou água açucarada e espalhou-os pelo jardim. As avezinhas foram atraídas pelo alimento fácil e rapidamente se adaptaram aos dispositivos artificiais. Tudo corria bem até que a proprietária teve que se ausentar da casa por alguns dias. Na volta, os sinais da tragédia. Beija-flores mortos por todo o jardim e até nas moradias vizinhas.
                                           Não houve intenção deliberada de matar as avezinhas, o que absolve a proprietária. Ocorreu que a água açucarada não fora trocada na freqüência habitual, por um desses descuidos casuais. Os dias quentes propiciaram a fermentação do açúcar o que resultou na formação de álcool - este a causa mortis das avezinhas.
                                           O desfecho do caso mostra que a intervenção na natureza pode ser desastrosa. Um jardim quanto mais natural e quanto mais espécies vegetais tem, é capaz de suprir uma gama muito grande de espécies animais. Portanto, não devemos exagerar com dispositivos artificiais, porque estes, em qualquer falha de manejo, podem causar grandes distúrbios. No caso dos beija-flores, cada beijo na flor de plástico com água açucarada, foi um beijo fatal.

Rua 'mais bonita do mundo' vira ponto turístico em Porto Alegre

30/01/2012 07h16 - Atualizado em 30/01/2012 07h24


Moradores fazem trabalho de preservação da Gonçalo de Carvalho.
G1 visitou a rua e conversou com residentes e turistas.

Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre (Foto: Tatiana Lopes / G1)Árvores formam espécie de túnel na Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre (Foto: Tatiana Lopes / G1)
Apelidada por um professor português, a "rua mais bonita do mundo" ganhou fama pela internet e pelas redes sociais e agora é parada obrigatória para os turistas que visitam Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Calma e arborizada, a Rua Gonçalo de Carvalho fica na divisa dos bairros Independência e Floresta. Decretada Patrimônio Histórico, Cultural, Ecológico e Ambiental do município em junho de 2006, ficou conhecida não só pelas árvores que formam um túnel verde em sua extensão, mas também pela luta pela preservação mantida há anos pelos moradores e até por quem não reside nela.
Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre (Foto: Tatiana Lopes / G1)Turistas mineiros incluíram visita à rua no roteiro da
visita a Porto Alegre após verem matéria na TV
(Foto: Tatiana Lopes/G1)
Sob sol forte e temperatura de mais de 30°C, o G1 visitou o local na última semana. Em uma hora, pelo menos três grupos foram vistos fotografando as árvores na Gonçalo de Carvalho. "Vi uma matéria na televisão e procurei na internet. Eu tinha que vir conhecer, é muito bonita mesmo", disse o mineiro de Belo Horizonte Thiago Prisco, 27 anos, que curte férias com o amigo Antônio Luiz Balbino Neto, 28. Em meio aos visitantes, os moradores caminham tranquilamente com seus animais de estimação. Carros transitam frequentemente na rua, mas o volume de ruídos parece menor a quem anda pelo local. A sensação é que as árvores abafam o barulho. E é possível ouvir o canto dos pássaros.
Os turistas mineiros sabiam, sem muitos detalhes, de algumas das histórias da rua. A Gonçalo começou a ganhar fama em 2005, quando moradores e admiradores do local se uniram para impedir a construção de um estacionamento. O projeto previa a remoção de algumas árvores, além da colocação de asfalto no lugar dos tradicionais paralelepípedos do local - que sugam a água da chuva e a armazena no solo, ajudando na irrigação das árvores.
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Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre (Foto: Ricardo Stricher / PMPA)Vistas de cima, árvores formam túnel na rua
(Foto: Ricardo Stricher / PMPA)
"Depois de muita luta, o caso foi para a Justiça e a construtora desistiu do projeto. Não demorou muito para a rua virar Patrimônio Ambiental de Porto Alegre", orgulha-se o artista gráfico Cesar Cardia, um dos principais defensores da Gonçalo, e que não mora na rua.
Cardia mantém o blog Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, onde reúne material sobre a preservação da rua. Ele faz parte também da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência (Amabi). "Quando a principal liderança da rua morreu, o dentista Haeni Ficht, passei a cuidar mais da associação. Chegavam e-mails de fora de Brasil e até de outros países. Nem sabíamos como ficavam sabendo da rua", lembra.
Com as publicações na internet, textos e imagens sobre a rua se espalharam. Em 2008, o blog catalão Amics arbres (Amigos das árvores) escreveu sobre a Gonçalo. Pouco depois, o blog português A sombra verde também divulgou o local e a apelidou de rua mais bonita do mundo. A partir disso não demorou muito para a Gonçalo virar assunto na imprensa e atrair mais visitantes.
Imobiliárias de Porto Alegre não conseguem fazer um levantamento sobre a valorização da Gonçalo de Carvalho desde que virou patrimônio. Em contato com o G1, as explicações chegam quase sempre ao mesmo fim: não há uma quantidade considerável de ofertas na rua. “Os moradores são antigos, moram em suas residências e apartamentos há anos”, informou a imobiliária Lopes.
Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre (Foto: Tatiana Lopes / G1)Rua foi considerada patrimônio de Porto Alegre
em 2006, mas sofre com ação de vândalos
(Foto: Tatiana Lopes / G1)
Sob os cuidados dos moradores
Segundo Cardia, foram os moradores que ajudaram a plantar, há mais de 70 anos, as árvores que hoje formam o túnel verde. As tipuanas são altas, com galhos e folhas grandes, que se espalham no alto dos troncos. No verão, a sombra predomina, enquanto no inverno o sol aparece, já que praticamente todas as folhas caem.
A dedicação mantida pelos moradores faz com que eles se sintam atingidos quando alguém comete algum ato de vandalismo. Uma das árvores, que fica em frente a um dos acessos a um shopping da região, está queimada e pichada. Outra, no lado oposto da rua, tem um cartaz pregado com aviso sobre onde colocar o lixo. A placa colocada em um banco de concreto pela Prefeitura, com a identificação de Patrimônio Ambiental, já teve de ser recolocada mais de três vezes.
Passeio com crianças e animais de estimação
Além dos turistas, moradores da região também aproveitam a paisagem para passeios com crianças ou animais de estimação. "Procuramos um lugar para morar durante dois anos. Nossa escolha foi pelas árvores", diz o professor Ney Francisco Ferreira, de 44 anos, que reside na rua com a mulher, um filho e um cachorro.
A família já se acostumou com a presença de curiosos na Gonçalo: "Todos os dias tem gente tirando fotos aqui, virou uma normalidade", conta Ferreira. Assim como ele, o médico Luis Aranzibia, de 70 anos, boliviano que vive há 40 anos no Brasil e há 14 na Gonçalo de Carvalho, aproveita as horas vagas para passear. "Escolhi morar aqui por opção, a área verde chamou a atenção", lembra.
Cesar Cardia, de branco, que mantém blog sobre a preservação da rua (Foto: Tatiana Lopes / G1)Cesar Cardia (D) mantém blog sobre a preservação da Gonçalo de Carvalho (Foto: Tatiana Lopes/G1)
Fonte:G1 Globo

27 de outubro de 2023

Campanha de reflorestamento renova esperança nos morros cariocas

Em uma clareira rodeada de árvores frondosas, Djair dos Santos, 66 anos, morador do Morro da Formiga (Tijuca, Zona Norte do Rio), capina uma nova área a ser reflorestada com vegetação nativa na parte alta da comunidade, onde, no passado, ocorreram deslizamentos mortais.

A Cidade Maravilhosa tem a maior floresta urbana do mundo, com mais de 35 mil hectares de Mata Atlântica que cobrem 29% de seu território. Mas devido ao desmatamento provocado pela expansão urbana, a cidade perdeu cobertura vegetal, expondo seus moradores a poluição, enchentes e deslizamentos que vitimizam, sobretudo, os mais pobres que vivem nas favelas.

Segundo a Prefeitura, a cidade do Rio tem umas 18 mil moradias em áreas de alto risco em 117 comunidades. Em 2011, mais de 900 pessoas morreram em deslizamentos na Serra Fluminense, a cerca de 100 km da capital, na maior tragédia ambiental do país.

== Uma nova realidade ==

Djair guarda na memória a tragédia de fevereiro de 1988, que matou seis pessoas no Morro da Formiga. Mas diz que agora a realidade mudou, enquanto acompanha outros 10 moradores do morro que participam do Mutirão de Reflorestamento.

"É gratificante para mim e todos os moradores ver que nos anos 1980 aconteceu um desastre nas chuvas, que um pedregulho rolou e matou pessoas (e isso não se repetiu). Isso acontecia muito. Com o reflorestamento, nunca mais", relata Djair, há 14 anos encarregado do Mutirão que recuperou 80 hectares no Morro da Formiga.

Em 26 anos, o programa da Prefeitura reflorestou mais de 2.200 hectares em cerca de 140 pontos da cidade, a maioria em comunidades carentes, com o plantio de 6 milhões de mudas de 150 a 200 espécies nativas da Mata Atlântica, como ipê, anjico e pau-brasil, com a colaboração de 800 moradores.

Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC), o reflorestamento ajuda a estabilizar encostas. A floresta aumenta a infiltração da água da chuva no solo. Sem a vegetação, a chuva arrasta os sedimentos da superfície para a parte baixa da cidade, assoreando canais de drenagem e causando enchentes e deslizamentos.

"O projeto no Morro da Formiga é um dos mais antigos da Prefeitura, começou em 1997. Como a comunidade está em área de risco devido à declividade alta, no passado houve muitos deslizamentos, mas posteriormente reduziram-se significativamente essas ocorrências", explica Marcelo Hudson, gerente de conservação da SMAC.

== Novas frentes ==

Desde 2010, a Prefeitura trabalha em uma nova fase do programa, chamada Rio Capital Verde, que prevê levar o Mutirão para novas frentes e recuperar outras áreas de difícil acesso com a contratação de empresas especializadas.

A meta é reflorestar 1.300 hectares com o plantio de 4 milhões de sementes até 2016. Espera-se que o replantio ajude a cidade a reduzir suas emissões e renda créditos de carbono para financiar projetos similares.

"O projeto carbono atende áreas reflorestadas por empresas, pois são de difícil acesso. Para isso (as autoridades municipais) vão usar créditos de carbono para custear o replantio onde não puderem fazê-lo com o Mutirão", explica Franka Braun, especialista da Unidade de Financiamento de Carbono do Banco Mundial, que trabalha com a prefeitura no Programa de Desenvolvimento de Baixo Carbono da cidade.

"Já temos o documento técnico do projeto de créditos e no próximo mês faremos a validação, que consiste em estabelecer uma amostra de parcelas (do terreno), onde serão feitas medições (nr: de absorção de CO2 por hectare). A área que vai render créditos tem uns 900 hectares" espalhados pela cidade, explica Braun.

"Estimamos que nessa área 50 mil toneladas de carbono tenham sido capturadas nos últimos três anos", continua Braun.

Além de ar limpo e encostas estáveis, o reflorestamento dá a cariocas e turistas novas áreas de lazer.

"Aqui na Formiga abrimos uma trilha que vai até a cachoeira. Já tem até turista que vem conhecer o local. Tem sábado que fica cheio aqui. Semana passada, fizemos uma caminhada ecológica. Vieram umas 30 crianças da comunidade. Eu fui andando com elas e explicando a importância do reflorestamento, que melhora a qualidade de vida de toda a cidade", conta Djair.

Para ele, a floresta representa esperança. "Posso até sair do Morro da Formiga, mas não por minha vontade. Quero continuar nisso aqui até quando Deus quiser", afirma.
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Cinco países que mais desmataram



Avaliação mundial dos recursos florestais coloca o Brasil no topo do ranking dos países que mais perderam área verde entre 1999 e 2010.

A atividade humana é uma das principais responsáveis pelo desmatamento. O mau uso de recursos naturais, a poluição e a expansão urbana são algumas das ações que contribuem para esta degradação da área coberta por florestas. Segundo a organização ambientalista WWF Brasil, a perda da biodiversidade e a modificação do clima mundial estão entre os principais impactos causados por ela.
Uma das maiores vítimas deste processo no Brasil é a Mata Atlântica. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, restam apenas 7% do território original deste bioma no país. O Global Forest Resources Assessments é um indicador da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), responsável por monitorar a cobertura de florestas por países. Os dados mais recentes são de 2010 (o relatório é feito a cada cinco anos), segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Entre 1999 e 2010, o índice coloca o Brasil como campeão de perda de área verde no mundo.


1. Brasil

O país foi o que mais perdeu em hectares de área verde por ano, no período de 11 anos. Ao todo, foram 55,3 milhões de hectares perdidos. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inep) monitora o desmatamento no Brasil com a ajuda de organizações não-governamentais, como o Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia (Imazon). Um acordo firmado em 2008 entre o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) busca promover a realização do Programa de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite. A iniciativa tem o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Antes disso, o único bioma que possuía dados oficiais de observação dos desmatamentos no país era a Amazônia, iniciado em 1988.

2. Indonésia

Com a perda de 24,1 milhões de hectares de área verde entre 1990 e 2010, a Indonésia aparece em segundo lugar no ranking. Segundo o Greenpeace, o país vai permitir a destruição de amplas áreas selvagens, em Kalimantan, na ilha de Bornéu, com a intenção de extrair mais carvão. Uma das causas para esta taxa fenomenal na Indonésia é a demanda global por celulose e óleo de palma, indica o Greenpeace. Outra causa para a alta taxa de desmatamento na Indonésia é a extração ilegal de madeira. Cerca de 80% da produção de madeira na Indonésia resulta de atividade ilegal.

3. Nigéria

Exploração madeireira ilegal, agricultura de subsistência e extração de lenha são apontadas como principais causas de desmatamento no país do oeste africano. Entre 1990 e 2010, a Nigéria perdeu 8,1 milhões de hectares de área verde por ano. Especialistas afirmam ainda que o problema está relacionado à exploração de petróleo, construção de estradas, corte de árvores para uso agrícola e à urbanização de modo geral. A migração de espécies animais de seu habitat natural, a erosão e a fome devido à baixa produção de alimentos em função da redução da quantidade de nutrientes no solo são vistos como efeitos negativos desse processo.

4. Tanzânia

A extração de madeira ilegal e insustentável também é considerada uma das principais causas para o desmatamento na Tanzânia. Nos últimos 11 anos, o país perdeu 8,06 milhões de hectares de área verde. O desenvolvimento sustentável no país é comprometido por problemas em terra e no mar. Áreas desmatadas não proporcionam um lar à vida selvagem e levam à perda de biodiversidade. O crime da extração de madeira custa à Tanzânia milhões de dólares por ano. As atividades econômicas e demandas por vários produtos florestais incluindo lenha também contribuem para isso.

5. Mianmar

Em quinto lugar no ranking mundial dos países que mais perderam recursos florestais, Mianmar aparece com um total de 7,4 milhões de hectares perdidos nos últimos 11 anos. Para restaurar a cobertura florestal do país, o estabelecimento de plantios florestais tem sido visto como principal remédio, segundo a FAO. Apesar do avanço no desmatamento, Mianmar é considerado um país rico em recursos naturais, renováveis ​​e não-renováveis​​. A preocupação ambiental tem aumentado no país desde que a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento levantou questões sobre a proteção e a conservação dos recursos florestais.

·         Data 11.05.2013
·         Autoria Magali Moser
·         Edição Francis França
·        Fonte: DW


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Plante Uma Vida, Plante Uma Árvore - Relato de uma luta

 RELATO DE UMA HISTÓRIA DE LUTA PELA PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

O INÍCIO: Da ação individual à ação coletiva. O começo conforme narrado por Darci Bergmann: Em Janeiro de 1977, a uma temperatura ambiente de 40ºC, a cidade de São Borja parecia um deserto de vida. Na rua em que me encontrava, não havia sombra, nem pássaros, nem flores. Sob o sol escaldante, tomei uma decisão: Vou iniciar uma campanha de arborização.
Em agosto, escrevi para O JORNAL, periódico local, propondo uma parceria para a divulgação de trabalhos na área de educação ambiental que eu já iniciara então. Surgiu assim o projeto Plante Uma Vida - Plante Uma Árvore.
De uma campanha de arborização, passei a perceber a importância da inserção da comunidade num projeto mais amplo, visto que os problemas ambientais eram complexos. Aceitando convite do Centro Nativista Boitatá, entidade social recreativa, criamos o Departamento de Ecologia, que dirigi de 1978 a 1988, com ação significativa, distribuindo e orientando sobre o plantio de dezoito mil mudas de espécies nativas.


AS DIFICULDADES INICIAIS: Não havia viveiro. Tive que produzir minhas próprias mudas.Utilizava saquinhos de leite e latas de óleo comestível, arrecadadas no lixão e a partir de campanhas nas escolas em troca de mudas. Com amigos, realizamos os primeiros plantios em vias públicas. Não havia consciência preservacionista e os primeiros plantios sofreram ações de vândalos.

OS PRIMEIROS RESULTADOS: No outono e inverno de 1978, já havia em torno de 10.000 mudas no viveiro. Trezentas foram plantadas em vias públicas, com participantes da comunidade que se comprometeram em abrir as covas e cuidar do desenvolvimento das plantas. Essa parceria, foi o ponto de partida de um grande projeto que se desmembrou em vários setores da comunidade, com múltiplas formas de atuação, como veremos resumidamente.


PALESTRAS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL, envolvendo escolas, associações de bairros, Igrejas, clubes. etc, somando mais de quinhentas palestras realizadas inclusive fora do município.


CURSOS DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA ADOLESCENTES.

FORMAÇÃO DO CLUBE DE ECOLOGIA VIVA A NATUREZA

Distribuição de 120.000 mudas de mais de 70 espécies nativas no Município. Em 1987, propus a um grupo de amigos a criação da ASPAN -Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural, consolidando-se a fase de ação coletiva do projeto.

OBJETIVOS:
1) INICIAL : 1977 Implantar campanha de arborização na cidade de São Borja, RS.
2) OBJETIVOS AGREGADOS NO DECORRER DO PROJETO:
2.1) Ações educativas pertinentes à temática ambiental de forma abrangente;
2.2) Envolver a comunidade em um Projeto Ambiental;
2.3) Criação de uma ONG ambientalista, fundada em 21 de setembro de 1987, registrada como ASPAN - Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural.
2.4) Realização de Seminários ambientais.


3) OBJETIVOS DEFINIDOS PELA ASPAN, EM 1987
3.1) Educação Ambiental formal e informal, em continuidade aos trabalhos já iniciados.
3.2) Projetos de proteção e recuperação ambiental em parceria com outras instituições.
3.3) Política ambiental a partir de uma estrutura executiva na Prefeitura Municipal.
3.4) Legislação Ambiental: Adaptação das leis municipais para a temática ambiental. Zelar pela aplicação das leis ambientais.
3.5) Realização de seminários ambientais bianuais.
3.6) Distribuição de material informativo sobre o meio ambiente na comunidade: boletins, folhetos, etc...
3.7) Criação de um boletim informativo periódico ( ainda não concretizado).
3.8) Viabilização de uma fundação ambiental.

DESENVOLVIMENTO E METODOLOGIA DE AÇÃO.
TRÊS EIXOS DE AÇÃO.

1.ÁREA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL
1.1.PALESTRAS: Com a fundação da ASPAN, intensificamos a ação pedagógica de educação ambiental no ensino formal e participação em atividades junto a sindicatos e associações de moradores. O nome de seu idealizador e presidente, Darci Bergmann, torna-se referência no município e região em eventos que envolvem a questão ambiental.
1.2.CURSOS: Entre os mais importantes cabe destacar:
1.2.1.CURSO DE ECOLOGIA E MEIO AMBIENTE - Destinado a adolescentes. Realizado em duas edições com total de 40 participantes. Encontra-se em estudo parceria com o governo municipal para outras edições. O curso é dividido em aulas teóricas e práticas.
1.2.2. CURSO DE JARDINAGEM E PAISAGISMO: realizado antes da fundação da ASPAN. Participaram 46 pessoas. Foi dada ênfase à preservação da paisagem local, sua recomposição e as matas ciliares como elemento paisagístico e de preservação. Em decorrência deste curso, um produtor rural recompôs a mata ciliar em trecho do Rio Uruguai, com plantio de 40 mil exemplares de espécies nativas.
1.2.3 - PROGRAMA RADIOFÔNICO VIVA A NATUREZA: Esse programa de educação ambiental foi apresentado desde junho de 1990, em edições semanais, de 30 minutos cada, pela Rádio Cultura AM. O programa era custeado por colaboradores. Tinha grande audiência. Foram entrevistadas centenas de pessoas que repassaram experiências relativas ao meio ambiente.


1.3 ROTEIROS EDUCATIVOS
1.3.1. SUB- PROJETO CONHECER PARA PRESERVAR: Tem por objetivo a identificação de locais que, por sua natureza, possam servir como áreas de turismo ecológico, ou reflexão sobre a temática ambiental. São realizadas excursões, com diversos segmentos sociais, identificando-se áreas com mata ciliar, nascentes de rios, cascatas, áreas de desertificação, experiências de arborização, reciclagem, etc. É um projeto permanente, sem cronograma definido.
1.3.2. SUB-PROJETO DE REFLORESTAMENTO: Experiência com reflorestamento, na Chácara Itaperaju, localizada próxima à área urbana do município, em uma extensão de 7,7 ha. Mais de 400 espécies arbóreas nativas e exóticas, plantadas a partir de 1978, abrigando hoje espécies de animais silvestres como tatus , bugios( Alouata caraya), graxains, diversas espécies de aves, entre outras, transformando-se em um acolhedor habitat. A cada ano mais espécies aparecem, propiciando acompanhamento da capacidade regenerativa de área devastada, com a contribuição do ser humano.

2- RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E OUTROS PROGRAMAS
2.1. SUB-PROJETO 10 MIL IPÊS:
O Ipê roxo (Tabebuia avellanadae) é a árvore símbolo do Município desde 1980. A ASPAN propôs-se a plantar 10 mil exemplares dessa espécie em diversos locais da cidade e zona rural. Do total previsto, 8 mil exemplares já foram plantados.
2.2. CIRCUITO DOS IPÊS
Prevê o plantio de espécies de ipê roxo e ipê amarelo nas BRs de acesso à cidade e avenidas perimetrais. As avenidas Leonel de Moura Brizola, Presidente João Goulart e trecho da BR 472 já receberam centenas de exemplares. As queimadas, mal uso de ceifadeiras e vandalismo obrigaram a freqüentes reposições de mudas. Por sugestão da ASPAN, o Executivo Municipal, em decreto, criou o Circuito dos Ipês, prevendo a ampliação do plantio em outras artérias e logradouros públicos.


2.3 PLANO DIRETOR DE ARBORIZAÇÃO URBANA- A ASPAN preparou minuta de projeto para o PLANO DIRETOR DE ARBORIZAÇÃO URBANA, a ser desenvolvido em parceria com a Prefeitura Municipal e apoio de outras entidades.
O prazo máximo para a execução é de seis anos, paralelamente ao manejo da arborização já existente. Haverá necessidade de contratação de pessoal, tais como estagiários e monitores que serão treinados para esse fim. Esses atuarão no levantamento preliminar, rua por rua, em todos os bairros. Na fase seguinte começará o plantio propriamente dito. A legislação municipal de 1991 regulamenta o plantio e as podas das árvores em vias públicas. O plano diretor visa complementar o que já é previsto na citada regulamentação.
2.4. CONSELHO MUNICIPAL DE RECUPERAÇÃO E DEFESA DO MEIO AMBIENTE - A ASPAN teve participação ativa no referido Conselho, quando da elaboração do Plano Ambiental do Município.
Uma antiga reivindicação da nossa entidade foi concretizada: trata-se da criação da Secretaria Municipal do Meio Ambiente. Esperava-se que a partir daí o Poder Público Municipal conseguisse estabelecer compromissos e resultados efetivos na área de proteção ambiental. A atual administração municipal (2005-2008) mudou a estrutura, reunindo a pasta da Agricultura com o Meio Ambiente.
2.5. CONVÊNIO COM A FEPAGRO
A FEPAGRO - Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária mantém em São Borja uma Estação Experimental Fitotécnica. Por alguns anos foi efetuada parceria com a FEPAGRO-Cereais. O convênio não foi renovado, por dificuldades estruturais da FEPAGRO.

2.6. SEMINÁRIO AMBIENTAL :
A primeira edição foi realizada em maio de 1998, com a participação de 400 pessoas. Oito Universidades estavam representadas e mais de 50 municípios. A ASPAN contou com o apoio do Sindicato Rural de São Borja, da Urcamp - Universidade da Região da Campanha e da Prefeitura e Câmara Municipal de São Borja. Pretendemos que as próximas edições tenham abrangência na área do Mercosul.
A segunda edição foi realizada de 3 a 5 de Junho de 2004, nas dependências da Comunidade Evangélica Luterana, no Bairro da Pirahy.
Com isso solidifica-se um dos objetivos do PROJETO PLANTE UMA VIDA PLANTE UMA ÁRVORE: criar-se um fórum permanente de discussão e busca de soluções nas questões ambientais. Além do caráter didático desses seminários, espera-se que eles possam traçar diretrizes para os municípios, estados e países.
O Rio Uruguai que nos divide politicamente como fronteira, nos une como referência geo-ambiental.
Outros seminários têm sido realizados por instituições diversas, sem a coordenação da ASPAN.

2.7. SEDE PRÓPRIA E CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL.
Em 1999 foi adquirida uma área de 3,3 hectares, contígua à Estação Experimental Fitotécnica, com recursos da Fundação Francisco, sediada em Brasília. Nessa área pretende-se desenvolver um trabalho integrado de Educação Ambiental e implantação de um horto florestal com espécies nativas da região.


Com recursos do Projeto SEMEAR, o horto florestal já está em implantação.
A implantação do Centro de Educação Ambiental, com aulas teóricas e práticas, é mais um dos objetivos que nortearam o projeto Plante Uma Vida, Plante Uma Árvore e dependerá do aporte de recursos.

3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
3.1. ELABORAÇÃO DE LEIS AMBIENTAIS:

No período em que Darci Bergmann atuou como vereador, por duas legislaturas, foram aprovados vários projetos de lei de interesse ambiental, tais como:
O que institui a espécie botânica Tabebuia avellanadae, ipê-roxo, família Bignoniaceae, como árvore símbolo do Município; o que instituiu a espécie Furnarius rufus, joão de barro, família Furnaridae, como ave símbolo do Município; a Lei Municipal dos Agrotóxicos; a lei que proíbe corte de exemplares arbóreos nela especificados, a lei nº 1046, de 1981, que proíbe o tabagismo em determinados locais, entre outras.
A ASPAN, em 1989, participou da elaboração da Lei Orgânica do Município, apresentando a minuta do capítulo de Ecologia e Meio Ambiente.
Em 1991, a convite do então prefeito, elaboramos proposta de regulamentação de dispositivos da LOM (decretos 3489/91 e 3573/91), sobre arborização urbana. Hoje estão incorporados na lei complementar 24/2001. A Lei Complementar 24/2001 compilou a maior parte das leis e decretos municipais já mencionados e dispositivos de leis estaduais e federais que surgiram posteriormente e foram transformados em projeto de lei pelo então vereador Antônio Veiga Machado, com apoio do bel. Gastão Ponsi, sócio da ASPAN.

3.2.DIVULGAÇÃO:
Diversos textos legais foram divulgados ao grande público pela ASPAN, especialmente o Código Florestal Federal (lei 4.771 de 15/09/65), a Lei de Proteção à Fauna (lei nº 5.197/67), Lei Federal dos Agrotóxicos (lei 8.102), além de outras.

3.3. AÇÕES JUDICIAIS
3.3.1 - CASO ICAMAQUÃ - SANGA FUNDA
Em 1989, a ASPAN recebeu denúncia de desmatamento em área de preservação permanente às margens do Rio Icamaquã, junto à foz da Sanga Funda, no Município de São Borja. Após vistorias e filmagens aéreas, foi encaminhada representação ao Ministério Público. Diante da gravidade da situação, o MP abriu inquérito, requerendo ação processual junto ao PJ. Desde então, até abril do ano de 2001, a ASPAN assessorou o MP. A ação resultou em acordo judicial onde os réus concordaram em: a) Recuperação das áreas desmatadas, respectivamente de 20,5 e 31 hectares;
b) Auxiliarem financeiramente a ASPAN em projetos de arborização comunitária e educação ambiental. Em decorrência, surgiu o projeto SEMEAR.
O fato teve tal repercussão, que outros desmatamentos deixaram de ser consumados. Isso trouxe o respeito à nossa entidade ambientalista. Houve a participação decisiva nessa ação da Juíza de Direito Mara Lúcia Cóccaro Martins, que deu prioridade ao processo.

3.3.2 A QUESTÃO DO SÃO DONATO- Em 12/03/1975, Euclides Trichez, então governador do Rio Grande do Sul, pelo decreto 23.798, criou a Reserva Biológica de São Donato, entre outras. São mais de 3 mil ha de banhados, campos e matas, a 40 km de São Borja, nos Municípios de Itaqui e Maçambará. A área é cortada pela BR 472. O que parecia um ato ecológico do governador, transformou-se em uma grande batalha desde então. De um lado, ecologistas como Antônio Gutierrez, in memorian, Rui Perez Antunes e Erlon Benites, de Maçambará; Gastão Ponsi, Darci Bergmann, Mario César Dutra Lago, Antonia Senhorinha Alves, in memorian, Antonio de Oliveira Alves, Amauri Parcianello, entre outros, de São Borja. De outra parte, proprietários lindeiros e invasores na parte das matas. Eram intensas as drenagens e desmatamentos. Até uma draga do DNOCS trabalhou no local, abrindo valos, à revelia do Decreto. Com o rebaixamento do nível das águas, os fazendeiros avançaram as cercas, adentrando na reserva, com criação de gado e lavoura de arroz. A fauna, rica em espécies de aves - algumas oriundas da Patagônia, répteis como o jacaré-de-papo-amarelo (Cayman latirostris), mamíferos como capivaras, ratão-do-banhado, entre outros animais, teve drástica redução. Foram feitos abaixo-assinados, um deles com mais de duas mil assinaturas, entregue ao governador pelo ambientalista José Antonio Lutzenberger. Foram realizadas moções nos parlamentos municipais e Estadual de apoio à Reserva . Nada parecia surtir efeito, tal a pressão dos interessados na área. Os governos estaduais que se sucederam calaram diante dos fatos. Convém lembrar que era época do PRÓ–VÁRZEAS, um programa federal que foi fértil em corrupção pelo desvio do dinheiro público e danos ambientais.
Em 1997, o advogado da ASPAN, Gastão Ponsi, reestudou a questão. Daí entrou com ação civil pública contra o Estado do Rio Grande do Sul. Em 03/10/97, a juíza de direito Drª Rosmari Girardi, proferiu sentença histórica, condenando o Estado a tomar as medidas para a recuperação e implantação definitiva da Reserva Biológica de São Donato. O Tribunal de Justiça do Estado manteve a sentença inicial por unanimidade.
Em 1999, técnicos do Estado sobrevoaram a área com duas aeronaves, fotografando, filmando e fazendo levantamento com GPS. Uma batalha ainda não encerrada, de 25 anos, parecia encaminhar-se para um desfecho de sensatez ambiental. Foram anunciados recursos oriundos de termo de ajustamento entre o Estado e a REFAP para o início da demarcação da Reserva e a indenização dos proprietários, quando coubesse. São Borja teve até um escritório da SEMA, mantido com os recursos da REFAP. Ainda no governo Olívio Dutra, os recursos anunciados para a Reserva Biológica de São Donato foram, em sua maioria, destinados a outras unidades de conservação, frustrando a expectativa dos ambientalistas da região. Tudo voltou à estaca zero, apesar de existir sentença transitada em julgado, obrigando o Estado a implantar a Reserva.
Nesse longo tempo foram reunidos dados num amplo dossiê, com fotografias, filmes, notícias e artigos de jornais, manifestos e estudos técnicos sobre a Reserva Biológica de São Donato. Muitos companheiros desistiram da luta, em função de desgaste pessoal, ameaças e até pela descrença nas instituições.
A situação da Reserva hoje é deplorável, mas não irreversível. Certamente nos anos vindouros, as gerações futuras entenderão o significado desses mananciais de vida e continuarão a luta encetada. Foi assim na Flórida, com os Everglades, alagados drenados para o cultivo agrícola e que salinizaram as águas. Agora, os norte–americanos gastam fortunas tentando reverter esse quadro de degradação ambiental, mercê de modelos imediatistas de exploração dos recursos naturais. Foi assim em outros países. Como lá, aqui haverá de imperar o bom senso, ainda que passem gerações.



NOVOS RUMOS
As ações geradas por uma iniciativa individual tiveram desdobramentos com a criação da ASPAN e o envolvimento da comunidade. Agora, impõem- se novos desafios, entre eles:

ESTRUTURAÇÃO DA ASPAN
Passa pela profissionalização de algumas pessoas. Até agora todos os trabalhos foram baseados no voluntariado, com sacrifícios até financeiros de alguns abnegados. Os novos projetos em andamento só terão êxito se atendida essa premissa.
Mesmo com todas as dificuldades muitas tarefas ainda serão voluntárias. Não há mais como voltar no processo.

CRIAÇÃO DE UMA FUNDAÇÃO AMBIENTAL
Esse é um antigo sonho do idealizador do Plante uma Vida, Plante uma Árvore, engenheiro agrônomo Darci Bergmann. Esta fundação teria sua ação mais voltada para o conservacionismo, administrando áreas representativas dos ecossistemas da região. Os primeiros contatos já estão sendo feitos para a identificação de áreas especiais. A acelerada descaracterização da paisagem impõe urgência na questão. Não podemos esperar só dos governos a criação de parques e reservas naturais.
Cabe lembrar que essas áreas protegidas, além de bancos genéticos, servirão como local de estudos para as atuais e futuras gerações.
Os empresários e pessoas da comunidade são convidados a refletirem sobre esse tema e podem tomar iniciativas para que esse objetivo seja alcançado. A Fundação poderá reunir vários instituidores. É sabido que empresários e proprietários rurais conscientes já são receptivos à idéia, mas ainda faltam ações mais efetivas.

PAPEL IRRADIADOR DA ASPAN
Desde sua fundação, a entidade tem procurado fomentar a criação de ONG’s ambientalistas. Foi assim que surgiu com o nosso apoio a AIPAN (Associação Itaquiense de Proteção ao Ambiente Natural). Também o grupo Comandos em Defesa da Natureza, semelhante aos grupos de escoteiros, hoje com 70 crianças e adolescentes e tendo sede própria, teve apoio inicial do engº agrº Darci Bergmann, ainda quando no Departamento de Ecologia do Centro Nativista Boitatá. Trabalhar nas entidades associativas, estimulando práticas e compromissos de proteção ambiental será um papel importante da ASPAN, como já vem ocorrendo. A formação de multiplicadores ambientais, nos cursos junto à sede própria, serão de importância estratégica. Até trabalhadores de empresas e órgãos públicos poderão receber novos conhecimentos sobre a temática ambiental. Assim, serão importantes na implantação de medidas práticas de desenvolvimento sustentável.
Para citar um exemplo de como uma ação gera outra, irradiando-se nos diversos segmentos do tecido social, temos a área cultural e artística. Faz alguns anos, desencadeamos campanha de preservação dos nossos riachos. Uma fita de vídeo conseguida junto ao Instituto Goethe, em Porto Alegre, tinha, entre outros, o tema riacho, na visão ecológica. Passamos o material em várias escolas. Certo dia, fizemos uma palestra com pessoas de diversos setores da comunidade. Convidamos também compositores e intérpretes da música nativista. Depois da apresentação, sugerimos que os compositores presentes fizessem canções baseadas no tema proposto. Salvador Lamberty compôs a canção Riacho, interpretada por Cezar Lindemeyer e foi uma das finalistas da 49ª edição da Sentinela da Canção Nativa, de Caçapava do Sul, RS, nov,1997). Outros artistas estão apresentando canções que falam dos temas ambientais, como Mano Lima, Telmo de Lima Freitas, Jorge Dornelles, entre outros, a pedido da ASPAN.
Importante salientar que várias escolas já possuem grupos interdisciplinares de meio ambiente. Promovem debates, palestras, gincanas, etc. Tivemos papel decisivo nessa área e é com alegria que vemos a evolução desse trabalho. São as sementes que foram semeadas alguns anos atrás, ainda antes do surgimento da ASPAN, quando os professores de hoje assistiam às primeiras palestras do Projeto Plante uma Vida, Plante uma Árvore.
Essa força irradiadora da ASPAN e seus voluntários deverá ser mantida e ampliada. Com a estrutura administrativa em novos moldes e com a criação do Centro de Educação Ambiental não temos dúvidas de que os resultados serão ainda mais expressivos.


RESULTADOS
Decorridos 31 anos do PLANTE UMA VIDA, PLANTE UMA ÁRVORE os resultados são evidentes. Há aqueles efeitos difusos que permeiam os diversos segmentos sociais e que não se visualizam num primeiro momento. Fazem parte da consciência ecológica e são base da massa crítica. Este é o resultado maior do nosso projeto e é perceptível também pelos efeitos quanti e qualitativos que afloram, com veremos resumidamente:

1) O VERDE URBANO: Desde o início em 1977, a cidade aumentou a área verde. De algumas centenas de árvores em vias públicas, saltamos para em torno de 10 mil exemplares hoje. Ainda há um déficit de mais ou menos outro tanto. Ocorre que novas ruas foram abertas e as avenidas perimetrais ainda não foram arborizadas. Nos terrenos particulares também aumentou a arborização, diversificada , inclusive com frutíferas nativas. Isso recompôs a avifauna local. Muitas espécies retornaram por encontrarem alimento e abrigo. Até bugios aparecem na área urbana. As podas são mais amenas, obedecendo a critérios mais ecológicos.
Em 1981, na Vila Goulart, o Plante Uma Vida, Plante Uma Árvore arborizou uma área em parceria com os moradores. Tirou-se o lixo do local e hoje é uma praça cheia de verde e árvores nativas. Os moradores receberam também quatrocentas mudas de espécies frutíferas para melhoria da sua alimentação. 

2) ZONA RURAL: O projeto agiu em três frentes na zona rural .

2.1. A Questão dos Agrotóxicos: foram dezenas de palestras conscientizando proprietários e trabalhadores sobre manejo integrado de pragas, cuidados com o manuseio dos agrotóxicos e descarte correto das embalagens. As melhorias são perceptíveis, ano após ano, com a diminuição dos casos de intoxicação aguda. Diminuíram os casos de embalagens abandonadas sem critério.

2.2 Queimadas: Nos campos nativos utilizava-se o fogo para queimar a matéria fibrosa, permitindo a rebrotação dos pastos. Os agricultores queimavam a resteva para facilitar a aração. Criou-se um círculo vicioso com reflexos impactantes sobre o meio ambiente. Desde 1977, com as campanhas sistemáticas que promovemos, observou-se a diminuição das queimadas, recompondo boa parte da flora e da fauna. O projeto Plante uma Vida, Plante uma Árvore, através da AEASB-Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Borja, promoveu cursos de conservação do solo, com ênfase no plantio direto. Também cursos de Jardinagem e Paisagismo foram realizados.

2.3. Arborização na Zona Rural: As palestras mostraram a importância da mata ciliar e a recomposição desta em áreas críticas. Houve melhoria notável.

As escolas rurais trabalharam o tema e receberam mudas de espécies nativas da região. Entre 1977 e 1987, mais de 100 mil mudas de espécies diferentes foram distribuídas entre a cidade e a zona rural. A partir daí a ASPAN desencadeou outras ações nessa área. Fizemos inclusive semeadura direta nas margens das BRs, visando o lado educativo e os resultados aparecem em vários trechos.

2.4 Centro Nativista Boitatá: Essa entidade de cunho tradicionalista tem em torno de 1300 associados. No seu primeiro baile em 19/09/ 1978, no decorrer da Semana Farroupilha, levamos o PLANTE UMA VIDA, PLANTE UMA ÁRVORE a participar com uma ação inédita. Foram colocadas 2 mil mudas nativas sobre as mesas e mais duas mil ficaram no saguão. Após uma apresentação do Patrão Antonio Rodrigues Aguilar e do Diretor do Departamento de Ecologia, Darci Bergmann, o 1º Baile Ecológico do Movimento Tradicionalista Gaúcho foi iniciado. Assim foi até 1988, em cada edição da Semana Farroupilha, totalizando 18 mil mudas distribuídas, atingindo cidade e interior. A idéia foi seguida por vários CTG’s no Estado. Muitos freqüentadores preservaram os capões de mato nas suas propriedades e arborizaram-nas em parte. Foi um trabalho com resultados gratificantes, pois hoje o MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho estimula as entidades filiadas a realizarem projetos de preservação ambiental.


3- EDUCAÇÃO AMBIENTAL
3.1. Na rede escolar:
Uma geração de professores participou de palestras que hoje se multiplicam em ações nas escolas. A educação ambiental é um objetivo permanente, atividade cotidiana e de perseverança. Todas as escolas estaduais e municipais e cursos superiores foram trabalhadas pelo nosso projeto. Muitas escolas também receberam mudas de espécies nativas, que nem sempre prosperaram por problemas estruturais.

3.2. Aspectos informais:
Com a Igreja Evangélica de Confissão Luterana fizemos parceria informal. Por um bom tempo acompanhamos o Pastor nas suas andanças pela região. Após os cultos fazíamos palestras sobre meio ambiente.
Outra estratégia para palestras no interior do Município foi a de aproveitar os bailes nos galpões comunitários. As palestras precediam o baile e com isso garantia- se um público variável.

3.3. Viva a Natureza:
Este é o nome do programa de rádio, de educação ambiental, no ar desde 1990 na Rádio Cultura AM de São Borja. O nome foi derivado do Clube de Ecologia mantido por 20 meninas adolescentes que funcionou nos anos de 1990 a 1992. O programa Viva a Natureza foi levado ao ar até 2002.
Com o programa fecha-se o leque de ação educativa envolvendo todos os setores sociais.


4. Resultados Institucionais:
A ASPAN foi reconhecida junto à comunidade local. Colaborou como assistente do Ministério Público, numa época em que não havia a PATRAM, nem a estrutura de licenciamento ambiental do Município. Na verdade antecipou-se espontaneamente em algumas questões. As parcerias se solidificam e surgem a cada dia novas propostas de trabalho e ações a serem desenvolvidas.

5. Outros resultados:

5.1. Coleta seletiva do lixo
Houve uma experiência de 1990 a 1992 em alguns bairros da cidade com bons resultados. Inexplicavelmente, a partir de então, foi suspenso o projeto-piloto. A ASPAN vem exigindo uma postura da Prefeitura pelo retorno da coleta seletiva, inclusive com recolhimento separado do lixo tóxico (pilhas de lanterna, lâmpadas fluorescentes, entre outros). Em 2003, a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, com apoio da ASPAN e patrocínio de empresas locais, elaborou manual sobre reciclagem. É entendimento da entidade que a coleta seletiva deve ser incentivada a partir do gerador dos resíduos, dando-lhe as informações necessárias, daí o manual. Num segundo momento, parte-se para a coleta seletiva, incluindo-se os catadores como atores do processo. De certa forma, hoje em torno de 20% dos domicílios já separam os resíduos nas frações lixo seco e orgânico, facilitando a tarefa dos catadores. Estima-se em dois mil domicílios que já aproveitam os resíduos orgânicos realizando a compostagem para posterior aproveitamento no cultivo de hortas, pomares e plantas ornamentais.

O projeto SEMEAR vem dando continuidade nesses trabalhos

5.2. Mata ciliar no Mangrulho
Neste local, às margens do Rio Uruguai no Primeiro Distrito de São Borja, o então proprietário e sócio da ASPAN, Frederico Isbrecht, plantou quarenta mil exemplares de árvores de diversas espécies, a maioria nativas. Hoje, com as árvores já em grande porte, diversas espécies da fauna se fazem notar.

5.3. Sítio Itaperaju
De uma área depauperada pelas queimadas e erosão do solo, conseguiu-se a partir de 1978 uma recomposição florística espetacular, com centenas de espécies arbóreas e arbustivas, nativas e exóticas. Hoje, centenas de pessoas, especialmente escolares, percorrem as trilhas no local, em grupos agendados prèviamente.


 
5.4. O visual dos ipês
Os ipês plantados a partir de 1977, mostram toda a sua beleza nas florações de julho a agosto. Elevam o astral das pessoas e causam admiração nos visitantes; muitos desses atraídos a São Borja por ser Terra dos Presidentes.


5.5 Reserva Particular do Patrimônio Natural:
O ex-presidente da AGAPAN e sócio da ASPAN, Celso Aquino Marques, com seus familiares, criou a primeira RPPN no Município. Possui área de 135 ha de campos e matas, às margens do rio Butuí, no Rincão de São Lucas, 1º distrito de São Borja.

CONCLUSÃO
As ações desenvolvidas até aqui foram múltiplas, interpenetrando todo o tecido social, com amplo apoio comunitário. De um momento de indignação em 1977 a uma ação coletiva, já se passaram mais de trinta anos. O que motivou o engº Agrº Darci Bergmann foi a emoção. No desenvolvimento das atividades, mostrou-nos que não é preciso ser doutor em Ecologia para fazer ações voltadas à preservação ambiental. Mas é preciso entregar-se de corpo e alma a uma causa. Muitas críticas foram ouvidas. Aos poucos deram lugar ao apoio. Num certo dia, nos primórdios do projeto, Darci e equipe foram jogar sementes de espécies diversas às margens das BRs. Houve quem risse daquele gesto. A idéia era imitar a natureza, que pelo vento, água e animais também semeia. Onde o fogo não apareceu, algumas sementes germinaram e trechos estão arborizados. Todos os anos, esses mesmos semeadores repetem o ritual para reavivar os antigos ideais. Esses são os exemplos que ficam na memória coletiva.

Por essas ações, em 1999, o Projeto PLANTE UMA VIDA, PLANTE UMA ÁRVORE, foi premiado em votação dos leitores, pela conceituada revista Natureza, na categoria Preservação da Flora. (Até aqui narrado por Darci Bergmann, na Semana do Meio Ambiente – Junho de 2008 )


O projeto Plante uma Vida, Plante uma Árvore, começou com uma carta escrita pelo engenheiro agrônomo Darci Bergmann, em 03/08/1977, no semanário O JORNAL, indignado com a precária arborização da cidade de São Borja-RS. Na missiva propôs algumas ações. Foi, então, convidado pelos diretores de O Jornal a fazer matérias de interesse ecológico, resultando na campanha Plante uma Vida, Plante uma Árvore. O Jornal foi desativado, mas Darci Bergmann levou a termo a campanha, transformando-a num projeto pessoal de iniciativas na área ambiental, motivando pessoas. Em cada entidade que Darci Bergmann participava propunha ações ambientalistas, todas elas enquadradas com o nome de Plante uma Vida, Plante uma Árvore, resultando em 1987, com a criação da ASPAN-Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural, nas dependências da Câmara de Vereadores.
Segundo Bergmann, o projeto Plante uma Vida, Plante uma Árvore, foi o precursor do ambientalismo em São Borja e será levado a termo até o último dia da sua existência física.

  
foto direita: Plantio da primeira muda da campanha Plante uma Vida, Plante uma Árvore, por Darci Bergmann, em 1977, na rua Gal. Canabarro, em São Borja-RS