30 de julho de 2014

Carne bovina tem pegada de carbono pior do que se pensava

Novos estudos mostram que a carne bovina contribui mais para emissão de gases do efeito estufa e degradação ambiental do que produção de outras proteínas de origem animal, como laticínios, aves domésticas, carne suína e ovos, juntas.


Não é novidade que o consumo excessivo de carne pode ser muito prejudicial à saúde humana, aumentando a propensão a problemas como pressão e colesterol altos, excesso de peso, etc. Mas os problemas podem ir muito além da saúde humana, afetando também o meio ambiente e aumentando as emissões de gases do efeito estufa (GEEs). É o que mostram novas pesquisas publicadas recentemente nos periódicos Proceedings of the National Academy of Sciences(PNAS) e Climatic Change.

O estudo publicado no 
PNAS sugere que as emissões da pecuária, que são responsáveis por 14,5% da liberação total de GEEs pelas atividades humanas, estão aumentando, e que a carne bovina é responsável por mais GEEs do que a produção de outras proteínas de origem animal, como laticínios, aves domésticas, carne suína e ovos, juntas.

Embora essa descoberta não seja exatamente nova, é a proporção da pegada de carbono que assusta: a pesquisa mostra que a carne bovina exige 28 vezes mais terra para ser produzida, 11 vezes mais água e seis vezes mais fertilizante nitrogenado do que as outras quatro categorias, e resulta em cinco vezes mais emissões de GEEs.

Além disso, o estudo comparou a utilização de recursos da produção pecuária com a do cultivo de vegetais que são fonte de proteínas, como arroz, batata e trigo e concluiu que todos os tipos de carne emitem mais GEEs do que as culturas analisadas.

"A produção de batata, trigo e arroz, em média, exige de duas a seis vezes menos recursos por caloria consumida do que a carne não bovina. Entender os impactos das diferentes classes de pecuária pode dar aos consumidores e legisladores poder de mitigarem danos ambientais através da escolha da dieta e da política agropecuária", afirma o relatório do 
PNAS.

Outro estudo semelhante, divulgado no periódico 
Climatic Change, indica que, de 1961 a 2010, as emissões de GEEs da pecuária em 237 países aumentaram 51%.

Especificamente, os cientistas descobriram que a carne e laticínios de bovinos são responsáveis por cerca de 71% das emissões pecuárias, com 54% vindo da carne e 17%, dos laticínios. Isso é em parte devido à abundância do animal, mas também por causa dos altos níveis de metano que ele emite. As ovelhas são responsáveis por 9% das emissões, os búfalos, por 7%, os porcos, por 5%, e as cabras, 4%.

E muito disso se deve ao aumento da demanda por carne, especialmente em nações em desenvolvimento. A equipe observou uma diferença gritante entre as emissões pecuárias dos países em desenvolvimento, que são mais responsáveis por esse aumento, e as das nações desenvolvidas.

E acredita-se que essa diferença deva aumentar, já que a demanda por carne, laticínios e ovos deve dobrar até 2050 em países em desenvolvimento. As nações desenvolvidas já chegaram ao máximo de suas emissões pecuárias nos anos 1970, e têm diminuído desde então.

"O mundo em desenvolvimento está se tornando melhor em reduzir as emissões de efeito estufa causadas pelos animais, mas essa melhoria não está acompanhando a crescente demanda por carne. Como resultado, as emissões de GEEs da pecuária continuam subindo em boa parte do mundo em desenvolvimento", comentou Dario Cario, pesquisador do estudo.

"Esses hambúrgueres saborosos são os verdadeiros culpados. Seria melhor para o meio ambiente se todos nos tornássemos vegetarianos, mas uma série de melhorias podem ocorrer da ingestão de carne suína ou de frango em vez de bovina", disse Ken Caldeira, que trabalhou com Cario, mas não é autor do trabalho.

Uma terceira pesquisa confirma a declaração de Calderia. Segundo o estudo, também apresentado no 
Climatic Change, as pessoas que comem carne produzem o dobro da quantidade de emissões de GEEs em relação aos veganos devido a suas dietas.

O relatório observou tudo, desde a produção, transporte, armazenamento e cozimento até o descarte de alimentos, que contribui para as emissões de GEEs. Foram avaliadas as dietas de mais de 50 mil pessoas no Reino Unido.

O resultado aponta que as pessoas que comem carne de maneira moderada (50 a 99 gramas de carne por dia), contribuem com 5,63 Kg de dióxido de carbono equivalente (CO2e) para a atmosfera a cada duas mil calorias consumidas, enquanto os veganos contribuem com 2,89 Kg de CO2e.

Os veganos têm as menores emissões de gases do efeito estufa devido à sua dieta, seguidos pelos vegetarianos (3,81 Kg de CO2e), os que consomem apenas carne de peixe (3,91 kg de CO2e) e os que consomem menos de 50 gramas de carne por dia (4,67 kg de CO2e). Já os que comem bastante carne (100 gramas por dia ou mais) geram 7,19 Kg de CO2e.

A pesquisa também menciona que a população do Reino Unido está comendo mais carne do que nunca, tendo passado de um consumo anual de 69,2 kg em 1961 para 84,2 kg de carne por ano atualmente.

"Esse trabalho demonstra que reduzir o consumo de carne e outros produtos de origem animal pode dar uma contribuição valiosa à mitigação das mudanças climáticas", informaram os autores.

Por fim, estimativas do 
Environmental Working Group mostram que, se toda a população dos Estados Unidos adotasse uma dieta vegetariana, seria o equivalente a retirar 46 milhões de carros das ruas, e que se uma pessoa comesse apenas um hambúrguer a menos por semana durante um ano, seria o equivalente a não dirigir seu carro por 514 quilômetros.

De fato, há muito o que uma pessoa pode fazer para tentar reduzir sua pegada de carbono: andar menos de carro, consumir mais produtos que evitem a emissão de GEEs em sua produção e transporte, e consumir mais proteína vegetal e menos animal. Talvez nem todos possam se tornar vegetarianos ou veganos, mas reduzir o consumo de carne já é um primeiro passo para diminuir sua contribuição às mudanças climáticas.

FONTE

Carbono Brasil
Fonte acessada pelo blog: AGROSOFT, publicado em 28-07-2014, seção Economia

28 de julho de 2014

Manacá-da-serra e sua florada espetacular





   Uma planta típica do Bioma Mata Atlântica vem ganhando espaço no paisagismo de outras regiões do Brasil. É o manacá-da-serra, nome científico, Tibouchina mutabilis, família Melastomataceae. 
   As flores de início são brancas, passando à cor violácea e depois ao rosa. Daí o termo mutabilis, que define a espécie.
   Na região da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, onde a espécie foi introduzida faz alguns anos,  o período de floração se estende de abril a novembro. Sendo assim, torna-se uma excelente opção para dar colorido à paisagem, especialmente nos meses mais frios.
     Sobre o porte da planta
   A forma tradicional tem altura que varia de 7 a 12 metros. A variedade anã, também denominada nana, tem altura entre 2 a 3 metros.
     Alguns cuidados
     As mudas requerem bastante cuidado no que se refere à irrigação. Quando plantadas no local definitivo, deve-se irrigar quase que diariamente no primeiro ano pós-plantio, nos períodos mais secos do ano.                                                                               
     Outro manacá
     Em quase todo o Estado do Rio Grande do Sul, ocorre um arbusto conhecido como manacá-de-cheiro ou primavera, nome científico Brunfelsia uniflora. Esta planta é da família botânica Solanaceae.  Tem flores lindas e muito perfumadas. As flores de cor azul-arroxeadas depois ficam brancas. Ambas as cores coexistem na mesma planta, quando em flor.


24 de julho de 2014

Bilhões para a Copa. Saúde e meio ambiente em colapso

Por Darci Bergmann

   Passada a euforia da Copa, a realidade brasileira se mostra dramática. Os bilhões gastos em obras superfaturadas poderiam resolver boa parte dos problemas de saúde e melhorar as condições ambientais de muitas cidades. 
   O pano de fundo de sediar a Copa no Brasil foi a expectativa de que a seleção nacional seria hexacampeã e traria dividendos políticos ao governo. Nada tenho contra o futebol, pois pratiquei esse esporte quando mais jovem. Praticar esportes faz bem à saúde.   O que se discute é a manipulação desse esporte de massas no interesse de magnatas poderosos e de governos que pretendem se perpetuar no poder. Por ironia, na maior parte das cidades, a população já não encontra nem espaços adequados para jogar futebol. Os terrenos 'baldios', onde se localizavam milhares de campinhos de futebol estão em extinção. Eram vistos como áreas de especulação. Os que sobraram são alvos de invasores rotulados como 'trabalhadores sem teto', muitos deles bem vestidos, com celulares de modelos caros. Esses 'trabalhadores' que não trabalham tem todo o tempo de sobra para se articularem e exigirem moradia. Quando são atendidos, logo outros grupos surgem e a ciranda não pára nunca. Transformaram-se num 'movimento social' notoriamente manipulado 
   Assim, as cidades vão inchando cada vez mais, por conta da falta de uma política de planejamento familiar. A poucos dias, num depoimento na televisão, uma dessas 'sem-teto' e mãe de cinco filhos, aparentando no máximo trinta anos, revelou estar grávida do sexto filho. Alegava direito à moradia e exigia que as autoridades resolvessem o problema. Logo seus outros filhos estarão reivindicando moradia também. Sem emprego, filhos pequenos e a prole aumentando, o custo social é jogado ao poder público e este exigirá que a conta deverá ser paga por todos nós, com nossos impostos. Ouvi certa vez de uma adolescente grávida o seguinte: 'não me preocupo com o sustento do filho porque agora tem ajuda do governo'. Em outras palavras: 'se eu não puder sustentar o meu filho, a sociedade que assuma'. 
   O inchaço das cidades e a ocupação crescente de novas áreas não é sinal de desenvolvimento. Talvez seja o prenúncio da derrocada ambiental cada vez mais iminente. 
Os novos projetos habitacionais deveriam pelo menos contemplar sistemas de captação de águas pluviais, aquecimento solar e placas fotovoltaicas para reduzir os impactos decorrentes. Mas isto quase não ocorre porque a demanda por novas moradias é sempre maior. Então é preciso reduzir custos e com prejuízo à qualidade das obras. Muitas delas, tão logo sejam ocupadas, apresentam defeitos que exigem reparos e os custos aumentam.
   Não seria então o caso de se implantar uma política séria de planejamento familiar? Hoje, a ciência médica coloca uma infinidade de opções que permitem à mulher bem orientada evitar uma gravidez indesejável. Mas essas opções parecem não estar ao alcance de uma faixa da população. Seria mais barato para o poder público trabalhar mais a questão social, com planejamento familiar à população de baixa renda.
   Se há dinheiro para estádios pomposos, obras temporárias como algumas só para o período da Copa e propagandas oficiais bilionárias nos meios de comunicação, então deve sobrar algo para aplicar em saúde, planejamento familiar e melhorias ambientais. 
   Por falar em gastos com propagandas oficiais, um conhecido meu disse o seguinte. 'Desconfie dos governos que gastam demais com propagandas. Eles são os que menos fazem pela população'.  
A meu ver parece que a Copa de 2014 mostrou isso. O governo federal desperdiçou bilhões de reais, muitos não rotulados como gastos para a Copa. A mobilização de todo o aparato das forças de segurança, com estadias, combustível e outras despesas de custeio teve um custo altíssimo, que não aparece nas contas oficiais. 
E mais um problema de saúde agora se escancara: o dos hospitais filantrópicos, que trabalham no prejuízo, porque o governo federal, esse das propagandas bilionárias, não faz o ressarcimento justo dos serviços por eles prestados.  
Acorda Brasil. Mudar é preciso.