16 de agosto de 2012

Negociata de terras; advogado encaminha representação ao MPF



    A anunciada negociação de terras entre a Universidade Federal de Santa Maria e o INCRA, para favorecer o MST, motivou o advogado Gastão Bertim Ponsi a propor representação junto ao Ministério Público Federal, em Santa Maria-RS.
Veja na íntegra os termos da ação.



MINISTÉRIO PÚBLICO  FEDERAL  SANTA MARIA







GASTÃO PONSI ADVOGADOS, com registro junto a OAB/RS sob nº 4549, com escritórios na cidade de São Borja na Rua Aparício Mariense, 1959  e, em Santa Maria, no Calçadão Salvador Isaias, segundo andar do Santa Maria Shopping, sala 211, representado pelo sócio proprietário GASTÃO BERTIM PONSI, brasileiro, advogado, inscrito na OAB/RS sob nº 33.928, vem perante V. Sa., com fundamento nos artigos 127, 129,  art. 5º, incisos XXXIV, “a”, da  Constituição Federal.


A utilização de bens públicos deve observar as formas prescritas em lei sob pena de violação aos princípios constitucionais da legalidade e da moralidade no âmbito da administração pública.

A imprensa da cidade de São Borja noticia o fato de a Universidade Federal de Santa Maria, estar transferindo propriedade rural para o INCRA com objetivo de realizar assentamento de “sem-terras”, segundo consta levado a efeito pelo Sr. Danilo Rheinheimer do Santos (Diretor da FEPAGRO) e professor da UFSM que, diga-se, já é pessoa conhecida na rede mundial de computadores, como exemplo (http://polibiobraga.blogspot.com.br/2012_03_24_archive.html):

Servidores estão em pé de guerra na Fepagro. Denúncias podem derrubar presidente Danilo dos Santos.

- O secretário da Agricultura, Luiz Mainardi, receberá esta semana os servidores. Se eles não forem atendidos, os passos seguintes serão o Ministério Público e a Assembléia. As maiores queixas relacionam-se com o modo autoritário com que trabalham os diretores e seus assessores do PT.

Assédio moral, coerção, improbidade administrativa, contratos lesivos ao erário público, entre outros, são algumas das justificativas apontadas pelos servidores para exigirem a saída do diretor-presidente Danilo Rheinheimer dos Santos e do diretor administrativo Felipe Ortiz. Em repúdio aos acontecimentos, todos os comissionados pretendem entregar seus cargos e FG’s na próxima terça-feira, mostrando descontentamento com os rumos dos acontecimentos.

. Na última terça-feira, após assembleia geral, no auditório da instituição, todos os servidores foram na Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio numa última tentativa te obterem uma audiência com o secretário Luiz Fernando Mainardi, após passado o prazo legal para manifestação deste (após entrega de documento com denúncias). Na oportunidade foram recebidos pelo secretário substituto Claudio Fiorezze. Na quinta-feira, o mesmo documento foi protocolo na Casa Civil para entrega ao governador Tarso Genro.

. Na tarde desta sexta-feira, a entidade representativa dos servidores convocou uma reunião para discutir a conduta durante a audiência com o secretario Mainardi na próxima terça.Segundo os servidores, várias irregularidades vêm sendo realizadas como a contratação, via dispensa de licitação, de uma empresa para trabalhar na área de informática  num valor R$ 125 mil por um contrato de seis meses. Vale lembrar que o servidor que atuava no setor foi deslocado para outra área da instituição e outros dois concursados ainda não foram chamados. Os salários dos três servidores ficariam bem abaixo destes valores.
                
. Pesquisadores têm dificuldades para viajar e acompanhar seus experimentos. Os deslocamentos são acompanhados com mão-de-ferro pelo diretor administrativo.

. Na contramão das proibições o mesmo utiliza os veículos oficiais para uso pessoal, inclusive com frequentes viagens a Santana do Livramento, sempre acompanhado. Pesquisadores com pós-doutorado aprovados no último concurso foram coagidos a aceitar transferência para unidades de pesquisa do Interior onde não há sequer telefone, muito menos computadores e laboratórios. Outros foram obrigados a mudar de área de pesquisa, abandonando trabalhos em andamento. Tudo isto sob ameaça do diretor-presidente da instituição.
              
. Preocupados com a segurança da instituição, os diretores colocaram câmeras de vigilância, estão em tratativas para colocar catracas nas entradas, ponto biométrico, entre outros. Enquanto isso não temos serviço de limpeza (vivemos num ambiente sujo, laboratórios contam com a colaboração dos técnicos para mantê-los com o mínimo de higiene), vigilância (qualquer pessoa entra e sai da Fepagro sem ser visto),  além de não termos copos para água nos bebedouros e, em seguida, não teremos papel higiênico nos banheiros.”

Transcreve-se, a íntegra de texto extraído da rede mundial de computadores (endereço eletrônico: http://darcibergmann.blogspot.com.br/) que ilustra os fatos que ora se apresentam ao Ministério Público Federal para as providências necessária.

“Por Darci Bergmann

A rumorosa, escandalosa e ilegal tentativa de assentamento de 23 famílias em terras da Universidade Federal de Santa Maria -UFSM não tem amparo legal. É uma afronta à Lei e ao bom senso. Fere os interesses da comunidade regional da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. E mais: revela uma tentativa escabrosa de transferir terras públicas destinadas ao ensino e à pesquisa a pessoas recrutadas pelo Movimento dos Sem Terra - MST, que promoveu, até o momento, ocupação simbólica da gleba, localizada no 1º Distrito de São Borja. 
O esquema estava sendo articulado pelo atual presidente da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - FEPAGRO, pessoas ligadas à reitoria da UFSM e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. O MST sabia de todas as tratativas e logo mandou dois emissários para iniciarem a ocupação da gleba para tentar consumar o fato. Foi hasteada uma bandeira do MST numa das casas antes ocupadas pela FEPAGRO. A unidade da FEPAGRO de São Borja recebia ordens da presidência do órgão para que preparasse o local, visando receber os 'assentados' indicados pelo MST, com o aval do INCRA, que daria o respaldo aparentemente legal da 'transação'. Em outras palavras, o INCRA receberia as terras e faria o assentamento dos indicados pelo MST.
 É estranho que a reitoria da UFSM tenha chegado ao ponto de se envolver em transação que fere o decreto-lei n° 707, de 25 de julho de 1969. Não só isso, a tradição e a imagem da UFSM ficarão prejudicadas, em se confirmando a negociata das terras. Vai para o esgoto o sonho do maior impulsionador da UFSM, reitor José Mariano da Rocha, a cujos méritos se deve a obtenção da gleba que agora querem privatizar, com finalidade diferente da que foi estabelecida na doação.
Não se alegue que a comunidade de São Borja estava omissa. Há tempos amplos setores da comunidade local e regional já vinham discutindo uma ação conjunta de ensino e pesquisa na área. A própria UFSM poderia participar ou até repassar as terras para a UNIPAMPA, Instituto Federal Farroupilha, UERGS e ainda à FEPAGRO. Assim ficaria mantida a finalidade da área, estabelecida de forma clara no decreto lei nº 707, de 25 de julho de 1969.
 Em 2011, o COREDE da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, já propunha que a UERGS recebesse pelo menos 50 hectares das terras da UFSM. Depois, num projeto elaborado pelo coordenador da UERGS em São Borja, professor e doutor Alberto Mairesse, a própria UERGS solicitou o repasse de 106 hectares. Antes disso, a ACISB- Associação Comercial, Industrial, de Prestação de Serviços e Agropecuária de São Borja, com apoio do SEBRAE, elaborou um  plano chamado Rumos de São Borja, onde a gleba da UFSM estaria envolvida num amplo projeto de ensino e pesquisa. Em tudo isso haveria a participação de municípios da região, órgãos estaduais como a FEPAGRO e federais como a UNIPAMPA, Instituto Federal Farroupilha e a EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
 Concluo essa matéria com a transcrição do decreto-lei nº707, de 25 de julho de 1969

DECRETO-LEI Nº 707, DE 25 DE JULHO DE 1969.

Transfere áreas de terras da União para a Universidade Federal de Santa Maria.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o § 1º do artigo 2º, do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968,
CONSIDERANDO a necessidade de instituir cursos de formação de recursos humanos que atendem ao desenvolvimento agropastorial da região da fronteira-oeste, no Estado do Rio Grande do Sul;
CONSIDERANDO que a Estação Experimental Fitotécnica de São Borja dispõe de serviços e instalações que podem associar, mediante convênio, as atividades de pesquisa e ensino, para as formações profissionais de nível superior; e
CONSIDERANDO o que requereu o Govêrno do Estado do Rio Grande do Sul, no processo nº 246.874-68;

DECRETA:

Art. 1º São transferidas, de pleno direito, para a Universidade Federal de Santa Maria, o domínio e a posse de quatrocentos e trinta e quatro (434) hectares, dez (10) ares e quarenta e oito (48) centiares, de terra de campo e agricultura, que a União adquiriu por escrituras públicas, respectivamente, de 23 de abril de 1933, de 30 de agôsto de 1938 e 12 de dezembro de 1952, transcrita sob números 1.201, do Livro 3-J, 3.277, do Livro 3-L, e 11.819, no Livro 3-X, do Registro de Imóveis de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul.
Art. 2º As áreas de que trata o artigo 1º serão aproveitadas para a formação, através do ensino e da pesquisa, de recursos humanos destinados ao desenvolvimento regional em área geo-educacional da Universidade Federal de Santa Maria.
Art. 3º Fica a Universidade Federal de Santa Maria autorizada a celebrar convênio com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, para utilizar, em trabalhos experimentais, os serviços e instalações da Estação Experimental Fitotécnica de São Borja.
Art. 4º É, ainda, a Universidade Federal de Santa Maria autorizada a promover a transcrição, no Registro de Imóveis competente, a transferência de que trata êste Decreto-lei.
Art. 5º Revogadas as disposições em contrário, o presente Decreto-lei entrará em vigor à data de sua publicação.
Brasília, 25 de julho de 1969; 148º da Independência e 81º da República.

A. COSTA E SILVA
Antônio Delfim Netto
Tarso Dutra”

Vê-se, assim que o objetivo da transferência da gleba de terras rurais à Universidade Federal do Rio Grande do Sul está lavrado no decreto retro transcrito.

A possível transferência soa como desvio de finalidade e outros enquadramento correlatos que possam ser objeto de análise do MPF.

Afirma mais, o engenheiro agrônomo Darci Bergmann em seu blog:

“Por Darci Bergmann

Uma gleba de terras de 400 hectares localizada em São Borja-RS foi cedida ao INCRA pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM com a finalidade de assentar 23 famílias ligadas ao MST.
Há mais de 40 anos as terras, que pertenciam ao Ministério da Agricultura, foram repassadas para a UFSM, por solicitação de José Mariano da Rocha, então reitor. A área deveria sediar um campus universitário e falava-se até na criação de uma Universidade das Américas. Por muitos anos a gleba foi administrada pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - FEPAGRO. A falta de investimentos fez com que a FEPAGRO devolvesse as terras à UFSM.
Curiosamente, quando da instalação de um campus da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA, as terras da UFSM não foram repassadas à nova instituição de ensino. O mesmo aconteceu depois com a instalação em São Borja de outra instituição federal - o Instituto Federal Farroupilha. Nem a Universidade Estadual do Rio Grande Sul - UERGS foi contemplada com algum quinhão.

Existem terras particulares para assentamentos do INCRA

As 23 famílias que estão em fase de assentamento na antiga gleba da UFSM poderiam ocupar outras glebas em oferta na região. O assunto causou polêmica em muitos setores, uma vez que algumas entidades já vinham se mobilizando para que a gleba de terra tivesse mantida a sua finalidade para educação e pesquisa. É bom lembrar que a pouco mais de 80 Km de São Borja, em Itaqui, tem um campus da UNIPAMPA onde funcionam cursos de Agronomia e Nutrição que também poderiam ocupar partes das terras da UFSM.

Educação e pesquisa também geram empregos. 

Se a argumentação é assentar pessoas desempregadas, algumas notoriamente sem vinculação com a terra, melhor seria promover o emprego com a criação de cursos técnicos e centros de pesquisa, integrando as instituições públicas - União, Estado e Município de São Borja. Sem demérito aos assentados, recrutados entre a população urbana e rural de vários municípios, a maneira como a transação foi feita cheira a algo muito estranho.

 A questão mereceria ser apreciada pelo Ministério Público Federal?

Há muitas pessoas que entendem que a questão deveria ser objeto de uma interferência do Ministério Público Federal. Como admitir que a UFSM não tenha repassado às suas coirmãs também federais as terras? Como admitir que a UFSM não tenha projetos e nunca se interessou em encontrar alternativas quando a FEPAGRO lhe devolveu a gleba? Que tipo de ideologia percorre a intelectualidade de uma massa crítica universitária que se mostrou incompetente e omissa em buscar parcerias para alavancar projetos na área de ensino e pesquisa? Uma vez que a finalidade das terras repassadas à UFSM e agora cedidas ao INCRA tinham a finalidade única de ensino e pesquisa, essas questões afloram nas mentes de muitas pessoas.

Quem teria sido o mentor da transação das terras públicas da UFSM em São Borja?

Recebi informações de que as tratativas para a transação foram articuladas pelo diretor presidente da FEPAGRO e também professor da UFSM, Danilo Rheinheimer dos Santos.O assunto vinha sendo tratado com certo sigilo.  A esta pessoa se atribui também a investida contra outras parcerias que a unidade da FEPAGRO de São Borja mantém com a Prefeitura. Uma delas seria a retirada da Casa do Mel, mantida por um convênio entre Município, FEPAGRO e Associação dos Apicultores de São Borja. Até um leigo sabe da importância das abelhas na polinização das plantas, aumentando a sua produtividade. A 'casa do mel' foi uma antiga reivindicação da comunidade. Parece que um ar de superioridade e arrogância contaminou esse nomeado político que agora preside a FEPAGRO. Ele não teria recebido pessoas da Prefeitura de São Borja para tratarem da questão das parcerias e outras formas de aproveitamento das terras da UFSM em um amplo projeto envolvendo diversas instituições locais.

A questão ambiental nas terras que pertenciam à UFSM em São Borja

Em outra matéria deste blog já foi relatada a ação ambiental desenvolvida pela ASPAN, e por mim também, em parte das terras que então pertenciam à UFSM. Igualmente a Patrulha Ambiental - PATRAM fez muitas solturas de animais silvestres ali e no meu sítio. Ainda muitas vezes fiz diligências contra as queimadas, mobilizando até voluntários para que o fogo não atingisse áreas maiores. Sempre nessas diligências, e até de forma preventiva, a Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural colaborou com algum recurso financeiro na implantação de aceiros e outras medidas de prevenção às queimadas e à caça ilegal.
Resta saber como vai ficar esse santuário da vida silvestre a partir de agora. Ao INCRA cabe a tarefa de passar instruções aos assentados, entre elas as que demandam o respeito ao meio ambiente, não só das glebas dos assentados, como no seu entorno.”

Por sua vez o Engenheiro Agrônomo Luiz Alberto Silveira Mairesse, em seu blog, trata do assunto, elucidando mais, o que denomina de “negociata”, na rede mundial de computadores, endereço eletrônico: (http://www.ciencialivre.pro.br/127960.html).

“DILMA E TARSO QUEREM PRIVATIZAR ÁREAS PÚBLICAS NO RS
Luiz Alberto Silveira Mairesse*

*Engº Agrº, Mestre e Doutor em Agronomia
Pesquisador Aposentado da Fepagro; Professor Universitário; Conselheiro do Conselho de Informações sobre Biotecnologia-CIB-SP; Presidente do Movimento pela Ciência Livre - São Borja, 02 de fevereiro de 2012.

Para não se dizer que não se falou de carnaval, numa época em que a maioria dos brasileiros só pensa na folia, estamos diante de um verdadeiro ?Samba do Crioulo Doido?, composição do jornalista Sérgio Porto, sob pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta (1968), que ridicularizava os sambas-enredo das escolas de samba. A expressão do titulo logo serviu para caracterizar o Brasil da incoerência, das coisas sem nexo, das condições absurdas e do surrealismo. Nos dias de hoje, em que desde a suposta extrema esquerda até a dita extrema direita se unem para governar o País, com  indisfarçáveis interesses que não os nossos, como esperar soluções por quem não se preocupa realmente com os problemas brasileiros e por isto desconhece os mesmos? Como entender este enredo doido?
Mas como estamos tratando de Rio Grande do Sul, ao invés do Samba do Crioulo Doido, se compõe o Vanerão do Gaúcho Bunda-mole, uma parceria do Governo do Estado com o Governo Federal. Numa clara demonstração de desconhecimento total de nossas reais necessidades, Tarso e Dilma se unem para privatizar (?O que é isto, companheiro! ?) uma área pública no município de São Borja, que envolve interesses de uma população de centenas de milhares de pessoas, além de dezenas de milhares de produtores rurais; abrangendo uma extensa região, onde praticamente não há pesquisa agrícola, fator negativo mais crucial, que emperra o desenvolvimento desta parte mais pobre do RS.
Pasmem! O isolado centro de pesquisas da Fepagro em São Borja, atualmente com apenas um pesquisador, que também é o diretor do mesmo, está completamente defasado e sucateado, com somente 8 funcionários, destes, 5 com aposentadoria imediata. Hoje a atividade principal é cuidar dos experimentos planejados e montados pela Embrapa de Passo Fundo. Esta que já foi uma das mais importantes estações experimentais do Estado, com mais de 30 funcionários, quando certamente não era por coincidência que São Borja detinha o título de Capital da Produção, hoje está penando em praça pública, como penando está toda essa vasta região já referida acima. E obedecendo a política (tema) do vanerão do gaúcho acovardado, continuamos sucateando nossas instituições estaduais, para depois dizer que não servem para nada e por isto é preciso entregar. (Desafia-se quem conseguir encontrar uma só instituição estadual que não esteja defasada ou sucateada) Pois em lugar de recuperar o Centro da Fepagro em São Borja, de interesse vital para o RS, o Governo do Estado e o Governo Federal resolvem tornar proprietários de mais de 80% da estação experimental (430 ha) 20 agricultores ligados ao MST, inviabilizando definitivamente a pesquisa agrícola e um projeto recente da comunidade da Região, envolvendo a UERGS, UNIPAMPA, Instituto Farroupilha e FEPAGRO. O projeto, além de criar na área campus destas duas universidades e recuperar a FEPAGRO, já iniciou tratativas com universidades argentinas para parcerias em ensino, pesquisa e extensão, integrando efetivamente nossa região ao MERCOSUL. Como então realizar tudo isto, se os pouco mais de 100 ha de terras, que ficariam com a FEPAGRO, estarão ainda mais reduzidos em função do Código Florestal? Um centro de pesquisas necessita dispor no mínimo de 300 ha; e até muito mais, dependendo das necessidades, tipos de pesquisa e características regionais. Assim, nem mesmo a recuperação da FEPAGRO será possível, até porque para isto é também indispensável a integração proposta pela comunidade da Região. Cai então por terra as parcerias com universidades estrangeiras do Mercosul (Pasmem: prioridade do Governo-Tarso, para enlouquecer de vez!), quando nada teremos a oferecer no MERCOSUL senão o exemplo da decadência dos gaúchos do RS, cujas façanhas hoje envergonham nossos ancestrais;  e convidar nossos ?hermanos gauchos? para as efemérides dos farrapos, quando então cantaremos na Semana Farroupilha uma outra canção, em substituição a este hino que não estamos sabendo honrar. E quem minimizar a questão, achando que o problema de São Borja é um fato isolado, saiba que o que está por acontecer nesta região, de uma forma ou de outra, é parte de um conjunto de fatos negativos, que estão destruindo nosso Estado desde há mais de 40 anos, por conta de governos que trocaram o pioneirismo e a capacidade empreendedora do gaúcho de outrora, pelo paternalismo e dependência do Governo Federal. Nosso receio é que depois de consumado o absurdo em São Borja, o precedente faça com que o Governo do Estado ressuscite a Lei, ainda em vigor, do tempo do Governo Collares, que destinou 70% da área de cada estação experimental do Estado para ?fins de reforma agrária?. Posto inicialmente em prática na época, o projeto demonstrou ser catastrófico e foi paralisado por Collares, para evitar o fim do Departamento de Pesquisa da Secretaria da Agricultura do RS, hoje FEPAGRO. Mas o ?ovo da serpente? ainda está lá, a espera de uma chocadeira gaúcha, que se entregou ?pros home? de qualquer maneira.
De uns tempos para cá nossas ?façanhas? têm servido apenas como péssimo exemplo para os demais estados, quando saímos da condição de Celeiro do Brasil para a categoria de ?estado mendigo?, que nada mais anseia do que pedir ajuda do Governo Federal, que na verdade representa os interesses dos estados mais industrializados do País. Como a agropecuária e agroindústria do RS competem no MERCOSUL, interessa ao Governo ?Federal? importar dos países vizinhos o que se produz no RS, em troca dos produtos industrializados, principalmente de São Paulo. Por isto há que desestimular nossa pesquisa estadual, para que não atrapalhe o interesse da indústria dos estados politicamente líderes.
E para compor o nosso vanerão colocamos como fundo o ?canto-da-sereia? do Governo ?Federal?, que ao nos dar o que costumávamos conquistar, nos leva cada vez mais à condição de Corredor do MERCOSUL. Ao enfraquecer e sucatear cada vez mais nossas instituições estaduais, em troca do apoio das instituições federais, cujos interesses não são os nossos, perdemos ano a ano nossa capacidade competitiva.
 A proposta de entregar mais de 80% de um centro de pesquisa, cuja área pertence ao Governo Federal, UFSM (outros quase 20% são do Estado), além de inviabilizar o Plano de Desenvolvimento Regional, liderado pelo projeto Rumos de São Borja, nem mesmo resolve o problema das duas dezenas de trabalhadores sem-terra. Como já se conhecem os resultados de uma reforma agrária que pouco vai além da simples divisão de terras, certamente esses 20 agricultores teriam muito mais chances de crescer, com a implantação do projeto de desenvolvimento econômico e social discutido e elaborado pela comunidade da Região de São Borja.
Infelizmente, mesmo em época de Carnaval, não temos como evitar dizer que nem Samba do Crioulo Doido, nem tampouco o Vanerão do Gaúcho Bunda-mole descrevem esta incrível situação que se delineia com esse projeto Tarso-Dilma, se não conseguirmos reverter esta surrealista proposta de enterrar definitivamente os anseios de uma imensa população. Tudo em troca de uma pseudo-salvação de duas dezenas de agricultores, que além de enfrentar a falta de recursos, não disporão de tecnologia gerada pela pesquisa da Região, para sobreviverem no campo.
Mas, apesar de tudo, temos que ser otimistas, acreditando que nossos deputados gaúchos ainda não tomaram conhecimento dos fatos relatados, pois, independentemente de posição partidária, o Rio Grande do Sul precisa de nossos representantes, para abortar de vez esta proposta absurda, para que possamos dar andamento aos projetos de recuperação e desenvolvimento de nossa região, abrindo as portas do MERCOSUL, com evidente repercussão para todo o Estado. Afinal, não queremos o nosso Estado partido, mas inteiro, unido.
_____________________________________________________________________
Notas do Blog: 1) Conforme matérias já publicadas neste blog, sou inteiramente a favor da manutenção das áreas da UFSM e Fepagro para a finalidade de pesquisa. Com base no atual Código Florestal, 20% da gleba deverá ser destinada à Reserva Legal, o que também representa possibilidade de pesquisa.
2) O sucateamento da Fepagro-Cereais em São Borja é notório e se contrapõe ao desejo da comunidade regional desta parte da Fronteira Oeste do Estado.
3) A recuperação do setor de pesquisa representa possibilidade de empregos, em vários níveis, em número maior do que a simples divisão das terras e assentamento de algumas famílias. Um assentamento, com 20 famílias, já foi feito na maior parte da área da FEPAGRO, em São Borja, ao tempo do governo Collares. Na sua plenitude, a Fepagro Cereais tinha quase 40 funcionários.
4) Uma parte das terras do chamado 'Campo de Sementes' (Fepagro e UFSM), contém nascentes. É um divisor de águas. A parte mais ao Leste tem nascentes que depois se transformam em pequenos riachos e daí a Sanga da Estiva, que desemboca no Rio Uruguai, pouco acima do ponto de captação de água da CORSAN, que abastece São Borja.
É de suma importância a preservação ambiental dessas áreas no interesse da qualidade da água destinada à população.
A parte mais a Oeste tem nascente que remete ao complexo do Banhado Grande e dali ao Banhado do Jacaré, já fora do 'Campo de Sementes'. Esses ecossistemas complexos já foram bastante alterados pelas dragagens e atividades agropastoris.

Diante de tais ocorrências, leva-se ao conhecimento do Ministério Público Federal, para que dentro de suas prerrogativas e funções analise os fatos, busque informações e/ou diligencie no sentido de averiguar a existência de desvio de finalidade, infração aos princípios da legalidade e moralidade, bem como improbidade administrativa.

Ficamos no aguardo de providências e à disposição para prestar maiores informações e documentos.

São Borja, 13 de agosto de 2012.



Dr. GASTÃO BERTIM PONSI
OAB/RS 33.928

7 de agosto de 2012

Negociata com terras públicas é uma afronta à Lei


Por Darci Bergmann

     A rumorosa, escandalosa e ilegal tentativa de assentamento de 23 famílias em terras da Universidade Federal de Santa Maria -UFSM não tem amparo legal. É uma afronta à Lei e ao bom senso. Fere os interesses da comunidade regional da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. E mais: revela uma tentativa escabrosa de transferir terras públicas destinadas ao ensino e à pesquisa a pessoas recrutadas pelo Movimento dos Sem Terra - MST, que promoveu, até o momento, ocupação simbólica da gleba, localizada no 1º Distrito de São Borja. 
   O esquema estava sendo articulado pelo atual presidente da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - FEPAGRO, pessoas ligadas à reitoria da UFSM e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. O MST sabia de todas as tratativas e logo mandou dois emissários para iniciarem a ocupação da gleba para tentar consumar o fato. Foi hasteada uma bandeira do MST numa das casas antes ocupadas pela FEPAGRO. A unidade da FEPAGRO de São Borja recebia ordens da presidência do órgão para que preparasse o local, visando receber os 'assentados' indicados pelo MST, com o aval do INCRA, que daria o respaldo aparentemente legal da 'transação'. Em outras palavras, o INCRA receberia as terras e faria o assentamento dos indicados pelo MST.
    É estranho que a reitoria da UFSM tenha chegado ao ponto de se envolver em transação que fere o decreto-lei n° 707, de 25 de julho de 1969. Não só isso, a tradição e a imagem da UFSM ficarão prejudicadas, em se confirmando a negociata das terras. Vai para o esgoto o sonho do maior impulsionador da UFSM, reitor José Mariano da Rocha, a cujos méritos se deve a obtenção da gleba que agora querem privatizar, com finalidade diferente da que foi estabelecida na doação.
    Não se alegue que a comunidade de São Borja estava omissa. Há tempos amplos setores da comunidade local e regional já vinham discutindo uma ação conjunta de ensino e pesquisa na área. A própria UFSM poderia participar ou até repassar as terras para a UNIPAMPA, Instituto Federal Farroupilha, UERGS e ainda à FEPAGRO. Assim ficaria mantida a finalidade da área, estabelecida de forma clara no decreto lei nº 707, de 25 de julho de 1969.
     Em 2011, o COREDE da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, já propunha que a UERGS recebesse pelo menos 50 hectares das terras da UFSM. Depois, num projeto elaborado pelo coordenador da UERGS em São Borja, professor e doutor Alberto Mairesse, a própria UERGS solicitou o repasse de 106 hectares. Antes disso, a ACISB- Associação Comercial, Industrial, de Prestação de Serviços e Agropecuária de São Borja, com apoio do SEBRAE, elaborou um  plano chamado Rumos de São Borja, onde a gleba da UFSM estaria envolvida num amplo projeto de ensino e pesquisa. Em tudo isso haveria a participação de municípios da região, órgãos estaduais como a FEPAGRO e federais como a UNIPAMPA, Instituto Federal Farroupilha e a EMBRAPA- Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
     Concluo essa matéria com a transcrição do decreto-lei nº707, de 25 de julho de 1969



DECRETO-LEI Nº 707, DE 25 DE JULHO DE 1969.

  Transfere áreas de terras da União para a Universidade Federal de Santa Maria.


O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da atribuição que lhe confere o § 1º do artigo 2º, do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968,

CONSIDERANDO a necessidade de instituir cursos de formação de recursos humanos que atendem ao desenvolvimento agropastorial da região da fronteira-oeste, no Estado do Rio Grande do Sul;

CONSIDERANDO que a Estação Experimental Fitotécnica de São Borja dispõe de serviços e instalações que podem associar, mediante convênio, as atividades de pesquisa e ensino, para as formações profissionais de nível superior; e

CONSIDERANDO o que requereu o Govêrno do Estado do Rio Grande do Sul, no processo nº 246.874-68;

DECRETA:

Art. 1º São transferidas, de pleno direito, para a Universidade Federal de Santa Maria, o domínio e a posse de quatrocentos e trinta e quatro (434) hectares, dez (10) ares e quarenta e oito (48) centiares, de terra de campo e agricultura, que a União adquiriu por escrituras públicas, respectivamente, de 23 de abril de 1933, de 30 de agôsto de 1938 e 12 de dezembro de 1952, transcrita sob números 1.201, do Livro 3-J, 3.277, do Livro 3-L, e 11.819, no Livro 3-X, do Registro de Imóveis de São Borja, Estado do Rio Grande do Sul.

Art. 2º As áreas de que trata o artigo 1º serão aproveitadas para a formação, através do ensino e da pesquisa, de recursos humanos destinados ao desenvolvimento regional em área geo-educacional da Universidade Federal de Santa Maria.

Art. 3º Fica a Universidade Federal de Santa Maria autorizada a celebrar convênio com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, para utilizar, em trabalhos experimentais, os serviços e instalações da Estação Experimental Fitotécnica de São Borja.

Art. 4º É, ainda, a Universidade Federal de Santa Maria autorizada a promover a transcrição, no Registro de Imóveis competente, a transferência de que trata êste Decreto-lei.

Art. 5º Revogadas as disposições em contrário, o presente Decreto-lei entrará em vigor à data de sua publicação.

Brasília, 25 de julho de 1969; 148º da Independência e 81º da República.

A. COSTA E SILVA
Antônio Delfim Netto
Tarso Dutra

3 de agosto de 2012

UFSM: Área de 400 hectares foi alvo de negociata

Desde 29 de julho de 2012 nesta casa tremula uma bandeira do MST.
Antes o local abrigava a família de um funcionário da FEPAGRO, em São Borja - RS,
numa gleba da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM.
As terras pertenciam ao Ministério da Agricultura e foram doadas
à UFSM para implantar um campus universitário e talvez um dia a
'Universidade das Américas'
Foto: Darci Bergmann, 03/08/2012. 

Por Darci Bergmann


Uma gleba de terras de 400 hectares localizada em São Borja-RS foi cedida ao INCRA pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM com a finalidade de assentar 23 famílias ligadas ao MST.
Há mais de 40 anos as terras, que pertenciam ao Ministério da Agricultura, foram repassadas para a UFSM, por solicitação de José Mariano da Rocha, então reitor. A área deveria sediar um campus universitário e falava-se até na criação de uma Universidade das Américas. Por muitos anos a gleba foi administrada pela Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária - FEPAGRO. A falta de investimentos fez com que a FEPAGRO devolvesse as terras à UFSM.
Curiosamente, quando da instalação de um campus da Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA, as terras da UFSM não foram repassadas à nova instituição de ensino. O mesmo aconteceu depois com a instalação em São Borja de outra instituição federal - o Instituto Federal Farroupilha. Nem a Universidade Estadual do Rio Grande Sul - UERGS foi contemplada com algum quinhão.

Existem terras particulares para assentamentos do INCRA

As 23 famílias que estão em fase de assentamento na antiga gleba da UFSM poderiam ocupar outras glebas em oferta na região. O assunto causou polêmica em muitos setores, uma vez que algumas entidades já vinham se mobilizando para que a gleba de terra tivesse mantida a sua finalidade para educação e pesquisa. É bom lembrar que a pouco mais de 80 Km de São Borja, em Itaqui, tem um campus da UNIPAMPA onde funcionam cursos de Agronomia e Nutrição que também poderiam ocupar partes das terras da UFSM.

Educação e pesquisa também geram empregos. 

Se a argumentação é assentar pessoas desempregadas, algumas notoriamente sem vinculação com a terra, melhor seria promover o emprego com a criação de cursos técnicos e centros de pesquisa, integrando as instituições públicas - União, Estado e Município de São Borja. Sem demérito aos assentados, recrutados entre a população urbana e rural de vários municípios, a maneira como a transação foi feita cheira a algo muito estranho.

 A questão mereceria ser apreciada pelo Ministério Público Federal?

Há muitas pessoas que entendem que a questão deveria ser objeto de uma interferência do Ministério Público Federal. Como admitir que a UFSM não tenha repassado às suas coirmãs também federais as terras? Como admitir que a UFSM não tenha projetos e nunca se interessou em encontrar alternativas quando a FEPAGRO lhe devolveu a gleba? Que tipo de ideologia percorre a intelectualidade de uma massa crítica universitária que se mostrou incompetente e omissa em buscar parcerias para alavancar projetos na área de ensino e pesquisa? Uma vez que a finalidade das terras repassadas à UFSM e agora cedidas ao INCRA tinham a finalidade única de ensino e pesquisa, essas questões afloram nas mentes de muitas pessoas.

Quem teria sido o mentor da transação das terras públicas da UFSM em São Borja?

Recebi informações de que as tratativas para a transação foram articuladas pelo diretor presidente da FEPAGRO e também professor da UFSM, Danilo Rheinheimer dos Santos.O assunto vinha sendo tratado com certo sigilo.  A esta pessoa se atribui também a investida contra outras parcerias que a unidade da FEPAGRO de São Borja mantém com a Prefeitura. Uma delas seria a retirada da Casa do Mel, mantida por um convênio entre Município, FEPAGRO e Associação dos Apicultores de São Borja. Até um leigo sabe da importância das abelhas na polinização das plantas, aumentando a sua produtividade. A 'casa do mel' foi uma antiga reivindicação da comunidade. Parece que um ar de superioridade e arrogância contaminou esse nomeado político que agora preside a FEPAGRO. Ele não teria recebido pessoas da Prefeitura de São Borja para tratarem da questão das parcerias e outras formas de aproveitamento das terras da UFSM em um amplo projeto envolvendo diversas instituições locais.

A questão ambiental nas terras que pertenciam à UFSM em São Borja

Em outra matéria deste blog já foi relatada a ação ambiental desenvolvida pela ASPAN, e por mim também, em parte das terras que então pertenciam à UFSM. Igualmente a Patrulha Ambiental - PATRAM fez muitas solturas de animais silvestres ali e no meu sítio. Ainda muitas vezes fiz diligências contra as queimadas, mobilizando até voluntários para que o fogo não atingisse áreas maiores. Sempre nessas diligências, e até de forma preventiva, a Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural colaborou com algum recurso financeiro na implantação de aceiros e outras medidas de prevenção às queimadas e à caça ilegal.
Resta saber como vai ficar esse santuário da vida silvestre a partir de agora. Ao INCRA cabe a tarefa de passar instruções aos assentados, entre elas as que demandam o respeito ao meio ambiente, não só das glebas dos assentados, como no seu entorno.
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Leia também:
Dilma e Tarso querem privatizar áreas públicas no RS
A Universidade não fez. A natureza e voluntários estão fazendo uma parte
O Estado e a degradação ambiental 



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20 de julho de 2012

Revolução das bicicletas completa cinco anos em Paris



Por Júlio Godoy


Em cinco anos, 138 milhões de pessoas usaram as 23 mil bicicletas de aluguel de Paris, sistema que conta com 225 mil assinantes em uma população urbana de 2,3 milhões.
PARIS, França, 16 de julho de 2012 (Tierramérica).- Em julho de 2007, muitos habitantes da capital francesa riram de seu prefeito, Bertrand Delanoë, quando anunciou a criação de um sistema público de aluguel de bicicletas, destinado a reduzir o tráfego de veículos automotores em Paris. Nos primeiros meses do serviço, denominado Vélib’, das palavras “vélo” (bicicleta em francês coloquial) e “liberté” (liberdade), os céticos pareciam ter razão. Enquanto a maioria dos parisienses desdenhava das pesadas bicicletas públicas, de 23 quilos, outros as destruíam ou as roubavam. 


Durante o primeiro ano oito mil desapareceram e outras 16 mil sofreram vandalismo, segundo informação oficial. Outros inconvenientes desestimulavam o ciclismo urbano cotidiano: a exigência de assinatura, o preço elevado do serviço, o esforço físico que no verão produz efeitos secundários indesejáveis para uma população famosa pelo esmero com sua aparência pessoal, e o caótico trânsito de Paris, temido por seus altos riscos.



E, apesar de tudo, o Vélib’ completou seus primeiros cinco anos no dia 14, e também comemora um êxito inegável: nesse prazo, 138 milhões de pessoas utilizaram as 23 mil bicicletas de aluguel e o sistema conta com 225 mil assinantes em uma população urbana de 2,3 milhões de pessoas. Além disso, nesse período, apenas seis pessoas morreram em acidentes de trânsito envolvendo uma bicicleta de aluguel. O sistema também ganhou adeptos: 31 comunidades do entorno de Paris se associaram ao Vélib’, que serve de modelo para outras 34 cidades francesas.



A administração de Paris afirma, inclusive, que o Vélib’ se oferece como exemplo para um desenvolvimento semelhante em várias cidades do mundo, desde a australiana Melbourne até a norte-americana São Francisco. Em 2011, o sistema alcançou seu nível de rentabilidade, e seguramente dará lucro em 2012. Para Delanoë – um político sóbrio e extremamente reservado, que em 1998 se declarou homossexual –, o triunfo do Vélib’ também é a confirmação de que sua política de transporte, a princípio controvertida, é correta, uma revolução benigna para uma cidade afligida pelos engarrafamentos e pela contaminação ambiental.



“Há cinco anos, não imaginava que os resultados do Vélib’ seriam tão bons”, disse o prefeito ao Terramérica. “Minha intenção era testar uma política diferente, ajudar os parisienses a reconquistarem sua independência e sua liberdade no trânsito e, ao mesmo tempo, reduzir a poluição do ar”, acrescentou. Esta política se resume no lema “Paris respira”, onipresente no cartaz que defende o uso da bicicleta na cidade.



O sistema “acabou com muitos tabus sobre o transporte urbano”, afirmou ao Terramérica a especialista em urbanismo Isabelle Lesens. “A bicicleta reduz os problemas de estacionamento, e em uma cidade relativamente pequena como Paris, com bom clima médio, constitui um eficiente meio de transporte”, destacou. Apesar do êxito, o Vélib’ tem seus problemas. “O custo do Vélib’ é muito alto. A administração e a manutenção de cada bicicleta custa três mil euros por ano. Seguramente, seria possível obter os mesmos resultados por menos dinheiro”, opinou Lesens.



A empresa JCDecaux, que administra o serviço em cooperação com a prefeitura, admite tais problemas. “O sistema é muito caro em termos de exploração”, declarou ao Terramérica seu presidente, Jean Charles Decaux. “No entanto, desde 2011 alcançamos o equilíbrio orçamentário, depois de termos perdido dinheiro nos três primeiros anos”, acrescentou.



Apesar de tudo, o triunfo do Vélib’ é tamanho que os parisienses redescobriram sua paixão pelo ciclismo, que se expressa na competição mais importante do mundo, a Volta da França (Tour de France). Além disso, segundo dados oficiais, os parisienses realizam diariamente cerca de 200 mil trajetos em bicicleta própria. No total, a quantidade destes meios de transporte em Paris aumentou 41% desde 2007. E, ao mesmo tempo, o tráfego de automóveis apresentou queda de 25%.



As bicicletas são um componente da política de transporte urbano que Delanoë colocou em prática desde que foi eleito prefeito pela primeira vez, em março de 2001. Uma de suas primeiras medidas foi criar vias exclusivas para ônibus em quase toda a cidade, a fim de acelerar sua circulação e reduzir o espaço para carros individuais. O governo municipal também participa, em cooperação com as comunidades à sua volta, da construção de uma linha de bondes não contaminantes que em 2020 formará um anel de ligação em torno de Paris. 



Além disso, a prefeitura criou 370 quilômetros de vias reservadas para as bicicletas. Nos finais de semana, o tráfego de veículos automotores está proibido nas ruas mais importantes da capital parisiense. No dia 5 de dezembro, a prefeitura introduziu um sistema de aluguel de carros elétricos, com funcionamento baseado no Vélib’. Batizado, naturalmente, de Autolib’, ainda não tem o grau de popularidade das bicicletas. Porém, Delanoë está seguro de que seu impacto será positivo no transporte.



“Quando o Autolib’ for parte do modo de vida cotidiano dos parisienses, como já é o Vélib’, a política de transporte urbano mudará definitivamente”, disse o prefeito, reeleito em 2008 com 57,7% dos votos, para governar Paris até 2014. “Todas estas medidas (Vélib’, Autolib’, vias exclusivas para ônibus e bonde) têm por objetivo revolucionar o transporte urbano e reduzir os percursos com carros particulares, para diminuir as emissões de dióxido de carbono e purificar o ar”, detalhou Delanoë. “A verdade é que o automóvel não tem mais lugar na grande cidade de nossos dias”, ressaltou.


Fonte: Tierramerica
Foto: Wikipédia

17 de julho de 2012

Os animais de estimação e os impactos ambientais (3)



Onça pintada:
Foto: Wikipédia


Animais retirados do seu habitat: um caso real com um filhote de onça


Por Melissa Bergmann


   Essa questão do cuidado com os animais domésticos é realmente muito delicada. As pessoas se apegam aos bichos, que são dóceis e as acompanham em suas vidas. Mas deve-se ter alguns cuidados, pois não se pode esquecer de que são animais, e não se deve tentar "humanizá-los". Há pessoas que capturam aves, serpentes ou outros animais para criá-los em suas casas, esquecendo-se de que a "casa" deles é o habitat natural, seja um bosque, um banhado ou a capoeira. Em uma visita a uma espécie de zoológico em Santa Maria, havia uma onça que foi capturada, quando filhote, por um médico no Pantanal, que a levou para criá-la em casa, junto com os cães. Acontece que o filhote cresceu e começou a devorar os cãezinhos. Sem saber o que fazer, o médico então doou o animal ao zoológico. Moral da história: os animais silvestres devem permanecer em seus habitats, e não ser domesticados.       Da mesma forma, o cuidado excessivo com os animais domésticos pode desencadear um desequilíbrio nos ecossistemas, aumentando sua população, e influenciando a passagem de outros animais de uma área a outra, ou atuando como predadores de seus ovos ou filhotes.   Assim, ao largar os filhotes de um animal em terreno alheio, ou alimentá-los, está-se promovendo o aumento de sua população de forma desordenada, o que aumenta também a proliferação de parasitas e doenças. Todo animal (doméstico)merece respeito, e por isso cada proprietário deve cuidar dos seus. 


12 de julho de 2012

Asas da liberdade


Foto: DW aves migratórias


Por Darci Bergmann

Alçando vôos em ar de graça,
Abrindo asas sobre as planuras,
Lá vão elas, lá nas alturas,
Aves em paz e liberdade faceira.
Seus cantos, na harmonia campeira,
E suas cores refletem no horizonte
A vida que nasceu livre na fonte,
Com a as aves de beleza inteira

Mas no calmo e harmonioso cenário,
Entre plantas e bichos na inocência,
Pessoas agem por inconsciência,
Despidas de amor e de sentimentos.
Prendem seres, por seus encantamentos.
Cessa a liberdade e inicia o claustro.
Ontem era o céu, hoje o holocausto,
Estrelas a menos no firmamento.

A vida sempre surpreende,
Nunca se perde a esperança.
Já vi tanto, tenho lembrança.
Talvez um dia o algoz carcereiro,
Banhado de luz, cesse o cativeiro.
E consigam as aves enjauladas
Estender asas e partir em revoadas,
Como almas, no espaço inteiro.

Obs.: O poema acima faz parte de uma campanha minha contra o aprisionamento de animais.

5 de julho de 2012

Os animais de estimação e os impactos ambientais (2)


Por Darci Bergmann

Gatos abandonados por seus antigos donos num espaço urbano.

   Ao longo de várias semanas, quase que diariamente, sobre o passeio público frontal à minha moradia, eu encontrava aquelas bandejas de ‘isopor’, com sinais de alimento consumido ali mesmo.  Deduzi que alguém das imediações alimentava algum bicho que deveria circular pelo meu pátio. Estranhei que aumentara o número de gatos – agora cinco – que se hospedaram na minha área, vindos de outras moradas. Esses gatos logo criaram uma tremenda confusão no habitat urbano. Escalam árvores onde se tornam predadores de ninhos de aves, prejudicando a reprodução natural de várias espécies. A espécie sabiá-laranjeira foi uma das mais afetadas, pois os ninhos são de fácil acesso aos gatos. Uma família de gambás sucumbiu à presença dos intrusos felinos. Reconheço que diminuiu o número de ratos, antes controlados por iscas e ratoeiras. Os muros e telhados se tornaram passarelas barulhentas dos bichanos. Em época de cio, como se sabe, os gatos fazem o maior escândalo. Os machos brigam na disputa pelas fêmeas e estas, em longos gemidos e alguma reação mais agressiva, simulam rejeição ao pretendido candidato. O ritual, ao que parece, é para estimular o momento ideal para o acasalamento.
A foto mostra uma fêmea de sabiá-laranjeira, ave símbolo do Brasil, chocando sob um telhado.
Dias depois dessa foto, foi predada por um gato doméstico.
Foto: Darci Bergmann
  
  O fato é que o espaço urbano disponível não garantia alimentação suficiente aos gatos, pois eu não os alimentava para não atrair outros da espécie. Daí que alguém teve a idéia de alimentar os bichos, espalhando comida sobre o passeio público – naquelas ditas bandejas. Essa pessoa, no intento de mostrar-se compadecida com os animais, encaminhou-os para o meu espaço verde. Só que isso trouxe um tremendo impacto sobre as outras espécies de animais ali estabelecidos. Não havia também controle da prole. Assim, tive que remover os que conseguia apanhar e repassá-los a algum interessado.  A pessoa, supostamente benfeitora de animais, causava poluição com as bandejas de ‘isopor’, um material que não é reciclado aqui na minha região.
  Muitas pessoas tem tido prejuízo nas suas hortas urbanas pela circulação inoportuna de gatos, que danificam canteiros e sementeiras.
  Não se trata aqui de pregar hostilidade contra os gatos e cães, mas sim formas de controle, que devem envolver as autoridades constituídas. A biodiversidade é ampla em espécies e o equilíbrio entre elas é necessário até nos espaços urbanos. Esse equilíbrio está perigosamente rompido, porque nós humanos adotamos algumas poucas espécies, em condições muito artificiais.

  Nas zonas rurais de algumas regiões do Brasil não é diferente. A proliferação de gatos e cães já coloca em risco de extinção algumas espécies de animais silvestres devido à redução dos seus habitats e à presença dessas e outras espécies, consideradas de estimação.  
  A questão é mais séria e envolve até a saúde pública, daí merecer maior atenção das autoridades e das pessoas em geral.
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Mais sobre o tema:

Bom dia Brasil -  Edição do dia 18/12/2013
18/12/2013 08h59 - Atualizado em 18/12/2013 08h59


Fezes de animais contaminam areias de praias

famosas do Rio de Janeiro

Quando secas, elas se misturam aos grãos de areia e podem causar doenças. Trechos de Ipanema, Copacabana e Arpoador estão impróprios.



A uma semana para o começo do verão, a areia de algumas das praias mais famosas do Rio está  suja. E os banhistas devem ter cuidado.
Trechos das praias mais famosas, como Copacabana, Ipanema e Arpoador, atualmente não são recomendados.
Não é só o lixo que muitos banhistas ainda insistem em não depositar nas lixeiras que polui a areia. Existe uma outra razão, considerada pelos especialistas, ainda mais grave. E pior: ela pode estar bem escondida.
São as fezes de animais, principalmente de cachorros. Elas ressecam e se misturam nos grãos de areia.
A análise da prefeitura apontou que: em cada cem gramas de areia foram encontrados acima de 3.800 coliformes fecais.
Uma lei estadual aprovada este ano determina que a praia tenha placas indicando a qualidade da areia, mas ainda não foi regulamentada.
Na cidade do Rio, cachorros nas areias são proibidos. “Não basta só pegar o cocô, tem que não deixar os cachorros andarem na areia, né?”, diz um banhista.

A prefeitura já pensa até em multar os donos. “É uma questão de disciplina, de a gente entender que a saúde da população é fundamental, e romper esse individualismo”, afirma o secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz.
Mas tem gente que não pensa assim. “Quem polui a areia são os humanos que jogam, deixam resto de comida, e fica cheio de pombo na areia”, diz o publicitário Ricardo Martins.
A verdade é que as fezes dos animais são perigosas para os banhistas. Podem levar a doenças como infecções na pele e micoses.
“É muito comum em peles mais finas, peles de crianças, de idosos, tem que se tomar cuidado”, alerta a dermatologista. “Calçados, toalha, procurar colocar em cima, ambientes que a criança, principalmente as crianças, não entrem em contato diretamente com a areia”.


Os animais de estimação e os impactos ambientais (1)



Por Darci Bergmann

   O tema é delicado, pois envolve questões afetivas. Antes, devo dizer que sou um defensor intransigente de todas as formas de vida, desde que em condições naturais ou o mais próximo possível delas. Ocorre que tenho observado tendência de algumas pessoas em adotar animais de estimação e transformá-los em mimos que chega às raias da obsessão e com altos impactos ambientais. No fundo de tudo isso, existe o foco do consumismo dirigido pelos que lucram fortunas com isso. Eis alguns casos desse comportamento obsessivo.
   Faz alguns anos, um casal adotou um papagaio de estimação, notòriamente fruto da traficância. O papagaio recebe todos os ‘cuidados’, articula palavras, mas a maior parte do tempo está na gaiola sob uma copa de árvore, esquecido pelos ‘donos’, que estão mais ligados na televisão. Na visão do casal, o eventual carinho dispensado ao bicho é suficiente para caracterizar esse cárcere privado como paixão pela natureza. Certamente nunca lhes passou pelos neurônios que se a ave estivesse livre, no seu habitat, poderia se acasalar e perpetuar a espécie. Agora, domesticada, ela depende dos humanos, pois tem até dificuldade de voar.
   Num outro caso, uma viúva foi presenteada com uma avezinha canora como forma de atenuar o sofrimento pela perda da pessoa amada. O bichinho, solitário na pequena gaiola, até que faz muita cantoria. No meu modo de ver é para chamar atenção, uma tentativa de atrair, pelo canto, uma fêmea da sua espécie que estivesse próxima.
  Nas redondezas do meu refúgio urbano, ocorrem situações no mínimo bizarras, quando o tema é animais de estimação. Mulheres de várias faixas etárias passeiam com os seus cães pelas calçadas, com aquelas paradinhas obrigatórias para fazer xixi e cocô. Os dejetos ficam por ali mesmo e a dona do bicho ainda torce o nariz quando alguém reclama.
    Descobri que uma dessas senhoras obsessivas por cães gasta fortunas mensais com o trato dos bichos, todos à base de rações e xampus caros, banhos, tosas e tudo o mais que garanta uma boa assepsia. Nas compras, não usa dinheiro papel, pois poderia estar ‘contaminado’. No entanto, ela passeia nas ruas com os seus cães, ruas essas que recebem os dejetos de outros animais, escarros humanos, poeiras e derrames de produtos diversos. Em seqüência, ela põe os cães no colo e ainda os beija na ‘boca’, depois que botaram o focinho no cocô alheio – cachorro gosta de cheirar qualquer coisa diferente. Já vi a madame colocando os cães no seu carrão do ano, sobre os bancos, é claro, depois que espalmaram as patas nos passeios públicos. Essa mesma pessoa, tão preocupada com a assepsia, certamente, num banheiro público, vai exigir torneira com sensor, secador das mãos automático ou coisa assim. Não se trata de um contra-senso?

2 de julho de 2012

O valor de um abraço

Por Darci Bergmann



Não somos máquinas. Temos sentimentos e vibrações que vão alem do corpo visível. Sendo assim, somos  mais perfeitos que qualquer máquina, por mais tecnologia que esta possua. No afã de buscar mais sofisticação, esquecemos das coisas aparentemente simples que a vida nos proporciona. Damos muito valor a certas extravagâncias, tudo para aparentar um status que não se traduz em real felicidade.  
A sociedade consumista nos induz cada vez mais a adquirir coisas supérfluas, repor equipamentos sempre em busca de novos modelos e assim o Planeta Terra se torna uma enorme lixeira. A vida simples de consumir só o estritamente necessário não interessa aos que defendem o crescimento ilimitado. Fala-se muito agora em desenvolvimento sustentável, uma tentativa menos impactante de manter a civilização predatória que forjamos. Pagamos um alto preço por certas conquistas, mas nem sempre somos mais felizes por isso.
Dia desses, eu andava angustiado por algumas situações inusitadas que me acometeram. Noites mal dormidas e preocupações de toda ordem me levaram ao estresse. Some-se a tudo isso a ‘necessidade’ de modernização da minha microempresa. Nela nem máquina leitora de cartões de compra estão instalados. Tudo ainda funciona na base da moeda sonante. Os recursos que seriam utilizados para a modernização deveriam sair do meu salário empresarial. Por prioridade ambiental eles foram investidos no plantio de árvores nativas no meu sítio. Foram mais de mil, somando-se às milhares já existentes. Em meio à crise ainda ocorreu um desacerto no plano sentimental, pois todas as ações dependiam de mim e eu estava no limite das minhas forças para agüentar o tranco. Numa dessas noites de insônia, ocorreu-me um pensamento. Frear essa correria desvairada e manter só o possível em andamento. Em outras palavras, optar pela simplicidade e buscar o equilíbrio interior. No dia seguinte, caminhei pela cidade, na base do ‘deixa a vida me levar’.  Então encontrei uma pessoa do sexo oposto que há muito tempo não via. E jogamos conversa fora, pois tínhamos quase a mesma idade e as mesmas preocupações existenciais. Ao me despedir, recebi um pedido da interlocutora. Ela simplesmente queria um abraço fraterno, sem nenhuma malícia, até porque era na rua e à vista de outras pessoas. Abracei-a e desejei-lhe um ‘Deus te acompanhe’. Curiosamente dormi bem naquela noite e no outro dia consegui resolver uma série de questões que pareciam complicadas.
O episódio acima revela como nós somos vulneráveis a essa vida agitada. Coisas tão simples como um abraço fraternal são capazes de terapias que nem os medicamentos às vezes conseguem. Concluo, então, que se quisermos um planeta equilibrado precisamos buscar o equilíbrio interior. Não se reforma o mundo sem reformar as pessoas, sem novas atitudes.  Um abraço não tem preço, mas tem um valor imenso.
Um fraternal abraço a todas e a todos.