18 de junho de 2012

Dupla insolvência traz sérios riscos à economia mundial



Dirk Messner, diretor do Instituto alemão para Política de Desenvolvimento, teme que a crise econômica ofusque o debate sobre sustentabilidade.
A economia mundial está de novo à beira do desastre, passados apenas quatro anos da falência do gigante bancário Lehman Brothers, que precipitou uma crise econômica à escala global. Nos EUA, a administração Obama luta contra altos índices de desemprego, uma enorme dívida pública e um déficit comercial igualmente problemático.
Enquanto isso, a Europa luta contra a insolvência da Grécia e contra o agravamento da situação na Espanha, Itália e Portugal. Antes impensável, há quem discuta hoje o fim da moeda única, o que poderia significar o colapso do projeto de integração europeia.
Na Ásia, o Japão é obrigado a buscar uma nova abordagem para a sua política energética, após a catástrofe de Fukushima em 2011, para impulsionar a economia.
O JP Morgan, um dos maiores bancos norte-americanos, anunciou no dia 10 de maio ter perdido 1,5 bilhão de euros em especulações de alto risco. O Wall Street Journal calcula que o valor total dos prejuízos possa atingir os 3,5 bilhões de euros. O cassino global continua aberto ao público
Alguns dos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – em concreto, o G7, o clube das nações industrializadas mais importantes – se encontram numa situação verdadeiramente difícil. Eles estão no centro das turbulências econômicas internacionais e dependentes dos fluxos financeiros dos países emergentes. A Europa precisa da ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) para estabilizar a crise nos países do sul do continente.
O Ocidente vive uma crise de insolvência. Quem teria ousado pensar nisso quando caiu o Muro de Berlim em 1989 e as economias de mercado ocidentais foram as únicas a saírem vitoriosas da Guerra Fria?
Rio+20 à sombra da crise econômica
Agora, na conferência do Rio de Janeiro, será debatida a proteção do meio ambiente a nível global, tal como o desenvolvimento sustentável. Mas quem se interessa por isso em plena crise econômica?
Pelo menos os líderes dos países da OCDE parecem não se interessar. No último encontro do G8 em Camp David e na cúpula da União Europeia no final de maio, foram debatidas "duras questões econômicas". Pouco se mencionou a conferência no Rio. No início de maio, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, já havia rejeitado o convite para participar na conferência.
Devido às crises econômicas no Ocidente, a economia parece ter sido priorizada em relação a todo o resto: como combinar a redução da dívida com a revitalização da economia para evitar um colapso mundial? Não há sucesso econômico sem crescimento, mas em quais áreas específicas se deve promover o crescimento? Será que devemos seguir consumindo recursos de forma galopante, aumentando as emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para perigosas alterações climáticas, degradando o ecossistema?
Estes são temas da conferência no Rio de Janeiro que parecem interessar pouco a chefes de Estado e de governo, ou mesmo a ministros das Finanças. A maioria dos governos optou por enviar seus ministros do Meio Ambiente ou do Desenvolvimento, relativamente menos influentes.
Mas a mensagem do Rio é clara e deveria ser do interesse das lideranças políticas. O economista e prêmio Nobel norte-americano Michael Senge a resumiu numa frase: "Tendo em conta que a população mundial cresce em direção aos 9 bilhões de pessoas e considerando a crescente prosperidade na Ásia, na América Latina e mesmo em algumas partes da África, não podemos simplesmente manter os atuais padrões de produção e de crescimento".
Insistir no mesmo caminho levará a uma segunda crise de insolvência – a falência dos ecossistemas.
Fonte: DW

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