10 de março de 2013

Tuna: um dos símbolos do Pampa




Flor de tuna: fonte de néctar e pólen 

Tuna (Cereus hildmannianus, K. Schum.)*
 Por Darci Bergmann


   No cenário do Pampa há uma espécie vegetal que se destaca pela forma, bela beleza das suas flores e pelo sabor inigualável dos seus frutos: é a tuna. Os botânicos já mudaram seu nome científico várias vezes. Hoje é referida com o nome de Cereus hildmannianus K. Schum., família Cactaceae.

A tuna adulta tem formato arbóreo, mas não tem folhas, como a maioria dos cactos. É bastante resistente às estiagens, porque consegue armazenar água em seus ramos verdes, revestidos por uma película que impede a evapotranspiração. O tronco e ramos macios são protegidos por espinhos. Se assim não fosse, os mamíferos herbívoros poderiam exterminá-la. Algumas espécies de aves conseguem retirar água e nutrientes da tuna, bicando o tronco e ramos suculentos, entre os espinhos, quando então aparecem perfurações na planta. A tuna suporta bem essas investidas das aves, as quais são as propagadoras da espécie. O caule perfurado se torna mais suscetível a ser quebrado pela ação dos ventos. Cada segmento de caule que cai ao chão pode originar uma nova planta. A outra forma da participação das aves é quando elas se alimentam dos frutos do cacto.Dentro deles existem pequenas sementes pretas, dispersas numa massa cremosa, muito doce. As sementes que passam pelo intestino das aves são depositadas em outros locais e germinam, originando novas tunas. 
    Outra utilidade da tuna é fornecer néctar aos insetos polinizadores, dentre eles os meliponídeos - as nossas abelhas nativas.
   Na natureza tudo funciona na base da cooperação, uma espécie dependendo da outra. É importante compreender as funções de cada espécie dentro do conjunto. A supressão de uma delas pode acarretar a perda, para sempre, de outras espécies. Talvez um dia, nós humanos teremos melhor compreensão da grande sinfonia que é a vida nas suas mais diferentes formas.



Os bem-te-vis apreciam os frutos  da tuna e
auxiliam na propagação da espécie







*Notas do blog: 1) O nome botânico Cereus hildmannianus é citado na Flora Digital do Rio Grande do Sul. A nomenclatura científica cita outras denominações anteriores da espécie, entre as quais:
Cereus peruvianus, nome referido na obra Árvores Brasileiras.
Cereus uruguayanus F. Ritter ex Kiesling
2) Existe uma variação da forma original. É a Cereus hildmannianus var.'Monstruosus'

   

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