17 de abril de 2015

Animais silvestres em ambientes urbanos


Por Darci Bergmann

São cada vez mais frequentes os casos de animais silvestres que chegam aos ambientes urbanos. A redução dos habitats e a consequente falta de alimento são algumas das causas. Em São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, primatas da espécie Alouatta caraya, nome popular bugio-preto, são vistos com frequência na cidade. É a única espécie silvestre de primata na região. Alguns grupos chegam a procriar no ambiente urbano, até na praça mais central da cidade, onde os indivíduos livres no ambiente constituem ponto de atração das pessoas. Esses animais são alimentados, alguns por anos a fio, por algumas pessoas com mais frequência e por curiosos esporadicamente. Uma fêmea tem chamado atenção pela agressividade demonstrada contra a pessoa que, por vários anos, tem-lhe fornecido alimento, principalmente bananas. O inusitado ocorreu quando o tratador principal, que tinha uma banca de revista na Praça em frente à Prefeitura Municipal, cessou a sua atividade profissional e afastou-se do convívio com os animais. Em duas oportunidades, ao visitar os animais sem levar alimento, o amigo dos bichos foi agredido por uma das bugias. Na segunda agressão, as lesões no tratador foram graves. Tal comportamento talvez se explique pelo seguinte: a bugia ficou irritada com a falta de comida diária e fácil que lhe fora alcançada, por longo tempo, pelo dono da banca de revista. O fato gerou ampla repercussão nas redes sociais e na mídia. No meu entender, os macacos não deveriam ser alimentados pelas pessoas que costumeiramente frequentam a praça e outros locais da cidade, onde os bugios se estabeleceram. Os bugios tem ampla capacidade de buscarem alimentos na natureza, bastando que nós humanos lhes asseguremos áreas arborizadas, com a maior diversidade possível, de espécies nativas, incluindo as frutíferas. Na sua dieta natural, os bugios incluem brotos, flores, folhas e frutas de árvores, podendo incluir o consumo de ovos de aves que nidificam no seu habitat. 
Os bugios são animais dóceis e que tem grande importância ecológica. Eles são dispersores de várias espécies de árvores nativas. Também fazem parte do folclore gauchesco, onde tem inspirado músicos e poetas. Segundo o site Wikipédia, 'bugio é um estilo musical brasileiro, de compasso binário, originário do Estado do Rio Grande do Sul'.
Por tudo isso, devemos preservar e respeitar esses animais.     
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Mais sobre o tema: Reportagem do Jornal do Almoço, da RBS TV

16/04/2015 16h32 - Atualizado em 16/04/2015 16h33

Morador é agredido duas vezes por macaca em praça de São Borja, RS

Cinco animais vivem em árvores de praça no Centro do município.
Aposentado que oferecia bananas teve de levar 30 pontos na cabeça.



Do G1 RS
Um morador de São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, passou por uma situação curiosa. Ele foi agredido por uma fêmea de macaco que vive em uma praça no Centro da cidade e teve de levar 30 pontos na cabeça. Segundo o aposentado, essa é a segunda vez que o animal demonstra agressividade (veja o vídeo).
Cinco macacos vivem nas árvores do local, um dos principais pontos de convívio do município. No horário do almoço, eles fazem fila para que os moradores os alimentem. Quando alguém chega com lanche, os animais descem para pegar o presente.

O aposentado Luiz Carlos Santos Michel levou banana para os macacos ao longo de 18 anos. Quando esqueceu, porém, uma das fêmeas teve reação surpreendente.

"Eu estava de costas, não vi que ela estava lá. Quando percebi, ela me arranhou. Eu dava [banana] na boca delas. Não sei, até desconfiei que a primeira vez que ela me atacou foi porque ela estava com um filhote", relembra.
Luiz perdoou e voltou a levar comida. Dois meses depois, aconteceu de novo e, segundo ele, com a mesma macaca.

"Eu tenho a impressão de que é só comigo que ela faz isso. Com os outros, o pessoal está lá e eles [macacos] nunca fizeram nada. Não sei por quê. Eu dava comida para ela", lamenta.

Os animais moram há quase 20 anos na praça no Centro da cidade. Durante as duas décadas, nunca teriam atacado uma pessoa.
"Esses ataques podem estar relacionados à dependência desses animais com relação à fonte de alimentação. No momento que é interrompido o ciclo, o animal se torna agressivo, vai em busca da fonte de alimento e identifica, inclusive, a pessoa que fornecia alimento. Aí, se a pessoa não repassar mais este suprimento alimentar, o bicho se torna agressivo", explica o ambientalista Darci Bergmann.
Mesmo com os dois casos, conforme a prefeitura, os macacos vão continuar na praça.
"A pessoa tem que se dar conta que é um animal. O raciocínio dele, o instinto, é de se defender sempre que acha que é atacado", opina o agricultor Paulo Gilberto de Bairros.

Já Luiz, agredido pela macaca, não pensa em voltar ao local para alimentar os bichos.
"Agora eu não vou. Estou proibido de ir na praça agora", comenta, entre risos.

Para evitar novos casos, a recomendação é não se aproximar dos animais.

"Não há necessidade de tirá-los daqui. O que nós temos que fazer é conversar com as pessoas, não alterar a fonte de alimento deles, deixar que eles vão buscar sua subsistência, não dar suprimento de alimento. Às vezes, o pessoal da pão que tem fermento e não faz parte da dieta do animal, então isso altera o comportamento dele", completa o ambientalista.
Macacos vivem em praça no Centro de São Borja (Foto: Reprodução/RBS TV)Macacos vivem em praça no Centro de São Borja (Foto: Reprodução/RBS TV)

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