25 de fevereiro de 2013

Canafístula: Uma árvore imponente

A canafístula da foto acima tem copada de quase 25 metros de
diâmetro.
Foto: Darci Bergmann

   
Por Darci Bergmann

    É uma árvore decídua, que perde as folhas no outono, quando entra em período de repouso vegetativo, brotando novamente no final do inverno. Nos meios botânicos ela é denominada Peltophorum dubium  (Sprengel) Taubert,  da família Fabaceae, sub-família Caesalpinoideae. Tem ainda outros nomes populares: ibirapuitã, farinha-seca, tamboril, guarucaia, faveira, etc.
    Porte: Grande, variando de 15 a 25 metros de altura, quando adulta. Em meio a matas fechadas ela atinge alturas bem maiores, sendo citados exemplares com até 40 metros. Nesses casos, a árvore em crescimento compete com outras em busca da luz solar.
   Utilidade: Além de ser ornamental e ter flores melíferas, a canafístula fornece madeira dura, de excelente qualidade, para diversos fins.
     Ocorrência: Em quase todo o território brasileiro.
   Riscos de extinção: Diversos estudos apontam para a redução do número de árvores dessa espécie. Os motivos seriam vários. Na região de São Borja-RS, a espécie é afetada pelas derivas de herbicidas. Produtos à base de princípio ativo Clomazone, utilizados em lavouras de arroz no Rio Grande do Sul, atingem as canafístulas nas matas ciliares, justamente quando estas emergem do período de repouso. A brotação é atingida pelas sucessivas derivas do agrotóxico, levando a árvore à morte alguns anos depois. O problema se agrava quando a pulverização é feita com aeronaves agrícolas.
    Floração: Inicia em dezembro e pode se estender até março. Portanto, todo o verão é embelezado com flores dessa árvore espetacular.
   Propagação: a) Dispersão natural. O percentual de germinação das sementes de canafístula é baixo. Cada flor se transforma numa pequena vagem achatada e dentro dela está uma semente, que lembra muito a semente de pepino ou de melão. O vento leva as pequenas vagens a centenas de metros, dispersão conhecida como anemoscoria. Algumas sementes germinam até alguns anos depois quando o tegumento rígido permite a passagem da água.
   b) Mudas espontâneas. A dispersão anual de sementes permite o surgimento de mudas de canafístula nas imediações das árvores adultas. Quando estiverem muito próximas entre si, parte delas pode ser retirada e plantada em outro local. Esse procedimento é recomendável nas épocas mais chuvosas. Deve-se ter cuidado para não danificar a raiz principal, do tipo pivotante, nem deixá-la exposta ao vento e ao sol. Para isso, faz-se uma poda radical do caule, uns quinze centímetros acima do colo e coloca-se a muda num recipiente com água ou mesmo em saco plástico, contendo  papel de jornal umedecido. Na falta deste, usar folhas e palhas úmidas.  A umidade interna evita o ressecamento da raiz até o momento do transplante para o local definitivo.
    c) Semeadura em recipientes ou em canteiros e posterior repicagem.
Também, pode-se fazer  a semeadura em recipientes ou mesmo em canteiros no chão e depois fazer a repicagem das mudinhas para embalagens que tenham pelo menos volume de um litro, com mistura de terra e algum composto orgânico, em partes iguais. Para aumentar a germinação, faz-se a quebra de dormência das sementes.
    Quebra de dormência: As sementes de canafístula têm um revestimento rígido – o tegumento, que dificulta a passagem da água. Para pequena quantidade de mudas, sem fins comerciais, pode-se escarificar as sementes, uma por uma, utilizando-se uma lima para afiar serrotes ou então lixa. Limar ou lixar com cuidado parte do tegumento até aparecer o embrião da semente. Depois, as sementes são colocadas nas embalagens individuais, na base de três sementes em cada uma. Também é possível semeá-las numa sementeira, no chão ou numa caixa, para posterior repicagem das mudinhas.
   Para produção de mudas em quantidades maiores, escala comercial, existem outros sistemas de quebra de dormência. Deve-se ter atenção redobrada quando a dormência é quebrada com a utilização de produtos químicos perigosos, tal qual o ácido sulfúrico.
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Mais informações sobre a canafístula:
Print version ISSN 0100-6762
Rev. Árvore vol.26 no.6 Viçosa Nov./Dez. 2002
http://dx.doi.org/10.1590/S0100-67622002000600001 
Semeadura direta de canafístula (Peltophorum dubium (Spreng.)taub. No enriquecimento de capoeiras1

Direct seeding of canafistula (Peltophorum dubium(Spreng.) taub. To regenerate shrubs


Vilmar Luciano MatteiI, 2 e Mariane D'Avila RosenthalII, 3
IEng.-Agr. Dr. em Ciência Florestal, Prof. de Silvicultura da FAEM/UFPEL, Caixa Postal 354 Campus, 96010-900 PELOTAS, RS 
II
Eng.-Agr. Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes FAEM/UFPEL




RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento da canafistula (Peltophorumdubium), em semeadura direta a campo, em área de capoeira originada após o abandono do local utilizado com cultivos agrícolas sucessivos. No local foram roçadas faixas de 1,5 m, a cada 3 m. A semeadura foi realizada em setembro de 1997. Visando proteger os pontos semeados, foram utilizados diferentes tipos de protetores (copos de plástico e copos de papel, sem fundo e laminado de madeira), fixados sobre os pontos semeados com três sementes cada. As sementes foram escarificadas mecanicamente a 1.725 rpm, durante 60 segundos, com lixa Norton 60. O delineamento foi em blocos casualizados, com seis repetições. As variáveis avaliadas foram emergência, sobrevivência, número de pontos com plantas, densidade a 1 ano e altura das plantas aos 18 meses. Os resultados obtidos aos nove meses demonstraram que a utilização de qualquer um dos protetores físicos contribuiu para o estabelecimento de plantas em mais de 80% dos pontos semeados, e em mais de 75%, um ano após a semeadura, quando utilizado o laminado, o que indica que a semeadura direta é uma alternativa de implantação para a espécie, possibilitando transformar as áreas de capoeiras em um sistema agroflorestal ou mesmo silvipastoril, no futuro.
Palavras-chave: Semeadura direta, Peltophorum dubium, protetores de semeadura e enriquecimento de capoeiras.


ABSTRACT
This work aimed to evaluate the development of Peltophorum dubium by direct seeding on a succesively cropped field. Seeding was performed in rows of 1.5 m, three meters apart, on September 1977. To protect the seed-spots shelters, bottomless paper and plastic cups were used and wood slates were fixed on them. Seeds were mechanically scarified for 60 seconds. The variables evaluated were emergence, seedling survival, number of seed-spots with plants plant density at one year and plant height at the 18th month. Results at the 9th month showed that the seed-spot shelters contributed for plant establishment in 80% of the seed-spots and in more than 75% of them one year after seeding, when wood slates were used. Direct seeding is a viable alternative for this species which will allow the transformation of shrub areas into an agroforest or even silvipastural system in the near future.
Key words: Direct seeding, Peltophorum dubium, seed-spot shelters and shrub regeneration.




1. INTRODUÇÃO
O Estado do Rio Grande do Sul possuía, originalmente, 42% de sua superfície territorial coberta com florestas. Já no início do século XX, foi reduzida para aproximadamente 25%, chegando a apenas 4% em 1965. As poucas áreas nativas existentes restringem-se às áreas de preservação, aos parques, às reservas e aos pequenos porcentuais em áreas de difícil acesso. Nas propriedades rurais existem pequenos remanescentes, em sua grande maioria parcialmente explorados.
Essa ação resultou na ameaça de extinção de muitas espécies de grande valor e de interesse econômico, entre elas a canafístula, e conseqüentemente de toda a mata e dos representantes da fauna que dependem delas para se manterem.
A forma de agricultura praticada nas últimas quatro a cinco décadas, com a ocupação desordenada dos solos, levou-os ao empobrecimento, fazendo com que lavouras e pastagens não sejam mais lucrativas economicamente, resultando no abandono das terras.
Nessas áreas inicía-se o processo de regeneração natural, que em alguns anos atingirá a fase de capoeirinha e, ao evoluir, irá se transformar em capoeira, capoeirão e, num futuro bem distante, poderá formar novamente uma mata-clímax.
Considerando os aspectos relacionados à produção dessas áreas, as perspectivas são poucas. Entretanto, existe a possibilidade de serem introduzidas espécies florestais já nessas etapas iniciais, para que em etapas futuras a área possa ser reintegrada numa forma de uso diferente das épocas passadas, sendo o sistema agroflorestal ou silvopastoril uma grande alternativa. Uma das formas de introdução das espécies florestais de interesse pode ser por semeadura.
A canafístula é uma espécie nativa, heliófita, com boa resistência ao frio. É considerada promissora por apresentar valor econômico comprovado, em função da qualidade da madeira. O seu crescimento é rápido, classificando-a como espécie com aptidão à regeneração artificial (Carvalho, 1994). É também considerada uma espécie promissora para produção de madeira no Centro-Sul do Brasil (Carvalho, 1998). A madeira é utilizada na construção civil, em indústria de móveis, em construção naval, em marcenaria e carpintaria, com regular poder calorífico (4.755 kcal/kg), sendo viável para produção de papel, tendo ainda a presença de tanino na casca com teores de 6 a 8%, também usada como planta medicinal e ornamental (Reitz, 1978).
A semeadura direta é uma prática comum nos Estados Unidos, em situações especiais, e guarda relação com os melhores resultados obtidos mediante plantação. Na América Latina existem poucos exemplos de implantação de bosques por semeadura direta. No Brasil e na Argentina, a espécie de maior interesse e importância florestal para este método é a Araucariaangustifolia (Bertol.) Kuntze, tendo sido reflorestados, desta forma, cerca de 50.000 ha (Cozzo, 1976).
O sucesso da semeadura direta está na dependência da criação de um microssítio com condições tão favoráveis quanto possíveis para uma rápida germinação. Deve haver umidade suficiente durante o período de germinação e no estádio seguinte. As plantas que germinam e crescem no campo têm restrita proteção em relação aos numerosos agentes letais, os quais podem ser controlados em viveiros. Portanto, existem muito mais riscos de a sobrevivência ser baixa com o método da semeadura direta do que com o plantio de mudas (Smith, 1986). A semeadura direta, em princípio, é uma técnica recomendada somente para algumas espécies, apresentando resultados bastante favoráveis em áreas degradadas, de difícil acesso e grande declividade do terreno (Barnet & Baker, 1991).
No início da década de 70, cientistas dos países escandinavos já tinham começado a examinar o uso de protetores plásticos, com o objetivo de melhorar a germinação e a sobrevivência na semeadura direta e, conseqüentemente, com o objetivo de proporcionar um microambiente mais propício para germinação e crescimento das mudas jovens (Lahde, 1974). Putman & Zasada (1986) indicaram o uso de protetores plásticos sobre os pontos em semeadura direta, realizada no Canadá, como uma técnica segura de reflorestamento.
Het (1983) utilizou pontos de semeadura direta, em solo preparado, com proteção de copos plásticos transparentes, chegando a resultados quase iguais àqueles obtidos com mudas plantadas, aos 2 anos de idade.
Na implantação de Cedrela fissilis Vell. e Pinus taeda L., por semeadura direta, Mattei (1995) concluiu que o protetor físico de pontos mostrou-se eficiente, protegendo os pontos semeados do soterramento e do ataque de algumas pragas.
Este trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência de protetores físicos em semeadura direta de canafístula(Peltophorum dubium), no enriquecimento de capoeiras.

2. MATERIAL E MÉTODOS
A semeadura foi realizada no Centro Agropecuário da Palma, pertencente à Universidade Federal de Pelotas (31º47'38'' S e 52°30'09'' W - GPS), em setembro de 1997. As sementes de canafístula, safra 1997, PG 80%, foram coletadas de matrizes em Pelotas-RS.
A semeadura foi realizada em área de capoeira (com altura de aproximadamente 3 m), em faixas de 1,5 m de largura, distanciadas a 3 m, abertas com roçadeira tracionada por trator. A altura da roçada foi de 10 a 15 cm. A limpeza da vegetação nos pontos de semeadura foi realizada com enxada, compreendendo uma área de aproximadamente 30 cm de diâmetro e semeadura no centro.
Os protetores físicos utilizados como tratamentos foram copo plástico e copo de papel de aproximadamente 300 ml, sem fundo, e o laminado de madeira com tamanho semelhante ao dos copos. Ambos foram fixados sobre os pontos semeados e arranjados em blocos casualizados, com seis repetições. Cada unidade experimental teve oito pontos, distanciados de 1m e semeados com três sementes cada. Previamente à semeadura, as sementes foram submetidas a tratamentos de superação de dormência, por meio de escarificação mecânica em um escarificador elétrico a 1.725 rpm, com lixa "Norton 60", por 60 segundos, e posterior embebição em água à temperatura ambiente por um período de 12 horas.
A semeadura foi manual e realizada a uma profundidade de aproximadamente 0,5 cm. Os pontos semeados foram cobertos com uma camada de 1 cm de vermiculita, com a finalidade de proteção das sementes contra chuvas fortes, mantendo também a umidade nos pontos semeados.
As variáveis avaliadas foram a emergência, a sobrevivência, o número de pontos com plantas até 90 dias, a densidade um ano após a semeadura e a altura das plantas aos 18 meses. No mês de agosto de 1998, antes da retomada do crescimento, quando completou um ano da semeadura, foi realizado um raleio, deixando apenas uma planta por ponto.
A contagem da emergência foi iniciada logo que se observou a emergência das primeiras plântulas, iniciando em intervalos de três dias durante as primeiras duas semanas, passando a semanais por um mês e a cada 15 dias, até completar os 90 dias.
Os resultados foram transformados em arco-seno da raiz quadrada de X/100, submetidos à analise de variância e ao teste de comparação de médias.
Os principais cuidados após a implantação dos experimentos foram o controle de ervas daninhas e de formigas. O controle das plantas invasoras junto aos pontos de semeadura foi manual, em um círculo de aproximadamente 30 cm de diâmetro, realizado com o auxílio de enxada. O controle de formigas foi realizado com iscas e iniciado antes da implantação do experimento.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise de variância (Quadro 1) identificou que os protetores exerceram efeitos sobre todas as variáveis avaliadas, indicando que tanto para o estabelecimento inicial como para o desempenho futuro das plantas há necessidade de criar um ambiente adequado junto aos pontos semeados.




O baixo acréscimo na emergência ocorrida dos 30 para os 90 dias da semeadura (Quadro 2) demonstrou que para a canafístula, na semeadura realizada no mês de setembro, o maior porcentual de emergência ocorreu nos primeiros 30 dias da semeadura. Tal resultado mostra que para obtenção de sucesso em semeadura direta existe um período crítico, porém curto, que é a fase da emergência, na qual são fundamental a disponibilidade de umidade e a seguridade,o que não irá garantir que haverá prejuízos como arraste ou soterramento de sementes em caso da ocorrência de fortes chuvas. Por outro lado, após estabilizada a emergência, e mesmo durante esta, iniciam-se as perdas de plântulas, que são crescentes com o passar do tempo, e se não forem tomadas as medidas adequadas pode-se chegar a uma densidade inicial que dificultará a condução do plantio nos anos subseqüentes.




Pelos resultados obtidos, constatou-se que a utilização de um protetor físico melhorou significativamente o estabelecimento das plantas em relação à testemunha, em todas as variáveis avaliadas. O protetor contribuiu tanto para o aumento na emergência como para o estabelecimento de plantas. Lahade (1974), semeando Pinus sylvestris L.; Brum (1997), semeando Pinus taeda; Mattei (1993), semeando Pinus taeda; e Putman & Zasada (1986), Smith (1986) e Serpa (1999) também obtiveram melhores resultados quando utilizaram protetores físicos nos pontos semeados. Estas constatações estão de acordo com Smith (1986), que ressalta que o sucesso da semeadura direta dependente da criação de um microclima favorável junto aos pontos semeados.
Além do desempenho das variáveis significativamente superior onde se utilizou o protetor físico até os 90 dias da semeadura, cabe destacar que as plantas, aparentemente, apresentavam melhor crescimento, desde as fases iniciais. Tal fato pode ter sido decorrente do menor desgaste ocorrido durante a fase de germinação, pois o protetor não permitiu movimentação do solo no ponto de semeadura.
Nas avaliações realizadas até os 90 dias, os tratamentos com protetores apresentaram desempenho semelhante. Contudo, quando analisada a densidade um ano após a semeadura, pôde-se observar que onde se utilizou o protetor de papel já havia densidade inferior à do copo plástico e do laminado. O copo de papel com a umidade foi se desgastando e se decompondo, em poucos meses. A partir de dezembro de 1997, ocorreu uma estiagem com altas temperaturas. Aparentemente no protetor plástico ocorreu maior aquecimento, visto que nas linhas abertas na capoeira incidia sol e as plantas apresentavam aspectos de maior deficiência de umidade. No laminado, devido às suas características, aparentemente a condição pode ter sido mais amena. Lahade & Tuohisaari (1976) observaram aumento da temperatura e da umidade dentro dos protetores de plástico, favorecendo a germinação.
Quando a altura das plantas foi avaliada, ou seja, aos 18 meses após a semeadura (abril de 1999, início da fase de repouso) (Figura 1), constatou-se que aquelas originadas onde o protetor físico utilizado foi o laminado de madeira apresentaram altura significativamente superiores à dos demais tratamentos. A possível razão deste maior desempenho pode estar fundamentada na fase inicial, que impulsionou o melhor desempenho das etapas subseqüentes. Entretanto, em novos estudos poderá ser observada a possível eficiência superior do laminado como protetor, visto que em semeadura direta de Pinus taeda Mattei (1997) não foram obtidas diferenças quando o copo plástico e o laminado foram utilizados como protetores.






As formigas, em maior intensidade, e também outros insetos constituíram-se em adversidades à semeadura direta, sendo os danos localizados e independentes da existência de protetor. A utilização de um protetor físico demonstra ser eficiente perante as adversidades ambientais, porém pouco sobre as biológicas.
O controle de formigas deve ser contínuo, com vistorias constantes, não podendo haver descuidos mesmo que haja baixo nível de incidência. Os prejuízos causados por formigas podem ser elevados em semeadura direta, pela simples razão de que logo após a emergência as plântulas são muito pequenas e facilmente eliminadas, mesmo antes de se poder tomar as devidas medidas de controle. Na condição de semeadura em capoeiras, a dificuldade é ampliada, devendo as observações serem mais freqüentes do que em situação de campo aberto.
Na testemunha, as plantas, mesmo não sendo eliminadas, foram mais danificadas pelas pragas (formigas e outros insetos), podendo ser esta uma das razões da menor densidade um ano após a semeadura. A maior dificuldade na emergência como conseqüência da erosão e, ou, soterramento debilitou algumas plantas, deixando-as mais suscetíveis ao tombamento.
Neste experimento, optou-se por não utilizar qualquer tratamento de sementes, porém sabe-se que uma semente após a escarificação mecânica sempre fica mais sujeita à ação de organismos patogênicos. Portanto, a ocorrência de tombamento não esteve associada ao uso ou tipo de protetor físico, pois não houve diferenças significativas entre os tratamentos (a análise realizada não consta nos quadros), dependendo exclusivamente da fonte de inóculo da semente e do solo.
Para uma maior população de plantas no método de semeadura direta, é necessário que se trabalhe com atenção redobrada, principalmente na fase inicial de estabelecimento, pois as maiores perdas acontecem na fase de plântula, quando o ataque de insetos é fatal para a maioria das plantas.
Segundo Shimizu (1998), existem várias razões para se incorporar a silvicultura na propriedade, e a decisão sobre as espécies a serem plantadas deve ser tomada de acordo com as oportunidades e limitações que cada propriedade apresenta.
Nesse sentido, a canafístula mostrou grande potencial para ser utilizada em semeadura direta, devendo ser estudados tratamentos de pré-semeadura que visem tornar o método eficiente e simples, de forma que num futuro próximo possa ser recomendado para o agricultor.

4. CONCLUSÕES
A semeadura direta de canafístula (Peltophorum dubium) pode ser utilizada como forma de enriquecer áreas de capoeira.
Os protetores físicos em pontos de semeadura expressam efeitos benéficos sobre a emergência, sobrevivência e densidade inicial em semeadura direta.
O laminado de madeira, por ser degradável e de custo reduzido, é o protetor recomendado.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Endereço para correpondência 
Vilmar Luciano Mattei
 
E-mail:
 vlmattei@ufpel.tche.br
Mariane D'Avila Rosenthal 
E-mail:
 marianer@ufpel.tche.br.
Recebido para publicação em 18.10.2000. 
Aceito para publicação em 03.12.2002.


1 Recebido para publicação em 18.10.2000. 
Aceito para publicação em 03.12.2002.
 
Trabalho financiado pelo CNPq/FAPERGS. 
2
 Eng.-Agr. Dr. em Ciência Florestal - Prof. de Silvicultura da FAEM/UFPEL, Caixa Postal 354 Campus, 96010-900 PELOTAS–RS, <vlmattei@ufpel.tche.br>; 
3
 Eng.-Agr. Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Sementes FAEM/UFPEL, <marianer@ufpel.tche.br>.
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2) COMPORTAMENTO DA CANAFÍSTULA (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert)

EM VIVEIRO, SUBMETIDA A DIFERENTES MÉTODOS DE QUEBRA DE
DORMÊNCIA E SEMEADURA *
(Behaviour of canafistula (Peltophorum dubium (Sprengel) Taubert) in nursery,
submitted to different methods of breaking seed dormancy and sowing)
Miguel Pedro Guerra **
Rubens Onofre Nodari **
Ademir Reis ***
José Luiz Grando ****

 Trata-se de um ensaio para verificar o efeito de tratamentos pré-germinativos e
de métodos de semeadura na produção de mudas de canafístula (Peltophorum
dubium (Sprengel) Taubert). Os tratamentos pré-germinativos utilizados foram:
testemunha; ácido sulfúrico concentrado durante 20 minutos; etanol durante uma
hora e escarificação mecânica durante 30 segundos. Os sistemas de semeadura
foram: semeadura direta em sacos plásticos, e semeadura em sementeiras com
posterior repicagem. Os resultados obtidos mostraram que, independentemente do
sistema de semeadura, os tratamentos pré-germinativos aumentaram a germinação
das sementes, sendo que o ácido sulfúrico concentrado proporcionou os valores
mais elevados. Os parâmetros qualitativos das mudas foram afetados pelos métodos
de quebra de dormência e pelos sistemas de semeadura, sendo que os melhores
resultados foram obtidos pelos tratamentos com ácido sulfúrico concentrado e
escarificação mecânica, no sistema de semeadura direta em sacos plásticos. Com
estes tratamentos, foi possível a obtenção de mudas de canafístula com boas
características para o plantio em campo, 80 dias após a semeadura.
                              ABSTRACT
                             2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Uma das preocupações que norteia a produção de mudas de essências
florestais é a obtenção de mudas de boa qualidade para o plantio em campo, no
menor espaço de tempo possível. Partindo desta observação, a germinação rápida e
uniforme de sementes torna-se uma característica desejável. Em conseqüência, a
utilização de tratamentos pré-germinativos assume importância para a consecução
dos objetivos citados anteriormente. Em geral, as sementes de leguminosas
lenhosas têm dificuldades em absorver água até o momento em que seu tegumento
seja modificado, natural ou artificialmente. Isto, segundo HARTMANN & KESTER
(1975), deve-se ao fato de estas espécies, normalmente, apresentarem sementes
com tegumentos de alta dureza. Esta característica, controlada geneticamente,
revela variabilidade entre espécies e variedades de uma mesma espécie, sendo
ainda influenciadas pelas condições ambientais durante a maturação e o
armazenamento das sementes.
HARTMANN & KESTER (1975) citam, ainda, que o tegumento impermeável das
leguminosas é composto por uma camada de células em paliçada, e recoberto
externamente por camadas culticulares cerosas. A desintegração da capa destas
células, ou a separação das mesmas, é possível através de um "stress" que
permitiria a entrada de água e a conseqüente germinação. Ensaios realizados por
AMARAL et al. (1978) evidenciaram a necessidade de tratamentos especiais, através
de escarificação elétrica (tambor com lixa), para a superação da dormência de louropardo
(Cordia trichotoma) e canafístula (Peltophorum dubium). BIANCHETTI &
Boletim de Pesquisa Florestal, Colombo, n.5, p.1-18, dez.1982.
RAMOS (1981) obtiveram até 94% de germinação de sementes de canafístula,
submetidas a períodos de dois a dez minutos em ácido sulfúrico concentrado,
enquanto que a imersão de sementes em água quente forneceu um máximo de
65,3% de germinação.
No que se refere à produção de mudas, tanto a semeadura direta quanto a
obtenção em sementeira, com posterior repicagem para recipientes, têm sido
utilizadas comumente. A viabilidade do primeiro método já foi comprovada para
espécies dos gêneros Eucalyptus, Pinus e uma série de essências nativas. Uma
das vantagens deste sistema é eliminar o canteiro de semeadura com posterior
repicagem contínua sendo utilizada por diversas empresas reflorestadoras do sul do
Brasil (STURION 1981).
PARVIAINEN (1981 a) cita que nos países nórdicos, a produção de embalagens
está baseada em recipientes hexagonais de papel sem fundo ("paperpots"),
substituindo paulatinamente o processo de transplante com raiz nua. A qualidade das
mudas é um atributo que progressivamente tem aumentado de importância, e
PARVIAINEN (1981b) sugere que características como, altura da parte aérea,
diâmetro do colo e relação raiz/parte aérea são bons parâmetros na avaliação da
qualidade das mudas.
Avaliando o desenvolvimento de mudas de guapuruvu (Schizolobium
parahyba (Vell.) Blake) em função do tipo e volume do recipiente, bem como do
método de semeadura, STURION (1980) obteve mudas de maior altura através da
repicagem, e maiores peso do sistema radicular e diâmetro do colo, através de
semeadura direta. Estes resultados foram atribuídos a possíveis danos às raízes por
ocasião da repicagem.
3. MATERIAL E MÉTODOS
O ensaio foi conduzido no Horto Botânico do Departamento de Biologia da
Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis (SC). Esta região é
classificada climaticamente, pelo sistema de Köppen, no grupo C- mesotérmico de
verão quente (média dos meses mais quentes, acima de 22° C).
As sementes foram colhidas de uma planta matriz estabelecida em
Florianópolis.
Os métodos empregados para quebra de dormência, identificados como
eficientes em testes preliminares, constaram de: a) ácido sulfúrico concentrado
durante 20 minutos; b) etanol durante uma hora; c) escarificação mecânica em
tambor, lixa 121, durante 30 segundos; d) testemunha. Os sistemas de semeaduras
foram: a) semeadura direta em sacos de polietileno, de pigmentação preta, com 7 cm
de diâmetro por 14 cm de profundidade; b) semeadura em sementeira, com posterior
repicagem para os mesmos recipientes, quando as mudas haviam emitido duas
folhas verdadeiras.
Esta composição de métodos de quebra de dormência e sistemas de
semeadura permitiu a definição dos seguintes tratamentos:
T1 - Testemunha - saco plástico;
T2 - Ácido sulfúrico concentrado, 20 minutos - saco plástico;
T3 - Etanol, uma hora - saco plástico;
T4 - Escarificação mecânica, 30 segundos - saco plástico;
T5 - Testemunha - sementeira;
T6 - Ácido sulfúrico concentrado, 20 minutos - sementeira;
T7 - Etanol, uma hora - sementeira;
T8 - Escarificação mecânica, 30 segundos - sementeira.
O substrato constou de uma mistura de solo argiloso, solo arenoso e esterco de
gado, em partes iguais. Os canteiros foram cobertos por sombrite 50%, o qual foi
retirado aproximadamente um mês após a semeadura. A irrigação foi feita,
diariamente, através de regadores manuais.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os tratamentos efetuados influenciaram não só a germinação, mas também os
parâmetros de qualidade de mudas.
a) Germinação
A análise de variância (apresentada no Anexo - Tabela 1) mostra que houve
variação entre os efeitos dos tratamentos de quebra de dormência. As médias foram
separadas em quatro grupos pelo teste de Tukey (Tabela 1). A utilização de ácido
sulfúrico proporcionou a emergência de um maior número de plântulas, tanto em
sementeira (97,3%) como em sacos plásticos (96,0%), não diferindo
estatisticamente, no entanto, da média de germinação provocada pelo etanol semeadura
direta (87,3%). Estes resultados são similares aos obtidos por
BIANCHETTI & RAMOS (1981); concordam, ainda, com as observações de
AMARAL et al. (1978) para esta mesma espécie.

 O número de sementes germinadas, por ocasião da coleta final de dados, foi
extremamente baixo nas parcelas sem tratamento pré-germinativo (15,3% e 2,7% em
semeadura e em sementeira, respectivamente). Estas médias, apesar de diferirem
estatisticamente, não evidenciam qualquer interferência.
Os tratamentos pré-germinativos proporcionam praticamente os mesmos
resultados para germinação, tanto em semeadura direta em sacos plásticos como
em sementeira com posterior repicagem. Observou-se uma pequena diferença, que
não chegou a ser significativa, quando as sementes foram tratadas com etanol, nos
dois sistemas (87,3% e 72,7% respectivamente). Conseqüentemente, como os
métodos utilizados de quebra de dormência independem do sistema de semeadura,
o emprego de recipientes na produção de mudas, com a mesma eficiência e ainda
com determinadas vantagens adicionais, pode substituir o sistema tradicional que
utiliza sementeira e repicagem.
Com relação à rapidez de germinação, verificou-se que o tratamento com ácido
sulfúrico concentrado resultou em mais de 90% de sementes germinadas, dez dias
após a semeadura; seguiram-se tratamentos com escarificação mecânica e etanol.
As sementes testemunhas apresentaram o menor valor, sendo sua germinação lenta
e desuniforme, continuando a ocorrer até posteriormente ao término do experimento.
O uso do escarificador mecânico mostrou danos em algumas sementes, apesar de
terem sido colocadas no tambor com o fruto inteiro. Nos canteiros de semeadura,
verificou-se que a percentagem de sobrevivência de mudas foi menor neste
tratamento. Isto sugere que podem ocorrer danos em algumas sementes no
processo de escarificação mecânica, e que fatores como velocidade do tambor,
tempo de escarificação e número de sementes ou frutos colocados no tambor podem
estar relacionados com maiores ou menores danos.
b) Parâmetros qualitativos
Além de influenciar na germinação, os tratamentos de quebra de dormência
proporcionaram diferentes médias para a altura das mudas, diâmetro do colo, peso
seco da parte aérea e peso seco do sistema radicular, como mostram os dados da
Tabela 2 (a respectiva análise da variância é apresentada no Anexo - Tabela 2).
Numa análise preliminar, mudas originadas de sementes testemunhas (T1 e T5),
independente do sistema de semeadura, mostraram os menores valores para as
quatro características analisadas.
Boletim EMBRAPA http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim05/mguerra.pdf

20 de fevereiro de 2013

Guajuvira: resistência é com ela

A foto mostra uma guajuvira cuja copada se projeta sobre
parte do leito da rua João Manoel, em São Borja-RS.
 Ela resistiu a diversos vendavais, inclusive um com
 ventos na casa dos 120Km/h, em 30/11/2009. 

 Por Darci Bergmann


   Dentre as árvores que tem boa resistência às ventanias, a guajuvira* se destaca, devido à flexibilidade do caule e dos ramos. Outra característica é que as mudas plantadas no campo são de bom 'pegamento', desde que recebam algumas regas caso as chuvas se tornem escassas, pelo menos até os quatro meses seguintes ao plantio. A partir daí já se mostram mais tolerantes à escassez de chuvas.
  O crescimento da espécie é lento. Para acelerar o desenvolvimento, os cuidados começam no plantio. Covas amplas, com dimensões de 0,60m x 0,60m x 0,60m, e adicionando de 20 a 50 litros de esterco ou composto orgânico misturado à terra, proporcionam condições para que as raízes se expandam ràpidamente.  Na zona rural, as covas podem ter dimensões menores, em torno de 0,40m x 0,40m x 0,40m e pelo menos 20 litros de material orgânico.
   A sombra proporcionada pela guajuvira é considerada das melhores entre as espécies nativas. Essa qualidade recomenda que ela seja utilizada em projetos de arborização, mesmo nas áreas urbanas. O sistema radicular dificilmente causa problemas. Nas ruas, ela pode ser plantada em canteiros centrais ou nos passeios públicos, nos locais livres da rede elétrica.
   A madeira é de excelente qualidade e com muitas aplicações, desde móveis até cabos de ferramentas. Muitos indígenas confeccionam arcos com a madeira de guajuvira.
   No aspecto ecológico, chama atenção que as mudas podem ser plantadas  a sol pleno ou em meio às capoeiras. A ramagem intensa e fechada permite que muitas espécies de aves façam ninhos, inclusive nas plantas mais jovens. As flores brancas e perfumadas são melíferas. As sementes se propagam pela ação do vento – anemoscoria.
Desde pequena, a guajuvira já fornece condições
para a nidificação de muitas espécies de aves, de-
vido à intensa ramificação.


*Guajuvira: nome científico atual Cordia americana (L.) Gottshling & J.E. Mill.
  Antes Patagonula americana (L.)
Família: Boraginaceae
   Possui diversos nomes populares: guaiabi, apé-branco, guajura, guaiuvira, guajubira, pau-darco. Os descendentes de alemães chamavam-na de schwarzhertz, palavra derivada de schwarz=preto e hertz=coração. Ou seja: coração preto, em alusão ao cerne de cor escura da madeira.
A espécie é nativa em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

19 de fevereiro de 2013

18 de fevereiro de 2013

Fogos de artifício



Por Sérgio Becker

  Aqui no Sul, em maio de 1971, fábrica de fogos de artifício localizada no bairro dos Navegantes explodiu e causou a morte de seis pessoas e ferimentos em outras 59, mas nenhuma medida proibindo fogos foi tomada. Em novembro de 1994, um depósito de fogos em Uruguaiana explodiu e provocou a morte de duas pessoas e a destruição de sete prédios. Também desta vez não foi criada nenhuma restrição à produção e ao consumo de fogos de artifício. No Nordeste, em dezembro de 1998, a explosão de uma fábrica de fogos provocou a morte de 50 pessoas e não consta que tenha sido tomada uma providência eficaz para que “acidentes nunca mais se repetissem”. Agora, neste início (triste) de 2013, pergunta-se: o que falta para que se proíba  a produção e o consumo (irresponsável) desses artefatos, que provocam tanta morte e destruição?

Transcrito do Correio do Povo - seção Do Leitor, 13-02-2013, página 2

14 de fevereiro de 2013

UFSM: Podridão na reitoria

Por Darci Bergmann


   O atual reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Felipe Müller, passará à história como exterminador de terras públicas. Numa atitude desonrosa às tradições da UFSM e à memória do grande líder e reitor José Mariano da Rocha, a atual gestão da UFSM vendeu ao INCRA uma gleba de terras com mais de quatrocentos hectares, situadas em São Borja, a pouco mais de mil metros do perímetro urbano. O cambalacho já foi denunciado aqui neste blog. As terras foram repassadas pela União à UFSM, conforme decreto-lei nº 707, de 25 de julho de 1969 e tinham como objetivo claro a educação e a pesquisa no campo das ciências agrárias, visando ainda o desenvolvimento da Fronteira Oeste do Estado.Por muitos anos, a gleba foi administrada pela FEPAGRO Cereais de São Borja, parceira mencionada no decreto de doação e que atendia parte da demanda na pesquisa. Faz poucos anos, a comunidade regional se mobilizou na tentativa de implantar uma unidade da EMBRAPA. Outros pleitos da comunidade foram ignorados pela reitoria da UFSM. As terras poderiam ser destinadas à UNIPAMPA, que tem um campus em São Borja e à UERGS. Em Itaqui existe uma unidade da UNIPAMPA, com cursos de Agronomia e Nutrição, em pequena área de 10 hectares. Esses cursos poderiam utilizar as terras que foram repassadas à UFSM, mantendo assim os objetivos do decreto. A reitoria da UFSM preferiu ignorar a finalidade do decreto, num desrespeito à São Borja e região e corrompendo os princípios da instituição que é o ensino público.

     Estranha omissão do Ministério Público Federal

     Um procurador do MPF, em Santa Maria, recebeu representação para que fosse mantida a destinação das terras para o fim específico de ensino e pesquisa. Segundo informações, o procurador teria ficado 'satisfeito' com as explicações do reitor da UFSM e arquivou o procedimento. O caso parece não terminar por aí porque será impetrada ação direta na Justiça Federal. Circulam rumores de que o citado procurador tem laços de amizade com o reitor Felipe Müller.

     A politicagem dentro da UFSM 

      Fontes que pedem sigilo de seus nomes revelaram que a maracutaia das terras teria sido maquinada pelo reitor e seus apoiadores numa tentativa de cooptar a oposição dentro da UFSM. O reitor Felipe Müller concorreu para o cargo enfrentando outro candidato oriundo do Centro de Ciências da Saúde. O grupo de Felipe Müller quer a reeleição e para isso precisa abrandar os opositores e até mesmo cooptá-los. Felipe Müller vendeu as terras da UFSM para construir um prédio destinado ao curso de Odontologia, tentando com isso fazer média para a reeleição. O exterminador de terras públicas, ao invés de buscar recursos de outras fontes, optou pela dilapidação de patrimônio, história e tradição da UFSM, tudo por interesse próprio de permanência no cargo. Realmente, a reitoria da UFSM, no atual momento, tem cheiro de podridão.
        
     

8 de fevereiro de 2013

As favelas rurais


Por Darci Bergmann


    Vários assentamentos da reforma agrária se transformaram em favelas rurais. Não é de hoje que as mazelas de uma reforma agrária feita sem critérios tem mudado a fisionomia do campo para pior. O sucateado INCRA, na desapropriação de uma propriedade para reforma agrária, estabelece índices de produtividade. Quer dizer, exige dos proprietários tais índices, mas na maioria dos assentamentos a produtividade é muito baixa. Por outro lado, não há critério para escolha dos candidatos a um lote de terras. A coisa funciona na base da pressão exercida pelos movimentos de sem-terras. Estes organizam grupos de pessoas sem nenhuma vocação no trato com a terra, na maioria desempregados e até mesmo aventureiros dispostos a receber terra  e outras benesses, tudo com recursos públicos.
     O discurso dos líderes dos sem-terras é recorrente: 'produzir alimento', 'eliminar o latifúndio improdutivo', 'dar terra para quem não tem', etc. Nunca dizem que, por detrás da retórica midiática, está a politicagem que se nutre eleitoralmente com os assentados. Pelo Brasil afora, existem assentamentos que são   mantidos pelo INCRA e que praticamente nada produzem. Esses recursos, se fossem destinados aos agricultores familiares que sabem produzir, evitariam que muitos deles deixassem o campo.   Repito: gente que já está no campo há gerações e que sabe produzir, abandona a lide por falta de uma política agrícola adequada aos pequenos produtores. Por outro lado, os movimentos de sem-terra querem reforma agrária com gente que não é da terra, na maioria das vezes sem aptidão, sem preparo para produzir. O cenário não poderia ser outro: as favelas rurais se multiplicam. Caso persista essa  malfadada 'reforma agrária', a produção de alimentos corre riscos. Não será com a simples partilha de terras que o Brasil vai alimentar as massas urbanas que aumentam dia a dia. As cidades incharam e a população precisa ser alimentada com os alimentos básicos, que a agricultura em grande escala é capaz de produzir. 
    Outra questão é quanto ao tamanho da propriedade da agricultura familiar. Foi-se o tempo em que uma área de quinhentos hectares era considerada latifúndio. Hoje, com a mecanização, uma família de tamanho médio toca uma propriedade dessas com muito mais eficiência e produtividade. Mesmo áreas maiores, de cunho empresarial, são imprescindíveis para a produção de cereais em grande volume. Os cereais* são básicos para a alimentação das enormes populações urbanas. Isto pela facilidade de transporte e armazenamento.  Cabe ao governo estabelecer incentivos para que essas propriedades maiores produzam esse tipo de alimento. As pequenas propriedades tradicionais, com incentivo e assistência técnica, já tem, e terão mais ainda, papel importante na diversificação da base alimentar. Quanto ao excedente populacional desempregado, o chamado exército de reserva de mão-de-obra, a solução não está em deslocá-lo para assentamentos que mais parecem favelas. Essas pessoas precisam qualificação para trabalharem em outros setores, como na indústria, comércio, serviços, pequenos empreendimentos, etc., onde podem prosperar. O poder público precisa investir em educação profissionalizante e já vem fazendo isso. Há uma lacuna enorme nessa área. Gasta-se menos e os resultados são melhores do que simplesmente partilhar terras e levar mais pobreza ao campo.
  A apologia da miséria, a instigação de ódio e o fanatismo sectário, apregoados por alguns movimentos de sem-terra, não se justificam. Também não convence o discurso de que nos assentamentos se faz agricultura que respeita o consumidor e o meio ambiente. Até existem exceções à regra. Um grande proprietário rural pode promover muitos impactos ambientais negativos. Mas na mesma área, se partilhada, a soma dos impactos de um contingente de assentados sem preparo, com certeza, será maior. Isto já é constatado em várias regiões do Brasil, algumas já mostradas pela grande mídia.
   Reforma agrária não se faz só no grito, 'na marra' como já ouvi alguém falar. Reforma agrária é uma questão muito mais complexa. Não faz sentido desestabilizar o campo com invasões e depois assentamentos, quando o próprio poder público arranca da terra centenas de milhares de pessoas, com as bilionárias hidrelétricas, tipo Belo Monte. Onde estão os líderes dos 'sem-terras' que compactuam  com essa sangria do erário público e do meio ambiente? Onde estão os políticos que pregam reforma agrária e não se opõem a essas obras superfaturadas e que inundarão enormes áreas, a pretexto de energia barata às empresas mineradoras? Um final rimado talvez defina parte do perfil de certos 'representantes do povo'.

 Políticos demagogos e safados,
 É sempre bom removermos. 
 Estão nos partidos dos governos, 
 Estão nos partidos das oposições. 
 São farinha do mesmo saco.
 Saco cheio, de bandidos e  ladrões.

Nota do blog
*Cereais. Aqui no conceito de qualquer grão alimentício
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Matéria extraída do G1


08/02/2013 10h07 - Atualizado em 08/02/2013 10h13
Ministro fala em 'tensão' com campo e diz que assentamento virou 'favela'
Ministro comentou críticas ao governo sobre baixo índice de assentamentos. Segundo Carvalho, Dilma 'fez freio' para 'repensar' reforma agrária. 

Priscilla MendesDo G1, em Brasília
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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência,
Gilberto Carvalho (Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters)


                                                        O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reconheceu nesta sexta-feira (8) que há uma “tensão” entre os trabalhadores rurais e o governo e afirmou que os assentamentos da reforma agrária se transformaram “quase em favelas rurais”.
Carvalho comentou sobre as críticas que o governo vem recebendo quanto ao baixo índice de assentamentos no governo da presidente Dilma Rousseff. Ele falou nesta manhã durante o programa semanal de rádio “Bom Dia, Ministro”, da estatal Empresa Brasil de Comunicação.
Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) apontam que 2011, primeiro ano do governo Dilma, foi o ano com o menor número de famílias assentadas nos últimos 16 anos. A pior marca anterior era do primeiro ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Pelos números do Incra, 22.021 foram assentadas em 2011.
“Há realmente uma tensão entre os movimentos de trabalhadores rurais e o governo, uma vez que os movimentos nos criticam pelo baixo índice de assentados nos últimos três anos, final do governo Lula início do governo da presidenta Dilma”, afirmou.
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 Matéria publicada no site da Deutsche Welle:

Itamaraty cobra explicações da Venezuela por acordo com MST

Visita de ministro venezuelano sem aviso prévio causa mal-estar no governo brasileiro, que exige esclarecimento da embaixada. Líder da oposição no Congresso convoca Figueiredo a falar sobre o caso.
A visita ao Brasil do ministro venezuelano para o Poder Popular das Comunas e Movimentos Sociais, Elias Jaua, sem comunicar o Itamaraty, causou mal-estar em Brasília. Durante a viagem, ele assinou um convênio com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), entre outras atividades.
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, pediu explicações, nesta quarta-feira (05/11), a um representante da embaixada da Venezuela no Brasil.
Segundo a assessoria do ministério, Figueiredo convocou o encarregado de negócios do venezuelano, Reinaldo Segóvia, para “manifestar a estranheza do governo brasileiro” com a visita de Jaua, que cumpriu agenda de trabalho sem notificar o Itamaraty.
Já a assessoria do MST disse que o convênio não foi “formalizado”. “A carta assinada foi apenas de intenções na área da cooperação agrícola, realizando intercâmbios entre camponeses do Brasil e da Venezuela para a troca de experiências agroecológicas. Mas ainda não tem nada concretizado sobre o assunto”, informaram.
Na diplomacia, a ausência de um aviso pode ser interpretada como ingerência em assuntos internos e prejudicial às relações dos dois países.
Revolução socialista
Segundo o site do ministério venezuelano, o acordo firmado com o MST tem como objetivo “incrementar a capacidade de intercâmbio de experiências de formação”.
Nas palavras de Jaua, o convênio serve “para fortalecer o que é fundamental em uma revolução socialista, que é a formação, a consciência e a organização do povo para defender o que conquistou e seguir avançando na construção de uma sociedade socialista”.
Além de encontro com o MST, o ministro venezuelano fechou convênios com farmacêuticos no Paraná e conheceu experiências de transporte público e gestão de resíduos da prefeitura de Curitiba.
Convocação dos ministros
O líder da oposição no Congresso, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), apresentou um requerimento de convocação de Figueiredo. O ministro foi chamado a prestar esclarecimentos à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
“O governo tem a obrigação legal e constitucional de jamais permitir que sejam assinados acordos, por quem quer que seja, em que sejam violados os princípios da soberania e da não intervenção”, defendeu Caiado.
Um acordo entre a base aliada e a oposição transformou a convocação em convite, ou seja, o ministro não é obrigado a comparecer. No entanto, Figueiredo já confirmou presença na audiência da comissão, marcada para 19 de novembro.
No Encontro Nacional da Indústria, realizado nesta quarta-feira em Brasília, Caiado classificou o convênio como “venezualização do Brasil” e foi aplaudido pela plateia de empresários.
Já o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi vaiado ao tentar defender o governo. “Se a Venezuela financia ou quer convênio com o MST, é um problema da Venezuela e do MST”, disse.
Babá com arma
Na chegada ao Brasil, no dia 24 de outubro, pelo aeroporto internacional de Guarulhos, a babá da família de Jaua foi presa, acusada de tráfico internacional de armas. Ela carregava um revólver, que pertencia ao ministro, em uma das maletas. A arma foi identificada quando a bagagem passou pelo raio-x.
A família chegou ao aeroporto em um avião da PDVSA, a estatal de petróleo da Venezuela. A babá foi liberada, e o ministro afirmou que a viagem com a arma havia sido “um erro”.
Segundo Jaua, a babá havia viajado ao Brasil para ajudá-lo nos cuidados com a esposa dele, que passava por um tratamento de saúde em um hospital em São Paulo.
  • Data 06.11.2014
  • Autoria Marina Estarque, de São Paulo

7 de fevereiro de 2013

Gigante da indústria papeleira promete não desmatar mais florestas na Indonésia

Fonte: DW.DE

APP descumpriu promessas feitas no passado
 de preservar áreas florestais

Após pressão de organizações ambientalistas, a Asia Pulp and Paper se comprometeu a explorar madeira de forma sustentável. Companhia teria destruído dois milhões de hectares de mata nativa nos últimos 30 anos.

As exuberantes florestas da ilha de Sumatra, na Indonésia, têm sido submetidas a uma das mais velozes atividades de desmatamento do planeta. Tratores de empresas como a Asia Pulp and Paper (APP), de Singapura, derrubaram as florestas e deixaram para trás uma terra revirada, tirando o habitat de elefantes, tigres e orangotangos.
As árvores são usadas para produzir papel higiênico, papel-toalha, guardanapos e lenços de papel para consumidores do Ocidente. De acordo com a organização ambientalista WWF, a APP e suas fornecedoras seriam responsáveis, em Sumatra, por uma devastação maior do que qualquer outra empresa.
"Desde que começou suas atividades, em 1984, acredita-se que a APP e suas afiliadas tenham devastado mais de dois milhões de hectares de floresta tropical em Sumatra, e recentemente começaram um desmatamento intenso no oeste e leste de Kalimantan", afirmou Michaell Stuewe, biólogo da WWF, em entrevista à DW.

Orangotangos perderam o habitat na Indonésia
após várias áreas terem sido devastadas
Novo acordo de proteção florestal
Agora, os tratores da gigante do papel e celulose silenciaram. Em um novo acordo, intermediado pela ONG Forest Trust, a APP anunciou que vai acabar com a devastação de florestas em sua cadeia de fornecimento na Indonésia. A companhia prometeu trabalhar apenas em regiões onde não há florestas e afirmou que vai proteger áreas de turfa, que acumulam quantidades significativas de carbono.
A empresa ainda concordou em respeitar os direitos dos povos indígenas que vivem nas áreas onde as novas plantações foram sugeridas. Por meio de um comunicado, a diretora de sustentabilidade da APP, Aida Greenbury, declarou: "Nossa nova política de conservação florestal nos coloca no caminho para nos tornarmos líderes globais no ramo de papel produzido exclusivamente com fontes sustentáveis".
Sob pressão
A reviravolta da Asia Pulp and Paper no que diz respeito à proteção de florestas é resultado direto de uma campanha encabeçada pelo Greenpeace. Em 2011, a organização ambientalista apresentou evidências de que árvores ramin da floresta da Indonésia foram derrubadas, cortadas e se transformaram em papel. Essas árvores crescem em pântanos de turfa, onde tigres de Sumatra costumam caçar. É proibido cortá-las.

APP teria desmatado mais de dois milhões
 de hectares de floresta tropical 

O Greenpeace citou ainda o nome de 11 empresas que fazem negócios com a APP – muitas, incluindo grandes marcas como Danone, Xerox e Tchibo, suspenderam seus contratos com a papeleira. Na Alemanha, muitas editoras receberam pedidos para participar do boicote ao se descobrir que vários livros infantis haviam sido impressos com papel originário das florestas da Indonésia.
"A pressão do Greenpeace surtiu grande efeito", afirmou Julien Troussier, diretor de comunicação da Forest Trust, organização não-governamental que ajuda empresas a melhorar seu desempenho com relação ao meio ambiente. Troussier disse à DW que a campanha pelo boicote foi um passo importante, mas também foi essencial apoiar a empresa na transição para adotar práticas sustentáveis.
Ainda não se sabe se a APP será capaz de reconquistar sua base perdida de clientes. "As ações da APP não corresponderam à nossa visão de obter lucro de maneira ambientalmente viável", explica Stefan Dierks, gerente sênior de responsabilidade corporativa da empresa alemã Tchibo.
Ele diz que sua empresa tem conhecimento das ações da companhia asiática para acabar com o desmatamento de florestas nativas em sua cadeia de fornecimento. Quando perguntado se iria retomar os contratos com a APP, Dierks disse apenas que a Tchibo louva a decisão da APP e que observará o progresso da companhia.

APP descumpriu promessas feitas no passado de
 preservar áreas florestais

Mudança ou maquiagem?
Cientistas do Centro para Pesquisa Florestal Internacional, na Indonésia, dizem que a APP já fizera promessas sobre manejo florestal sustentável no passado e continuou destruindo grandes florestas de turfas.
"Esperamos que desta vez a empresa cumpra o que prometeu", afirmou o biólogo Michael Stuewe, da WWF. "Mas pedimos aos clientes que esperem a confirmação dessas promessas por meio de um monitoramento independente, realizado pela sociedade civil, antes de voltar a fazer negócios com a APP."
Troussier, no entanto, está mais otimista. Ele concorda que a companhia falhou em cumprir promessas no passado, mas afirmou que, desta vez, especialistas em proteção florestal estarão presentes para monitorar as operações.
"O nível de comprometimento é bastante diferente", afirmou o diretor de comunicação da Forest Trust. " O nível de transparência é diferente. Eles deram às ONGs acesso aos dados. Estamos bem informados sobre as operações deles, da plantação à industrialização. Há satélites monitorando as áreas para ter certeza de que o compromisso está sendo respeitado. Sentimos que esse é um ponto de virada para a companhia, para as florestas da Indonésia e para o mundo."
Autora: Saroja Coelho (msb)
Revisão: Francis França

DW.DE


6 de fevereiro de 2013

Santa Rosa-RS: cidade pólo do Noroeste gáucho



Por Darci Bergmann e Melissa Bergmann

    O município de Santa Rosa, tem-se destacado no cenário do Noroeste gaúcho pela sua rápida industrialização. No início foi o agronegócio, impulsionado pelos descendentes de alemães, italianos, poloneses e portugueses. Depois, as agroindústrias foram surgindo e na esteira as indústrias de máquinas e equipamentos. Embora perdendo território pela emancipação de vários distritos, a cidade cresceu e se expande atraindo investidores. Tornou-se um pólo regional, com forte comércio e prestação de serviços. O turismo está presente nas áreas de negócios, pela FENASOJA e outras modalidades. Tem boa rede hoteleira e a gastronomia é bem variada.
    A rápida expansão urbana representa um desafio às administrações. São novas demandas nas questões do trânsito, de moradias, saúde, educação, meio ambiente e lazer entre outras.
Para quem chega de fora, a primeira impressão é de uma cidade acolhedora, gente educada, o que se percebe já no trânsito. Muitos carros na hora do pique, mas motoristas educados e que na grande maioria respeitam as faixas de pedestres. 
   Como sempre, observamos os aspectos ambientais da cidade, tais como arborização e limpeza urbana, dentre outros.  E mesmo na zona rural. Nesse tocante, Santa Rosa preserva o verde urbano, com ruas bem arborizadas e diversas praças e parques.
    As hidrelétricas previstas para o Rio Uruguai, não inundarão terras em Santa Rosa. A cidade terá impactos sociais, pelas migrações que ocorrerão, caso as obras sejam realizadas. Esses impactos exigirão novos investimentos do setor público. Em opiniões colhidas junto a diversas pessoas já se esboça uma preocupação com o futuro do Rio Uruguai. Boa parte dos moradores de Santa Rosa faz turismo nas cidades costeiras próximas, como Porto Mauá, Porto Lucena, entre outras.
    Conhecemos até mesmo um grupo local denominado AMIGOS DO RIO URUGUAI,  que percorre longos trechos do rio, conscientizando pessoas sobre a questão do lixo,  preservação da mata ciliar e pesca predatória. Houve época em que esse grupo soltava alevinos de peixes nativos no rio.
    Nesse momento em que o Brasil discute a questão energética e busca caminhos menos impactantes nessa área, Santa Rosa já desponta no cenário. É o caso do sr. Moacir Locatelli, da empresa Metalúrgica Fratelli, fabricante de equipamentos para geração de energia eólica e solar fotovoltaica. A cidade tem tudo para ser um pólo difusor dessa tecnologia, gerando empregos e renda.

Darci Bergmann (á esquerda) e Moacir Locatelli,
da Metalúrgica Fratelli, que produz equipamentos
 para geração de energia eólica e solar

A popular 'rua da Xuxa' atrai atenção das crianças.



Agastronomia é ponto forte em Santa Rosa. Este restaurante
com aspecto rústico e acolhedor já é referência na cidade.


AFENASOJA é realizada neste parque de exposições e
atrai grande público a cada edição.

O Bairro Glória localiza-se em ponto alto e
permite uma boa visão da cidade

O grupo Amigos do Rio Uruguai reúne pessoas que
lutam pela preservação do manancial.