8 de maio de 2013

O emaranhado de leis ambientais e a corrupção


Por Darci Bergmann 

  A legislação ambiental do Brasil tornou-se muito complexa. Complexidade e dificuldade são parceiras da corrupção. Leis complicadas também são descumpridas por parcela da população  que alega dificuldade para se enquadrar nas suas exigências. Outras vezes o texto legal parece estar sendo cumprido, mas as maquiagens  são tantas que os resultados não atendem os objetivos da proteção ambiental. O ente público Estado é campeão em manipular as leis ambientais, conforme os interesses em jogo.

Quando os infratores não são iguais perante a lei

   Vejamos um aspecto ligado ao Código Florestal, que era um texto claro e objetivo. No Brasil ele nunca foi cumprido à risca. Muito por falta de fiscalização. Em casos em que as multas foram aplicadas por infrações escancaradas, os recursos judiciais permitiram que os infratores continuassem destruindo o patrimônio natural. Depois, com a reforma do Código, deputados e senadores tentaram anistiar os que descumpriram a lei. Seria a ‘legalização’ do ilegal patrocinada pelos representantes do povo, em nome da democracia. Não seria isso uma fraude, quando uns seriam beneficiados e outros, por infrações semelhantes, pagaram as multas estabelecidas pela mesma lei?
   Talvez a lei que mais se preste às maracutaias de todo o tipo é a dos licenciamentos ambientais, lei 9.638, de 31/08/1981. Ela instituiu a figura do licenciamento ambiental, do EIA- Estudo de Impacto ambiental e RIMA-Relatório de Impacto Ambiental. Ainda se refere às medidas mitigadoras e compensatórias. Os ambientalistas exultaram quando ela foi aprovada. Bastou o andar da carroça para que a lei fosse complementada com outros textos legais. O que já era complexo virou uma colcha de retalhos e o Estado a interpreta segundo os seus interesses. Com base no jogo político, é possível degradar ecossistemas e biomas inteiros e tudo 'dentro da lei'. Essa constatação é muito comum no caso das usinas hidrelétricas, como aconteceu com a Usina de Belo Monte, no Rio Xingú, Pará.  Esse monstrengo de custos bilionários tem a chancela do governo federal,   que alega estar 'cumprindo a lei'.  Em outras palavras, alguém – estado ou iniciativa privada – pode degradar para sempre uma determinada região e pagar a destruição com medidas compensatórias, como ficou demonstrado com a Usina de Belo Monte e outras. 

O instituto de compensar não impede a destruição ambiental

   O instituto de compensar não impede a destruição ambiental. É uma atenuante, um paliativo muito barato de que se valem os grandes destruidores da natureza. Vi uma prefeitura receber milhares de mudas de espécies florestais, como parte de uma medida compensatória de uma obra de usina hidrelétrica. Muitas dessas mudas sequer foram distribuídas e, das que chegaram ao campo, grande parte não sobreviveu. Coisas assim se encaixam bem no discurso surrado: o progresso não pode parar; as pessoas atingidas serão realocadas; os municípios receberão pagamentos; haverá geração de empregos e por aí afora. Os EIA-RIMAS são elaborados por equipes multidisciplinares, por encomenda dos empreendedores, sejam privados ou públicos. São trabalhos que seguem um Termo de Referência, uma espécie de roteiro, definida para cada empreendimento. Descrevem os aspectos geo- físicos, biológicos  e sociais, a área a ser impactada e o seu entorno. Propõem cenários caso o empreendimento se realize. São   extensos e complexos relatórios que as comunidades têm dificuldade em apreciar, mesmo nas tais de audiências públicas. Quase sempre os grandes empreendedores levam vantagem, pois podem pagar por isso. Eles contratam um batalhão de especialistas para a realização de projetos a serem examinados por órgãos públicos sucateados. A análise pode demorar e aí reside outro perigo de ocorrerem irregularidades. 
   Em síntese.Talvez a maioria das irregularidades nos licenciamentos ambientais   resultem  de uma legislação complexa que já perdeu a objetividade, de jogo político-partidário e pouco investimento na estruturação dos órgãos ambientais.
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Mais sobre o tema: 1) Do blog: cronicamaldita


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Usina de Belo Monte, uma história que se arrasta por décadas.



Depois de algumas semanas sem postar nada, eis-me aqui novamente.

Em tempos de Rio +20, que particularmente achei uma perda de tempo (mas isso vou comentar em outro post), vou tratar de um assunto que considero importante e que está tendo pouco destaque na imprensa, que  é a construção da hidrelétrica de Belo Monte. Um projeto cujas discussões se arrastam desde a época do regime militar.

Abaixo uma pequena introdução da definição do projeto Belo Monte, segundo a Wikipédia:

"A Usina Hidrelétrica de Belo Monte é uma central hidrelétrica que está sendo construída no Rio Xingu, no estado brasileiro do Pará, nas proximidades da cidade de Altamira.[1][2][3][4]
Sua potência instalada será de 11.233 MW; mas, por operar com reservatório muito reduzido, deverá produzir efetivamente cerca de 4.500 MW (39,5 TWh por ano) em média ao longo do ano, o que representa aproximadamente 10% do consumo nacional (388 TWh em 2009).[5] Em potência instalada, a usina de Belo Monte será a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas da chinesa Três Gargantas (20.300 MW) e da brasileira e paraguaia Itaipu (14.000 MW); e será a maior usina hidrelétrica inteiramente brasileira.[6]
O lago da usina terá uma área de 516 km²[2] (1/10.000 da área da Amazônia Legal), ou seja 0,115 km² por MW efetivo. Seu custo está estimado em R$ 26 bilhões pela concessionária,[7] ou seja R$ 4,3 milhões por MW efetivo. O leilão para construção e operação da usina foi realizado em abril de 2010 e vencido pelo Consórcio Norte Energia com lance de R$ 77,00 por MWh. O contrato de concessão foi assinado em 26 de agosto do mesmo ano e o de obras civis em 18 de fevereiro de 2011.[1] A usina está prevista para entrar em funcionamento em 2015.[8]
Desde seu início, o projeto de Belo Monte encontrou forte oposição de ambientalistas brasileiros e internacionais e de algumas comunidades indígenas locais.[9] Essa pressão levou a sucessivas reduções do escopo do projeto, que originalmente previa outras barragens rio acima e uma área alagada total muito maior. Em 2008, o CNPE decidiu que Belo Monte será a única usina hidrelétrica do Rio Xingu."

De um lado, o governo brasileiro (à frente de poderosos interesses), argumentando que o país precisa de energia para atender a demanda, alavancar o desenvolvimento e dizendo que as perdas ambientais são calculadas e estarão sob controle. Do outro lado, indígenas, populações ribeirnhas, ambientalistas e outros críticos ao projeto, argumentando que a construção de Belo Monte é desnecessária, excessivamente dispendiosa devido ao seu baixo custo-benefício e que os impactos ambientais seriam catastróficos.

No quadro abaixo algumas irregularidades detectadas pelo Ministério Público Federal com relação ao projeto:


Algumas questões merecem ser discutidas:

  • Por que este projeto é tão importante a ponto deste embate durar décadas? Por que tem que ser Belo Monte? Com a bacia hidrográfica abundante que o Brasil tem, não poderiam ser construídas outras usinas de menor porte, em locais onde o impacto ambiental seria menor, ao invés se sacrificar uma área tão grande?
  • Quem realmente ganha com esse projeto?  Para mim está bem claro que o governo brasileiro está bancando uma espécie de "testa-de-ferro" de grandes interesses internacionais, como mineradoras, fornecedoras de equipamentos e empreiteiras, interessadas em explorar as grandes reservas minerais da Amazônia;
  • Esses estudos de impactos ambientais são realmente confiáveis ou são meros laudos técnicos comprados pelos interessados em Belo Monte? O que eles levam (ou não) em conta? São levados em consideração os erros ou os acertos de projetos similares já realizados? É óbvio que não!
  • O governo argumenta que Belo Monte é necessária para atender a demanda e impulsionar o desenvolvimento. Em primeiro lugar: a demanda cresceu tanto assim a ponto de precisarmos ter tanta energia? Afinal, o que o governo chama de desenvolvimento. A produção de produtos primários, de baixo valor agregado, para a exportação? Isso tudo apoiado no discurso do crescimento regional, estímulo ao mercado interno e geração de empregos? Esse discurso me parece bem eleitoreiro (esse é o mal de termos eleições a cada 2 anos).


Enfim, acho muito estranho que a grande mídia não informe a opinião pública do que está acontecendo nessa região, onde um confronto armado é cada vez mais iminente. Porém, como todos sabem, a imprensa informa aquilo que lhe convém, que vende ou dá audiência para garantir o faturamento dos anunciantes. Ao invés formadora de opinião e criar cidadãos conscientes, se contenta apenas em fazer entretenimento.

É muito bonitinho falar de preservação ambiental mas ninguém quer ficar sem suas bugingangas modernas, sem televisão, sem Internet, etc. Consciência ambiental não é apenas salvar árvores e bichos. Deve-se levar em consideração todo o ecossistema, incluindo as populações que habitam e tiram o seu sustento dele. As pessoas precisam entender o quanto nossa "vida moderna" custa para o planeta.

Como eu creio que esta conscientização não vai acontecer tão cedo, podem pegar aquele documento inútil criado na Rio +20, rasgar e jogar fora.

#PRONTOFALEI

    





2) Entenda a polêmica sobre a Usina de Belo Monte:  passeiweb.com
3) IMAZON

Risco de Desmatamento Associado à Hidrelétrica de Belo Monte

Barreto, P., Brandão Jr., A., Martins, H., Silva, D., Souza Jr., C., Sales, M., & Feitosa, T. (2011). Risco de Desmatamento Associado à Hidrelétrica de Belo Monte (p. 98). Belém: Imazon.
Ações do document
Risco de Desmatamento Associado à Hidrelétrica de Belo Monte
Durante a avaliação do licenciamento da hidrelétrica (UHE) de Belo Monte no Pará, o Ibama solicitou uma análise do risco de desmatamento indireto desta obra; ou seja, o desmatamento além da área que seria alagada ou usada para as construções. O desmatamento indireto seria causado principalmente pela imigração (que poderia atingir até 96 mil pessoas) e pelo estímulo ao aumento de atividades econômicas locais. Especificamente, o Ibama solicitou a estimativa das áreas sob risco de desmatamentos e sugestões para reduzir o risco.
O Imazon estimou a taxa provável de desmatamento até 2031 considerando cenários com e sem a construção da UHE e diferentes tendências de desmatamento. Combinando a tendência do desmatamento mais baixa do período 2006-2009 com as projeções de população com o projeto, foi projetado que seriam desmatados em torno de 800 km2 adicionais em 20 anos. Já considerando a tendência do desmatamento mais elevada do período 2000-2005, projetou-se que seriam desmatados de 4.408 km2 a 5.316 km2 adicionais, dependendo do nível de imigração.
Para mitigar o risco de desmatamento, considerou-se a criação e implantação de Áreas Protegidas propostas (14.608 km2), o reforço da fiscalização e do licenciamento ambiental de imóveis rurais. O estudo levou em consideração a criação de áreas propostas pelo Projeto Básico Ambiental (PBA) (1.023 km2), e pelo próprio estudo (241km2), e também a criação das Florestas Nacionais propostas pelo Sistema Florestal Brasileiro.
Num cenário de alta taxa de desmatamento, a criação das áreas propostas evitaria 4.187 km2 de desmatamento ou 79% da área sob risco indireto do projeto. Considerando uma baixa taxa de desmatamento, seriam evitados 3.184 km2. Portanto, o desmatamento evitado neste cenário equivaleria a 3,6 vezes a área de risco adicional do projeto.
O potencial de mitigação das Áreas Protegidas só seria efetivo se não ocorresse deslocamento do desmatamento evitado nessas áreas para os imóveis privados. Assim, seria necessário aumentar a eficácia da fiscalização ambiental das áreas privadas. Para isso seria necessário aumentar a cobrança das multas já aplicadas além de manter o embargo econômico de áreas desmatadas ilegalmente.
A terceira opção para mitigação seria apoiar o licenciamento ambiental dos imóveis rurais. Até fevereiro de 2011, cerca de três quartos dos imóveis rurais da região em torno de Altamira estavam fora do Cadastro Ambiental Rural (CAR) o que dificulta a punição de quem desmata ilegalmente. O empreendedor poderia apoiar as Secretarias Municipais e Estadual de Meio Ambiente no esforço para o cadastramento dos imóveis.

3 de maio de 2013

Analfabetismo ambiental.


Por Darci Bergmann


   Basta uma chuva mais forte e o drama se repete na maioria das áreas urbanas. As sacolas cheias de lixo são depositadas sobre as calçadas à espera da coleta. Quando as chuvas chegam antes e as águas escorrem torrencialmente, arrastam montanhas de lixo.   O destino é a boca de lobo mais próxima. Os bueiros entopem e os alagamentos são o desfecho previsto. Então não adianta só apontar culpados, quando todos nós não fazemos a nossa parte.
   Numa época em que o apelo consumista encontra resposta na sociedade, fica mais fácil de identificar uma culpa coletiva. Nosso comportamento em relação aos resíduos sólidos ainda é primário. Os eventos e as datas festivas mostram o quanto de lixo é produzido  nessas ocasiões. Tudo poderia ser menos impactante se cada um de nós fizesse um pequeno esforço para reduzir embalagens, comprar menos guloseimas e fazer compostagem da parte orgânica. A compostagem reduz em média 50% de todo o lixo. Pode ser feita até nos apartamentos, em caixas especiais. 
   Há ainda aquele hábito nada recomendável de jogar na rua qualquer tipo de lixo. Um simples copo descartável, um pedacinho de 'isopor', um canudinho de tomar suco parecem inofensivos. Milhões desses pequenos descartes atingem rios e mares. Matam peixes e outras formas de vida. Os oceanos já acumulam centenas de milhões de toneladas de lixo. É preciso mudar de comportamento. Não adianta só buscar qualificação profissional, obter diploma disso e daquilo e no fundo ser um analfabeto ambiental. Jogar lixo na rua é analfabetismo ambiental. Não se venha com a desculpa de que não tem lixeira por perto. 


Esta foto foi tirada no igarapé próximo ao bairro de Educandos, em Manaus.
Durante o período de cheia, o lixo acumulado fica todo boiando nos igarapés.
Diante da cena, a ironia do nome "Educandos" não deveria passar despercebida...
 Foto: Vandré Fonseca, publicada em O ECO, 16/05/2013.



  

24 de abril de 2013

Jabuticaba, a pretinha mais amada do Brasil


Por Darci Bergmann


   A jabuticaba caiu no gosto do brasileiro. A fruta in natura é saborosa e dela se fazem suco, vinho, aguardente, vinagre, geléia, passas, sorvetes e o que mais a imaginação permitir. 
    A fruta é rica em sais minerais e vitaminas. A polpa branca,  que envolve a semente, contém ferro, fósforo e as vitaminas C e niacina, esta última do complexo B. A casca é rica em antocianina, o pigmento que lhe dá a cor quase preta. Esse pigmento tem ação similar ao licopeno, encontrado nas frutas vermelhas, tal qual o tomate, a pitanga, a melancia e acerola. É expressiva a concentração de antocianina na jabuticaba, superior à da uva preta. Nisso reside a importância de se aproveitar bem a casca, na forma de sucos e geléias. A antocianina não se decompõe no decorrer da cocção, ao contrário da vitamina C, que se perde com as temperaturas elevadas. A polpa escura também é rica em pectina.
    Os médicos e nutricionistas estão interessados nas qualidades terapêuticas e nutricionais da jabuticaba. A antocianina tem ação anti-oxidante e auxilia no combate às moléculas instáveis de radicais livres.   Estudos revelam que os consumidores de alimentos ricos nesse pigmento estão menos sujeitos a desenvolver tumores e doenças cardíacas. E a antocianina parece agir na estabilização dos teores de açúcar nos diabéticos. A pectina auxilia no combate ao colesterol.
    A jabuticabeira na natureza.
  Novos estudos demonstram que a variabilidade encontrada permite definir diversas espécies da planta. Aspectos morfológicos de folhas e frutos e porte das árvores, entre outras características, deram origem às espécies descritas pelos botânicos. Os frutos são consumidos por aves e outros animais, que disseminam novas plantas no ambiente. 
     Não só nos pomares
  Em várias cidades as jabuticabeiras já aparecem em praças,              parques e até nas ruas. Tudo nela é motivo de atração. Desde a floração no caule e nos ramos, chamada de caulifloria, até os frutos negros reluzentes. Existe até festival motivado pela fruta. Por tudo isso, a jabuticaba é a pretinha mais amada do Brasil.     

23 de abril de 2013

As árvores e os tubos

As guajuviras acima, já adultas, estão livres
dos tubos de concreto. Não causaram dano ao
passeio público. Fornecem ótima sombra e são
orgulho do gaúcho Adão Belmonte.
Foto: 30-03-2013, São Borja-RS



Por Darci Bergmann


   Seguidamente constato a utilização de tubos de concreto para o  plantio de árvores nos passeios públicos. A justificativa seria para direcionar as raízes às partes mais profundas do solo e com isso se evitariam danos às calçadas. Um tubo nessas condições é uma espécie de 'camisa de força'. Ele causa limitação das raízes, assim como os vasos. Mas tem inconvenientes que talvez não recomendem a sua utilização. Vejamos: 1) Em algumas espécies arbóreas, as raízes, ao atingirem as paredes lisas do tubo, desenvolvem-se em círculos para depois se aprofundarem. Nesse caso, a estabilidade da árvore pode ficar comprometida. 2) Em outras espécies, o sistema radicular pode sofrer diferentes deformações. 3) Existem também aquelas espécies cujas raízes exercem pressão sobre as paredes dos tubos, rachando-os.  Pelas rachaduras, as raízes atingem o solo além do tubo. 4) O pavimento das calçadas é levado até a borda superior do tubo, deixando pouca área livre para infiltração da água.
   As situações referidas são frequentes e não atingem os resultados pretendidos. Além do mais, induzem ao gasto desnecessário.

   Outras alternativas: A prática tem demonstrado que as covas com cantos em esquadro, aquelas com ângulos de 90°, permitem melhor desenvolvimento das raízes. 

   Espécies de pequeno porte não necessitam dispositivos de  contenção de raízes

    Para elas e a maioria das espécies de médio porte, recomenda-se que o centro da cova fique a 0,60 m do meio-fio. 
   Quanto às dimensões das covas, é recomendável que sejam de 0,60 metros em cada lado e também 0,60 metros de profundidade.
Algumas espécies arbóreas de médio porte e a maioria
das de grande porte exigem maior tamanho das covas
.

  Para as espécies ipê-roxo, sibipiruna, canafístula e outras de porte equivalente, recomendam-se covas com 0,80 metros de lado e de profundidade. Pode parecer um exagero, mas as árvores se desenvolvem melhor e adquirem mais estabilidade.

    Formato das covas  
   A observação cuidadosa mostra que as covas com cantos vivos, ou seja, com ângulos em 90°, são as mais indicadas. Elas permitem uma melhor distribuição das raízes. 

   Cinta com tijolos
Recomenda-se também fazer uma espécie de cinta com tijolos, em sistema de cutelo, nas quatro paredes. A cinta, com altura média de 0,30 metros, deve ficar no mesmo nível do solo no entorno. É recomendável que seja rebocada por dentro. As raízes, ao atingirem a parede de tijolos, direcionam-se aos cantos e dali se aprofundam. Essa técnica é mais barata e mais eficiente que a colocação dos tubos de concreto.



Exemplar de pau-ferro-do-norte (Caesalpinia
ferrea, var. leiostachya). Cova ampla,distância adequada
do meio-fio e área livre em torno da planta evitam aflora-
mento das raízes.


13 de abril de 2013

Arvores de porte médio para arborização urbana


   
  De modo geral, o porte das árvores de cada espécie é referido para aqueles exemplares isolados. Indivíduos da mesma espécie podem apresentar variações, conforme as condições do solo, potencial genético e clima da região. A variação no porte também ocorre em função da concorrência entre as árvores. Assim, indivíduos da mesma espécie plantados muito próximos entre si, atingem alturas maiores, do que se fossem plantados com maior espaçamento. Isto se dá pela necessidade da luz solar.
   As variáveis anteriores explicam porque algumas espécies são por vezes listadas como árvores de médio porte e em outros trabalhos podem aparecer como espécies de grande porte. Há também referências sobre o formato da copa, sistema radicular, entre outras características a serem observadas quando da escolha das espécies para plantio em vias públicas.
   Apesar de todos os trabalhos acadêmicos, a melhor referência é a própria cidade. A observação cuidadosa do comportamento das espécies já existentes indica aquelas que devem merecer preferência no plantio. Isso implica também a levar em conta a largura das calçadas, tipo de solo, proximidade dos prédios em relação ao passeio público, rede de energia elétrica, entre outros fatores.
   Nesta matéria, vou apresentar algumas espécies arbóreas que ocorrem principalmente na área urbana de São Borja-RS. Ao leitor poderão ocorrer surpresas pelo fato de que algumas espécies de ocorrência em regiões tropicais do Brasil poderem ser vistas aqui no Sul, já no limiar do Bioma Pampa. As espécies nativas aqui citadas são de ocorrência no território brasileiro.
    As espécies de médio porte são inadequadas para o plantio sob redes de energia elétricas. Uma observação pertinente: O ipê-amarelo (Tabebuia chrysotricha) e  a embaúba (Cecropia pachystachya), embora sejam consideradas de pequeno porte por muitos autores, aqui estão listadas como de médio porte em função de alguns exemplares atingirem a rede elétrica.  

Espécies nativas:

                               Camboatá-vermelho



Corticeira-do-banhado


Coqueiro, jerivá, palmeira-jerivá

Embaúba



Genipapo, jenipapo, jenipaba




Ipê-amarelo


Quaresmeira


Ingá-feijão


Pessegueiro-bravo


Espécies exóticas
                                      Árvore-da-china




Bauhínia, pata-de-vaca




Cássia-imperial



Espatódea



Figueira-de-jardim, figueira-vermelha


Magnólia-amarela


Melaleuca


Paineira-vermelha


Plátano

















11 de abril de 2013

Algumas precauções para evitar assaltos a motoristas


RECADOS DA POLÍCIA CIVIL 

1º AVISO DA POLÍCIA CIVIL. MUITO IMPORTANTE! 
À noite, se atirarem um ovo no pára-brisas de seu carro (reconhecível pelo amarelo da gema) 
* Mantenha a calma e a VELOCIDADE 
* Não use o limpador de pára-brisas! 
* NUNCA coloque água no pára-brisas! 
* Aumente a velocidade porque os LADRÕES estão por perto. 
Explicação: O ovo e a água ao se unirem, formam uma substância viscosa, tal como o leite, e você vai precisar parar, pois bloqueará a sua visão em cerca de 90%. Fuja dali o mais depressa possível! Este é o ultimo método que eles inventaram. 

2º AVISO DA POLÍCIA CIVIL - NOVA MODALIDADE DE ASSALTOS A VEÍCULOS 
Imagine que você vai para o seu carro que deixou estacionado bonitinho, abre a porta, entra, tranca as portas para ficar em segurança e liga o motor. Você não faz sempre assim? Entretanto, olhando pelo espelho interno, você vê uma folha de papel no vidro traseiro, que te bloqueia a sua visão. Então,naturalmente, xingando quem colocou um maldito anúncio no seu vidro traseiro, você põe o carro em ponto morto, puxa o freio de mão, abre a porta e sai do carro para tirar o maldito papel, ou o que seja que esteja bloqueando a sua visão. 
Quando chega na parte de trás, aparece o ladrão, vindo do nada, te rende, entra e leva o seu automóvel c/ a chave na ignição, o motor que estava ligado (se tiver bloqueador já vai estar liberado), c/ a sua carteira, documentos e o que mais houver lá. 
Assim, se houver alguma coisa bloqueando a sua visão, não desça do carro. 
Arranque o seu veículo, usando os espelhos retrovisores externos, espere e desça em outro local, mais à frente, c/ total segurança. 
REPASSE!!! Esta é quente! Muito cuidado e atenção !!! 
Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende. 
Boa sorte, boa prevenção, e fique atento. 

3º AVISO DA POLÍCIA CIVIL - CUIDADO em BARES, RESTAURANTES, IGREJA e outros locais de encontros coletivos. 
Bandidos estão dando de 10 x 0 em criatividade em nós e na Polícia, portanto, vamos acabar com isso...Vejam: Você e seus amigos ou familiares estão num bar ou restaurante, batendo papo e se divertindo. 
De repente, chega um indivíduo e pergunta de quem é o carro tal, com placa tal, estacionado na rua tal, solicitando que o proprietário dê um pulinho lá fora para manobrar o carro, que está dificultando a saída de outro carro. Você, bastante solícito vai, e ao chegar até o seu carro, anunciam o assalto e levam seu carro e seus pertences, e ainda terá sorte se não levar um tiro.... 
Numa mesma noite, o resgate da Polícia Militar atendeu a três pessoas baleadas, todas envolvidas no mesmo tipo de história. 
Repasse esta notícia para alertar seus amigos... O jeito, em caso semelhante, ir acompanhado!Chame alguns amigos para irem juntos, e de longe verifique se é verdade. 
Isto também pode acontecer, quando se está na igreja, supermercado... ou em outros locais de encontros coletivos. 

Por favor, compartilhe com seus amigos e familiares

* O texto acima foi mandado por e-mail, pelo SIMUSB de São Borja/RS

10 de abril de 2013

Alemães aperfeiçoam células que transformam calor em eletricidade



Grande parte do calor proveniente das usinas elétricas e dos automóveis é simplesmente desperdiçada. Na Feira de Hannover, pesquisadores demonstram que esse aquecimento pode ser usado para gerar eletricidade.
Das chaminés das usinas termelétricas a carvão sobem grandes nuvens, compostas em grande parte não por gases tóxicos, mas apenas por vapor das torres de resfriamento – e esse vapor contém grande quantidade de energia não utilizada. Segundo estimativas, uma usina desse tipo converte somente em torno de 40% da energia em eletricidade.
O mesmo acontece com os automóveis. Os motores de combustão interna rodam em altas temperaturas e precisam de refrigeração através de um circuito de água e da circulação do ar. Dessa forma, muita energia também é desperdiçada.
Mas isso pode ser diferente. O excesso de calor pode ser utilizado de maneira direta para gerar eletricidade através das células de calor, os chamados componentes termelétricos, de funcionamento semelhante às células dos painéis solares. Para tal, elas são instaladas em locais onde haja diferença de temperatura: quente de um lado e relativamente frio do outro.
Nas torres de resfriamento, o local ideal seria entre o calor do vapor quente e o frio da parede de concreto. Quando as células são instaladas no interior das torres, o seguinte acontece com os geradores termelétricos: uma vez que haja a diferença de temperatura no interior das células, elétrons carregados negativamente se movem do lado quente para o frio do pequeno gerador. Por meio de eletrodos fixados dentro e fora da célula, surge um circuito de corrente, do qual a energia elétrica é direcionada ao consumidor.
Feito em 3D
Os pesquisadores do Instituto Fraunhofer de Tecnologia de Materiais e Raios (IWS), de Dresden, desenvolveram as células de forma que elas possam se adaptar a diversas áreas de aplicações. O truque é que os geradores termelétricos são executados numa impressora 3D, sob medida para o uso desejado.
Elas podem, por exemplo, ser alocadas nos escapamentos de automóveis ou nos tubos por onde passa a água para o resfriamento do motor, e a corrente gerada pode ser introduzida diretamente no sistema elétrico do carro.
No futuro, as montadoras poderão dispensar os vulneráveis alternadores dos automóveis. Os pesquisadores já conseguiram produzir 600 watts de energia num sistema de exaustão de um carro, o suficiente para a utilização normal de um aspirador de pó.
Geradores termelétricos já são realidade há algum tempo. Mas além do design complicado eles trazem outras desvantagens como, por exemplo, conter ingredientes tóxicos como o chumbo. Já as novas células de calor são feitas de um plástico não tóxico que conduz eletricidade.

4 de abril de 2013

O novo papel das Forças Armadas


Queimada na Estação Ecológica do Taim-RS/Brasil
Foto: Lauro Alves, 27 mar. 2013
 Agência RBS/Folhapress

  


Por Darci Bergmann   

   O que eu vou propor não é um estudo de especialista em estratégia de guerras e conflitos convencionais. Refiro-me aqui aos desastres naturais que tem a participação de agentes e condutas bem identificados dentro da espécie humana e da sua civilização predatória. Até agora, os nossos conceitos de segurança, ordem pública e 'defesa da pátria ante inimigos externos', foram as premissas na estruturação de forças policiais e militares. Pessoas e estados precisam de segurança, ninguém discorda. Há que se ampliar esses conceitos, frente às mudanças ambientais de ordem planetária, que já fazem milhões de vítimas. E as perspectivas não parecem animadoras. 
   As estruturas até agora implementadas para a segurança da população civil, não atendem à demanda da nova realidade. Já convivemos com episódios piores do que os de uma guerra convencional. É preciso que a segurança da sociedade seja vista de forma mais abrangente. Em outras palavras: as Forças Armadas deverão se envolver nas questões relacionadas aos desastres naturais e à preservação ambiental. E com tanto empenho como se fossem se envolver em qualquer outro tipo de guerra ou conflito.
   Pode-se argumentar que as Forças Armadas já participam de alguma forma   em eventos extremos. Mas são ações tímidas, paliativas, quando as tragédias já ocorreram. As Forças Armadas sempre se mantém prontas para uma possível guerra contra algum inimigo imaginário. No caso brasileiro, quais seriam nossos potenciais inimigos? Seriam alguns países limítrofes eventualmente governados por tiranos agressores? Pelo tamanho do nosso território, nenhum deles teria condição para uma ocupação efetiva. No entanto, o Brasil está sendo vítima de outra guerra, mais devastadora, dentro das suas próprias fronteiras.  A acelerada destruição ambiental e a ocupação irresponsável de áreas de risco já fizeram dezenas de milhares de vítimas nas últimas décadas e exigem cada vez mais recursos públicos. Ninguém se engane. A desordem climática pode resultar em desordem social.
  Enquanto temos pessoas saudáveis e lúcidas sempre prontas para combater um inimigo virtual nos quartéis, o nosso ambiente ao redor tem outros conflitos reais. Um caso emblemático é o que aconteceu recentemente com a Estação Ecológica do Taim, vítima de uma queimada que atingiu milhares de hectares. Parece nada a ver com as forças armadas. Parece! No fundo é a tremenda inversão de valores e a rendição do estado e da sociedade ante o colapso ambiental. Enquanto tres aeronaves e alguns bombeiros tentavam apagar as chamas, numa batalha desigual, a poucos quilômetros dali os quartéis mantinham as suas tropas bem treinadas para uma hipotética guerra contra um suposto inimigo externo.
   Agora, discute-se a ‘modernização’ das aeronaves de guerra com gastos bilionários, ao mesmo tempo em que não temos estrutura para combatermos um incêndio como o que atingiu o Taim e tantos outros nas Unidades de Conservação espalhadas pelo País. As queimadas não apenas destroem a biodiversidade, empobrecendo biomas e países. Lançam também toneladas de gases causadores do efeito estufa, como o CO². As fuligens atingem as cidades e agravam ou provocam doenças respiratórias. A intervenção das Forças Armadas em casos como o do Taim, é questão de segurança nacional. Alguns soldados e mais aeronaves próprias de combate às chamas teriam reduzido o tempo de duração do incêndio. Argumentarão alguns que isso é tarefa dos Bombeiros. Será que precisamos manter eternamente soldados e equipamentos caros e ociosos, à espera de uma guerra contra um inimigo imaginário, enquanto ao nosso redor outra guerra acontece?
   Por oportuno, proponho aqui que as Forças Armadas do Brasil criem setores bem treinados e equipados para os novos tempos que virão com as mudanças climáticas. E que, além de preservarem a integridade das nossas fronteiras, ajudem a proteger de forma objetiva a biodiversidade e um estado de segurança ambiental,onde natureza e pessoas possam conviver de forma mais harmoniosa.

2 de abril de 2013

Da árvore de plástico à mulher de plástico.

Por Darci Bergmann

   A miopia ambiental se espalha nos quadrantes do Planeta. Já comentei sobre um modismo antinatural que propõe aplicar sobre os troncos das árvores tecidos coloridos cheios de penduricalhos. O argumento é embelezar as cidades feias do nosso cotidiano. 
   Agora, sou surpreendido por outras tentativas de adaptar a arborização urbana a essa visão artificial de mundo sem natureza. Por mais de uma vez, fui procurado por pessoas que desejavam saber se havia disponível algum arbusto de plástico para 'plantio' em passeio público. Sendo assim, não haveria queda de folhas, danos às calçadas, nem risco de conflito com a rede elétrica. Ninguém precisaria varrer as folhas e assim sobraria mais tempo para outras atividades. Essas talvez incluam viver 'bem informado' com o repeteco de notícias sobre assaltos, as fofocas sobre a vida pessoal dos artistas e as novidades na linha de vestuário para cães.
    Penso que tudo tem um limite. Inclusive a eliminação do que é natural. Se a moda pega, vamos ter árvores, aves, flores, gente, tudo de plástico. Bugigangas monótonas e sem vida. 
     É possível que o nosso comportamento individual e coletivo já esteja perturbado por esse modelo civilizatório excludente de biodiversidade. As cidades foram planejadas para o automóvel e quase nada para as pessoas e para a natureza. São barulhentas. As tranqueiras publicitárias atrapalham e ainda impedem o plantio de árvores. Somos reféns de uma gama de produtos e serviços que prometem comodidade. Já nem percebemos que nos tomam um tempo precioso e cobram um alto preço. A miopia ambiental já nos atingiu de tal forma que não atinamos para certas sutilezas das estações do ano. Somos alvos das campanhas para as compras de roupas e calçados da época. A natureza, que se apresenta em tons diferentes conforme a estação, passa quase despercebida.
   Cada espécie viva reage de forma diferente às variações climáticas. Por isso a diversidade é importante. Nos meses de outono-inverno, algumas árvores perdem as folhas, outras não. Faz parte da fisiologia de cada espécie. As floradas também se manifestam de forma diferente, na intensidade e no colorido. Essas alterações quebram a monotonia e nos dão motivação para a vida. Não seria por razões semelhantes que as mulheres se pintam e às vezes mudam o visual? Por isso, acho descabido quando alguém reclama das folhas que as árvores soltam. Sinceramente, é muito melhor varrermos de vez em quando as folhas das árvores das calçadas, do que retirarmos sacolas, copos, garrafas e uma gama enorme de lixo que pessoas alienadas deixam sobre elas. 
   Da árvore de plástico à mulher de plástico. Se isso virar uma tendência, prefiro fazer uma regressão e voltar ao tempo das cavernas. 

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Um fato pitoresco com árvore de plástico: Fonte: notícias.terra.com.br

Idoso passa três meses regando árvore de plástico
28 de fevereiro de 2007 • 18h59 • atualizado às 18h59
·         Notícias
ERIKA DAGUANO
DIRETO DE RIBEIRÃO PRETO
São Paulo


Dois idosos de Monte Alto, a 353 km de São Paulo, tiveram uma decepção após plantarem uma árvore em um canteiro da cidade. Depois de três meses, eles descobriram que o suposto vegetal era de plástico. "Achei que ia virar planta", diz o comerciante Domingos Alves, 60 anos.
Junto com o amigo, o também comerciante Alceu Colevate, 70 anos, ele havia achado a árvore abandonada ainda em 2006, e decidiram fazer uma boa ação. Os dois replantaram a planta no canteiro do mercado municipal da cidade.
Passados três meses, a árvore não cresceu, não floresceu, nem murchou. Mesmo assim, ambos continuaram cuidando dela. Somente depois de um vendaval que arrancou muitas "folhas", no fim do ano passado, eles perceberam que se tratava de uma planta artificial.
"Fiquei decepcionado", diz Alceu. "Apavorei. Fiquei chateado", completa Domingos. Por conta do episódio, os dois passaram a ser conhecidos como "ecologistas artificiais" na cidade.
Depois, os amigos resolveram refazer a boa ação e plantaram uma nova planta. Desta vez, juram, é de verdade. "Se quiser, mostro até a semente", afirma Alceu.
http://img.terra.com.br/i/x.gifRedação Terra

1 de abril de 2013

Florestas artificiais ameaçam biodiversidade do Pampa






Em estados como Mato Grosso e Pará, a Floresta Amazônica está sendo transformada em pasto. No Rio Grande do Sul ocorre o problema inverso: a vegetação campestre dos pampas - que há séculos convive em harmonia com a pecuária - está sendo dizimada para dar lugar a florestas plantadas pelo homem.



O impacto visual da destruição pode ser maior na Amazônia, mas se engana quem pensa que a perda biológica no Bioma Pampa é menor. Segundo levantamento coordenado pela professora Ilsi Iob Boldrini, daUniversidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), os campos sulinos concentram uma diversidade vegetal três vezes maior que a da floresta, quando se leva em conta a proporção da área ocupada por cada bioma.

Os dados foram apresentados no segundo evento do Ciclo de Conferências 2013 do Biota Educação, organizado pelo Programa Biota-Fapesp, que teve como tema o Pampa.

Com 176 mil km², o bioma era considerado parte da Mata Atlântica até 2004. Originalmente, ocupava 63% do território gaúcho. Hoje, apenas 36% dessa área ainda está coberta pela vegetação original.

"A paisagem campestre pode parecer homogênea e pobre para quem não conhece, mas nesse pequeno remanescente do bioma mapeamos 2.169 táxons -- a maioria espécies diferentes, pertencentes a 502 gêneros e 89 famílias. Desses, 990 táxons são exclusivos do Pampa. É um número muito grande para uma área tão pequena. No Cerrado, por exemplo, são 7 mil espécies em 3 milhões de km²", afirmou Boldrini.

Segundo a pesquisadora, aproximadamente 1 milhão de hectares -- ou 25% do Bioma Pampa -- foi ocupado nos últimos cinco anos por florestas de eucalipto e de pinus, que visam a abastecer a indústria de papel e celulose.

Poucas plantas nativas sobrevivem debaixo das árvores, pois há pouca luz disponível e as espécies de campo aberto precisam de muito sol. "Quando as árvores forem cortadas, restarão apenas os tocos e um solo descoberto -- ambiente propício para espécies invasoras como o capim-annoni ou a grama-paulista, que são muito fibrosas e não servem para pasto", disse.

Mas, segundo Boldrini, o mais antigo e ainda hoje o principal fator de destruição do Pampa é a agricultura. "As plantações de soja e trigo nas terras mais secas e as plantações de arroz nas áreas úmidas, próximas a rios. O cultivo começou no planalto e está se espalhando para todo o Pampa, embora a vocação da região seja para a pecuária", argumentou.

Mesmo a criação de gado para corte, introduzida no Rio Grande do Sul pelos jesuítas ainda no século XVI, tem se tornado uma ameaça por falta de manejo adequado.

"Os produtores usam uma carga animal muito alta. Como consequência, o campo fica baixo e falta pasto no inverno. Eles então aplicam herbicidas para eliminar a vegetação nativa e abrir espaço para plantar espécies hibernais exóticas, como azevém, trevo branco e cornichão", alertou Boldrini.

A prática não só ameaça a biodiversidade local, como contamina o solo e a água e ainda diminui a produtividade dos pecuaristas. O ideal, segundo Boldrini, seria ter uma oferta de forragem de três a quatro vezes maior do que o gado é capaz de consumir. Dessa forma, o animal escolhe as espécies mais adequadas para sua alimentação, desenvolve-se mais rápido e se reproduz de forma mais eficiente.

"A produtividade média do estado hoje é de 70 kg de carne por hectare ao ano. Com o manejo correto, pode passar para 200 kg a 230 kg por hectare ao ano. Além disso, a qualidade da carne também melhora. Basta cuidar para o animal não liquidar com a vegetação", disse.

SOS Pampa

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Pampa é hoje o segundo bioma mais devastado do país -- atrás apenas da Mata Atlântica. Entre as espécies vegetais endêmicas da região já descritas, 151 estão ameaçadas de extinção.

"Algumas plantas, como a Pavonia secreta, existem apenas em uma pequena região do Pampa. No momento em que aquele lugar for devastado, elas vão se extinguir", disse Boldrini.

O desaparecimento da flora local ameaça não apenas a fauna a ela associada como também os mananciais da região, alertou a pesquisadora.

"As nascentes de todos os afluentes e subafluentes dos grandes rios do estado, como Jacuí, Ibicuí e Uruguai, estão completamente interligadas à vegetação de campo. Se não cuidarmos da periferia dessas nascentes, não adianta plantar pinus depois", afirmou a professora.

Desconhecimento

Ainda durante o evento, Márcio Borges Martins, da UFRGS, afirmou que um dos principais obstáculos à preservação do Pampa é o desconhecimento da biodiversidade local. "Há muitas pesquisas sendo feitas, mas quase nada publicado. Isso dificulta a definição de áreas prioritárias para a conservação", disse.

A falta de informações sobre as espécies de animais da região também foi destacada por Eduardo Eizirik, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), que apresentou a palestraOrigem, evolução e diversidade da fauna de vertebrados do Bioma Pampa.

Organizado pelo Programa Biota-Fapesp, o Ciclo de Conferências 2013 tem o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência. A terceira etapa será no dia 18 de abril, quando estará em destaque o "Bioma Pantanal".

Em 16 de maio de 2013, o tema será "Bioma Cerrado". Em 20 de junho, será abordado o "Bioma Caatinga". Em 22 de agosto, será a vez do "Bioma Mata Atlântica". Em 19 de setembro, "Bioma Amazônia". Em 24 de outubro, o tema será "Ambientes Marinhos e Costeiros". Finalizando o ciclo, em 21 de novembro, o tema será "Biodiversidade em Ambientes Antrópicos -- Urbanos e Rurais". 

FONTE

Agência Fapesp
Karina Toledo - Jornalista
Telefone: (11) 3838-4000 
Fax: (11) 3838-4117 
E-mail: agencia@fapesp.br

Links referenciados

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
www.pucrs.br

Universidade Federal do Rio Grande do Sul
www.ufrgs.br

Ministério do Meio Ambiente
www.mma.gov.br

Ciclo de Conferências 2013
www.fapesp.br/biotaeduc

Márcio Borges Martins
lattes.cnpq.br/0479990476812992

Programa Biota-Fapesp
www.fapesp.br/biota

Ilsi Iob Boldrini
attes.cnpq.br/3170421043879122

agencia@fapesp.br
agencia@fapesp.br

Agência Fapesp
www.agencia.fapesp.br

Eduardo Eizirik
lattes.cnpq.br/3626004211018550

Pavonia secreta
www.ufrgs.br/fitoecologia/florars/open_s
p.php?img=6208

Bioma Pampa
pt.wikipedia.org/wiki/Pampa