20 de fevereiro de 2013

Guajuvira: resistência é com ela

A foto mostra uma guajuvira cuja copada se projeta sobre
parte do leito da rua João Manoel, em São Borja-RS.
 Ela resistiu a diversos vendavais, inclusive um com
 ventos na casa dos 120Km/h, em 30/11/2009. 

 Por Darci Bergmann


   Dentre as árvores que tem boa resistência às ventanias, a guajuvira* se destaca, devido à flexibilidade do caule e dos ramos. Outra característica é que as mudas plantadas no campo são de bom 'pegamento', desde que recebam algumas regas caso as chuvas se tornem escassas, pelo menos até os quatro meses seguintes ao plantio. A partir daí já se mostram mais tolerantes à escassez de chuvas.
  O crescimento da espécie é lento. Para acelerar o desenvolvimento, os cuidados começam no plantio. Covas amplas, com dimensões de 0,60m x 0,60m x 0,60m, e adicionando de 20 a 50 litros de esterco ou composto orgânico misturado à terra, proporcionam condições para que as raízes se expandam ràpidamente.  Na zona rural, as covas podem ter dimensões menores, em torno de 0,40m x 0,40m x 0,40m e pelo menos 20 litros de material orgânico.
   A sombra proporcionada pela guajuvira é considerada das melhores entre as espécies nativas. Essa qualidade recomenda que ela seja utilizada em projetos de arborização, mesmo nas áreas urbanas. O sistema radicular dificilmente causa problemas. Nas ruas, ela pode ser plantada em canteiros centrais ou nos passeios públicos, nos locais livres da rede elétrica.
   A madeira é de excelente qualidade e com muitas aplicações, desde móveis até cabos de ferramentas. Muitos indígenas confeccionam arcos com a madeira de guajuvira.
   No aspecto ecológico, chama atenção que as mudas podem ser plantadas  a sol pleno ou em meio às capoeiras. A ramagem intensa e fechada permite que muitas espécies de aves façam ninhos, inclusive nas plantas mais jovens. As flores brancas e perfumadas são melíferas. As sementes se propagam pela ação do vento – anemoscoria.
Desde pequena, a guajuvira já fornece condições
para a nidificação de muitas espécies de aves, de-
vido à intensa ramificação.


*Guajuvira: nome científico atual Cordia americana (L.) Gottshling & J.E. Mill.
  Antes Patagonula americana (L.)
Família: Boraginaceae
   Possui diversos nomes populares: guaiabi, apé-branco, guajura, guaiuvira, guajubira, pau-darco. Os descendentes de alemães chamavam-na de schwarzhertz, palavra derivada de schwarz=preto e hertz=coração. Ou seja: coração preto, em alusão ao cerne de cor escura da madeira.
A espécie é nativa em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

19 de fevereiro de 2013

18 de fevereiro de 2013

Fogos de artifício



Por Sérgio Becker

  Aqui no Sul, em maio de 1971, fábrica de fogos de artifício localizada no bairro dos Navegantes explodiu e causou a morte de seis pessoas e ferimentos em outras 59, mas nenhuma medida proibindo fogos foi tomada. Em novembro de 1994, um depósito de fogos em Uruguaiana explodiu e provocou a morte de duas pessoas e a destruição de sete prédios. Também desta vez não foi criada nenhuma restrição à produção e ao consumo de fogos de artifício. No Nordeste, em dezembro de 1998, a explosão de uma fábrica de fogos provocou a morte de 50 pessoas e não consta que tenha sido tomada uma providência eficaz para que “acidentes nunca mais se repetissem”. Agora, neste início (triste) de 2013, pergunta-se: o que falta para que se proíba  a produção e o consumo (irresponsável) desses artefatos, que provocam tanta morte e destruição?

Transcrito do Correio do Povo - seção Do Leitor, 13-02-2013, página 2

14 de fevereiro de 2013

UFSM: Podridão na reitoria

Por Darci Bergmann


   O atual reitor da Universidade Federal de Santa Maria, Felipe Müller, passará à história como exterminador de terras públicas. Numa atitude desonrosa às tradições da UFSM e à memória do grande líder e reitor José Mariano da Rocha, a atual gestão da UFSM vendeu ao INCRA uma gleba de terras com mais de quatrocentos hectares, situadas em São Borja, a pouco mais de mil metros do perímetro urbano. O cambalacho já foi denunciado aqui neste blog. As terras foram repassadas pela União à UFSM, conforme decreto-lei nº 707, de 25 de julho de 1969 e tinham como objetivo claro a educação e a pesquisa no campo das ciências agrárias, visando ainda o desenvolvimento da Fronteira Oeste do Estado.Por muitos anos, a gleba foi administrada pela FEPAGRO Cereais de São Borja, parceira mencionada no decreto de doação e que atendia parte da demanda na pesquisa. Faz poucos anos, a comunidade regional se mobilizou na tentativa de implantar uma unidade da EMBRAPA. Outros pleitos da comunidade foram ignorados pela reitoria da UFSM. As terras poderiam ser destinadas à UNIPAMPA, que tem um campus em São Borja e à UERGS. Em Itaqui existe uma unidade da UNIPAMPA, com cursos de Agronomia e Nutrição, em pequena área de 10 hectares. Esses cursos poderiam utilizar as terras que foram repassadas à UFSM, mantendo assim os objetivos do decreto. A reitoria da UFSM preferiu ignorar a finalidade do decreto, num desrespeito à São Borja e região e corrompendo os princípios da instituição que é o ensino público.

     Estranha omissão do Ministério Público Federal

     Um procurador do MPF, em Santa Maria, recebeu representação para que fosse mantida a destinação das terras para o fim específico de ensino e pesquisa. Segundo informações, o procurador teria ficado 'satisfeito' com as explicações do reitor da UFSM e arquivou o procedimento. O caso parece não terminar por aí porque será impetrada ação direta na Justiça Federal. Circulam rumores de que o citado procurador tem laços de amizade com o reitor Felipe Müller.

     A politicagem dentro da UFSM 

      Fontes que pedem sigilo de seus nomes revelaram que a maracutaia das terras teria sido maquinada pelo reitor e seus apoiadores numa tentativa de cooptar a oposição dentro da UFSM. O reitor Felipe Müller concorreu para o cargo enfrentando outro candidato oriundo do Centro de Ciências da Saúde. O grupo de Felipe Müller quer a reeleição e para isso precisa abrandar os opositores e até mesmo cooptá-los. Felipe Müller vendeu as terras da UFSM para construir um prédio destinado ao curso de Odontologia, tentando com isso fazer média para a reeleição. O exterminador de terras públicas, ao invés de buscar recursos de outras fontes, optou pela dilapidação de patrimônio, história e tradição da UFSM, tudo por interesse próprio de permanência no cargo. Realmente, a reitoria da UFSM, no atual momento, tem cheiro de podridão.
        
     

8 de fevereiro de 2013

As favelas rurais


Por Darci Bergmann


    Vários assentamentos da reforma agrária se transformaram em favelas rurais. Não é de hoje que as mazelas de uma reforma agrária feita sem critérios tem mudado a fisionomia do campo para pior. O sucateado INCRA, na desapropriação de uma propriedade para reforma agrária, estabelece índices de produtividade. Quer dizer, exige dos proprietários tais índices, mas na maioria dos assentamentos a produtividade é muito baixa. Por outro lado, não há critério para escolha dos candidatos a um lote de terras. A coisa funciona na base da pressão exercida pelos movimentos de sem-terras. Estes organizam grupos de pessoas sem nenhuma vocação no trato com a terra, na maioria desempregados e até mesmo aventureiros dispostos a receber terra  e outras benesses, tudo com recursos públicos.
     O discurso dos líderes dos sem-terras é recorrente: 'produzir alimento', 'eliminar o latifúndio improdutivo', 'dar terra para quem não tem', etc. Nunca dizem que, por detrás da retórica midiática, está a politicagem que se nutre eleitoralmente com os assentados. Pelo Brasil afora, existem assentamentos que são   mantidos pelo INCRA e que praticamente nada produzem. Esses recursos, se fossem destinados aos agricultores familiares que sabem produzir, evitariam que muitos deles deixassem o campo.   Repito: gente que já está no campo há gerações e que sabe produzir, abandona a lide por falta de uma política agrícola adequada aos pequenos produtores. Por outro lado, os movimentos de sem-terra querem reforma agrária com gente que não é da terra, na maioria das vezes sem aptidão, sem preparo para produzir. O cenário não poderia ser outro: as favelas rurais se multiplicam. Caso persista essa  malfadada 'reforma agrária', a produção de alimentos corre riscos. Não será com a simples partilha de terras que o Brasil vai alimentar as massas urbanas que aumentam dia a dia. As cidades incharam e a população precisa ser alimentada com os alimentos básicos, que a agricultura em grande escala é capaz de produzir. 
    Outra questão é quanto ao tamanho da propriedade da agricultura familiar. Foi-se o tempo em que uma área de quinhentos hectares era considerada latifúndio. Hoje, com a mecanização, uma família de tamanho médio toca uma propriedade dessas com muito mais eficiência e produtividade. Mesmo áreas maiores, de cunho empresarial, são imprescindíveis para a produção de cereais em grande volume. Os cereais* são básicos para a alimentação das enormes populações urbanas. Isto pela facilidade de transporte e armazenamento.  Cabe ao governo estabelecer incentivos para que essas propriedades maiores produzam esse tipo de alimento. As pequenas propriedades tradicionais, com incentivo e assistência técnica, já tem, e terão mais ainda, papel importante na diversificação da base alimentar. Quanto ao excedente populacional desempregado, o chamado exército de reserva de mão-de-obra, a solução não está em deslocá-lo para assentamentos que mais parecem favelas. Essas pessoas precisam qualificação para trabalharem em outros setores, como na indústria, comércio, serviços, pequenos empreendimentos, etc., onde podem prosperar. O poder público precisa investir em educação profissionalizante e já vem fazendo isso. Há uma lacuna enorme nessa área. Gasta-se menos e os resultados são melhores do que simplesmente partilhar terras e levar mais pobreza ao campo.
  A apologia da miséria, a instigação de ódio e o fanatismo sectário, apregoados por alguns movimentos de sem-terra, não se justificam. Também não convence o discurso de que nos assentamentos se faz agricultura que respeita o consumidor e o meio ambiente. Até existem exceções à regra. Um grande proprietário rural pode promover muitos impactos ambientais negativos. Mas na mesma área, se partilhada, a soma dos impactos de um contingente de assentados sem preparo, com certeza, será maior. Isto já é constatado em várias regiões do Brasil, algumas já mostradas pela grande mídia.
   Reforma agrária não se faz só no grito, 'na marra' como já ouvi alguém falar. Reforma agrária é uma questão muito mais complexa. Não faz sentido desestabilizar o campo com invasões e depois assentamentos, quando o próprio poder público arranca da terra centenas de milhares de pessoas, com as bilionárias hidrelétricas, tipo Belo Monte. Onde estão os líderes dos 'sem-terras' que compactuam  com essa sangria do erário público e do meio ambiente? Onde estão os políticos que pregam reforma agrária e não se opõem a essas obras superfaturadas e que inundarão enormes áreas, a pretexto de energia barata às empresas mineradoras? Um final rimado talvez defina parte do perfil de certos 'representantes do povo'.

 Políticos demagogos e safados,
 É sempre bom removermos. 
 Estão nos partidos dos governos, 
 Estão nos partidos das oposições. 
 São farinha do mesmo saco.
 Saco cheio, de bandidos e  ladrões.

Nota do blog
*Cereais. Aqui no conceito de qualquer grão alimentício
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Matéria extraída do G1


08/02/2013 10h07 - Atualizado em 08/02/2013 10h13
Ministro fala em 'tensão' com campo e diz que assentamento virou 'favela'
Ministro comentou críticas ao governo sobre baixo índice de assentamentos. Segundo Carvalho, Dilma 'fez freio' para 'repensar' reforma agrária. 

Priscilla MendesDo G1, em Brasília
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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência,
Gilberto Carvalho (Foto: Ueslei Marcelino/ Reuters)


                                                        O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, reconheceu nesta sexta-feira (8) que há uma “tensão” entre os trabalhadores rurais e o governo e afirmou que os assentamentos da reforma agrária se transformaram “quase em favelas rurais”.
Carvalho comentou sobre as críticas que o governo vem recebendo quanto ao baixo índice de assentamentos no governo da presidente Dilma Rousseff. Ele falou nesta manhã durante o programa semanal de rádio “Bom Dia, Ministro”, da estatal Empresa Brasil de Comunicação.
Dados do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) apontam que 2011, primeiro ano do governo Dilma, foi o ano com o menor número de famílias assentadas nos últimos 16 anos. A pior marca anterior era do primeiro ano de mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Pelos números do Incra, 22.021 foram assentadas em 2011.
“Há realmente uma tensão entre os movimentos de trabalhadores rurais e o governo, uma vez que os movimentos nos criticam pelo baixo índice de assentados nos últimos três anos, final do governo Lula início do governo da presidenta Dilma”, afirmou.
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 Matéria publicada no site da Deutsche Welle:

Itamaraty cobra explicações da Venezuela por acordo com MST

Visita de ministro venezuelano sem aviso prévio causa mal-estar no governo brasileiro, que exige esclarecimento da embaixada. Líder da oposição no Congresso convoca Figueiredo a falar sobre o caso.
A visita ao Brasil do ministro venezuelano para o Poder Popular das Comunas e Movimentos Sociais, Elias Jaua, sem comunicar o Itamaraty, causou mal-estar em Brasília. Durante a viagem, ele assinou um convênio com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), entre outras atividades.
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, pediu explicações, nesta quarta-feira (05/11), a um representante da embaixada da Venezuela no Brasil.
Segundo a assessoria do ministério, Figueiredo convocou o encarregado de negócios do venezuelano, Reinaldo Segóvia, para “manifestar a estranheza do governo brasileiro” com a visita de Jaua, que cumpriu agenda de trabalho sem notificar o Itamaraty.
Já a assessoria do MST disse que o convênio não foi “formalizado”. “A carta assinada foi apenas de intenções na área da cooperação agrícola, realizando intercâmbios entre camponeses do Brasil e da Venezuela para a troca de experiências agroecológicas. Mas ainda não tem nada concretizado sobre o assunto”, informaram.
Na diplomacia, a ausência de um aviso pode ser interpretada como ingerência em assuntos internos e prejudicial às relações dos dois países.
Revolução socialista
Segundo o site do ministério venezuelano, o acordo firmado com o MST tem como objetivo “incrementar a capacidade de intercâmbio de experiências de formação”.
Nas palavras de Jaua, o convênio serve “para fortalecer o que é fundamental em uma revolução socialista, que é a formação, a consciência e a organização do povo para defender o que conquistou e seguir avançando na construção de uma sociedade socialista”.
Além de encontro com o MST, o ministro venezuelano fechou convênios com farmacêuticos no Paraná e conheceu experiências de transporte público e gestão de resíduos da prefeitura de Curitiba.
Convocação dos ministros
O líder da oposição no Congresso, o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), apresentou um requerimento de convocação de Figueiredo. O ministro foi chamado a prestar esclarecimentos à Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
“O governo tem a obrigação legal e constitucional de jamais permitir que sejam assinados acordos, por quem quer que seja, em que sejam violados os princípios da soberania e da não intervenção”, defendeu Caiado.
Um acordo entre a base aliada e a oposição transformou a convocação em convite, ou seja, o ministro não é obrigado a comparecer. No entanto, Figueiredo já confirmou presença na audiência da comissão, marcada para 19 de novembro.
No Encontro Nacional da Indústria, realizado nesta quarta-feira em Brasília, Caiado classificou o convênio como “venezualização do Brasil” e foi aplaudido pela plateia de empresários.
Já o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) foi vaiado ao tentar defender o governo. “Se a Venezuela financia ou quer convênio com o MST, é um problema da Venezuela e do MST”, disse.
Babá com arma
Na chegada ao Brasil, no dia 24 de outubro, pelo aeroporto internacional de Guarulhos, a babá da família de Jaua foi presa, acusada de tráfico internacional de armas. Ela carregava um revólver, que pertencia ao ministro, em uma das maletas. A arma foi identificada quando a bagagem passou pelo raio-x.
A família chegou ao aeroporto em um avião da PDVSA, a estatal de petróleo da Venezuela. A babá foi liberada, e o ministro afirmou que a viagem com a arma havia sido “um erro”.
Segundo Jaua, a babá havia viajado ao Brasil para ajudá-lo nos cuidados com a esposa dele, que passava por um tratamento de saúde em um hospital em São Paulo.
  • Data 06.11.2014
  • Autoria Marina Estarque, de São Paulo

7 de fevereiro de 2013

Gigante da indústria papeleira promete não desmatar mais florestas na Indonésia

Fonte: DW.DE

APP descumpriu promessas feitas no passado
 de preservar áreas florestais

Após pressão de organizações ambientalistas, a Asia Pulp and Paper se comprometeu a explorar madeira de forma sustentável. Companhia teria destruído dois milhões de hectares de mata nativa nos últimos 30 anos.

As exuberantes florestas da ilha de Sumatra, na Indonésia, têm sido submetidas a uma das mais velozes atividades de desmatamento do planeta. Tratores de empresas como a Asia Pulp and Paper (APP), de Singapura, derrubaram as florestas e deixaram para trás uma terra revirada, tirando o habitat de elefantes, tigres e orangotangos.
As árvores são usadas para produzir papel higiênico, papel-toalha, guardanapos e lenços de papel para consumidores do Ocidente. De acordo com a organização ambientalista WWF, a APP e suas fornecedoras seriam responsáveis, em Sumatra, por uma devastação maior do que qualquer outra empresa.
"Desde que começou suas atividades, em 1984, acredita-se que a APP e suas afiliadas tenham devastado mais de dois milhões de hectares de floresta tropical em Sumatra, e recentemente começaram um desmatamento intenso no oeste e leste de Kalimantan", afirmou Michaell Stuewe, biólogo da WWF, em entrevista à DW.

Orangotangos perderam o habitat na Indonésia
após várias áreas terem sido devastadas
Novo acordo de proteção florestal
Agora, os tratores da gigante do papel e celulose silenciaram. Em um novo acordo, intermediado pela ONG Forest Trust, a APP anunciou que vai acabar com a devastação de florestas em sua cadeia de fornecimento na Indonésia. A companhia prometeu trabalhar apenas em regiões onde não há florestas e afirmou que vai proteger áreas de turfa, que acumulam quantidades significativas de carbono.
A empresa ainda concordou em respeitar os direitos dos povos indígenas que vivem nas áreas onde as novas plantações foram sugeridas. Por meio de um comunicado, a diretora de sustentabilidade da APP, Aida Greenbury, declarou: "Nossa nova política de conservação florestal nos coloca no caminho para nos tornarmos líderes globais no ramo de papel produzido exclusivamente com fontes sustentáveis".
Sob pressão
A reviravolta da Asia Pulp and Paper no que diz respeito à proteção de florestas é resultado direto de uma campanha encabeçada pelo Greenpeace. Em 2011, a organização ambientalista apresentou evidências de que árvores ramin da floresta da Indonésia foram derrubadas, cortadas e se transformaram em papel. Essas árvores crescem em pântanos de turfa, onde tigres de Sumatra costumam caçar. É proibido cortá-las.

APP teria desmatado mais de dois milhões
 de hectares de floresta tropical 

O Greenpeace citou ainda o nome de 11 empresas que fazem negócios com a APP – muitas, incluindo grandes marcas como Danone, Xerox e Tchibo, suspenderam seus contratos com a papeleira. Na Alemanha, muitas editoras receberam pedidos para participar do boicote ao se descobrir que vários livros infantis haviam sido impressos com papel originário das florestas da Indonésia.
"A pressão do Greenpeace surtiu grande efeito", afirmou Julien Troussier, diretor de comunicação da Forest Trust, organização não-governamental que ajuda empresas a melhorar seu desempenho com relação ao meio ambiente. Troussier disse à DW que a campanha pelo boicote foi um passo importante, mas também foi essencial apoiar a empresa na transição para adotar práticas sustentáveis.
Ainda não se sabe se a APP será capaz de reconquistar sua base perdida de clientes. "As ações da APP não corresponderam à nossa visão de obter lucro de maneira ambientalmente viável", explica Stefan Dierks, gerente sênior de responsabilidade corporativa da empresa alemã Tchibo.
Ele diz que sua empresa tem conhecimento das ações da companhia asiática para acabar com o desmatamento de florestas nativas em sua cadeia de fornecimento. Quando perguntado se iria retomar os contratos com a APP, Dierks disse apenas que a Tchibo louva a decisão da APP e que observará o progresso da companhia.

APP descumpriu promessas feitas no passado de
 preservar áreas florestais

Mudança ou maquiagem?
Cientistas do Centro para Pesquisa Florestal Internacional, na Indonésia, dizem que a APP já fizera promessas sobre manejo florestal sustentável no passado e continuou destruindo grandes florestas de turfas.
"Esperamos que desta vez a empresa cumpra o que prometeu", afirmou o biólogo Michael Stuewe, da WWF. "Mas pedimos aos clientes que esperem a confirmação dessas promessas por meio de um monitoramento independente, realizado pela sociedade civil, antes de voltar a fazer negócios com a APP."
Troussier, no entanto, está mais otimista. Ele concorda que a companhia falhou em cumprir promessas no passado, mas afirmou que, desta vez, especialistas em proteção florestal estarão presentes para monitorar as operações.
"O nível de comprometimento é bastante diferente", afirmou o diretor de comunicação da Forest Trust. " O nível de transparência é diferente. Eles deram às ONGs acesso aos dados. Estamos bem informados sobre as operações deles, da plantação à industrialização. Há satélites monitorando as áreas para ter certeza de que o compromisso está sendo respeitado. Sentimos que esse é um ponto de virada para a companhia, para as florestas da Indonésia e para o mundo."
Autora: Saroja Coelho (msb)
Revisão: Francis França

DW.DE


6 de fevereiro de 2013

Santa Rosa-RS: cidade pólo do Noroeste gáucho



Por Darci Bergmann e Melissa Bergmann

    O município de Santa Rosa, tem-se destacado no cenário do Noroeste gaúcho pela sua rápida industrialização. No início foi o agronegócio, impulsionado pelos descendentes de alemães, italianos, poloneses e portugueses. Depois, as agroindústrias foram surgindo e na esteira as indústrias de máquinas e equipamentos. Embora perdendo território pela emancipação de vários distritos, a cidade cresceu e se expande atraindo investidores. Tornou-se um pólo regional, com forte comércio e prestação de serviços. O turismo está presente nas áreas de negócios, pela FENASOJA e outras modalidades. Tem boa rede hoteleira e a gastronomia é bem variada.
    A rápida expansão urbana representa um desafio às administrações. São novas demandas nas questões do trânsito, de moradias, saúde, educação, meio ambiente e lazer entre outras.
Para quem chega de fora, a primeira impressão é de uma cidade acolhedora, gente educada, o que se percebe já no trânsito. Muitos carros na hora do pique, mas motoristas educados e que na grande maioria respeitam as faixas de pedestres. 
   Como sempre, observamos os aspectos ambientais da cidade, tais como arborização e limpeza urbana, dentre outros.  E mesmo na zona rural. Nesse tocante, Santa Rosa preserva o verde urbano, com ruas bem arborizadas e diversas praças e parques.
    As hidrelétricas previstas para o Rio Uruguai, não inundarão terras em Santa Rosa. A cidade terá impactos sociais, pelas migrações que ocorrerão, caso as obras sejam realizadas. Esses impactos exigirão novos investimentos do setor público. Em opiniões colhidas junto a diversas pessoas já se esboça uma preocupação com o futuro do Rio Uruguai. Boa parte dos moradores de Santa Rosa faz turismo nas cidades costeiras próximas, como Porto Mauá, Porto Lucena, entre outras.
    Conhecemos até mesmo um grupo local denominado AMIGOS DO RIO URUGUAI,  que percorre longos trechos do rio, conscientizando pessoas sobre a questão do lixo,  preservação da mata ciliar e pesca predatória. Houve época em que esse grupo soltava alevinos de peixes nativos no rio.
    Nesse momento em que o Brasil discute a questão energética e busca caminhos menos impactantes nessa área, Santa Rosa já desponta no cenário. É o caso do sr. Moacir Locatelli, da empresa Metalúrgica Fratelli, fabricante de equipamentos para geração de energia eólica e solar fotovoltaica. A cidade tem tudo para ser um pólo difusor dessa tecnologia, gerando empregos e renda.

Darci Bergmann (á esquerda) e Moacir Locatelli,
da Metalúrgica Fratelli, que produz equipamentos
 para geração de energia eólica e solar

A popular 'rua da Xuxa' atrai atenção das crianças.



Agastronomia é ponto forte em Santa Rosa. Este restaurante
com aspecto rústico e acolhedor já é referência na cidade.


AFENASOJA é realizada neste parque de exposições e
atrai grande público a cada edição.

O Bairro Glória localiza-se em ponto alto e
permite uma boa visão da cidade

O grupo Amigos do Rio Uruguai reúne pessoas que
lutam pela preservação do manancial.








31 de janeiro de 2013

Bacia do Rio Uruguai e desenvolvimento sustentável

Por Darci Bergmann e Melissa Bergmann


Na cidade de Santa Rosa-RS, uma empresa local
já fabrica equipamentos de geração de energia eólica e
fotovoltaica. Um sistema híbrido permite a geração até
em nível domiciliar, como este que aparece na foto.
Em muitas cidades do Brasil poderiam ter fábricas
desses equipamentos, gerando emprego e renda.
A fonte inesgotável de energia é o sol.*



   Fizemos mais um roteiro pelas Missões e Noroeste gaúchos com foco nas potencialidades para um desenvolvimento sustentável, preservando as belezas cênicas, a história, as tradições, enfim a cultura e o meio ambiente. A construção das diversas hidrelétricas, ainda previstas ao longo do Rio Uruguai, se ocorrer, poderá criar problemas de difícil reversão. No passado, as hidrelétricas eram as grandes fontes de energia. Hoje, não são mais. Os tempos são outros, novas tecnologias existem e os custos das fontes alternativas baixaram e permitem a geração em grande escala, somando e interligando até mesmo a geração a nível de moradia. Essa nova realidade energética já está sendo implantada com vantagens em países altamente industrializados como a Alemanha, que prevê, inclusive, o fechamento de todas as usinas nucleares nos próximos anos. Na Alemanha, as usinas nucleares equivalem às nossas hidrelétricas.
   Por tudo isso, faz-se necessária a mobilização das pessoas que vivem na Bacia do Rio Uruguai e no Brasil inteiro. Quase sempre, os políticos tem-se mostrado defensores de obras faraônicas, pouco se importando com as consequências ambientais e sociais que advirão delas. As grandes empresas construtoras financiam as campanhas milionárias de muitos deles. Acenam com os royalties que os municípios atingidos receberão. Mas esquecem que as áreas inundadas gerariam muito mais empregos e riquezas. Parece que esta prática é uma versão moderna do que já aconteceu com os povos indígenas. Estes entregaram aos exploradores ouro, prata, madeira, terras e tudo mais por bugigangas como espelhinhos e trabucos. 
    Nas regiões por onde andamos, descobrimos um patrimônio humano invejável pela sua capacidade de encontrar alternativas e de produzir com sustentabilidade. Municípios de pequeno porte e cidades ainda não corrompidas pelo gigantismo caótico dos grandes centros urbanos, revelam que qualidade de vida não se consegue apenas com obras faraônicas. Nessas pequenas cidades se destacam as tradições, as  histórias de cada família, as paisagens que podem reverter em empreendimentos turísticos com geração de empregos e renda. No entanto, muitas delas estão ameaçadas pelas grandes barragens  no Rio Uruguai. E muitas sentirão os efeitos da dissolução social  que as migrações irão provocar. 
    Respeitamos quem pensa de outra forma. Mas nosso olhar foca para a conservação de um dos rios mais lindos do Planeta e que será completamente desfigurado pelas hidrelétricas. Almejamos o desenvolvimento, mas será que tudo isso tem que se dar com a destruição irreversível da natureza? Encontramos empreendedores que colheram, mundo afora, outras experiências e que podem aplicá-las na geração de energia e de empreendimentos com o mínimo de impacto ambiental. Com os recursos bilionários das grandes hidrelétricas, o Brasil poderá desenvolver tecnologia e alavancar empresas em diferentes regiões, gerando energia com fontes alternativas. Não é utopia. Basta vontade política. Se pode haver redução de impostos sobre automóveis, porque não reduzir ou eliminar os impostos de quem produz equipamentos de geração de energia eólica, fotovoltaica, de biomassa, aquecedores solares, entre outros?
     Chega de privilégios aos grandes conglomerados da mineração, da celulose, dentre outros, que sugam os cofres do País com as grandes hidrelétricas que lhes garantem energia barata. Depois, descaradamente vendem ao exterior matéria-prima não processada, que volta aos brasileiros na forma de bugigangas, com valor agregado lá fora. Será que ainda somos os indígenas trapaceados pelos exploradores? Entregamos matéria-prima valiosa à custa da destruição ambiental, inundação de terras produtivas e da migração forçada de produtores rurais que  depois vão engrossar as favelas das cidades. Certamente não é mais este tipo de 'progresso' que queremos. E certamente existem alternativas menos impactantes e capazes de preservar o que resta dos nossos grandes rios, das nossas matas, das cidades que construímos, da nossa cultura. 
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Texto enviado pelo biólogo Helder Kaleff do Amaral

O ser humano, por mais que finja o contrário, é parte indissociável da natureza. Não consegue, de forma natural, se manter isolado dos demais entes que formam a cadeia da vida. Nesse aspecto, é importante salientar, que o dito progresso desenvolvido pela sociedade moderna e contemporânea, principalmente com o advento de obras, como as hidrelétricas, age na contramão da natureza. Várias são as nuances desse processo, como poluição,
desmatando, solidificando uma cultura perversa e um passivo antropológico ainda maior aos grupos e comunidades sociais. Mas não é por acaso que o capital interfere na vida e nas sociedades de hoje. O consumismo, por exemplo, é uma marca global inadiável, porque alimenta a sede e a voracidade dos donos dos meios de produção. Realimentando o tema sobre as hidrelétricas, é oportuno inferir que esse megaprojeto, ao se aliar às condições geridas pela mãe natureza, provocará em cadeia uma série de desequilíbrios ambientais, capazes de afetar, não somente a capacidade social de sobrevivência da espécie humana, mas todo um ciclo de prosperidade que fora desenvolvido pelo processo biológico há milhões de anos. Parece-me, contudo, que estaremos, ao analisarmos a conjuntura verticalmente colocada pelos governos e pelos interesses vorazes do capitalismo, em detrimento da qualidade de vida de todos os seres vivos, condenando a sequência natural da criação que nos fora obsequiada pelo planeta Terra. Helder Kaleff do Amaral - Biólogo 

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*Nota do blog: A energia do sol é obtida a partir da fusão nuclear e não da fissão nuclear, como a dos reatores hoje existentes em vários países. A fissão nuclear é de alto risco e provoca o lixo atômico, que deve ser armazenado em 'segurança', a custos altíssimos. O lixo atômico permanece ativo por milhares de anos.
Mais sobre energia:
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O bom, o mau e o feio (três fontes de energia em conflito)
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Falta de legislação adequada barra produção de energia limpa


29 de janeiro de 2013

Santa Maria, memórias que o tempo não apaga

Por Darci Bergmann

As fotos são memórias que o tempo não apaga


Quando assumimos o DCE da UFSM.
Darci Bergmann, presidente.
Cézar Augusto Schirmer, vice-presidente
Foi uma gestão marcada por muitas atividades
culturais, de entretenimento, política estudantil e
enfrentamento do regime de repressão
   



   Ao ver tantos jovens com os sonhos desfeitos pela tragédia da Boate Kiss, as lágrimas foram inevitáveis. Estudantes de vários cursos organizaram a promoção que iria arrecadar fundos para as formaturas. Faz 40 anos, eu e os meus colegas de Agronomia, da turma de 1973, fizemos promoções semelhantes. Participei ativamente da política estudantil daquela época, primeiro no Diretório Acadêmico do Centro de Ciências Rurais, em 1972. No ano seguinte, fui eleito presidente do Diretório Central de Estudantes da UFSM e o Cézar Augusto Schirmer foi o vice-presidente. Naquela época, já aos 21 anos, Schirmer se elegera vereador e a sua carreira política não parou mais. Atual prefeito de Santa Maria, Schirmer agora enfrenta com os seus conterrâneos uma situação de angústia jamais vivida pela sua terra.
   As cenas da tragédia me comoveram e de certa forma as lembranças dos meus tempos de Agronomia na UFSM afloraram. Nos álbuns, busquei fotos daqueles tempos. Nossa! Parece que foi ontem que eu estudei em Santa Maria. E no entanto, 40 anos se passaram. O Schirmer vereador, estudante de Direito, está nas fotos daquela época. O Schirmer, prefeito, está nas fotos de hoje. As fotos são marcas indeléveis de uma época.
 As fotos são memórias que o tempo não apaga.

Em 1971, o grupo acima fez uma viagem por vários estados,
para melhor conhecer as potencialidades agrícolas do Brasil.
Da esquerda à direita: Darci Bergmann, Valdecir Sovernigo,
Rui Wohlfart e Luiz Fernando Tatsch. Todos cursavam
Agronomia na UFSM.


Ouro Preto-MG: Aqui se passou uma fase importante da
história do Brasil.



Lembrança de um momento marcante da Agronomia
Nesse congresso foram discutidos temas que depois
se transformaram em bandeiras dos agrônomos do Brasil.
É o caso do receituário agronômico, de cuja tese inicial fui
um dos autores. 

Sessão solene de abertura do congresso no Campus da UFSM.
Darci Bergmann, presidente do congresso, é o quinto da esquerda
à direita. Em 1972, a barba e os cabelos longos eram 'marca registrada'.

Na foto: de óculos e terno escuro Derblay Galvão, então Coordenador
do Centro de Ciências Rurais. À direita, de barba e terno claro,
Darci Bergmann, presidente do Diretório Acadêmico.

O tradicional Baile dos Calouros era sempre casa cheia.
Aqui foi no Clube Santamariense. Era uma época muito bonita
 e ainda não havia aquele exibicionismo poluidor de pirotecnia.

Em 1973, já eleito presidente do Diretório Central de Estudantes da
UFSM, recebi a visita de dois estudantes de Agronomia, de Buenos
Aires. Tivemos audiência com o reitor José Mariano da
Rocha. Em julho daquele ano, retribuí a visita e conheci a capital e
outras regiões da Argentina

Sempre participei de atividades extracurriculares. Esta foi
em Mondaí-SC, ano 1971. Fizemos muitas palestras e
demonstrações nas comunidades rurais. 
Luiz Fernando Cirne Lima, Ministro da Agricultura,
paraninfou a turma  de Agronomia de 1973.












27 de janeiro de 2013

Tragédia em Santa Maria. Todos somos culpados


  Por Darci Bergmann

Alegria, confraternização e espetáculo fazem bem. Mas o uso abusivo dos fogos de artifício é uma insensatez que não pode ser tolerada por uma sociedade que se considera evoluída. (Fogos de artifício, ou melhor, malefício). Publicado neste blog em 30 de dezembro de 2011.

   Estou profundamente abalado com a tragédia que se abateu sobre Santa Maria, nesta madrugada de 27 de janeiro de 2013. Estudei em Santa Maria. Minha filha Melissa também. Compartilho da dor dos familiares das vítimas, algumas conhecidas minhas. 
   Por outro lado, vendo noticiários, depoimentos e a busca de culpados sobre a tragédia, não posso deixar de externar minha opinião. Os culpados somos todos nós, enquanto sociedade. Explico. A culpa não é só dos proprietários da boate, nem só dos artistas que usaram fogos de artifício no recinto fechado. Começa lá atrás no tipo de sociedade que estamos construindo. Os valores éticos de há muito perderam lugar para o ganho fácil, a licenciosidade, a politicagem do 'deixa assim como está' para não contrariar  certos setores e a tremenda incapacidade institucional. A permissividade abusiva de uso de fogos de artifício já de há muito vem sendo denunciada. Mas parece que não sensibilizou nem o público, nem as autoridades. Qualquer tipo de show pirotécnico, sem nenhuma condição de segurança, tem sido badalada até pelos meios de comunicação, inclusive em instituições de ensino. Algumas prefeituras gastam fortunas com fogos de artifício, muitas vezes em locais impróprios. Já estive num jantar baile de uma entidade tradicionalista e lá pelas tantas o conjunto 'nativista' esbaldou uma pirotecnia desatinada e colorida para impressionar o público. Essas práticas repetidas se consolidaram  na sociedade e agora só a 'pedagogia da tragédia' para encaminhar o tema como uma questão de segurança e de saúde pública. Sim, de saúde pública também. Queimar fogos em recinto fechado é crime ambiental e atentado à integridade física devido à fumaça tóxica que tais artefatos expelem   Assim, a sociedade foi convivendo com situações de risco como se fossem coisas da modernidade. Por outro lado, as autoridades tem sido omissas. Todas elas, não importa qual a instância e a que poder estejam ligadas. Vereador pouco fiscaliza se a prefeitura cumpre a lei nesse tipo de situação. Até para não se indispor. Os alvarás se tornaram coisas de cartório, apenas para arrecadar. Tem prefeitura que só manda cobrar a 'taxa de vistoria'  e nem aparece para dar vistas no local e passar alguma recomendação. Ou seja, cobra por serviço não efetuado. É o velho jeitinho do 'deixa assim como está'. Os bombeiros tem fiscalizado até bolicho de esquina e, curiosamente nesse caso de Santa Maria, há informações de que a boate estava com alvará vencido desde meados de 2012. E mesmo que possuísse alvará antes, como foi concedido sem que a casa noturna tivesse ao menos saídas de emergência? A prefeitura tem poder de interdição, caso o empreendedor esteja fora das normas de prevenção a incêndios. A boate Kiss não era clandestina.  Funcionava bem no centro da cidade e as autoridades sabiam da sua existência e das suas condições operacionais. Portanto, há muitos setores envolvidos e o Estado, em todos os seus níveis, também não está isento de culpa. 
   Concluo. Foi um episódio chocante pelo número de vítimas. Mas não existem só uns poucos culpados. Pela nossa omissão, pela nossa tolerância ao ganho fácil com artefatos perigosos e pela negligência das autoridades em questões desse tipo, todos somos culpados.
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Alguns comentários, no G1


27/01/2013 14h32 - Atualizado em 27/01/2013 20h56



Iks Justo17 minutos atrás
Existe um material de forração de ambiente para tratamento acústico que é resistente ao fogo. Porém é muitu caro. Então as casas de show preferem usar essa espuma (chamada "casca de ovo") que se usa em colchões de doentes e que são muito mais baratas, mas que podem pegar fogo rapidamente. O Corpo de Bombeiros do local é que deveria ver todos esses ítens antes de liberar uma casa dessa. Mesmo se estivessem 1000 pessoas no local (e não as 1500 como afirmam) creio que também haveria uma tragédia, talvez em menores proporções, mas haveria.



Alexandre Santos3 horas atrás
Independente de alvará, fiscalização e governos, é questão de bom senso ou da falta deste, quem de forma inteligente faz show pirotécnico em local fechado? As pessoas tem de aprender a serem mais responsáveis e usar mais o bom senso, alarme de incêndio, chuveiro automático contra incêndios, qualquer pessoa responsável e com bom senso teria esses equipamentos instalados em seus estabelecimentos públicos, sem precisar que o poder público o obrigue, mas o ser humano paga pra ver, e o preço as vezes é caro.



Luigi Pastroni3 horas atrás
TRAGEDIA ESTÚPIDA !! Como pode uma casa de shows funcionar sem saídas de emergência !!! Como pode seguranças fecharem a única porta de saída na hora do incêndio !! Como pode um jumento burro acender fogos em um ambiente fechado !!! É muita estupidez, ultrapassa meu limite como ser humano, imaginem as mais de 200 famílias destruídas, nunca vão entender !! espero que todos os responsáveis peguem 300 anos de cadeia


Lucy Ck3 horas atrás
Quem tem ou conhece quem tenha estabelecimento comercial sabe muito bem que não falta fiscalização. Tem aos MONTES e é SUPER constante. O problema é que no Brasil ela existe para arrecadar dinheiro (propina). Li em outro canto que o alvará estava vencido. E uso de fogo de artifício em ambiente fechado? Com um estabelecimento desse porte tenho certeza que TODO mundo sabia, mas muita gente levava um pro bolso para fechar os olhos.



Ricardo Bastos3 horas atrás
era uma tragedia anunciada, as boates de uma forma em geral usam material acustico que e altamente inflamavel, e mexer com material que pode causar chamas nesses locais e com certeza querer brincar com fogo, na verdade nao so a banda mas os responsaveis pelo local sabem disso mas fazem vistas grossas visando seus proprio lucros pois como estamos no Brasil e dificilmente alguem e punido por vitimar outras pessoas, principalmente quando a morte e causada sem a direta intencao, mas sim por um ato de nossa irresponsabilidade...esse tipo de atitude ainda e utilizada em outras boates pelo Brasil...



Marcelo Gutemberg4 horas atrás
Eu tenho só uma pergunta .... O corpo de bombeiro liberou esse show? Sei que sempre que fazemos alguma apresentação ou inauguramos um estabelecimento, sempre tem que haver o aval deles. Aqui em Macaé, tem um restaurante que fazia uma picanha excelente. Por que digo que fazia, pois foi proíbido a chapa perto da mesa pelo corpo de bombeiros e a picanha não ficou mais como era. Agora após o incidente, terão que correr atrás dos responsáveis (isso será fácil, pois ou é a organização, ou o governo público), punir e ser mais rígidos com as vistoras.


Henrique Silva4 horas atrás
Leis mais severas?? Pra que?? Até uma criança compreenderia que naquele espaço seria impossível ou muito ariscado aquele tipo de apresentação. O que faz esse tipo de acidente ocorrer é a falta de fiscalização por parte das prefeituras. Falta de pessoal capacitado, e acima de tudo incapacidade por partes dos proprietários que deveriam ter conhecimento do modo de apresentação das bandas e que eles poderiam apresentar para não comprometer a integridade física das pessoas que ali estavam. O erro foi geral e será sempre continuo...



Anderson Quaresma4 horas atrás
Começou a temporada de caça aos culpados, mortes coletivas param o país, mais por dia morrem muito mais gente do que essa tragédia por situações semelhantes, acidentes, incidentes, imperícia e irresponsabilidade. Todos nós somos culpados por sermos coniventes, passivos de uma sociedade que precisa reavaliar suas regras e leis. Daqui alguns dias todo mundo esquece até a próxima tragédia, só quem sobrevive ou perde alguém entende o real significado do que estou escrevendo, pois nós não acreditamos que isso possa acontecer, só com o vizinho ou desconhecido.



Adelino Pereira4 horas atrás
O corpo de bombeiros e seus comandantes são os maiores culpados dessa tragédia, falta vistoria nesse país esse militares aprovam tudo a troco de propina, agora vem o comandante deles nas redes de televisão culpar os musicos e os seguranças.. ACORDA BRASIL, esses crápulas permitiram o funcionamento dessa Boate sem vistoria, ou ainda não tinham ido lá vistoriar se havia saida de emergência porque esperavam serem procurados e morder a grana deles de propina, são isso que eles fazem nesse país, onde o dinheiro fala mais alto, demoram vistoriar para serem procurados pegar a grana para agilizar



Antonio Miranda4 horas atrás
Este bando de politicos tem que fazer leis para proibir este tipo de pirotecnia. Tem que fiscalizar estes estabelecimentos antes das tragédias acontecerem. Cada morte tem culpa destas pessoas ou orgãos envolvidos que não criam leis que não fiscalizam e depois aparecem com pose de santos.



Paulo Oliveira5 horas atrás
HÁ 52 ANOS ATRÁS 500 PESSOAS MORRIAM EM UM INCENDIO EM NITERÓI-RJ, E O QUE APRENDEMOS COM ISSO??? NADA! DIVERSAS CÂMARAS DA MORTE ESTÃO ESPALHADAS POR BARES, RESTAURANTES E BOATES PELO BRASIL TODO, AQUI NO RIO, FREQUENTE OS SOBRADOS DO CENTRO, COM ÚNICO ACESSO FEITO POR ESTREITAS ESCADAS, DE MADEIRA! E CONSTATARÃO ISSO. COMO CANSEI DE DIZER AQUI, ENQUANTO O SER HUMANO FOR O ÚLTIMO DA LISTAS DE PRIORIDADES PARA ESTES ESTABELECIMENTOS, NADA MUDA E MAIS TRAGÉDIAS ESTARÃO POR VIR! ENQUANTO A CORRUÇÃO E A GANANCIA MANDAR NESTES ÓRGÃO PÚBLICOS, NADA MUDARÁ!


Daniel5 horas atrás
Agora é fácil acusar a banda, enquanto a Dilma aparece chorando na tv, luto oficial, prefeito fazendo média, governador junto com a presidente.. kkk quanta HIPOCRISIA!!! TEM É QUE COBRAR DESSES CORRUPTOS SAFADOS que não FISCALIZARAM UM LOCAL QUE ESTAVA COM O ALVARÁ DO CORPO DE BOMBEIROS VENCIDO A 1 ANO!!!! O quanto o dono do estabelecimento não devia pagar de propina aos fiscais ein!!! Agora por culpa na banda, no responsável pelos show pirotécnico.. É FACIL e é oque vai ACONTECER!!!!



Luiz Silva5 horas atrás
Que Deus dê conforto aos familiares das vitimas.Mais esse tipo de espetaculo (pirotecnia) já devia ser proibida em ambientes fechados a muito tempo. Repeteco do que aconteceu na discoteca República Cromañón, em Buenos Aires,em 2005, matando 194 pessoas . Isso não pode continuar acontecendo repetidamente.

Odnam Relid5 horas atrás
irresponsabilidade...omissão das autoridades do corpo de bombeiros que liberou o local sem fazer uma averiguação em função do numero de vagas do local e a possivel capacidade de fuga. deviam proibir fogos de artificio em todo o pais e principalmente em locais fechados.Deus conforte as familias.



Paulo Oliveira5 horas atrás
Gente vamos enxergar um pouco mais adiante, a questão é a estrutura do local e se a casa obedecia as normas de segurança do estabelecimento, se ofereciam segurança para os frequentadores. Foi um show pirotécnico, mas poderia ser um curto circuito em um spot de luz! A questão é a segurança das pessoas que frequentam uma casa liberada para funcionamento sem obedecer as normas mínimas de segurança! é difícil entender isso???



Alberto Tacoronte5 horas atrás
Lamentável, quanta perda... Juventude universitária..... Não entendo, me falem quem autorizou uma idiotice destas!!! Show pirotécnico em ambiente fechado com muita gente, sem saídas de emergência suficientes, gente despreparada!!! Uma tristeza...



Andréa Sousa5 horas atrás
Assim como deu certo em vários shows, chegaria uma hora que daria errado. Não é preciso ter nível superior nem ser especialista em segurança pra prever que um dia esse número pirotécnico em um ambiente fechado não acabaria bem. Infelizmente, muitos jovens que estavam apenas curtindo na boa, perderam suas vidas a troco de nada. Espero que sirva de lição para muitos outros que utilizam pirotecnia em seus shows. Que sirva de lição!



Paulo Fernandes6 horas atrás
Achar um culpado e mto fácil, agora evitar tragédias como essa ai. A apuração do fato e simples. O dono é culpado, os órgãos públicos tbm pq sabiam que a casa estava com o alvará vencido e permitiu que ela continuasse a funcionar ( não sei o pq, mas que permitiu, permitiu) Temos que acabar de vez com a famosa lei do Gerson " Gosto de levar vantagem em tudo" Até quando nós iremos permitir isto??????????????? Chega, basta!!!!!!!



Paulo Fernandes6 horas atrás
Se a casa estava com o alvará vencido desde agosto de 2012, por que estava funcionando? E as autoridades: Prefeitura, Corpo de Bombeiros, MP, ??? Pq deixaram essa casa funcionar desta forma, assim como ela provavelmente existem outras no pais funcionado sem alvará. Agora após essa tragédia o que será feito não só no RS mas em todo o pais.