2 de novembro de 2009

BUROCRACIA


O pequeno produtor Arlindo Santos, residente no Rincão da Cria, 1º Distrito de São Borja-RS, é uma vítima inconformada com as derivas dos herbicidas e com a burocracia. Por mais de 30 anos tem zelado por um bosque de espécies nativas e exóticas, às margens da BR 285. Esse bosque, fora de área de preservação permanente, tem recebido, ano após ano, subdoses de herbicidas de aplicações aéreas feitas nas redondezas. Canafístulas, timbaúvas, entre outras árvores, morreram e o proprietário queria aproveitar pelo menos a madeira para se ressarcir dos prejuízos causados por outros. Procurou a Prefeitura de São Borja, cujos agentes estiveram no local e constataram a mortandade das árvores. Mesmo assim, foi exigido da vítima “projeto técnico” para que o corte fosse autorizado. Arlindo Santos se tornou vítima pela segunda vez, agora da burocracia ambiental. Em tempos de localização fácil, com o GPS, a própria Prefeitura poderia ter feito um laudo de constatação e autorizado o corte, aliviando o pequeno produtor da burocracia do “projeto técnico”. A autorização de corte nesse caso, por motivo de relevância social, atenderia os preceitos da lei. Segundo Arlindo Santos, o custo do projeto e os transtornos custariam mais do que o valor da madeira bruta.
Situações como essa causam frustrações em pessoas que são vítimas das derivas aéreas e ainda tem que arcar com custos decorrentes de papelada. Pune-se a vítima e fica impune o verdadeiro degradador ambiental.
Foto acima: à esquerda engºagrº Jairo Santos, da ASPAN, à direita Arlindo Santos, tendo ao fundo exemplar de canafístula (Pelthophorum dubium) desfolhado e morto por ação difusa de herbicidas espalhados por aeronaves.

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