9 de setembro de 2010

SINAL DE ALERTA

Por Darci Bergmann
A luz vermelha acendeu em São Borja e região. Os rios Butuí e Icamaquã que delimitam a nossa bacia hidrográfica, juntamente com o Rio Uruguai, já revelaram presença de produtos químicos em níveis acima dos teores normais. Em amostras colhidas e analisadas por equipe de professores da URCAMP, os metais pesados aparecem com índices preocupantes. Com relação ao Rio Uruguai seria até compreensível que pudessem provir de alguma região mais industrializada. Mas como explicar altos índices também nas amostras dos rios Butuí e Icamaquã? As respostas podem ser muitas. Metais como cromo, chumbo, cádmio e cobre estão associados aos adubos químicos, como impureza. É uma dentre outras possibilidades. As rochas que originaram o solo poderiam contê-los, mas isso é improvável. O cobre é micro-nutriente. Em excesso causa problemas, assim como o ferro. Os outros três elementos são altamente tóxicos e não tem função nos organismos vegetais e animais. Causam problemas sérios e podem levar à morte. O cádmio e o chumbo eram ou ainda são componentes de pilhas, tintas, impurezas industriais, etc. Os metais pesados não se degradam.

O tratamento convencional da água não retira os metais pesados. Alguns deles passam à cadeia alimentar de vários seres. Peixes, crustáceos, aves e mamíferos podem acumular chumbo e outros metais pesados. São necessárias condutas que diminuam a contaminação ambiental com metais pesados. Uma primeira sugestão. Quem tem arma de fogo para defesa pessoal não faça disparos desnecessários. A caça e as competições com arma de fogo deveriam ser proibidas de uma vez por todas, pelo bem da Natureza e no interesse da saúde humana.


O chumbo também foi espalhado em nossos campos e matas pelos caçadores.

 Esse metal se acumulou ao longo de séculos e hoje ameaça a fauna e a espécie humana em particular. São Borja e região foram cenários de muitas caçadas. Até pouco tempo se realizavam competições esportivas que deixaram no solo centenas - talvez milhares de quilos de chumbo. A modalidade chamada de tiro ao prato foi amplamente praticada na sede de uma associação de tiro e caça, próximo à FEPAGRO Cereais, em São Borja. Toda a munição usada nesse esporte continua sobre o solo, liberando partículas do metal pesado chumbo. Dali as águas vão para a sanga das Pontes, um dos formadores da sanga da Estiva; esta deságua no Rio Uruguai, um pouco acima do ponto de captação de água da CORSAN. Os que praticaram esporte de tiro vão limpar o resíduo perigoso chumbo que deixaram no ambiente?

Um comentário:

Melissa disse...

Há pessoas que acreditam que o plantio direto solucionou as questões referentes à erosão do solo e, por consequencia, a entrada de agrotóxicos nos rios. A técnica minimizou até certo ponto, mas os agrotóxicos e adubos químicos continuam infestando as águas e os solos, principalmente quando são usados sem muita cautela.