17 de março de 2011

A Revolta do Mar

Por Darci Bergmann



Fotos: recebidas por e-mail                             
  É irônico, mas parece que o Oceano Pacífico onde ocorreu o terremoto de março deste ano, próximo ao Japão, quis deixar um recado à nossa civilização.
As usinas atômicas são geradoras de um lixo que, segundo estimativas, precisa 500 mil anos para ser desativado. Este custo não é considerado pelos defensores das usinas nucleares, que insensíveis à vida futura no Planeta, alardeiam as vantagens dessa fonte energética de riscos permanentes. O discurso do crescimento econômico a qualquer custo alia uma gama de interesses sórdidos. Políticos de mandato transitório e de visão equivocada fazem coro com empresários ávidos de lucros. Não é de estranhar, pois, que essa gente venda a idéia do uso da energia nuclear, como se essa fosse solução para as questões energéticas. As usinas nucleares são centralizadas, sempre na esfera dos governos e das grandes empresas. Assim, a informação à opinião pública sobre os reais perigos são manipulados. Cada usina construída precisa um grande aporte de capital, pago pela sociedade, a potencial vítima em caso de acidentes.
  Mas não é só isso. O crime desta civilização tecnocrática estende-se às gerações futuras que herdarão o lixo atômico espalhado nas profundezas dos oceanos, das minas desativadas, onde quer que seja. É como se um pai assinasse notas promissórias que os seus filhos, netos e gerações seguintes tivessem que pagar.
  Pois, bem. O nosso Planeta parece se valer de episódios como terremotos, tsunamis, furacões, enchentes e outras manifestações para alertar a humanidade sobre os abusos que tem se cometido em nome do progresso.
  Revendo os arquivos sobre energia nuclear, deparei-me com uma notícia publicada no jornal Correio do Povo, em 21 de novembro de 1979, sob o título “Japão autoriza despejo de lixo atômico no mar”. Eis parte da matéria:
“TÓQUIO, 20 (AP-UPI) A Comissão de Segurança Nuclear do Japão deu autorização para que seja jogado no Oceano Pacífico lixo atômico com baixo nível de radioatividade, numa base experimental, a partir do próximo ano.
Funcionários da Comissão disseram hoje que tambores cheios de lixo, com água de refrigeração dos reatores e da parte externa dos motores, serão jogados no Oceano a cerca de 900 km  a sudeste desta capital, numa profundidade de cerca de 5 mil metros.
Estudos científicos teriam demonstrado que o lixo não prejudicará a saúde humana ou a vida marinha, mesmo que os tambores se abram no fundo mar, segundo os funcionários.
A Agência de Tecnologia e Ciência pretende participar de uma organização internacional para a supervisão do uso dos oceanos como depósito de lixo nuclear, segundo os funcionários da Comissão”.

Fukushima teria sido abalada pela revolta do mar?

Nenhum comentário: