6 de dezembro de 2010

Em busca das virtudes climáticas do bambu

Por Emilio Godoy, enviado especial

A cúpula sobre mudança climática em Cancun está quase absorta na exploração de opções para proteger e restaurar ecossistemas e ajudar na adaptação aos desastres naturais. Falemos do bambu.

CANCUN, México, 6 de dezembro (Tierramérica).- Vedadas, por ora, as soluções globais para a crise climática, muitos se lançam em busca de vegetais que possam mitigar a contaminação causadora do aquecimento e ajudem a suportar os embates de um clima enlouquecido. Agora, é a vez do bambu. “Cresce rápido, precisa de pouca água, absorve dióxido de carbono, protege os estuários, é resistente a tempestades”, enumerou ao Terramérica a holandesa Coosje Hoogendoorn, diretora-geral da Rede Internacional do Bambu e do Ratã (Inbar), que desde 1993 reúne 35 nações e tem sede em Pequim.

No mundo existem mais de mil espécies de bambu, Bambusa vulgaris, e 34% delas crescem na América Latina. Só no México, são 36 espécies, pouco estudadas e aproveitadas. A fibra de sua cana é uma eficaz matéria-prima para utensílios, móveis e artesanato, e um material apropriado para a construção de moradias resistentes aos ciclones. “Na América Latina, o potencial se desenvolve pouco a pouco. Sabe-se pouco sobre seu uso”, disse ao Terramérica o equatoriano Álvaro Cabrera, coordenador regional para América Latina e Caribe da Inbar.

A 16ª Conferência das Partes (COP 16) da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática, que acontece no balneário mexicano de Cancun até o dia 10, está quase absorta na exploração de opções técnicas para proteger e restaurar ecossistemas e ajudar na adaptação aos desastres naturais.

A fibra de bambu é usada para construir casas nos estados mexicanos de Puebla e Veracruz, sul do país, mas não de forma maciça. Este país não integra a Inbar. O limitado uso destas espécies nativas no México tem “razões históricas, culturais e econômicas”, segundo o informe “O Bambu. Estudo do Mercado Mundial”, feito pelo Ministério de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação.

“A planta é denegrida e combatida por ser considerada uma praga, particularmente em áreas onde se cultiva café, banana, tabaco e cacau e se cria extensivamente gado bovino”, acrescenta o documento. Em “dez anos, um hectare de bambu mossô (Phyllostachys pubescens) na China captura 30 toneladas de dióxido de carbono a mais do que uma plantação do mesmo tamanho de pinheiro chinês (Cunninghamia lanceolata)”, segundo um modelo comparativo da Inbar.

“O manejo sustentável e o uso apropriado do bambu podem aumentar a quantidade de carbono sequestrado, com mudanças no manejo que elevem a capacidade de armazenamento dentro do ecossistema no curto prazo”, afirma o estudo. O manejo florestal dessa planta ganhou força na Colômbia, no Equador e Peru, e, mais recentemente, na Argentina, membros da Inbar, junto com Cuba, Panamá e Venezuela.

Tudo bem “desenvolver projetos de proteção inovadores, mas é preciso estudá-los a fundo”, disse ao Terramérica o inglês Stephen Crooks, consultor da firma norte-americana ESA-PWA, coautor de um exame sobre captura de carbono nas zonas costeiras do planeta. É preciso analisar suas características e os efeitos que sua implantação maciça pode ter. No Equador foram construídas mais de cem mil casas de bambu para restaurar áreas devastadas por chuvas e inundações provocadas pelo fenômeno climático El Niño/Oscilação do Sul, que aquece as águas superficiais do Oceano Pacífico equatorial.

Na cidade peruana de Ica, no Sul do país, foram utilizadas mais de 40 mil canas de bambu para erguer o Hotel Paracas. Na província equatoriana de Esmeraldas, a cadeia hoteleira norte-americana Royal Decameron também usou esse material na edificação de um alojamento. No Equador, a Inbar projeta 15 protótipos de casas de bambu. Em janeiro começará uma iniciativa semelhante no Peru, financiada com US$ 200 mil pelo Banco Mundial.

O objetivo é que os governos dos países financiem cada um a construção de 1.500 casas. “Estamos desenvolvendo uma tecnologia para fabricar telhas de bambu, em lugar das de zinco”, disse Coosje em Cancun. Produtores equatorianos e peruanos obtiveram a certificação da matéria-prima expedida pelo Conselho de Administração Florestal (FSC), que garante o manejo sustentável do cultivo.

“As plantações comerciais de bambu são uma das opções que poderiam contribuir mais eficazmente para compensar e corrigir a deterioração ambiental em territórios com climas quentes úmidos e muito quentes com chuvas o ano todo”, afirma o Ministério da Agricultura do México. O Congresso deste país pediu ao presidente Felipe Calderón que se associe à Inbar e estabeleça um programa de fomento ao bambu. “No México, há muito interesse em promover o bambu”, assegurou Álvaro. O comércio internacional do vegetal chega a US$ 7 bilhões.

* O autor é correspondente da IPS.
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Cuidado para os que gostam de cerveja e refri em lata.

Enviado por João Dionísio Lamana*

CAUSA DA MORTE DO PAI DE DANIELA SARAHYBA

Morreu Orlando. Brilhante advogado e pai da modelo Daniela Sarahyba,
numa situação absolutamente igual ao que se vem repetindo, com
freqüência dolorosa. Ele tinha uma casa e uma lancha em Angra. Ao sair
na lancha com amigos, num domingo, levou na geladeira da embarcação
latas de cerveja e refrigerantes. No dia seguinte, 2a. feira, estava
internado numa UTI e morto na 4a. feira. Ele era um atleta, adorava a
vida, que a vivia com intensidade.O exame cadavérico atestou
leptospirose fulminante contraída na lata de cerveja que ele havia
tomado, sem copo e sem canudo, no barco. O exame das latas atestou que
estavam infestadas de urina de ratos,consequentemente de leptóspiras.

MUITO CUIDADO !!! AVISO AOS CONSUMIDORES DE BEBIDAS EM LATA
Toda vez que comprar uma lata de refrigerante, tome cuidado de lavar a parte de
cima com água corrente e sabão, se possível, use canudo. Faça com que
seja obrigatório lavar as latas com desinfetantes mesmo as que vão à
geladeira. Uma pesquisa do INMETRO confirmou que a tampa da
latinha do refrigerante é mais poluída que um banheiro público.
Segundo essa pesquisa, a quantidade de vermes e bactérias era tão
intensa que eles sugeriam que se lavasse a tampa da latinha com água e
sabão' .
Dr. Fabio Lopes Olivares Setor de Citologia Vegetal
Laboratório de Biologia Celular e Tecidual (LBCT) Centro de
Biociências e Biotecnologia (CBB) Universidade Estadual do Norte
Fluminense (UENF) Av. Alberto Lamego, 2000 - Horto 28015-620 - Campos
dos Goytacazes(RJ) Tel: (24) 726.3838 / Tel(fax): (24) 726.3714

Por favor, encaminhe este aviso às pessoas com quem você se preocupa.



3 de dezembro de 2010

A China já está aí



Dizem que é atribuída a Napoleão Bonaparte a seguinte e profética advertência: “ Fiquem alertas para quando o Gigante Amarelo despertar...”
O resto do mundo, inclusive os aculturados,sabichões e pretensos auto-suficientes, estão assistindo passivamente a essa galopante e silenciosa dominação chinesa. Leiam, abaixo, algumas verdades a respeito.


A verdade é que agora, tudo o que compramos é Made in China.
.......Eis um aviso para o futuro!
Mas quem liga para esse aviso?
Atualmente ....Ninguém !
Agora é só ....aproveitar E APROVEITAR ...!
E depois como será para os nossos filhos ?

JÁ PENSOU COMO FICARÁ A CHINA DO FUTURO?

Por Luciano Pires


Luciano Pires é diretor de marketing da Dana e profissional de comunicação


Alguns conhecidos voltaram da China impressionados.
Um determinado produto que o Brasil fabrica em um milhão de unidades, uma só
fábrica chinesa produz quarenta milhões...
A qualidade já é equivalente. E a velocidade de reação é impressionante.
Os chineses colocam qualquer produto no mercado em questão de semanas...
Com preços que são uma fração dos praticados aqui.

Uma das fábricas está de mudança para o interior, pois os salários da região
onde está instalada estão altos demais: 100 dólares.
Um operário brasileiro equivalente ganha 300 dólares no mínimo que
acrescidos de impostos e benefícios representam quase 600 dólares.
Quando comparados com os 100 dólares dos chineses, que recebem praticamente
zero benefícios.... estamos perante uma escravatura amarela e
alimentando-a...

Horas extraordinárias? Na China...? Esqueça !!!
O pessoal por lá é tão agradecido por ter um emprego que trabalha horas
extras sabendo que não vão receber nada por isso...

Atrás dessa "postura" está a grande armadilha chinesa.
Não se trata de uma estratégia comercial, mas sim de uma estratégia de
"poder" para ganhar o mercado ocidental .

Os chineses estão tirando proveito da atitude dos 'marqueteiros' ocidentais,
que preferem terceirizar a produção ficando apenas com o que ela "agrega de
valor": a marca.

Dificilmente você adquire atualmente nas grandes redes comerciais dos
Estados Unidos da América um produto "made in USA". É tudo "made in China",
com rótulo estadunidense.

As empresas ganham rios de dinheiro comprando dos chineses por centavos e
vendendo por centenas de dólares...
Apenas lhes interessa o lucro imediato e a qualquer preço.
Mesmo ao custo do fechamento das suas fábricas e do brutal desemprego. É o
que pode-se chamar de "estratégia preçonhenta".

Enquanto os ocidentais terceirizam as táticas e ganham no curto prazo, a
China assimila essas táticas, cria unidades produtivas de alta performance,
para dominar no longo prazo.

Enquanto as grandes potências mercadológicas que ficam com as marcas, com o
design...suas grifes, os chineses estão ficando com a produção, assistindo,
estimulando e contribuindo para o desmantelamento dos já poucos parques
industriais ocidentais.

Em breve, por exemplo, já não haverá mais fábricas de tênis ou de calçados
pelo mundo ocidental. Só haverá na China.

Então, num futuro próximo veremos os produtos chineses aumentando os seus
preços, produzindo um "choque da manufatura", como aconteceu com o choque
petrolífero nos anos setenta. Aí já será tarde de mais.
Então o mundo perceberá que reerguer as suas fábricas terá um custo
proibitivo e irá render-se ao poderio chinês.

Perceberá que alimentou um enorme dragão e acabou refém do mesmo.
Dragão este que aumentará gradativamente seus preços, já que será ele quem
ditará as novas leis de mercado, pois será quem manda, pois terá o monopólio
da produção .

Sendo ela e apenas ela quem possuirá as fábricas, inventários e empregos é
quem vai regular os mercados e não os "preçonhentos".

Iremos, nós e os nossos filhos, netos... assistir a uma inversão das regras
do jogo atual que terão nas economias ocidentais o impacto de uma bomba
atômica... chinesa.

Nessa altura em que o mundo ocidental acordar será muito tarde.

Nesse dia, os executivos "preçonhentos" olharão tristemente para os
esqueletos das suas antigas fábricas, para os técnicos aposentados jogando
baralho na praça da esquina, e chorarão sobre as sucatas dos seus parques
fabris desmontados.

E então lembrarão, com muita saudade, do tempo em que ganharam dinheiro
comprando "balatinho dos esclavos" chineses, vendendo caro suas "marcas-
grifes" aos seus conterrâneos.

E então, entristecidos, abrirão suas "marmitas" e almoçarão as suas marcas
que já deixaram de ser moda e, por isso, deixaram de ser poderosas pois
foram todas copiadas....

REFLITAM E COMECEM A COMPRAR - JÁ - OS PRODUTOS DE FABRICAÇÃO NACIONAL,
FOMENTANDO O EMPREGO EM SEU PAÍS, PELA SOBREVIVÊNCIA DO SEU AMIGO, DO SEU

VIZINHO E ATÉ MESMO DA SUA PRÓPRIA... E DE SEUS DESCENDENTES
___________________________________________________________


Mais sobre o tema:

China ameaça o controle dos recursos naturais brasileiros
noticias :: Por Editor em 09/04/2011 :: imprimir   pdf   enviar   celular

A China é o maior comprador de produtos brasileiros desde 2009 e, ainda em 2011, deve ultrapassar os Estados Unidos também como maior vendedor para o mercado brasileiro, de acordo com prognóstico do economista Eduardo Costa Pinto, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo ele, enquanto as relações comerciais oferecem oportunidades de curto e médio prazos, podem gerar ameaças de longo prazo.



"Foi muito bom que o comércio Brasil-China tenha deslanchado na última década, mas devemos lembrar também que o comércio é apenas a ponta do iceberg nas relações bilaterais", disse o economista ao apresentar ontem (08/04/11) comunicado do Ipea As Relações Bilaterais Brasil-China: A Ascensão da China no Sistema Mundial e os Desafios para o Brasil.

Ele destacou um fator que pode representar problemas para a economia brasileira. Como o forte das exportações do Brasil tem sido as commodities (produtos básicos com cotação internacional), especialmente minérios e alimentos agropecuários, o economista argumenta que essa concentração não é desejável. E pergunta: "em caso de exaustão desses recursos primários, o que o Brasil vai fazer?"

Segundo o estudo, embora a China tenha crescido 10% ao ano, em média, nos últimos dez anos, tem como grande limitação da expansão a questão ambiental, e vai atrás dos países que podem suprir suas necessidades, como o Brasil. Tanto que, além de comprar recursos naturais, os chineses também investem na aquisição ou na associação com empresas brasileiras para controlar as explorações, principalmente de minerais.

Costa Pinto disse que só no ano passado os chineses investiram mais de US$ 15 bilhões em nosso país, a maior parte no controle de exploração de minério de ferro em duas jazidas de Minas Gerais, bem como nas áreas de petróleo e siderurgia no Rio de Janeiro. Mas existe também uma preocupação adicional de setores da sociedade brasileira, que é a compra de vastas áreas de terras agricultáveis na Bahia e em Goiás.

Ele enfatizou que a dinâmica comercial e financeira entre os dois países "traz oportunidades para o Brasil no curto e médio prazos, mas se não forem bem aproveitadas poderão representar ameaças no longo prazo". Citou a perda de participação de nossas exportações para outros competidores, perda do controle estratégico sobre fontes de energia, principalmente petróleo, e de recursos naturais, como terras e minas, que podem acarretar em "aumento da vulnerabilidade externa estrutural".

Segundo ele, o Brasil tem que avançar nos instrumentos de regulamentação, regulação e fiscalização da compra de terras e de recursos naturais pelos chineses; precisa utilizar mais ativamente os instrumentos disponíveis de defesa comercial no âmbito daOrganização Mundial do Comércio (OMC); e negociar com o governo chinês condições isonômicas para a entrada e operação de empresas brasileiras em setores restritos a empresas chinesas.

FONTE

Agência Brasil
Stênio Ribeiro - Repórter
Vinicius Doria - Edição

28 de novembro de 2010

NUVEM ASSASSINA II

Por Darci Bergmann




Agrotóxicos: Da lavoura até os nossos lares.

Com o surgimento dos pesticidas, a humanidade foi levada a crer que muitas mazelas seriam eliminadas. As colheitas seriam mais fartas, vetores de doenças seriam controlados e as habitações estariam livres de insetos e outros bichos indesejáveis. A formas de aplicação de tais produtos se diversificaram. E os equipamentos também. A biotecnologia, na sua variante dos transgênicos, ampliou o leque de uso de alguns princípios ativos. Este é o caso do glifosato, dessecante agora usado na cultura da soja.

Por outro lado, surgiram as preocupações sobre os efeitos colaterais no meio ambiente e sobre a saúde humana.

As limitações de uso, informações toxicológicas e cuidados no manuseio constam das bulas e rótulos. A legislação que regulamenta o uso de agrotóxicos, também denominados agroquímicos, defensivos, pesticidas ou venenos, evoluiu muito nas últimas décadas. À primeira vista parece que a sociedade dispõe de mecanismos de controle de tais substâncias e que essas já não causam mais os problemas antes verificados. Mas será possível afirmar, com segurança, que estamos livres dos problemas do mau uso dos agrotóxicos?

Veneno de lavoura aplicado em pessoas.

Se, por um lado, ocorreu o banimento de alguns produtos, como é o caso dos inseticidas organoclorados, estes de alta persistência no ambiente, por outro surgiram os tipos mais brandos, caso dos piretróides sintéticos. Tudo parecia se encaminhar para o uso seguro da agroquímica. Os piretróides e outros grupos de agrotóxicos não se restringiram à agropecuária. Chegaram às prateleiras dos supermercados e das farmácias. Foram e ainda são borrifados nos domicílios e acreditem, nas cabeças das pessoas afetadas por piolhos. Isto mesmo. Nas farmácias é possível encontrar agrotóxico deltametrina, do grupo dos piretróides, registrado para o combate ao piolho humano. Os agrotóxicos usados em ambientes domiciliares, recebem o nome de domissanitários e agora fazem parte do que se chama saneamento ambiental. Na verdade, tudo isso é uma maquiagem que tenta acobertar o lado obscuro dos efeitos colaterais de tais produtos. Esses efeitos podem não ser de toxidez aguda, aquela que se manifesta na hora do manuseio, mas podem ser de longo prazo. Muitos desses agrotóxicos tem ação crônica, causam efeitos neurotóxicos e estados depressivos. Alguns agrotóxicos, incluindo os piretróides, agem como hormônios femininos sintéticos, causando feminilização dos machos. Já existem estudos que demonstram tais fatos. Somados a outros agentes químicos de uso cotidiano, tais como os aditivos dos plásticos, detergentes, etc. pode-se ter uma idéia da variedade imensa de substâncias presentes no ambiente, com efeitos ainda desconhecidos. Ouve-se muito falar que cada produto, antes de ser lançado no mercado, é exaustivamente estudado. São testados em cobaias, estas com ciclo de vida mais curto que o da espécie humana. Também a persistência ambiental é analisada. Mas no momento de se fazer o registro junto à ANVISA ou junto ao MAPA podem ocorrer omissões sobre alguns comportamentos dos produtos. Alguns princípios ativos decompõem-se pela ação microbiana do solo, ou pela ação da luz solar e do calor. Mas a decomposição do produto original pode resultar em outros compostos com efeitos desconhecidos.



Os agrotóxicos espargidos nas lavouras se espalham por todo o ambiente.


Na agricultura, é comum a mistura de diversos pesticidas, muitas vezes em desacordo com as recomendações dos fabricantes. Produtos não registrados para determinadas culturas são nelas aplicados por conveniência de vendedores, que não se preocupam com as questões ambientais envolvidas. Via terrestre ou via aérea, os agrotóxicos espargidos sobre os cultivos não se limitam a combater invasoras, pragas e moléstias. Percorrem caminhos que vão além desses limites. Ultimamente, tem diminuído o volume de água nessas aplicações. Isso representa economia de tempo e redução de custos ao usuário. No entanto, isso também significa que as gotas de água que espalham o princípio ativo sobre a lavoura tem tamanho menor e algumas, muito diminutas, não atingem a área pulverizada, flutuando no espaço, arrastadas pelas correntes de ar. É o efeito da DERIVA. Já foram feitos vários estudos sobre o efeito deriva e de como atenuá-lo, visando maior eficiência dos agrotóxicos e diminuição dos impactos ambientais. Sabe-se que altas temperaturas do ambiente, no momento da aplicação, provocam a movimentação das moléculas do ar, com correntes ascendentes. Na primavera e verão são comuns na região da campanha temperaturas em torno dos 40ºC, após o meio-dia. Nesses horários, com o sol quase a pino, é possível ver a distorção das imagens pela movimentação do ar, mesmo que não haja vento perceptível. Em anos anteriores, nos trabalhos a campo, com teodolito ou nível, havia dificuldade de operar à longa distância, pois as imagens da baliza ou da mira falante pareciam distorcidas e a leitura não era confiável. Essa movimentação intensa do ar, pelas altas temperaturas, limita a aplicação dos agrotóxicos. Além disso, nesses horários mais quentes, a umidade relativa do ar é mais baixa. Com isso as gotas de água carregadas de agrotóxicos tornam-se mais leves ainda, pela evaporação. Parte do princípio ativo pode se volatilizar e se dispersar no espaço, carregado pelas correntes de ar. Daí se pode deduzir que os horários mais favoráveis para aplicação de agrotóxicos são aqueles das primeiras horas da manhã, ou à tardinha e melhor ainda se fossem à noite, quando o ar mais úmido faz com que as gotas se precipitem sobre a área pulverizada. Outro fator limitante é o vento no momento da pulverização. Tanto no que se refere à velocidade, quanto na direção e sentido do mesmo. Em aplicações terrestres, com ventos de 10 Km/h já observei deriva acentuada até vários metros além da faixa pulverizada. Nas aplicações aéreas o quadro é ainda mais preocupante, pois depende, também, da altura de vôo. Nesse caso a velocidade máxima do vento não pode ultrapassar os 8 Km/h, observados os outros parâmetros, como temperatura do ambiente e umidade relativa do ar. Para se ter um idéia da força do vento, quando este atinge os 9Km/h já é capaz de movimentar as gigantescas pás dos geradores eólicos de energia elétrica.



Aviação agrícola: O mito das aplicações seguras.



Os fabricantes de equipamentos para aplicação aérea desenvolveram dispositivos que tendem a diminuir os efeitos da deriva. Também as embalagens dos produtos, na sua maioria, são recolhidas e encaminhadas às centrais de recolhimento. Dá-se muita ênfase a esse aspecto da questão. Isso, aliado a muita publicidade, passa à opinião pública uma idéia de que as aplicações aéreas de agrotóxicos são seguras e feitas por equipes especializadas.

A legislação brasileira estabeleceu parâmetros ou normas operacionais para as aplicações aéreas de agrotóxicos. Os pilotos, assim como os técnicos responsáveis pelas empresas de aviação agrícola, recebem treinamento sobre a atividade. Conhecem a legislação pertinente. A Lei também determina que toda a aplicação aérea de agrotóxico seja precedida de planejamento operacional e se as condições meteorológicas não forem adequadas no momento da operação, esta deve ser cancelada. Então, com tudo isso poderia se deduzir que o meio ambiente e a saúde pública estão livres dos problemas dos agrotóxicos, especialmente quando aplicados via aérea. Ledo engano. Na prática, a realidade é outra. Uma vez que a equipe de aplicação aérea se deslocou até o local da área a ser pulverizada dificilmente ela cancela o serviço, mesmo diante de condições meteorológicas desfavoráveis. A fiscalização a campo se torna difícil e onerosa e depende muito de ação denunciadora de vítimas do mau uso da aviação agrícola. As vítimas tem dificuldade de encaminhar queixas com provas dos danos sofridos em suas propriedades. Ocorre que as provas dependem de laudos técnicos e muitas vezes faltam recursos financeiros para custeá-los. Outras vezes, os prejudicados não querem se indispor com algum vizinho ou até não conseguem testemunhas pelos mesmos motivos. Em reuniões comunitárias, já ouvi muitos relatos de problemas causados pelo uso de agrotóxicos, via aérea. Todos esperam alguma coisa das autoridades constituídas. Estas, por sua vez, quase sempre se omitem, por motivos vários. Alguns prefeitos, vereadores ou mesmo deputados relutam em tomar medidas, pois temem contrariar aliados políticos ligados às empresas de aviação agrícola, que tem poder econômico. Encaminhar projetos de lei às Câmaras Municipais, visando coibir situações de abuso ou de restrições de uso, via aérea, de algum agrotóxico, esbarra na argumentação de que o assunto é da alçada federal. Existe, portanto, uma brecha entre o que diz a Lei e a realidade fática. Por isso são poucos os casos que vêm à tona e que resultam em ações judiciais. Tem-se notado que muitas vezes as partes envolvidas nessa questão fazem acertos para reparar os prejuízos financeiros. Mas os problemas ambientais decorrentes continuam e se avolumam.




Os municípios podem legislar sobre os agrotóxicos e aviação agrícola?

Nos anos de 2003 e 2004, foram realizadas duas conferências municipais sobre meio ambiente, em São Borja. Na última, com a participação de quatrocentas pessoas, foi aprovada proposta de proibição de uso, via aérea, no território do Município de São Borja, de agrotóxicos formulados com os seguintes princípios ativos: inseticida CARBOFURAN (componente do produto comercial FURADAN 100 G e outros ), herbicidas 2,4-D e CLOMAZONE (componente do GAMIT). Como Secretário Municipal do Meio Ambiente, fiquei incumbido de redigir anteprojeto de lei e encaminhá-lo ao Gabinete do Prefeito. A matéria, com ampla justificativa, foi enviada à Consultoria Jurídica, que a considerou inconstitucional, já que seria de competência da União legislar sobre o tema. Frustrou-se, assim, a expectativa de centenas de pessoas e quem sabe de milhares de outras indiretamente. Se transformada em projeto de lei, a questão abriria enorme discussão e seria uma forma de esclarecer à opinião pública sobre o uso dos agrotóxicos e suas conseqüências. Alguns municípios romperam as barreiras e tomaram medidas restritivas com relação aos agrotóxicos. O Brasil, pelo tamanho do seu território e pelas peculiaridades regionais e locais, não pode ficar restrito à tutela federal no que tange à restrição de uso de alguns agrotóxicos, especialmente via aérea.

Em decorrência de situações graves e pelas brechas da legislação federal e estadual, os municípios começam a se mobilizar. Existem situações específicas e mesmo a precariedade da fiscalização que justificam a interferência dos municípios na questão dos agrotóxicos.



Da minha experiência pessoal com aviação agrícola



Tive experiência própria com a atividade de aviação agrícola, por dois anos, no início dos anos 1980. Na época eu tinha revenda de agrotóxicos. Acompanhei à campo várias aplicações aéreas. As normas operacionais da aviação agrícola, do Ministério da Agricultura, ainda não haviam sido estabelecidas, o que veio a ocorrer em l.983, com a Portaria 009/83 e seu anexo da Secretaria de Defesa Sanitária Vegetal. Constatei que, sempre que se aumentava o volume de água por hectare, aumentava a eficiência da aplicação, desde que as condições meteorológicas fossem favoráveis. Foram feitas aplicações aéreas com o lagarticida biológico Dipel, à base de Bacillus thuringiensis, com excelente controle de lagartas em soja. Tal produto só não fazia melhor efeito quando o volume de água era reduzido. Cheguei até imaginar que um dia teríamos uma ampla gama de produtos biológicos, sem efeitos nocivos à saúde humana e animal ou ao meio ambiente. No entanto, assisto, tantos anos depois, um desvirtuamento da atividade da aviação agrícola, quando se refere ao uso de agrotóxicos. Mesmo com toda a parafernália de equipamentos, legislação federal e o marketing das empresas que garantem eficiência, segurança, etc. a realidade é outra. Deixo claro que não tenho objeções aos demais usos da aviação agrícola, como, por exemplo: semeadura, aplicação de fertilizantes, combate a incêndios, etc. Meu questionamento refere-se à aplicação aérea de produtos nocivos à saúde humana e ao meio ambiente em geral. Mesmo que algumas empresas e pilotos tenham mais consciência nessa questão e procuram se adequar à legislação, existem fatores que extrapolam essas precauções, pelos motivos que exponho a seguir.

1- As aeronaves sobrevoam áreas bem maiores daquelas que são objeto da pulverização. Isto provoca grande turbulência no ar e as microgotas se espalham ainda mais no ambiente.


2- As pulverizações em baixo volume são realizadas sob grande pressão nos bicos, partilhando ainda mais as gotas. Isto, aliado à velocidade da aeronave, favorece a evaporação da água (veículo) e a volatilização do agrotóxico. A baixa umidade relativa do ar e as altas temperaturas agravam a situação, assim como a velocidade e direção dos ventos.

3- O vácuo formado pela aeronave provoca o arrastamento das partículas até centenas de metros após o fechamento dos bicos no final de cada tiro.

4- Quanto menor a área pulverizada, maior a contaminação ambiental, no entorno.

5- As áreas com relevo ondulado, caso das coxilhas, não permitem altura padrão sobre a cultura a ser pulverizada. Isto provoca deriva maior, quanto maior for a altura de vôo. As temperaturas das massas de ar nas áreas onduladas são diferentes nas partes mais altas e baixas e a deposição das gotas não fica homogênea.

6- Para se ter uma idéia do tamanho de uma gota, basta ver o seguinte exemplo. Se o volume de calda (água mais produto) a ser aplicado num hectare for 20 litros, teremos o seguinte:

20 = 20.000 ml; 1 hectare=10.000 m²

Ou 20.000ml/10.000m²= 2ml/m2

Vale dizer que em cada porção de 1 m² de área serão aplicados apenas 2ml de calda de agrotóxico. A divisão desse pequeno volume provoca gotas de diversos tamanhos, algumas tão pequenas que tem o aspecto de névoa. Outras são impercetíveis. Com isso tem-se uma idéia do que ocorre durante uma aplicação aérea. Imagine se as condições meteorológicas forem adversas.



Numa edição do programa Globo Rural, foi mostrado trabalho de pesquisa sobre deriva de agrotóxicos nos Estados Unidos. Com aparelhagem ultra-sensível, conseguiram detectar a presença de pequeníssimas gotas do produto a dezenas de quilômetros do local de aplicação, via aérea, em condições meteorológicas consideradas normais.

Em certa ocasião, notei clorose acentuada em folhas de cinamomo, na verdade houve o branqueamento das folhas e logo deduzi que os sintomas se referiam à ação fitotóxica de herbicida à base de CLOMAZONE (GAMIT). Depois constatei que foi feita aplicação aérea com esse produto em lavoura de arroz situada a quase três mil metros do local onde havia observado os danos. Não havia outra lavoura nas imediações. As correntes de ar levaram o produto a longa distância. Era um dia de calor, mas os ventos eram normais. Talvez o leitor se surpreenda e há quem queira contestar o que já foi presenciado por mim. Em épocas de aplicação de herbicida, o ir e vir de aeronaves agrícolas sobre um mesmo local, mesmo sem estar aplicando o produto, pode provocar ação fitotóxica. Isto é perceptível na primavera, nos dias quentes, quando as folhas novas das árvores caducifólias, ficam deformadas. Nessa época inicia a aplicação de herbicidas nas lavouras de arroz aqui na região. São freqüentes os relatos sobre isso. Ocorre que podem estar ocorrendo pequenos vazamentos de calda, quase imperceptíveis. Também é possível a volatilização do produto, especialmente em dias de muito calor. A pressão exercida dentro do tanque força a saída do produto volatilizado pelos bicos de pulverização. Tal possibilidade ficou demonstrada com outro fato que presenciei. Um pulverizador do tipo costal, de 20 litros, vazio e que havia sido usado para aplicação de herbicida, foi deixado no sol próximo a plantas de vaso. Horas depois, as plantas apresentaram folhas murchas num raio de quase três metros a partir do pulverizador costal. No dia seguinte algumas folhas estavam cloróticas e uma planta secou completamente dias depois. Sabe-se, por exemplo, que os herbicidas à base de 2,4-D são altamente voláteis e causam grandes danos nas plantas denominadas popularmente como de “folhas largas”, diferentes das gramíneas. Embora as restrições de uso, o 2,4-D ainda é aplicado via aérea, como pude comprovar em perícias judiciais.



Alguns casos reais de deriva de agrotóxicos



A soja transgênica foi saudada como um grande avanço. Realmente, à primeira vista, parecia resolver um problema sério que é a infestação da lavoura pelos inços. A aplicação de herbicida à base de glifosato permite o controle das invasoras em estágio avançado dentro do cultivo. Mas todo o remédio químico certamente tem efeitos colaterais e não deve ser apregoado como a única solução. Não vou me ater a efeitos de longo prazo, desconhecidos e que não posso comprovar. Mas vou me referir a fatos já constatados. Via terrestre o uso sem critérios de glifosato está dizimando a vegetação marginal das lavouras e aquela protetora das encostas ou taludes das estradas. Com isso, aumenta a erosão do solo por falta da forração vegetal. No que se refere à aplicação aérea, o problema é similar, com uma agravante: a deriva atinge outras culturas suscetíveis ao glifosato mesmo a centenas ou milhares de metros. Atuei como perito numa ação judicial, onde a parte autora pediu indenização por danos em lavoura de arroz provocados pelo herbicida glifosato usado em lavoura de soja transgênica. A maior parte do herbicida na soja havia sido feita com aeronave. Com ventos de 14 Km/H e no sentido da lavoura de arroz, a deriva levou o glifosato a centenas de metros, em quantidade suficiente para liquidar uma parcela de arroz germinado a poucos dias.





15 de novembro de 2010

Nuvem assassina

Por Darci Bergmann

O sol já despontava no horizonte
Naquela manhã primaveril
Centenas de aves, talvez mil
Nas cercanias do arrozal
Escurraçadas pelo ronco infernal
 De algo espargindo gotículas
Densa nuvem de partículas
Sob as asas da nave cabal.

Decorria o tempo, o sol já abrasava
E o vento mais forte anunciava
Que a nuvem artificial espraiava
Gotinhas ao longe, lá na planura.
Arbustos, árvores e o abrigo da saracura,
Tudo envolto pela névoa fumacenta
Da ave impiedosa e agourenta
Insanidade beirando à  loucura.

Passados os dias, o arrozal mostrava
Plantas mortas em meio à cultura
Nas copadas, em volta, folhas com brancura
Até nos cinamomos e na cina-cina
No rincão ermo a ganância vira sina
De alguns que pilotam sem escrúpulo
Os tempos mudam, este é o crepúsculo
Novo tempo virá, sem nuvem assassina.  (Darci Bergmann, 10/10/2008).

O poema acima refere-se à aplicação aérea de herbicidas. Nem todos os pilotos e empresas são conscientes.   As aplicações aéreas de herbicidas e agrotóxicos em geral causam derivas e parte do produto atinge o ambiente no entorno. Os aviões sobrevoam áreas fora da área-alvo e isso cria uma turbulência que aumenta as derivas. As condições meteorológicas mudam no decorrer das aplicações e isso é motivo para que o serviço seja suspenso. Na prática, na maioria das vezes, isso não ocorre. Muitas espécies nativas da nossa flora estão sendo dizimadas por herbicidas, à base de glifosato, clomazone e 2,4-D. As formulações comerciais de clomazone são extremamente voláteis. Este produto causa uma clorose esbranquiçada nas folhas. Algumas espécies são mais sensíveis ao produto, como é o caso da canafístula (Pelthophorum dubium), do cinamomo (Melia azedarach), entre outras. A biodiversidade do Bioma Pampa está sendo afetada por essas derivas aéreas. As empresas aero-agrícolas se defendem e propagam que são fiscalizadas. Na prática, lá no campo, não tem nenhuma fiscalização. 

1 de novembro de 2010

Cuba entre a transgênese e a agroecologia

Por Leonardo Padura*

É paradoxal um país tropical, com larga experiência agrícola e pecuária, necessitar investir tantos recursos na importação de alimentos, afirma neste artigo exclusivo Leonardo Padura.

HAVANA, Cuba, 1º de novembro (Tierramérica).- Quando, em 1990, começou o colapso que levaria ao desaparecimento da União Soviética, os campos da ilha de Cuba sentiram um efeito imediato: da terra dos sovietes deixaram de chegar os navios carregados de fertilizantes e pesticidas que sustentavam a produção agrícola deste país caribenho. Como resposta a uma crise de produção que se fez patente, em 1992 foi criado o movimento de agricultura orgânica.

O que naquele momento parecia um salto ao passado (como a volta ao esterco) podia ser, na realidade, um olhar para o futuro. O modelo agrícola cubano seguia os esquemas socialistas da agricultura estatizada. Como resultado da reforma agrária iniciada em 1959, tão logo chegou ao poder a revolução liderada por Fidel Castro, a maior porcentagem das terras (cerca de três quartos) pertenciam ao Estado e eram cultivadas por empresas estatais (ou não eram cultivadas).

O resto pertencia a diversos modelos cooperativos e a camponeses privados. E, tanto umas quanto outras, aplicavam produtos químicos às suas colheitas e apenas excepcionalmente eram praticadas experiências hoje chamadas “ecológicas”. A crise financeira desatada na década de 1990 impediu a compra de fertilizantes e forçou uma mudança nos métodos agrícolas. Foi fomentada a criação de cooperativas e houve uma tentativa de descentralizar as estruturas e a posse da terra, diversificar os cultivos e inclusive levá-los às cidades.

As respostas quantitativas não foram satisfatórias, e em 2009 a ilha precisava importar 80% dos alimentos que consumia. É paradoxal um país tropical, com longa experiência agrícola e pecuária, precisar investir tantos recursos para importar alimentos que poderiam ser obtidos em seu território nacional em quantidades que inclusive permitiriam a exportação. Problemas organizacionais, econômicos e até conceituais do modelo socialista estavam – e estão – afetando um setor no qual foram introduzidas mudanças aceleradas, como as novas formas de posse da terra e a comercialização.

Entretanto, a concepção de uma agricultura sustentável baseada na agroecologia se vê diante de nova ameaça, tanto ou mais perigosa do que a de uma produção estatizada e apoiada em insumos químicos: os cultivos transgênicos. Apesar de na mídia cubana se falar muito pouco sobre a existência de experiências com transgênicos, e a sociedade, como conjunto, viver de costas para esta realidade, um grupo de cientistas lançou um grito de alarme.

A partir de um conhecimento profundo, estes pesquisadores começam a reagir diante de uma experiência que poderia provocar danos maiores do que os de outras políticas agrárias de ingrata lembrança, como a ideia de secar o Pântano de Zapata, hoje tido como o maior do Caribe insular, ou a criação do “Cordão de Havana” – que derrubou árvores frutíferas centenárias para semear um cinturão cafeeiro do qual nunca se colheu um grão –, até a quase total dependência de fertilizantes e pesticidas soviéticos.

Outros testes perigosos, aplicados como solução para aumentar a produção agropecuária, também não tiveram os resultados esperados. A queima dos campos de cana-de-açúcar, adotada nos anos 1970 para facilitar o corte, afetou rendimentos e acabou arruinando grandes extensões de terras, nas quais por quase dois séculos foi cultivada a cana com excelentes dividendos.

Tampouco os diversos cruzamentos de raças de gado bovino levaram a um aumento na quantidade de carne e leite, e a massa pecuária cubana não recuperou os níveis que tinha há meio século. A formação científica foi uma das premissas do Estado em seus planos futuros. E, hoje, alguns desses especialistas se questionam quanto a um procedimento que consideram inadequado.

A introdução de transgênicos, especificamente do milho, não constitui apenas uma resposta à necessidade de diminuir importações e aumentar a produção. Também representa uma mostra da prevalência de duas concepções diferentes, que teoricamente podem coincidir, mas, segundo os estudiosos, são inconciliáveis. A contradição entre transgênicos e agroecologia tem sua essência no fato de a extensão de cultivos manipulados geneticamente poder afetar a biodiversidade, a independência dos produtores e, inclusive, colocar em risco a saúde humana, como demonstram diversos estudos clínicos com animais.

A agroecologia, por sua vez, é um conceito amplo do desenvolvimento que pretende adaptar a produtividade de alimentos aos ciclos naturais, contribui para garantir a sustentabilidade e é produtiva quando aplicada com métodos e políticas adequadas. Vozes autorizadas consideram que em Cuba não é necessário recorrer aos transgênicos, sobretudo quanto já foi demonstrada a efetividade do modelo agroecológico para fornecer alimentos suficientes.

Assim, impõem-se investimentos em recursos suficientes para desenvolver todo seu potencial e a queda dos entraves da burocracia estatal e do controle excessivo sobre os meios de produção. A persistência desses obstáculos ficou evidente com o anúncio da liberalização da venda de equipamentos de trabalho (roupa, luvas, botas), e utensílios para lavrar a terra, a camponeses e agricultores, sem ter de esperar a entrega pelo Estado. Ainda assim, a disponibilidade não atende todas as necessidades de camponeses e cooperativas.

Com esta insuficiência dos meios mais rudimentares, é difícil esperar que em algum momento possam ser atendidas as grandes expectativas de produção. Por outro lado, em certos laboratórios são destinados recursos suficientes para testar a introdução de transgênicos, pois são vistos como uma possibilidade de realizar esse salto para a produtividade que tem se mostrado tão esquivo. Não se trata de reeditar a velha contradição entre civilização e barbárie, mas de ouvir os que reclamam uma moratória no plantio de transgênicos e o início de um debate, com participação de cientistas e outros atores da sociedade, sobre sua viabilidade, apesar dos riscos que contém.
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* Escritor cubano. Sus novelas han sido traducidas a una decena de idiomas y han ganado numerosos premios en Cuba y el extranjero. Derechos exclusivos IPS.

19 de outubro de 2010

AMAZONIA: Impressões de viagem

    Por Melissa Bergmann
     É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. Na semana em que se comemorava a independência do Brasil, entre os dias 05 e 10 de setembro, estive visitando e conhecendo um pouco da Amazônia e a capital do estado amazonense, Manaus. Com quase 2 milhões de habitantes, Manaus é uma cidade histórica que preserva belezas edificadas na época da colonização portuguesa, como o Teatro Amazonas, inaugurado em 1896 durante o Ciclo da Borracha. É um dos mais belos teatros do Brasil.
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     Além de prédios históricos e museus, encontram-se também o CIGS – Centro de Instrução de Guerra na Selva – , o Jardim Botânico e o Bosque da Ciência, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). O CIGS é um centro de treinamento do Exército Brasileiro, que abriga vários animais da selva amazônica e é aberto ao público para visitação. Antas, preguiças, macacos, jibóias e onças são alguns dos animais encontrados, além de se visualizar araras soltas em meio ao bosque que delimita o parque.
     A floresta
     Mas a expectativa maior quando se vai à Amazônia é conhecer a tão exuberante floresta amazônica. Margeada pelas aglomerações urbanas que avançam cada vez mais, os fragmentos florestais estão restritos às reservas e aos institutos de ensino e pesquisa. O Jardim Botânico de Manaus conserva parte de floresta primária, aquela vegetação original, que não foi destruída. Andando pelas trilhas na mata em um dia nublado em que havia chovido pela manhã, a sensação era de muito calor e umidade. O solo, raso e de consistência argilosa, expõe as raízes das plantas à superfície. As árvores são altas, e sobre elas crescem inúmeras plantas epifíticas, que se apóiam sobre seus galhos e troncos sem prejudicá-las e hemi-epifíticas, que crescem como as epífitas, mas emitem raízes que chegam ao solo. As plantas desse grupo são principalmente da família Araceae, abundantes nas áreas tropicais úmidas. Já na Mata Atlântica, por exemplo, floresta também úmida mas não tão quente, encontram-se principalmente orquidáceas e bromeliáceas crescendo sobre outras plantas. Entre as plantas utilizadas como alimento ou no preparo de sucos e doces estão o açaí, uma palmeira, o cupuaçu, parente do cacaueiro, o caju e muitas outras utilizadas também na medicina popular.
     É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem. É possível que seu navegador não suporte a exibição desta imagem.As águas
       Além da extraordinária diversidade botânica, a região amazônica tem uma riqueza inigualável em volumes de água. O Rio Negro, por exemplo, é um dos mais antigos dos rios amazônicos, exibindo uma coloração escura devido à grande quantidade de ácidos originários da decomposição orgânica. Nas águas desse rio, encontram-se os famosos botos cor-de-rosa, espécie de golfinhos de água doce que se aproximam das residências ribeirinhas em busca de alimento.
      Conta a lenda dos povos amazônicos que nas noites de festa junina, o boto cor-de-rosa sai do rio e se transforma num belo rapaz que seduz as moças das comunidades ribeirinhas. Mas apesar de toda a beleza folclórica em torno desse animal, muitos deles são mortos por pescadores, o que vem colocando em risco sua sobrevivência.
 
     A paisagem amazônica é marcada ainda pelas casas flutuantes e pelos lugares em que se chega somente com um meio de transporte fluvial. Muito interessante é o encontro das águas dos rios Negro e Solimões sem se misturarem.
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      Outra atração é o Museu Seringal Vila Paraíso, que foi idealizado para a produção do filme brasileiro A Selva, baseado no romance homônimo do escritor português Ferreira de Castro. A obra retrata a sociedade na região amazônica na época do Ciclo da Borracha, no ano de 1912. A visita ao museu permitiu vivenciar um pouco deste capítulo da história brasileira, onde a corrida pelo “ouro negro”, a borracha, era feita às custas de seringueiros que tinham de trabalhar em meio aos riscos de doenças e de animais na selva, uma vez que a retirada do látex das seringueiras era feita à noite. Atraídos por um “emprego”, muitas pessoas saíam de suas cidades, principalmente da região nordeste, mas acabavam tendo de trabalhar sem grandes benefícios para sobreviver. O trabalho de alguns ostentava o luxo de outros. Foi nessa época que foram construídos o Teatro Amazonas e o prédio do Mercado Público de Manaus, em estilo português. Manaus também foi uma das primeiras cidades a ter iluminação pública.
Outras considerações
Embora muito já tenha mudado quanto aos direitos trabalhistas, a região amazônica ainda é uma das mais precárias em educação, e os problemas ambientais enfrentados lá não diferem dos que ocorrem aqui. A utilização desenfreada dos recursos naturais e o crescimento dos aglomerados urbanos são as principais causas das alterações dos ecossistemas. A valorização das reservas naturais ainda é incipiente, e muitas escolas e comunidades locais não apreciam a riqueza do bioma onde vivem. Professores das universidades, como a UFAM (Universidade Federal da Amazônia), o INPA e a UEA (Universidade Estadual do Amazonas) vem desenvolvendo projetos sobre os saberes locais. Será que é preciso destruir parte da floresta do quintal de casa para o cultivo agrícola? Será possível aproveitar a matéria-prima da floresta, como seus frutos e folhas, sem precisar destruir esse ecossistema? São essas questões que vem sendo debatidas com as comunidades. Trabalhar também a importância dos parques e reservas é essencial. Como esperar que as crianças e os jovens valorizem um ecossistema se nem mesmo o conhecem? Muitos pais das comunidades ribeirinhas mandam seus filhos à escola para estudar dentro da sala de aula, e consideram que uma saída a campo não acrescenta nada, pois seus filhos vêem o rio todo dia, por que teriam de sair da sala de aula para ver o rio?
      Cabe lembrar que aqui no Rio Grande do Sul a situação não é  diferente. Cada bioma tem suas particularidades, e a Amazônia é uma floresta exuberante, sim, mas nossos ecossistemas sulinos não ficam para trás. Tanto o Bioma Mata Atlântica quanto o Pampa (campos) são ecossistemas de dinâmicas especiais, e apresentam flora e fauna que não se encontram em outras regiões. Isto se chama biodiversidade!


 



 

5 de outubro de 2010

Marina Silva, a grande vitoriosa

Por Darci Bergmann

   Nunca antes na história deste País, a questão ambiental sacudiu tanto as estruturas do poder. A expressiva votação de Marina Silva é um recado claro de que uma parcela significativa da sociedade brasileira já não aceita mais a política mercantilista que ignora a sustentabilidade ambiental. Sim, mercantilista até nas eleições, quando o poder é almejado a qualquer preço e em desrespeito à privacidade do eleitor, ao meio ambiente e à probidade administrativa. Tanto a coligação oficial quanto à de oposição fizeram campanhas milionárias, poluidoras e promoveram um desserviço à educação ambiental. À luz da legislação vigente cometeram crimes ambientais. A ostentação grotesca começou pela confecção de milhares de toneladas de folders em papel caro e de grande impacto ambiental. Boa parte desse papel  impermeável e de difícil decomposição atingiu os bueiros, os terrenos baldios e outros locais. Na noite anterior ao pleito foi lançado em vias públicas, especialmente nas proximidades dos locais de votação. Cartazes estavam espalhados pelas praças, nos passeios públicos e onde mais fosse possível.
A poluição visual escancarada ofuscou as cores da primavera. Nessa época do ano, a maioria das aves inicia o ritual do acasalamento. O canto das aves também foi ofuscado pelas geringonças barulhentas que dia e noite atormentaram os moradores. Os muitos decibéis acima dos níveis permitidos fizeram estremecer as vidraças e as estruturas dos prédios e, pasmem, fizeram até disparar alarmes. Essa arrogância eleitoral cara e esbanjadora já mostra que para muitos candidatos, a maioria talvez, a política é a arte do vale tudo. Se é assim antes das eleições, como vão proceder depois de eleitos?
   Mas nem todos os eleitores se deixam seduzir pelos malabarismos eleitoreiros. Aos poucos as pessoas se dão conta das falsas promessas de campanha e reagem votando em propostas alternativas e apresentadas de forma a respeitar o sossego público e o meio ambiente com um todo. Talvez esse tenha sido um dos motivos para que muitos decidissem votar em Marina Silva. Nunca esteve aqui em São Borja. Não vi sequer um poster dela, não vi ninguém distribuindo propaganda sua, não havia um único carro de som anunciando o seu nome e mesmo assim fez aqui em torno de sete por cento dos votos. Não se elegeu, não foi para o segundo turno, mas que vitória ela teve ao arrebanhar o sentimento de vinte milhões de brasileiros.
Sei que existem ambientalistas em outros partidos. Pessoas realmente preocupadas com a questão ambiental. Mas as estruturas desses partidos quase sempre transformam a questão ambiental em mera retórica. Os filiados e candidatos de visão ambiental tem que aparar muitas arestas para que algumas práticas ecológicas sejam implementadas. Um dos motivos é que os partidos políticos no Brasil se moldam pelo chamado desenvolvimento linear, imediatista e focado apenas em obras e programas assistencialistas, sempre com o intuito de que haja retorno nas próximas eleições. Assim, a natureza é relegada a um plano secundário. O tema meio ambiente se limita a saneamento básico e alguns outros pontos focais, mas é permissivo à destruição ambiental quando o assunto é geração de emprego, renda e impostos, por exemplo. Setores organizados da sociedade, dentro dos partidos políticos, conseguem frear as boas práticas ambientais, como se elas fossem a causa do desemprego e da geração de renda.
    Essa visão distorcida ficou evidente quando da discussão da reforma do Código Florestal brasileiro. A maioria dos proprietários rurais não quer abrir mão de parcela da área destinada à reserva legal. No entanto, esquecem-se de que muitos perdem as suas terras ou boa parte delas para o ressarcimento de dívidas com os bancos credores. Nesse caso, a saída seria a criação de um fundo especial, uma espécie de bolsa para reserva legal  que poderia pagar aos proprietários os serviços ambientais gerados por essas áreas. 
   A sociedade brasileira e os jovens em especial já perceberam que existe saída política para esse tipo de impasse e que o meio ambiente é coisa séria. Marina Silva centralizou a preocupação ambiental difusa que ve saídas políticas para a verdadeira crise ambiental que assola o País. As queimadas, o desmatamento, os desastres ambientais, a poluição em seus vários aspectos, tudo isso motivou a busca de alternativas. 
  A votação em Marina Silva é apenas o começo de uma grande mudança no trato das questões ambientais.    
 Os grandes partidos agora foram sacudidos e o serão mais ainda se não implementarem boas políticas ambientais. O Partido Verde se tornará uma realidade e deverá se estruturar em todo o Brasil. Nas próximas eleições terá certamente muito mais representação em parlamentos e no poder executivo. Isso também estimulará a que os demais partidos sejam mais amigáveis ao meio ambiente.
   A onda verde que iniciou lá nas florestas do Acre trouxe Marina Silva ao cenário político do Brasil. Essa onda verde silenciosa, suave até, foi o contraponto a essa maneira arrogante de fazer política sem respeito às pessoas e à natureza.
  Valeu, Marina!

3 de outubro de 2010

Esbanjamento

Por Darci Bergmann

Hoje é um dia especial. Dia de escolher os governantes e legisladores do País. Mas como é difícil escolhe-los quando um dos critérios é a responsabilidade ambiental. No clarear do dia, fui dar uma espiada na rua em frente à minha casa e fiquei decepcionado com a cena: os passeios públicos, as sarjetas, as ruas enfim, estão repletas de papéis de propaganda eleitoral. São os famosos ¨santinhos¨. Alguns confeccionados em papel branco, outros em papel do tipo acetinado e muito poucos em papel reciclado. O simples fato de serem jogados aos milhares em vias públicas já é um esbanjamento inaceitável. Esse é o retrato fiel da maioria dos pretendentes a cargos eletivos no Brasil. As promessas de probidade no trato da coisa pública e do respeito às leis já é quebrado antes mesmo da posse de qualquer eleito. Ainda vamos levar um bom tempo até que tenhamos a maioria dos candidatos realmente comprometidos com a questão ambiental. É aquele velho ditado: o discurso é um e a prática é outra.
Penso que os candidatos poderiam planejar as suas campanhas com um enfoque voltado para o respeito à sustentabilidade ambiental e dentro de um conceito de não esbanjar recursos financeiros auferidos na campanha. Assim, estariam prestando um grande serviço ao Brasil e à humanidade. Mesmo os que não se elegessem participariam de uma cruzada cívica que seria também uma  aula de educação ambiental. Milhares de assesores de campanha estariam sendo educados num exercício de respeito à legislação. Isto é importante porque muitos deles depois ocuparão cargos nas esferas da administração pública ou nas casas legislativas.
Tem ainda a questão da poluição sonora. A maioria dos candidatos e seus seguidores não respeita a legislação pertinente. A barulheira é tanta que alguns eleitores  ficam irritados. Alguns deixam de votar nos candidatos que abusam com a propaganda barulhenta. Aos poucos a sociedade reage às condutas nada recomendáveis de políticos acostumados a mentir e a não respeitar a privacidade das pessoas.
Chegará o dia em que o eleitor será mais consciente. Então os políticos esbanjadores terão de arrumar  outros empregos, longe dos cofres públicos.

1 de outubro de 2010

Debate na Globo

Por Darci Bergmann

A impressão que eu tive foi de um debate fraco em relação aos temas ambientais. Com exceção de Marina Silva, os candidatos não deixaram claras as suas propostas.  Excetuando-se alguns tópicos pontuais, o tema ficou diluído entre os assuntos recorrentes segurança, educação e saúde, com as variantes de praxe. Há quem pense que a grande gama de questões que envolvem a administração pública não permite o avanço nas discussões sobre meio ambiente. Se verdadeiro isso, é lamentável. Quase todas as questões da nossa sociedade passam pela temática ambiental. Nenhum país, nem a humanidade como um todo, poderá ter um desenvolvimento em bases sólidas se não o fizer dentro dos princípios da sustentabilidade ambiental.  Educação e saúde estão intimamente ligados aos temas ambientais. Educação não é só construir escolas, mas um contexto muito mais amplo e profundamente ligado à questão ambiental. Educar para que? Que modelo de sociedade queremos? Aquela consumista e de competição? Como está o nosso ambiente?  Estas são algumas questões básicas ligadas à educação. E pela degradação ambiental escancarada pode-se deduzir que as coisas precisam melhorar e muito nessa área. A teorização até que existe, mas na prática a realidade é outra. 
O tema saúde é estreitamente ligado ao meio ambiente. Mas as discussões se limitam ao saneamento básico visto sob a ótica de obras gigantescas. Não se trabalha a questão de projetos alternativos, descentralizados. Pouco se falou sobre isso nos debates. Nesse último não foi diferente. 
Talvez as agendas dos candidatos não permitam aprofundar esssas questões. Por isso, entendo que um segundo turno nas eleições teria essa função de esclarecer melhor. Alguns pensam que isso é um gasto a mais, uma perda de tempo. Sou da opinião que os grandes temas nacionais devem ser melhor analisados pela sociedade. E quando um tema de grande interesse para a nossa e as futuras gerações não pode ser esmiuçado por quem deseja governar o Brasil, é bom que haja um segundo tempo no jogo eleitoral.